Sasuke:

Saí da faculdade e já eram quase onze da noite. Realmente era inacreditável como alguém como eu, Uchiha Sasuke, poderia estar vivendo de uma forma tão diferente da que eu era acostumado. Ser professor de universidade me rendia um bom dinheiro, talvez não o suficiente para pagar minhas dividas, mas para pelo menos ter uma casa descente e comida na mesa.

Mas a preocupação não desgrudava de mim nem por um segundo... A cada passo que eu dava pelas ruas escuras de Tokyo, mais atento eu ficava a cada movimentação. O bairro onde eu estava residindo não era longe da universidade, mas eu teria que andar uma boa parte deserta.

Um barulho me despertou. Olhei para trás, e avistei um homem de preto, andando logo atrás de mim. Virei na primeira rua na calçada onde eu me encontrava, e observei o homem  pelo canto do olho, ele virou na mesma direção minha.

Droga!

Apertei os passos, enquanto alguma coisa me falava que eu estava em perigo. Droga, de novo! Porque diabos, eu tinha que ser perseguidos pelos capangas de Madara?! O homem que estava logo atrás de mim, também apressou os passos.

Perigo!

- Uchiha, espere! – finalmente o homem havia falado.

Droga!

Ele sabia quem eu era. Mil vezes droga! Comecei a praticamente correr pela calçada, e consegui ouvir que o homem na minha cola havia feito a mesma coisa. Eu não podia deixar que ele me alcançasse, minha velocidade foi aumentando de acordo com o aumento da minha adrenalina.

A calçada estava chegando ao fim, e eu corri mais ainda para deixá-lo para trás. Comecei a atravessar a rua, até que ouvi um barulho de buzina, e me virei na direção do som. Uma luz forte atingiu meus olhos, e logo depois senti o impacto de algo, e depois a escuridão me engoliu...

Sakura:

Saí do trabalho mais tarde do que eu imaginava. Depois da noticia bombástica que Hinata havia me dado eu fiquei mais lerda do que eu normalmente sou, e só consegui terminar de analisar os documentos do dia, as dez da noite, e até conseguir atravessar Tokyo até o meu apartamento, eu já havia gasto mais uma hora.

Merda de transito!

Agora, finalmente eu estava alcançando o meu apartamento, faltava apenas algumas quadras para finalmente eu encontrar meu banho relaxante e minha cama maravilhosa. Assim que percebi que havia me livrado do transito, resolvi colocar o motor do Bulgatti para correr um pouco mais.

E com uma simples pressão no acelerador o velocímetro foi de 30km/h a 120, em menos de 10 segundos, e podia sentir a adrenalina aumentar gradativamente em meu organismo, a sensação era... única.

Após algum tempo eu finalmente eu estava em casa.

Coloquei a chave na fechadura, e logo a porta estava destrancada, o apartamento estava completamente iluminado, denunciando que havia alguém ali... Mas quem poderia ser a essa hora? Ninguém tem a chave do meu apartamento... a não ser...

- Naruto? – chamei bem alto para caso ele realmente estivesse aqui, soubesse que eu cheguei.

-SAKURA-CHAN! – ouvi seu grito de um dos quartos, e logo me dirigi para lá, me preparando para entrar no quarto onde Naruto estava, mas parei na porta ao ter ideia do que estava acontecendo ali.

No ‘quarto’ do Naruto, no meu apartamento, havia um homem deitado em cima da cama, parecia estar dormindo, e com um grande corte na testa. O mesmo era moreno, com cabelos pretos, e um corpo bem musculoso. Olhei em direção ao Naruto, perguntando silenciosamente, e com um olhar mortal o que diabos significava aquilo.

- Eu juro que posso explicar... – ele começou

- E é bom a explicação ser maravilhosa... – cortei-o, falando da maneira mais séria que eu conseguia.

- Bem... – ele coçou a cabeça, dando um sorriso torto, que só Naruto sabia fazer – eu estava vindo te visitar... – ele riu – e eu estava colocando o Camaro para dar uma corridinha, sabe como é – fuzilei-o com o olhar – e esse cara pulou na frente do meu carro, eu não tive tempo de parar o carro completamente, então eu o atropelei, e ele aparentemente desmaiou.

