Assassins Creed: Liberdade escrita por O Mentor


Capítulo 7
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Olá.
Galera, me desculpem mesmo a demora para sair este capítulo. Tive dois grandes problemas. Um deles foi com a Database, que decidiu travar toda vez que eu tentava postar alguma coisa. O outro foi com a criatividade, que simplesmente não vinha. Foi muito tenso. Mas acho que finalmente estou trazendo algo para vocês. Espero que aproveitem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/283054/chapter/7

A primeira reação de Afonso ao virar-se para encarar a sala foi soltar uma inevitável interjeição de surpresa. O chão estava forrado com pelo menos oito soldados mortos, enquanto dois restantes enfrentavam João. Este estava machucado em vários pontos no corpo e banhado em sangue, tanto seu quanto de seus inimigos. Sua espada desviava e defendia agilmente as baionetas dos soldados, criando uma defesa perfeita. Porém, João estava cansado demais para atacar. Seria uma tentativa extremamente arriscada.

 Felizmente, Afonso juntou-se a ele na luta. Sacou a pistola do coldre e atirou, explodindo a cabeça de um dos soldados. O segundo ficou apavorado, agora que estava repentinamente em desvantagem numérica. Virou-se, sem pensar, para encarar a nova ameaça, mas seu peito foi logo atravessado pela espada de João, acabando com o massacre.

 - Você está bem? - o mais jovem perguntou, se aproximando.

 - Sim. - a resposta de João foi seca - Carlos está morto?

 - Está. Mas... - antes que Afonso pudesse terminar a frase, o amigo o interrompeu.

 - Ótimo. Vou revistar suas coisas. Fique de guarda na porta e não deixe ninguém passar! 

 O jovem obedeceu e levantou a espada, mas logo em seguida a abaixou. Ele percebeu que teria tempo de entrar em posição de luta se alguém entrasse na sala. Aguardou enquanto o companheiro mexia nos bolsos e no casaco do alvo morto, talvez procurando por algum documento. Após algum tempo, Afonso sentiu uma mão em seu ombro.

 - Consegui o que queria. Vamos! - e partiu correndo pela porta e pelo corredor. O jovem não teve outra escolha, a não ser segui-lo. Voltaram pelo mesmo caminho que foram e logo estavam novamente olhando para o céu aberto. Os dois escanearam ao redor com os olhos, procurando por guardas. Não havia nenhum, o que era um tanto estranho. 

 - Vamos até os cavalos. - disse João.

 - Mas e Cauã?

 O mais velho fez uma careta antes de responder.

 - Se sobreviveu, estará lá. Caso contrário, teremos que sair daqui de qualquer jeito.

 Afonso foi obrigado a concordar e seguiu o amigo discretamente até a porta lateral pela qual entraram. Por sorte, Marcos havia deixado-a aberta. Devido a falta de guardas ou patrulhas, conseguiram fazer todo o caminho de volta até os cavalos calmamente, sem a necessidade de se esconderem.

 Chegaram ao destino em alguns minutos e imediatamente tomaram um susto. Havia apenas dois cavalos ali e eles reconheceram-nos como sendo os seus próprios.

 - Será que o terceiro foi roubado? - João perguntou.

 - Pouco provável que roubassem apenas um, não acha? E é estranho que Cauã também não esteja aqui. Ele já deve ter ido para o Esconderijo. - Afonso respondeu.

 - Talvez. Mas, de qualquer jeito, é para lá que temos que ir. Monte e me siga o mais rápido que puder. Teremos que passar despercebidos pela cidade.

 - Seria quase possível se você não estivesse usando esse capuz esquisito. - o mais jovem comentou e montou. João apenas ignorou e também montou. Ambos logo cavalgaram de volta para Salvador, tomando o cuidado de evitar as patrulhas de soldados que eram vistas constantemente.

 Ao chegarem no Esconderijo e desmontarem, ficaram aliviados quando um dos sentinelas do portão informou-os que Cauã já havia chegado e os esperava em sua sala. Ambos agradeceram e seguiram na direção do prédio principal.

 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------

 - Já estava começando a me perguntar o que havia acontecido com vocês. - Cauã os recebeu em sua sala com xícaras de café e um pouco de bolo. Já havia tomado um banho e trocado suas roupas de guerra por algumas mais casuais. 

 - Carlos está morto. - João foi direto ao ponto - E tenho algumas coisas que podem ser de seu interesse. Mas, primeiro, o que aconteceu com você?

