Ligou o som, foi para o meio do salão e fechou os olhos. Deixou que a melodia a invadisse antes de começar a se mexer e jogar os cabelos vermelhos para os lados.

Começou os passos, cantando a música junto e se vendo no espelho. Ia de um lado para o outro, conforme o que havia aprendido, mesclava os passos originais da música com os seus, dava a sua personalidade para a dança.

Riu de si mesma por achar no fundo aquela situação vergonhosa, afinal ela nem sabia dançar direito, dançava mais do jeito dela que daquelas meninas que moviam com sensualidade e destreza. Às vezes dava um passo em falso e ria novamente, uma risada gostosa.

Ela gostava de dançar, por mais que fosse do jeito dela, ficava se olhando no grande espelho e esquecia dos problemas que a cercava.

A música acabou e ela, já com as bochechas combinando com o cabelo, se aproximou do rádio colocando novamente a música.

Dessa vez não riu mais e nem sentiu vergonha, se soltara. E começou a dançar novamente, tentando imitar a sensualidade das dançarinas e mesclando a sua própria. O olhar se tornou sério e centrando, e os passos calculados, aquela agora era ela sem máscaras, a que dançava do seu jeito sem se importar com mais nada.

Não ouviu o barulho da porta se abrindo e muito menos percebeu que alguém se juntava a ela. Ele sabia certamente que aquele momento era o da garota, mas não se cansava de admirar ela se mexer do jeito dela. Ele gostava de vê-la dançando e rindo sozinha, mas principalmente gostava quando ela fazia isso exclusivamente para ele.

O rapaz gostava da combinação das bochechas dela com o cabelo e gostava do jeito que ela se mexia unicamente para ele. A garota apenas o notou quando a música acabou. Ela sorriu, voltando a ficar encabulada, e se aproximou dele, abraçou-o e lhe deu um singelo beijo nos lábios antes de sorrir novamente. Dessa vez ela sorriu travessa e o puxou para uma cadeira que havia do lado do salão.

Sabia que ele tinha vindo para vê-la dançar e, apesar de ficar completamente encabulada e sem jeito com isso, o deixava ficar lá. Dançando até mesmo um pouco para ele.

Apesar dela considerar aquele momento só dela, ela gostava da companhia dele e gostava de como ele a olhava quando agia de forma mais ousada. Dançar a relaxava e a presença dele também.

Ligou novamente o aparelho e voltou ao que fazia antes, dessa vez na companhia de quem muito amava.