El Tango De Lovino escrita por Jojo


Capítulo 3
Why does my heart cry?


Notas iniciais do capítulo

Oi, e ai? Desculpem a demora, e notas finais são importantes então leiam, antes de me fuzilarem nos reviews. Desde já, agradeço.



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El Tango de Lovino

3 – Why does my heart cry?

            Apesar de meu trabalho ser considerado algo não só ilegal, mas também sujo, eu nunca me imaginei numa situação tão deplorável como aquela. Sempre mantive o controle da situação, poucos foram os que me viram perder o meu famoso “charme espanhol” como eu tinha perdido. Acho que se eu olhasse aquela cena à dois meses atrás, não me reconheceria.

            Três homens altos me seguravam no chão, enquanto Alfred e Sesel (com o tempo indo e vindo naquele prostíbulo, eu já reconhecia quase todos pelo nome) socorriam o “cara”. Esse “cara”que eu havia espancado não só com um, mas com tantos socos, em tantos lugares, que já não fazia idéia de como começara a confusão.

            Mentira. O motivo estava claro em minha mente, nunca se apagaria. O motivo estava me encarando, com aquele olhar de caramelo, os olhos transbordando em lágrimas, sem saber o que dizer. Eu só estava calado, olhando para o chão, imobilizado, enquanto Francis jogava acusações e argumentos de como eu tinha chegado a um nível tão baixo, e que eu era um louco. Talvez eu fosse mesmo um.

            Não fui permitido falar nada em momento algum, eu não conseguia olhar para Lovino, ou para qualquer outra pessoa. Só fiquei com o olhar baixo, e quando Francis decidiu que já bastava, ele me levou até a porta principal e me colocou para fora, eu não disse nada. Só continuei olhando para o chão quando ele disse:

- E nunca mais volte aqui, Tonio. – e fechou a porta.

            Eu estava sozinho e destruído. Eu precisava beber, e foi isso que eu fiz. Andei algumas quadras e lá estava, uma taberna escura e um pouco escondida, entre dois prédios da era vitoriana encardidos e pixados, assim como tudo ali naquele bairrozinho de Le Havre. Entrei e fui logo me escorando no balcão.

- Quero algo bem forte. – o barman só sorriu e me estendeu uma bebida vermelha e borbulhante, olhei para aquilo e ele só disse:

- Pode beber. Essa aí é perfeita para desilusões amorosas. – Está tão na cara assim? Tive vontade de perguntar, mas só assenti e bebi aquilo em grandes goles, e fui logo me sentindo anestesiado. Não existiam mais problemas, não existia mais Lovino me “traindo”. Não existia mais Lovino, agora eu só via a fadinha verde do absinto, junto com gnomos e outras fadinhas de outras cores, todas sorrindo para mim. Aaah

            Bebi muito e logo estava chorando e contando toda a minha vida para o barman e mais uns dois homens, um de cada lado, todos comovidos com a minha história. Até que...

- Máfia?! Você disse máfia??!!! – agora o barman (que eu descobri se chamar Scott) estava surpreso e indignado. – Saia daqui! Agora! – eu já estava me levantando cambaleante, quando ele me puxou pelo braço.

- Espera aí, ô chave de cadeia! Pague!! – eu abri a carteira e joguei no balcão uma nota de 500 euros e saí em direção à madrugada francesa.

            Olhei no relógio e vi que o Sol daqui à pouco apareceria. Talvez eu fosse até o cais bater palmas para ele. E era exatamente isso que eu estava indo fazer.

            Comecei à andar, o efeito das bebidas estava começando a ir embora, e eu estava percebendo o quão perdido eu estava. Tanto emocionalmente, como no sentido literal da palavra. Eu já estava à um tempo naquela pequena cidade, mas eu não a conhecia o suficiente para conseguir me localizar estando caindo de bêbado. A realidade aos poucos ia retornando, e eu parei de andar. Estava numa área residencial, e sim, era perto do cais. Eu conseguia sentir a maresia de onde eu estava, logo, deveria estar a algumas ruas.

            Eu ia voltar à andar em direção ao mar, quando escutei:

- Cazzo! Arhh – COMO? Estou tendo alucinações com a voz de Lovino agora, mas não é possível... O efeito do álcool ainda não passou totalmente?

            Pensando isso, eu me virei, e lá estava Lovino, chutando uma roseira enquanto balançava o dedo. Ele falava sozinho com ela, nos jardins de uma casa bonita e simples. Ele parecia o Lovino que me apaixonei, não um ator barato que tinha despedaçado meu coração.