Porra!

Naruto só poderia estar de brincadeira comigo, como assim ele atropelava o cara e não o levava para o hospital! E se o cara estivesse com um traumatismo craniano ou sei lá? Porque ele tem que trazer o indivíduo justo para o meu apartamento?

- E porque você o trouxe para o MEU apartamento? – frisei o não, de forma clara.

- Bem... Se eu o levasse para minha casa, meu pai provavelmente acabaria com a minha mesada, e bem, se eu o levasse para o hospital, toda Tókio ficaria sabendo no dia seguinte, e consequentemente o senhor Minato também, o que nos faz voltar ao primeiro problema.

-Porra, Naruto! Eu por um acaso tenho cara de médica?

- Tem! Bem, Sakura-chan, eu o trouxe para cá porque eu sei que sempre foi seu sonho fazer medicina e como você já fez um curso de enfermaria, achei que poderia me ajudar...

- Naruto, o cara pode estar com um traumatismo ou sei lá o que...

- Então...

- Temos que levá-lo ao hospital.

- NÃO! – uma terceira voz surgiu, grossa e firme, e eu olhei em direção a cama, observando o  homem acordado, que havia acabado de gritar ‘não’.

Olhei para Naruto, esperando alguma reação dele, mas ele apenas olhou para mim, levantando as mãos e dizendo que não sabia o que fazer.

- Er.. me chamo Sakura – falei – e você foi atropelado pelo Naruto – apontei para ele – e bem, ele te trouxe para cá, e bem, eu acho melhor nós te levarmos ao hospital.

- Não. – ele falou

         - Oras, porque não? Você pode ter sofrido alguma lesão séria! E sinceramente a última coisa que eu preciso na minha vida, é ser acusada de cúmplice de um atropelamento e o sujeito ainda morrer na MINHA casa...

- Não sofri – ele falou enquanto se levantava, mas logo ele pareceu ficar tonto e cair sentado de volta na cama. – E não vou morrer.

- To vendo como você tá bem – falei irônica, e ele, seja lá quem fosse me fuzilou com os olhos. – Acho melhor você ficar ai durante a noite, e amanhã o Naruto passa com você no hospital e te leva para casa. E – me virei para o Naruto – se ele morrer, eu mesma contrato um advogado e te condeno a prisão perpétua. Feito?

-F..e..ito – Naruto falou incerto – Você não teria coragem de fazer isso não é, Sakura-chan?

- Teste-me Naruto.

- Não vou passar a noite aqui.  – ele falou sério.

- Então pode ir para sua casa, seja lá onde for isso, porque eu – falei olhando para o Naruto – vou descansar porque amanhã é MEU aniversário e eu tenho que estar bem. Naruto, faça o que você quiser com o estrupício, eu cansei – suspire-  de tentar ajudar.

Falando isso saí do quarto indo em direção a minha suíte, e pensando no que o maluco do Naruto ia arrumar com aquele homem cabeça dura que ele havia atropelado... Porque eu tinha que ter dado a chave do meu apartamento para o Naruto?

Ah claro... Ele era meu melhor amigo, e consequentemente nossas farras sempre foram juntas, e ele não possuía uma casa própria, e também não poderia chegar bêbado em casa, ou o pai dele o deserdaria. Apesar de ser muito rico, Naruto nunca se interessou em estudar, apenas terminou o colegial, e depois disso só viveu e vive em festas, eventos e viajando...

Algumas vezes eu o vejo ajudando o senhor Minato, na empresa, mas essas são as coisas mais raras de se verem, afinal, ele gostava mesmo era de uma tequila e uma boa boate, assim como eu...

Sasuke:

Depois que a estressadinha de cabelos rosas saiu do quarto, o loiro começou a tagarelar, dizendo que eu precisava passar a noite ali, para ele ter a consciência tranquila, e a pele salva, e não ser condenado a prisão perpétua.

- Tudo bem. Mas amanhã bem cedo você me leva até a minha casa – falei.

-Pode deixar, bem cedinho eu passo aqui! – ele falou e se virou indo em direção a porta.

