Acordei assustada, olhei para o relógio. Cinco da manhã. Estava suando frio e com o coração acelerado, estava sonhando. Não conseguia me lembrar muito bem, só sabia que Laura estava nele e um garoto que não conhecia também, tinha cabelos pretos e bagunçados, olhos azuis e pele muito branca, disso me lembrava bem. Peguei o celular e liguei para a amiga, minha única e melhor amiga, que não atendeu. No primeiro instante me desesperei achando que algo de ruim tinha acontecido com Laura, mas lembrei-me que era de madrugada e ela deveria estar dormindo. Encostei-me na janela do meu quarto, de onde conseguia ter uma visão privilegiada da rua, e adormeci ali mesmo com o rosto contra o vidro frio. Acordei dez minutos depois, mais uma vez assustada, pensando que tinha visto alguém lá embaixo. "Claro que não tem ninguém ali, são cinco da manhã Victoria!" pensei, e fui para a cama.

Na escola, contei meu sonho para Laura, que riu das minhas maluquices.



- Ah qual é Vick, isso foi só um sonho!

-Mas e aquele garoto Lah? Nunca o vi na minha vida!

-Você sonha com um cara perfeito e ainda reclama? – riu Laura

-Olha aqui Lah, ele pode ser lindo, mas não é real...

-Ah Vick pare de besteiras, se você não quiser o garoto perfeito nem em sonhos pede pra ele dar uma passadinha lá em casa de madrugada, será um prazer sonhar com ele

-Pois vou mandar



E fomos para a aula.

Passei o resto do dia na casa de Laura fazendo trabalho, depois assistimos a um filme e por fim me lembrei que deveria ir embora, pois teria que estudar para a prova do dia seguinte.



-Lah, estou indo, prova do Gerson amanhã, ninguém merece!

-Ah Vick, você sempre foi boa em matemática, não tem porque se preocupar, já eu...

-Sem problemas, te passo os resultados – disse rindo da amiga

-Tem certeza que não quer que eu te leve até sua casa? Você pode ser atacada por um garoto lindo, perfeito e misterioso nessas ruas escuras – disse Laura fazendo o maior drama

-Cale a boca, Lah!

E então fui.



Chegando em casa, comi alguma coisa e fui para meu quarto estudar. Pegando os livros e olhando para aquelas contas malucas que só o professor Gerson conseguia resolver, acabei adormecendo sobre eles. Comecei novamente a sonhar.

O garoto sorriu, apenas sorriu.

E acordei de repente. Percebendo que havia adormecido sobre seus livros, joguei-os de lado e deitei em minha cama tentando por as idéias em ordem. Afinal, quem seria aquele garoto? Na primeira vez em que sonhara com ele somente o vira de longe e minha amiga estava lá também, e agora eu estava sozinha e ele havia falado com comigo! E aquela voz, nunca havia ouvido coisa mais linda em toda a minha vida, era doce, suave e firme ao mesmo tempo, me passava paz e segurança, tudo ao mesmo tempo. Ainda eram dez horas da noite e eu não conseguia mais dormir, a noite seria longa.