 O índio deixou claro na expressão o seu desapontamento ao ser confrontado pelo aprendiz. Mas não discutiu. Apenas começou a explicar:

 - Depois que nos separamos, encontrei o depósito de pólvora do armazém e o explodi. Todos os guardas vieram até mim e os enfrentei enquanto pude. Mas comecei a ficar cansado e esmagadoramente em menor número. Tive que procurar uma maneira de escapar dali, assumindo que vocês já tivessem entrado na senzala. Apesar de estar cercado, percebi que havia menos homens ao meu lado direito. Matei os poucos que ali estavam e corri, passando pelo portão principal aberto e fui até os cavalos. Eles me seguiram, é claro. Mas consegui despistá-los na cidade. E como já estava aqui por perto, seria mais proveitoso que  viesse até o Esconderijo e os esperasse do que se voltasse para o engenho. Só haveria perda de tempo e eu já estava cansado. E vocês?

 Afonso assentiu, compreendendo. Então era por isso que não havia guardas quando eles saíram. Estavam procurando por Cauã. João relatou o que havia acontecido com eles, com Afonso apenas incluindo detalhes sobre a luta contra Carlos e suas palavras finais. E foi nessa hora que ele soltou o que já vinha querendo dizer há muito tempo.

 - Ele comentou um monte de coisas sem sentido. E você também o faz. Assim como a carta de meu pai. O que são essas coisas? O que está acontecendo aqui? Conte-me agora ou eu juro que saio desse lugar agora mesmo!

 Para enfatizar a sua ira, deu um murro na mesa de madeira. A sua xícara de café tombou e derramou o líquido escuro e quente no chão. Mas nenhum dos três prestou atenção nisso. 

 Cauã suspirou. Ele fez um sinal discreto para João com a cabeça, indicando que queria alguma privacidade com o jovem. O negro entendeu e saiu, fechando a porta logo em seguida. Afonso sentou-se em uma cadeira, prevendo que a explicação começaria.

 - Muito bem... - disse Cauã - Acho que será uma surpresa grande para você, mas... Seu pai era um Assassino. Um Assassino habilidoso, se quer saber.

 - Assassino? - Afonso perguntou, lembrando-se que Carlos havia os mencionado. - O que diabos é isso?

 - Você nunca deve ter lido um livro. Óbvio que não, considerando o que os portugueses fazem conosco. Os Assassinos são uma Irmandade antiga. Muito antiga. Sua criação remonta desde muito tempo atrás e só se tornaram públicos na Idade Média. Porém, quando Altaïr Ibn-La'ahad se tornou Mentor, em 1191, tornou a Ordem secreta novamente. E assim estamos até hoje.

 Afonso deveria estar confuso demais para notar a mensagem escondida. Mas era inteligente e perceptivo demais para isso.

 - "Estamos"? Isso quer dizer que... Vocês são Assassinos? 

 Cauã confirmou com a cabeça:

 - Somos. Eu sou o Mentor. O Esconderijo vem sendo a base dos Assassinos há mais de um século no Brasil, desde que o primeiro de nós veio para cá: Joaquim de Vagos. Ele que fundou este lugar, na realidade. Mas não tinha nem metade do luxo que tem hoje. Miguel foi o responsável por tudo isso.

 - O meu... O meu pai? Como assim? - Afonso perguntou, atordoado pela quantidade de informações que vinham em sua mente.

 - Seu pai foi um grande homem, meu amigo. Foi muito importante para a Ordem. Ele foi por muito tempo o... - o índio se interrompeu repentinamente. Afonso pediu que prosseguisse, mas ele respondeu: - Não, não. Tudo ao seu tempo. Não era nada importante, na realidade.

 Afonso notou que era, sim, algo importante. Mas preferiu deixar de lado e seguir com a história.

 - E por que tive que matar Carlos? - ele perguntou. - Como ele estava relacionado à tudo isso?

 - Aí é que está a graça. Há muito tempo, os Assassinos vem combatendo outra facção secreta, que também foi pública durante a Idade Média. A Ordem dos Templários. Eles são o inimigo. 

 - Quem são eles? - o jovem perguntou.

 - Pessoas como nós. - Cauã respondeu e Afonso não gostou do modo como ele havia incluído-o no "nós". - Procuram por um objetivo semelhante ao nosso: a paz. Mas os seus métodos diferem dos nossos. Eles procuram atingir isso por meio do controle e da tirania. Nós, por outro lado, nos dedicamos á abrir as mentes dos homens e livrá-los das ilusões do mundo. 

