Meu cérebro levou apenas uma fração de segundos para registrar que era uma pedra que tinha batido no meu telefone e feito com que ele se quebrasse. Obviamente, a origem da pedra era exatamente quem nós esperávamos que fosse.

- Me dê um único motivo para não ataca-lo aqui e agora. – Edward rosnou, e eu percebi que ele estava tentando se manter o mais racional que podia. No fundo, nenhum de nós queria machucar ninguém. Isso era contra os nossos princípios, contra a nossa vontade e, principalmente, contra qualquer lógica.

- Eu não ataquei vocês. – Ele disse, calmamente, como se não entendesse a situação. Ele era um ótimo ator, eu precisava admitir. Mas todos os vampiros costumam ser. – Em momento nenhum, aliás. Nos vários momentos em que vocês estiveram sozinhos e desprotegidos. Nas vezes em que eu podia ver cada uma das fragilidades de todos vocês. Eu não ataquei. E nem era esse o meu plano.

- Qual era seu plano, exatamente? – Eu perguntei enquanto começava a enxerga-lo. Ele estava saindo detrás de uma árvore, com Matthew em seu flanco. Como na visão de Alice, Shelly não estava com eles.

- Bella, minha querida Bella. – Steve suspirou. – Você não entende que eu só quero a sua felicidade? – Eu pude ver Matthew revirando os olhos atrás dele, evitando ao máximo uma expressão de nojo em sua face. – Não acreditei quando descobri que vocês tinham mandado Fred… Logo Fred, com quem eu convivi por um período terrível de minha vida, Freaky Fred, para me espionar. Quem diria? Isabella Swan queria saber de mim! Você não imagina o quão animado eu fiquei.

- O que você fez com Fred? – Esme deixou escapar, e eu percebi que ela se arrependeu de ter falado. Morreu aí a chance de dizermos que nada tínhamos a ver com Fred ou espionagem.

- Fazer com Fred? – Steve levantou uma das sobrancelhas, sorrindo. – Nada, querida. Eu jamais machucaria um velho amigo sem motivos muito bons. – Ele afirmou, e eu tentei apagar da minha mente o fato de que ele e Fred nunca haviam sido amigos, na verdade. – Foi exatamente por isso que eu o deixei ir sem que ele nem desconfiasse que eu sabia de seus propósitos. Achei um pouco tolice da parte de vocês o fato de não desconfiarem que eu descobriria. – Ele balançou a cabeça negativamente, fazendo um som parecido com ‘tsc tsc tsc’ que as mães usam para repreender crianças pequenas quando fazem besteira. – Não entendem que eu sei tudo de vocês? O tempo todo. Eu só quero cuidar para que minha Bella fique bem.

Foi então que me ocorreu a informação que estava fugindo de mim. Foi aí que eu entendi. Edward eu pensei, já prevendo que meu marido estava prestes a ficar louco com o modo que o vampiro usava para se referir a mim. Ele está… Obcecado por mim. O sonho da Renesmee, o fato de ele saber de tudo sobre nós. Até minha mãe lembra dele! Ele é psicótico.Não deve nem saber o que está fazendo. De alguma forma, aquilo parecia muito óbvio pra mim. Eu olhei em volta e vi que Carlisle tinha chegado à mesma conclusão que eu. Era, ao mesmo tempo, um alívio e uma preocupação. Um alívio porque ele realmente não queria nos fazer mal. Uma preocupação por… Bom, por vários motivos. Primeiramente porque Shelly fazia exatamente o tipo de namorada ciumenta, e provavelmente não gostava de ver seu companheiro obcecado com uma mulher que não fosse ela. Depois, porque psicóticos não tem limites, não raciocinam e tem ações completamente sem sentido. Também porque a obsessão dele poderia colocar em risco a minha família, se ele cismasse que eu deveria ser só dele ou algo assim. Senti Edward se tencionar ao meu lado e de alguma maneira quase puder ler seus pensamentos. Assim como eu temia por ele, ele temia por mim. Como em um filme adolescente onde o psicopata diz “Se eu não posso tê-la, ninguém pode” e então mata seu objeto de fixação. Eram motivos suficientes para fazer com que a preocupação superasse o alívio.

- Bella está ótima. – Alice me surpreendeu ao falar, e eu imaginei que ela queria evitar que Edward causasse alguma reação ruim do vampiro que, até agora, não representava perigo. – Muito bem casada, com uma família que a ama e que vai protege-la. Você, mais do que ninguém, deveria saber disso. Você estava no exército que foi criado para mata-la, Steve. Você pode ver como nós nos protegemos.

- Ugh – Matthew finalmente deixou de lado o silêncio – Isso é tudo uma palhaçada, Steve. Pare com isso! Você não vê que eles não ligam a mínima para você? Essa sua obsessão por ela é doentia! – Eu não podia deixar de concordar, mas o tom que Matthew usava era preocupante. Eu não queria ter que presenciar um ataque de um vampiro a seu próprio irmão. – Só te fez mal! Quando você deixou Phoenix e veio para Seattle para ‘procurar o amor da sua infância’, o que te aconteceu? Você foi transformado em vampiro. Condenado a viver para sempre. Quase morreu, e teria morrido se Shelly não tivesse te convencido a sair daquele exército. E agora, depois de anos, continua correndo atrás dela, como se significasse alguma coisa! Ela não te quer, Steve. Ela nunca vai querer.

- Cale a boca. – Steve sussurrou calmamente.

- Não. Cansei de você me mandando calar a boca. Eu vim atrás de você por uma razão, e essa razão foi colocar um pouco de juízo em sua cabeça. É isso que eu e Shelly vínhamos tentando fazer. Porque diferentemente de você, Steve, eu enxergo prioridades. É por isso que você fica tentando proteger a Bella, e eu não hesito em deixar que a Shelly use seus métodos para fazer com que você se afaste dela.

Ele teria continuado a falar se eu não o tivesse interrompido, e eu não o teria interrompido se uma onda de choque tivesse passado por meu corpo ao ouvir aquelas palavras.

- O que você quer dizer com ‘usar seus métodos’?

- Oh, por favor! Como se você se importasse com alguém além de você mesma! Shelly é burra, também. Achou que correndo atrás de Fred fosse conseguir alguma coisa. Mas foi mesmo assim. Porque, como sempre, o humano é idiota, e não tem seus conselhos ouvidos. Só espero que ela pelo menos entenda a última coisa que eu falei.

Não foi necessário que Edward me dissesse o que ele tinha dito. No fundo do meu peito, eu sabia. E foi por isso que eu comecei a correr e ignorei o pseudo-perigo que aqueles dois representavam. Apenas uma coisa me preocupava, e isso era o conselho que eu sabia que ele tinha dado a Shelly. Que Renesmee, e não Fred, era a isca perfeita