Angels escrita por FictionallyFerret


Capítulo 1
Angels


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^_^



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 Mais uma vez havia dormido tentando desenhar algo realmente bom, a falta de inspiração estava me matando, talvez sua falta se desse ao que acontecia comigo. Nos últimos dias, as coisas não tem dado muito certo para mim. 
 Esfrego meus olhos cansados, a fim de tirar os últimos vestígios de sono, me levanto da velha cadeira de balanços fazendo-a soltar um longo rangido seco. 
  Tiro o antigo caderno, já bem usado por mim mesmo, do colo e o coloco em cima da cômoda de madeira ao meu lado, onde repousava, apagado, um abajur azul marinho. Não me lembrava de tê-lo apagado antes de cair no sono.
  Ignorando o fato, vou até a janela mais próxima. Enfio minha mão na abertura desgastada da lateral, e puxo-a para abrir o vidro e deixar uma leve brisa entrar, sentindo o frescor no rosto. Da janela do segundo andar, conseguia ver algumas poucas pessoas caminhando durante a noite. Conhecia algumas delas, uma parou e acenou para mim com um sorriso no rosto, rapidamente acenei de volta.
 Me virando para sair da janela, vejo com o canto do olho uma sombra estranha. Não era como a sombra de uma pessoa normal, parecia haver duas corcundas nas suas costas, usava algo como um vestido esvoassante. O dono da sombra deveria estar em algum lugar atrás dos arbustos bem de baixo da minha janela. Após observar mais um pouco a sombra sumiu, na mesma velocidade em que tinha aparecido.

"Through the glass in my bedroom window,
In the bushes far below,
I thought i saw an unfamiliar shadow,
Among the ones i so clearly know.
I've been sleeping with the nightlight unplugged,
With a note on the rocking chair,
That says i'm dreaming of the life i once loved,
So wake me if you're out there"
(Através do vidro na janela de meu quarto,
Nos arbustos lá embaixo,
Pensei ter visto uma sombra estranha,
Entre as que eu conhecia tão bem.
Eu estive dormindo com o abajur desligado,
Em uma cadeira de balançar com um caderno,
Dizendo que sonho com a vida que uma vez amei)

 Aquela estranha sombra me fez lembrar do acontecimento anterior, pouco antes de ir para o meu quarto para tentar desenhar algo.

 O céu estava ganhando um tom alaranjado, quando decidi pegar uma cadeira de balanço guardada no porão, ela seria uma bela forma de relaxar. 
 Cheguei até a escada e comecei a dece-la devagar. A poeira branca como neve que cobria cada degrau, também estava grudada no corrimão, então evitei segura-lo. Ainda na metade da escada, ouvi um barulho parecido com paços logo atrás de mim. Parei subitamente e olhei para trás, mas não havia nada lá para ver. Virei para frente e continuei descendo, degrau por degrau.

"In the dust on my cellar staircase,
A pair of footprints followed me"
(Na poeira em cima da escada do meu porão,
Um par de pegadas me seguiam)

 O porão parecia uma casa fantasma que geralmente montam nos dias das bruxas, mas ao contrário dessas, ele tinha uma forte mistura de naftalina e coisas velhas, que empreguinava em meu nariz.
 Teias de aranha estavam espalhadas por todo canto, fazendo às vezes moldura para quadros antigos cobertos por lençóis e enfeitando cavaletes que suportavam mais desses quadros. Um deles estava descoberto, mostrava um grupo de anjos travessos brincando de voar por um céu azul bebê, eles tinham bochechas rosadas e suas dobrinhas permaneciam cobertas por tecidos leves como as penas brancas que enchiam suas asas.
 Avistei a cadeira em meio algumas caixas de papelão e objetos empilhados de forma desorganizada. Estava cheia de poeira cinza, que sujou minhas mãos quando puxei para tira-la do lugar, apesar disso, parecia em bom estado a julgar que havia passado um bom tempo naquele porão escuro.
 Subir as escadas de volta, carregando aquela cadeira não foi nada fácil. Arrastava ela degraus acima muito devagar. Me preocupando em não deixa-la cair, bati forte com a cabeça no teto baixo, que passava sobre a escada. Enquanto esfregava a mão no local dolorido, consegui ver algo que não havia notado antes. 
 Nos degraus, bem ao meu lado, haviam pegadas de pés descalços, poucos menores que o meu, marcadas na poeira que cobria toda a escada. Olhei em volta, a casa estava tão vazia e silenciosa quanto antes. Mas algo estava acontecendo, isso eu tinha certeza.
 Já com a cadeira no lugar, me sentei com o caderno de desenho em mãos. Comecei a rabiscar algo, sem saber direito o que iria sair daqueles traços.
 Parei um pouco para observar como estava ficando, não parecia muito bom. Colocando o caderno sobre o colo, recostei na cadeira com os braços cruzados atrás da cabeça. Suspirei devagar, puxando lentamente o ar e, em seguida, soltando-o na mesma lentidão, fechando os olhos enquanto fazia isso. Ao abri-los, vi algo mais estranho ainda do que as pegadas.
 Uma discreta fagulha começava a crescer na lareira falsa bem a minha frente, sem eu nem mesmo tendo tocado em nada. Prestei atenção enquanto ela aumentava de tamanho aos poucos, mas depois de piscar mais uma vez, ela já havia sumido, como se nunca estivesse acontecido nada entre aquelas lenhas secas.

"I saw a flicker in the fake fireplace,
Blinked again, but there was nothing to see"
(Eu vi uma centelha na lareira falsa,
Pisquei de novo, mas não havia nada pra ver)

 Depois disso, adormeci sem me dar conta.

 Todos esses acontecimentos eram bem estranhos, e pareciam ter alguma ligação um com o outro. Algo me seguindo, as pegadas na poeira, a fagulha da lareira, e agora, a sombra lá embaixo. Podem parecer até um pouco sinistros, mas não me assuntavam, muito pelo contrário, me sentia mais seguro e protegido com eles por perto. 
 Estico a mão para pegar o caderno aberto na cômoda ao meu lado. Analizo o desenho que estava tentando fazer mais cedo, uma figura delicada com vestido leve como nuvens e belas asas se projetando de suas costas, fazendo parecer duas corcundas. Sorrio com esse pensamento.
 Minhas loucas ideias me faziam acreditar em muitas coisas, principalmente em que há algo a mais lá fora, talvez um pouco longe de mim, me protegendo da minha própria vida.
  Mas se não posso ir até elas, talvez elas elas venham até aqui, talvez estejam nesse momento ao meu redor.

"It's seventh heaven 'cause there are angels all around,
Among my frivolous thoughts,
I believe there are beautiful things seen by the astronauts!
The indications reveal,
wake me if you're out there,
That few of us realise life is quite so real,
So if you're dying to see,
I guarantee there are angels around your vicinity!"
(É o sétimo céu porque existem anjos por todo lado,
Entre meus pensamentos fúteis,
Eu acredito que há coisas lindas vistas pelos astronautas.
As indicações revelam,
me acorde se você estiver aí,
Que poucos de nós percebem que a vida é surreal,
Então se você estiver morrendo de vontade de ver,
Eu garanto que há anjos por todo o seu redor!)
 

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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Desculpe qualquer erro ^_^



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