- Roseira maldita! Ludwig disse que cuidar do jardim ia me fazer bem, mas não sei como! Cortar meus dedos vai me fazer bem?! Me poupe! Aaaargh!! – então essa era a casa de Ludwig. Da janela eu podia ver o loiro lavando a louça e ignorando epicamente a gritaria de Lovi do lado de fora. Senti inveja dele, e raiva por estar ali lavando a louça, enquanto Lovino se machucava no quintal. Era eu que deveria estar ali lavando aquela louça, e seria eu quem sairia da casa para cuidar do dedo de Lovino. Mas não, eu estava embriagado e com raiva, muita raiva. Por baixo desta raiva, havia tristeza, o que deixava tudo ainda pior. Parei de frente para a cerca de flores que me separava dele, e logo que me viu, o puxei pelo braço para mais perto. Ele não disse nada, só me olhou assustado, muito assustado. E com razão.

PDV Lovino

            O que Antônio está fazendo aqui? Ele quer morrer?!

            Meu cérebro me mandava gritar, espernear com todas as minhas forças para que Ludwig viesse me separar dele, porque obviamente ele era muito perigoso. Isso não era segredo pra ninguém, principalmente para mim.

            Em contrapartida, meu coração pedia para eu me desculpar, dizer que eu só estava com aquele cara porque era o meu trabalho e eu era obrigado à fazer. Eu queria dizer que o amava, e que estava sofrendo desde já com a proibição de Francis. Dizer tudo o que eu tinha sentido.

            Mas eu só consegui olhar em seus olhos, eles me chamavam para a destruição que existia neles. Senti cheiro de álcool, ele tinha bebido. Antes que pudesse notar qualquer outra coisa, ele me puxou violentamente pelo braço, o fazendo doer quase instantaneamente. E disse num sussurro revoltado.

- Está vendo o que você fez comigo? – fez uma pausa, nós dois estávamos tremendo, ele de raiva e eu de medo. – ESTÁ VENDO SÓ O QUE VOCÊ FEZ COMIGO, SEU FILHO DA PUTA!!! – ele gritou à todo pulmão, me sacudindo tanto que eu teria caído, se ele não estivesse me segurando com tanta força. – E você, não se aproxime! – ele gritou com alguém atrás de mim, que talvez seja Ludwig. Mas a única coisa que vi foi uma arma. E, espera! Ela está na minha cabeça, está apontada para a minha cabeça!!

            Fui virado rapidamente e pude ver o namorado do meu irmão, meu cunhado, olhando para nós dois om os olhos abertos em surpresa, sem palavras. E a voz de Antônio quase explodindo meus tímpanos de tão alta (mas ao mesmo tempo, tão destruída).

- NEM MAIS UM PASSO. Você não vai tirar o Lovino de mim! Você também não! – e então apontou a arma para Ludwig. Sua voz era de raiva, mas eu via sua mão tremer bem na frente dos meus olhos. Muito rápido e sem tirar os olhos da gente, ele sacou seu revólver e apontou firmemente para Antônio. Não disse mais nada.

- Vai atirar? Mesmo sabendo que pode acertar Lovino?! Você não se preocupa com ele, seu inútil?! – exclamou furioso. Ludwig respondeu friamente.

- Sim, eu me preocupo com Lovino. Tanto é que vou atirar bem no meio da sua testa se você não soltá-lo e jogar essa arma pra cá, agora. Eu não estou brincando. – não, ele não estava brincando. Ludwig era um atirador da aeronáutica alemã muito bem treinado, e se eu não fizesse algo logo, ele ia matar Antônio. Entrei no modo “agir, depois pensar”, e gritei assim que ele terminou de falar.

- Não! Não mate Antônio! Não! – e comecei a me debater e chorar, ainda nos braços do mesmo, que se encontrava calado e eu não conseguia ver seu rosto pois estava bem acima do meu.

- Pare de mexer o alvo! Eu vou acabar com essa palhaçada, Lovino! Você ainda vai viver!

- Viver o quê, Ludwig?! Daqui a dez anos no máximo, essa beleza vai ter sumido, eu não terei uma família, não terei amigos, EU NÃO TEREI NINGUÉM!! Todos vão em abandonar, e – parei para abafar um soluço, e continuei – e eu estarei pobre, sem ninguém! – e comecei a chorar de verdade, e escondi o rosto no braço de Antônio que agarrava meus ombros e pescoço. Completei calmo, mas num suspiro triste. – Eu não tenho futuro.