 Afonso não havia conseguido entender aquilo. Sentiu que o assunto se desviava lentamente para filosofia, que era uma área que não gostaria de discutir. Decidiu fazer uma pergunta:

 - E Carlos era um Templário? 

 Cauã respondeu com uma expressão sombria.

 - Sim. E um dos mais perigosos. Foi uma boa coisa você ter nos livrado dele.

 - E o que ele planejava?

 - Nada de importante para você, por enquanto. Esta á uma preocupação dos mais velhos. - o índio respondeu e se levantou. Abriu a porta da sala e imediatamente João entrou, mostrando que estivera ali o tempo todo, apenas escutando a conversa. - Agora que já sabe toda a história dos Assassinos e Templários, você e o bisbilhoteiro devem terminar a de vocês. O que conseguiram com Carlos?

 João retirou um pedaço de papel do bolso interno da camiseta e entregou para Cauã. Ele leu-a por algum tempo, assentindo várias vezes no processo. E depois, guardou-a em uma gaveta na sua escrivaninha, que trancou logo em seguida. 

 - Muito bem. - disse ele. - Parece que temos um grande problema. Irei mantê-lo atualizado conforme eu souber mais, João. 

 - E eu? - Afonso perguntou, um tanto ofendido. - Fui eu que matei Carlos, para começar.

 Cauã pensou um pouco antes de soltar a próxima frase. Seu olhar era sério. Apoiou-se na mesa e suspirou antes de começar a falar. Seu tom era sério e decidido.

 - Afonso de Magalhães. Você fez um bom trabalho e atuou muito bem no assassinato de Carlos. E você agora sabe o motivo de estarmos aqui. De lutarmos. Sabe o que fazemos e porque fazemos. Sabe que somos Assassinos. Há 19 anos eu jurei proteger os inocentes e os fracos dos poderosos e corruptos. Hoje, eu lhe ofereço a mesma oferta. Junte-se a nós, como eu fiz. Como João fez. Como seu pai fez. Ajude-nos a tornar esta colônia corrupta um local mais justo.

 Imediatamente, Afonso estacou. Estava perplexo demais para falar. Os olhos passavam de João para Cauã, e para João novamente. Os dois estavam sérios. Não havia brincadeira ali. Era um pedido real, que provavelmente transformaria a vida do jovem dali para frente. Porém, ele sentiu que transformaria a de muitas outras pessoas também. E para melhor. Respirou fundo algumas vezes, mas ainda não conseguiu falar.

 - Uma oportunidade dessas só aparece uma vez na vida. - João ajuntou, mas Afonso notou que seu rosto escuro não demonstrava amizade. Nem mesmo encorajamento. Ele sentiu que o mais velho não desejava sua presença ali, mas respeitava-a. O motivo disto era desconhecido.

 - Eu... Eu aceito. - Afonso respondeu, por fim. Um sorriso iluminou os lábios de Cauã.

 - Perfeito. Mas precisará de equipamento. Hoje à noite poderemos fazer a sua introdução oficial à Ordem. Me encontre no arsenal daqui a uma hora. Vou lhe mostrar uma coisa. - e com essas palavras, Cauã abriu a porta e saiu, seguido de João. Afonso levou algum tempo para imitá-los, meditando sobre o que acabara de fazer. Seu pai teria aprovado isso, ele concluiu, antes de finalmente deixar aquela sala.

--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Uma hora depois, Afonso e Cauã se encontravam no arsenal. Já era meio de tarde e o Sol estava alto sob suas cabeças, infernizando-os com seu calor. Mas não era problema para o jovem. Estava animado demais enquanto observava o mais velho abrir a porta do local e adentrar, segurando uma lamparina na mão. 

 Os dois estavam em silêncio. Cauã foi até o final da construção, logo procurando alguma coisa nas paredes de concreto. Encontrou uma espécie de superfície levemente ressaltada, como um botão, e apertou. Um clique foi ouvido e um pedaço do chão se moveu para cima com dobradiças invisíveis. Abaixo havia apenas um buraco quadrado, com uma escada cavada em uma de suas extremidades. 

