Pov. Draco

Depois que a vi partir atrás da ruiva irritada, se é que posso chama-la assim, apenas segui para o salão principal, sentei em minha mesa e fiquei vendo os alunos entrando animados para o jantar, logo meus colegas sonserinos estavam ao meu lado, Blásio tentou inúmeras vezes me chamar, mas como ignorei todas elas, ele simplesmente desistiu.

As conversas ao meu redor não chegavam ao meu cérebro, apenas estravam por um ouvido e saia pelo outro, na verdade estava completamente distraído, procurando-a na mesa da Grifinoria, mas ela não apareceu, logo meus olhos encontraram a ruiva irritada, e ela me encarava carrancuda, mas ignorei-a, estava me perguntando onde será que ela estava.

Terminei o meu jantar e andei o mais rápido que pude para a torre dos monitores, mas ela não estava lá, nem no seu quarto.

— Onde ela deve estar? – perguntei para mim mesmo.

Procuro nas minhas memorias algo que saiba dela, o lugar onde a vi chorando mais de uma vez, talvez ela estivesse lá, sentada na grama, em baixo de uma arvore em especial, pelo da margem do lago negro. Corro para lá, e quando me aproximo consigo ve-la no escuro, usando a pouca iluminação que vem do castelo, ela esta encolhida em baixo da arvore, encarando o lago e provavelmente distraída, por não escuta quando me aproximo dela.

Pov. Hermione

Me encolho por causa do frio da noite, uma brisa fraca mais gelada que vem do lago negro, me encolho e fico olhando para o lago, tentando não pensar em nada.

Só noto que estou completamente em transe e distraída quando sinto uma mão tocar meu ombro, e meu coração dispara no mesmo instante, me assusto. Olho para o lado e vejo que não preciso me assustar, é apenas um rosto conhecido e que não me assusta.

— Draco, você me assustou – falo em quanto me recupero do susto.

— Desculpa – ele fala se sentando ao meu lado.

— Não precisa se desculpar – digo em quanto volto a fitar o lago.

Ficamos em silencio, e mesmo sem olha-lo, sinto o peso dos seus olhos cinza sobre mim.

— Estava preocupado com você – ele diz.

Quando me viro para olha-lo ele vira para olhar para o lago, e fica em silencio.

Volto a olhar para o lago, e apenas ficamos em silencio, com certeza muitos minutos se passaram nesse silencio, mas por algum motivo eu não estava me incomodando de ficar em silencio, parecia que estávamos na nossa grande bolha novamente.

— Desculpa por te preocupar – digo me virando para olha-lo.

— Não precisa se desculpar – ele diz sorrindo e copiando a minha fala para ele.

Vendo-o sorrir não consigo evitar sorrir também. Por um momento, quando ele sorri para mim sinto que tudo na minha mente se esvaziou mesmo que por um segundo, por um segundo eu não estava pensando em nada, não estava pensando em nada além do sorriso que estávamos dando um para o outro, para aqueles olhos cinza que estavam brilhando alegremente para mim.

— Hermione? – ouço alguém gritando o meu nome.

E meu momento com o Draco, o momento em que eu não estava pensando em nada acabar.

— Draco, me esconde – digo um pouco desesperada.

O Draco, me puxa para o seu corpo, fazendo praticamente com que eu deitasse no seu colo, ele encosta minha cabeça no seu peito e puxa o meu corpo para o meu, ele abaixa o rosto deixando a poucos centímetros do meu, perto o bastante para sentir a respiração dele no meu rosto.

— Acho que nunca vão desconfiar que você esta abraçada a mim – ele diz segurando o riso.

Faço um gesto afirmativo com a cabeça, e me seguro para não rir, embora seja quase impossível já que a expressão do Draco segurando o riso é muito hilária.