            Eu só fiquei ali, com o rosto baixo e os olhos fechados, chorando silenciosamente. Tinha agarrado o braço dele, e ignorava toda a confusão que se instalara. Acho que meu irmão tinha aparecido também, e de novo senti uma arma na minha cabeça. Três vozes gritando, e logo eu, que passei minha vida quase toda gritando com os outros, estava quieto. Eu não queria mais saber de nada, porque minhas próprias palavras, que ecoavam na minha mente, não me permitiam. Escutei tiros e abri os olhos, mas não quis levantá-los, então encarei a grama e meus sapatos. De algum modo, nós tínhamos nos mexido e não estávamos mais separados pela cerca de flores e sim dentro do pequeno jardim.

- Não seja idiota, que futuro você pode dar à ele?! Você é um ladrão! – levantei o olhar e Ludwig estava meio torto e Feliciano chorava, então entendi: Antônio tinha atirado no braço dele, que agora sangrava muito.

- Vamos à um hospital! Deixe eles!!

- Deixá-los? Será pior quando Francis encontrá-los, ele vai matar os dois!

- Não vou deixar Francis matar-me! Isso é ridículo, eu tenho muito mais poder do que ele, agora ele não passa de um falido dentro de um prostíbulo! – as vozes ecoavam e alguns vizinhos tinham saído para ver. Também alguns curiosos que passavam na rua. Aquilo já estava fora de controle, e eu já estava cansado.

             Eu não queria mais aquela vida. Eu me sentia um lixo, com certeza iria pro inferno. Nunca poderia ficar com Antônio, porque infelizmente Francis não era só um “falido dentro de um prostíbulo”. Era um demônio que tinha convencido meu irmão à jogar uma “amigável partida de pôker”. Obviamente Feliciano perdeu e eu fui lá tentar salvá-lo de virar escravo de Francis. Apostei a vida dele pela minha. Eu também perdi, e agora nós dois estávamos trabalhando como prostitutos.

            Mas eu estava cansado. Apaixonado por Antônio, mas cansado de viver. Não valia mais à pena. Ele tinha enlouquecido, e aquilo nunca iria parar.

            Saí do abraço de Antônio sem nenhum esforço, até porque o aperto tinha diminuído consideravelmente. Todos pararam para me encarar, e o silêncio reinou. Enquanto estava pensando sobre a minha vida, tinha tirado a arma da mão de Antônio sem ele perceber, e agora apontava para o meu próprio coração. Ninguém conseguia dizer nada, eu tinha o olhar vazio. Encarava Antônio, que estava desesperado. Ele tinha razão, eu o tinha destruído. O amor dele por mim estava o matando, então acho que ele gostaria de morrer também.

- F-fratello... Não... – sussurrou Feliciano em seu próprio choro, mas eu não me dei ao trabalho de olhar para ele. Ele sabia meus motivos, Ludwig também.

- Eu te amo, mas não vale à pena viver só por isso. – e sem atirar em mim, apontei a arma para ele e disse. – Nos vemos no inferno. – e atirei. Dei dois tiros no peito, para garantir, e apressadamente atirei no meu próprio. A última coisa que vi foi Ludwig correndo na minha direção, mas me alcançou tarde. Caí nos braços dele, sorri aliviado e depois disso não senti mais nada.

     Eu estava livre.

Por quê meu coração chora?

São sentimentos de que eu não consigo lutar!

Você é livre para me deixar

Mas não me engane

E por favor, acredite quando digo que te amo.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo.
Caaara eu demorei, foi mal. E bom, o fim não ia ser esse. Espero que não estejam surpresas, porque eu fui avisando e relembrando que a fic era angst pra todo mundo desde que postei. E bom, o final ia ser bem mais melodramático (parece até impossível ser mais do que já é, sério, me senti uma roteirista de novela mexicana) mas eu resolvi que a voz do povo é a voz de deus, e fiz de um jeito romântico e quase nada violento. Acho que você merecem um pouco de romance, depois de tudo. Eu demorei porque eu tive uma pequena crise de falta de inspiração, eu abria o word e quando ia escrever, não saía nada que prestasse.
Bom, e é isso! Obrigada a todos os que acompanharam, e de novo, me desculpem a demora! Agora eu vou lá escrever meu gerita, que dessa vez é um verdadeiro fluffy, mas não vou fazer propaganda porque sei lá, vai que a inspiração é passageira? +.+
Obrigada por tudo, e tenham um bom dia! ^^/



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