 - Vamos? - Cauã perguntou, enquanto colocava a lamparina em um suporte especial em sua calça e descia. Foi seguido por um admirado Afonso. O local onde estavam agora era escuro, e aparentava ser uma espécie de caverna natural, apenas alargada um pouco por mãos humanas. A única luz disponível era a da lamparina de Cauã, até que ele começou acender uma série de tochas na parede. Os dois seguiram em silêncio por aquele corredor estranho, até que este finalmente se abriu em uma sala maior. 

 - Uau! - foi a única coisa que Afonso se permitiu falar. Aquele lugar não era exatamente grande, mas poderia se dizer que havia pertencido a alguém ocupado. As paredes estavam cheias de papéis. Folhas de jornal, cartazes, projetos. O jovem nunca havia visto nada igual. No final da sala havia uma mesinha, lotada também das mesmas coisas. Em um canto havia um painel de madeira, com alguns suportes. Nestes estavam pendurados algumas armas, porém, nada de diferente do que pudesse ser encontrado no armazém. Apenas o metal parecia diferente. Afonso logo teve a sensação de que poderia ser bem mais afiado e duro do que armas normais. Ele notou que estava tudo coberto de pó, como se a sala não tivesse sido visitada por um bom tempo.

 - Sim, é tudo impressionante. - Cauã concordou. - E tudo isso pertenceu ao seu pai, mas está desativado e trancado há muito tempo. Porém, é nisso aqui que quero que preste atenção. - e apontou para o que estava no centro do aposento. Um boneco de madeira, em tamanho real. Não parecia ser um modelo anatômico. Estava mais para um manequim. As roupas penduradas nele eram belíssimas, embora empoeiradas. 

 Afonso deu um olhar rápido para Cauã. Ele assentiu e caminhou de volta para o corredor, como se desse permissão para que o mais jovem experimentasse-as. 

 Após alguns minutos, Afonso estava vestido. As botas eram negras e chegavam ao seu joelho. As calças longas eram marrons e pareciam ser feitas de linho fino, para não esquentar muito e não atrapalhar a movimentação. Era o mesmo material do casaco. Este era manchado de verde e marrom, em um padrão que se tornaria quase invisível em um ambiente natural como as florestas ao redor da cidade. Porém, ainda não seria estranho em um ambiente urbano. Essa peça de roupa possuía um capuz. Os mesmos que Afonso havia visto naquelas pessoas que o salvaram. Os mesmos que havia visto nos Assassinos. Puxou o capuz sobre a cabeça. Agora ele se sentia completo. Observou o que restara no manequim. Apenas duas braçadeiras de couro e metal, que ele logo colocou. Elas possuíam um mecanismo engraçado, que não parecia exatamente condizente com a tecnologia disponível em seu tempo. Assim que flexionou os músculos dos braços, uma lâmina brotou de cada uma das braçadeiras, fazendo um som agudo e metálico. Precisavam de óleo, uma vez que estavam em desuso há muito tempo, mas com certeza era um desenho inteligente, discreto e mortífero.

 - Gostei da roupa. Estou pronto! - Afonso disse finalmente. Ele se sentia outra pessoa agora.

 - Eu sei. - Cauã falou, retornando do corredor. - Este traje e as lâminas ocultas pertenceram ao seu pai enquanto ele esteve no Brasil. Você está igual a ele, pelo menos na aparência. Espero que, como ele, entenda os motivos de nosso credo e como fazemos e vemos o nosso trabalho mortal, mas necessário.

- Sim... Senhor. - a última palavra foi acrescentada após um tempo de reflexão. Sim, agora Afonso era um Assassino. Deveria tratar seu novo Mentor com respeito. 

 Antes que qualquer um deles pudesse falar novamente, ouviram uma gritaria vinda do lado de fora, acima de suas cabeças. Depois, o rugido de um canhão e o impacto da bala em algum lugar chacoalhou a sala, fazendo com que caísse um pouco de terra do teto. Afonso perguntou:

 - O que foi isso?

Cauã pensou um pouco antes de sorrir e responder.

 - Bem... Parece que estamos sendo atacados. E provavelmente não é por uma força pequena.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acho que é isso.
Aguardo reviews.
--------------------------------------------------------------
Database:
http://animusdatabaseliberdade.blogspot.com.br/
Por alguns problemas técnicos que estou tendo, talvez leve algum tempo para que a Database seja atualizada com as informações deste capítulo. Mas não se preocupem. Eu estarei vendo e concertando isso o mais rápido possível.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassins Creed: Liberdade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.