- EI! – acabei gritando – Você não vai passar a noite aqui? – perguntei não acreditando que aquele cara ia simplesmente sair e me deixar em uma casa completamente desconhecida.

-Bem.. eu tenho um compromisso, e é muito importante, você pode passar a noite aqui, a Sakura-chan já falou que não liga, e ela já foi até dormir.

-Humpf...

-Se você concorda de boa, até amanhã mano!! – ele saiu batendo a porta. Encostei minha cabeça no travesseiro, e tentei me entregar aos sonhos...

(...)

Acordei com um barulho de algo caindo no chão, parecia algum tipo de louça ou sei lá. Levantei da cama, e saí do quarto tentando achar o motivo de todo aquele barulho. Ouvi alguns resmungos e os segui..

Cheguei ao que identifiquei ser a cozinha da casa, e logo vi a mulher de mais cedo, agachada parecendo catar alguma coisa do chão. Ela realmente possuía uma linda bunda. O que eu estava pensando? Ora...

Ela levantou e foi até a pia, jogou o que ela tinha pego no chão lá, e ainda sem notar minha presença ela se virou para voltar para onde ela estava.

-Porra! Você quer me matar de susto, aparecendo na minha cozinha a essa hora, feito um fantasma? – ela reclamou, enquanto se sentava.

- Você que é o fantasma aqui, derrubando coisas durante a madrugada. Apenas vim me certificar de que não era um ladão ou coisa assim...

- Você sabe aonde estamos? – ela perguntou

- Na sua cara, oras – respondi

- Isso é obvio né! Mas eu quero dizer, que estamos no condomínio mais seguro da cidade, você não precisa se preocupar com um assalto ou coisa assim – ela sorriu marota.

- Hn...

- Quer um pouco? – ela falou novamente comigo, me oferecendo um pouco do que ela estava bebendo – É um whisky anos 80.

Acenei positivamente com a cabeça, e logo ela me entregou um copo.

- Então, qual seu nome, estranho? – ela novamente falou comigo.

Que coisa irritante, será que ela não sabia tomar o whisky e ficar quieta?

- Sem nomes... - falei

- Idiota. Voce sabe o meu, porque não posso saber o seu?

- Sasuke.

           - Sasuke o que?

             - Não importa – falei

            -Importa sim! Seja mais sociável, Sasuke. Eu me apresento, sou Haruno Sakura...

            - Das empresas Haruno? – perguntei

- Descobriu isso sozinho? – ela ironizou minha pergunta, mas logo completou – É, isso ai.

- Agora entendo, o porque do condomínio ser tão seguro... A milionária mirim mora aqui...

- Milionária mirim... gostei do nome... porque não vende sua ideia para a Vogue? Eles tão publicando uma matéria sobre mim esse mês...

- Irritante.

- Sem mais discussões, vamos brindar – ela falou levantando o copo – ao meu aniversário de 22 anos, e a bebida cara que eu posso tomar.

            Batemos nossos copos um no outro, e continuamos ali, conversando e bebendo...

            Conversando...

Bebendo...

Sakura:

                  Acordei com o barulho da campainha tocando incessantemente, levantei com muita dor de cabeça, peguei meu roupão de seda rosa, e me dirigi para a porta para matar quem estivesse me acordando a essa hora no dia do meu aniversário.

Ao abrir a porta, me deparei com uma figura séria, e que eu conhecia muito bem. Trajando um terno preto elegante, e  com uma expressão dura, eu vi meu querido papai na minha porta.

-Oi pai – falei sorrindo.

- Vim pegá-la para o nosso almoço. – ele disse, enquanto entrava, e me abraçava – Feliz aniversário, querida.

Fiquei estática, era mesmo meu pai ali, me abraçando? Retribuí o abraço e dei um leve sorriso, eu sentira falta dele. Mas fui interrompida de meus devaneios quando uma voz grossa invadiu a sala.

- Sakura, você sabe onde estão minhas roup... – Sasuke, se esse é o verdadeiro nome dele, apareceu na sala, apenas com um roupão de pano.

Aquilo não podia estar acontecendo...

- Não sabia que você tinha namorado, filha. – Kenshi disse, olhando diretamente para Sasuke.

Oh droga. Agora eu estava completamente ferrada.