Ficamos assim por alguns longos minutos, um olhando nos olhos do outro, em puro silencio, apenas contendo a risada e esperando, nossos rostos estavam muito próximos, e quanto mais o olhava mais me perdia nos olhos cinzentos de Draco, quanto mais olhava mais reparava nos traços do rosto dele, no formato dos seus lábios e de como os mesmo pareciam tão macios, seus cabelos loiros caiam completamente bagunçados sobre nos dois, sua pele era incrivelmente quente, e em quanto estava encostada em seu peito me concentrei em apenas ouvir o seu coração bater.

— Acho que já foram – ele sussurrou para mim.

— Vamos tentar correr até a torre dos monitores? – sussurro de volta me divertindo.

— Vamos – ele sussurra e sorri.

Quando ele sorri, é impossível para mim não sorrir de volta, parece que quando ele sorri, consigo me distrair e ficar feliz, esquecendo de tudo.

Ele me ajuda a me levantar, e vamos caminhando juntos para a torre dos monitores, nossas mãos se esbarravam às vezes, e tentávamos sem jeito afasta-las, até que elas esbarravam novamente. Os alunos que passavam por nós dois olhavam assustados, acho que ninguém esperava por nos dois andando juntos por ai e conversando e sorrindo um para o outro, na verdade não tínhamos assunto nenhum, estávamos apenas conversando coisas completamente aleatórias.

Quando chegamos na torre dos monitores, olhei no relógio e já estava tarde, mas não queria ir dormir, queria apenas me sentar no sofá e continuar a nossa conversa com assuntos aleatórios, queria continuar em nossa bolha e sorrindo.

— Você já quer ir dormir? – ele perguntou como se lesse os meus pensamentos.

— Não, quero ficar um pouco aqui e você? – digo me sentando no sofá.

— Também quero ficar um pouco aqui – ele diz sentando-se ao meu lado.

Ficamos alguns minutos em silencio.

— Por que não foi para o jantar hoje? – ele pergunta se virando para mim.

— Precisava pensar – digo em quanto me viro para ele.

— Quer conversar? – ele me olha nos olhos.

Respiro fundo, talvez fosse bom contar para ele, afinal ele tem sido um grande amigo recentemente, acho que nesses poucos dias ele conheceu mais coisas sobre mim do que os meus amigos de anos, o que é estranho, porque ele parece se interessar pelas coisas que eu falo, sobre os livros que leio, em quanto com os meus amigos não é a mesma coisa.

— Você tem tempo para me ouvir? – digo um pouco séria.

— Todo tempo do mundo – ele diz colocando os braços em cima do braço do sofá.

Respiro fundo e sorrio para o Draco, era a primeira vez que alguém falava isso para mim, pode parecer meio bobo para muitas pessoas, mas saber que alguém esta realmente disposto a me ouvir me deixa incrivelmente feliz.

Conto a ele tudo o que anda passando na minha cabeça, conto sobre como a minha amizade com Harry e Ron não é mais a mesma, que Gina nunca foi uma amiga de verdade para mim, que ela é apenas aquele tipo de amiga que a amizade não é tão forte, de como Luna é gentil comigo e de como no passado Gina, Luna e eu éramos mais apegadas e de como isso não existe mais, de como assisto meus amigos se distanciarem e pararem de falar comigo do mesmo jeito e de como isso não me magoa mais, de como eu não sinto falta da amizade que tinha no passado.

— Parece que todos estão mudando entende? – digo por fim, quando me dou conta estou chorando, chorando por finalmente poder compartilhar isso com alguém.

— Entendo – ele olha para mim – As pessoas sempre mudam, assim como nos. – ele diz por fim.

Meio sem jeito, e sem que eu esperasse, ele me puxa para ele, como havia feito antes, mas dessa vez não para deitar no seu colo, sim para ser abraçada, ele acaricia o meu cabelo, o que faz com que eu não tenha mais vontade de chorar.

— Acho que mudei também – sussurro.

— Também acho que mudei – ele sussurra para mim.