Planeta Astrozona escrita por Natália


Capítulo 6
Efeitos entre a ressaca e a nova moradora




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A figura da garota estava estática, observando o lugar. Ela desfez a cara de medo quando notou as dezenas de garrafas pelo chão e roupas amarrotadas daqueles que dormiam profundamente pelo chão daquela casa. Ela ergueu a sobrancelha.

- Lindo – Disse baixo, em tom sarcástico.

Então a percebi e abri um pouco os olhos. A vi deixar seu lugar inicial e colocou-se a caminhar em meio aos dorminhocos. Passando perto da Bia, ouviu-se sibilar alguma coisa que poderia ser “A velha” ou “Aveia”. De qualquer maneira Bia continuava dormindo. A essa hora eu já começava a me dar conta da minha séria dor de cabeça. Via de relance a garota desconhecida que ficou observando Bia, que se virava tranquilamente e voltava a roncar.

- Hey! – Chamei-a e ela me encarou. - Quem é você?

Ela não respondeu.

- O que houve aqui? – Disse a novata. - Ataque alienígena?

- Quase isso... – Tive que rir da cena a minha frente. - Ah, você deve ser a nova moradora, a que vai dormir no mesmo quarto que a Bia e eu. – A garota confirmou apenas, observava o lugar atentamente, cada detalhe. – Eu sou a Natália. Pode me chamar de Naty!

- Sou a Elyza. – Ela me disse sorridente. - Pode me chamar de Lyza.

- Ok, Lyza! – Natália sorriu. – E essa ai é a Bianca, a Bia. – Apontei para Bia que agora dava tapinhas no ar. - Ou deveria ser...

Rimos.

***

Algumas poucas horas se passaram e o pessoal que ia acordando, deparavam-se com uma casa totalmente quebrada e em péssimas condições. Já haviam chamado alguém para verificar, mas todo mundo ficou confuso quando o assunto foi: “Quem iria pagar o conserto?”.

- Oras, deixemos que pague quem chamou este homem, sabendo-se que não teria dinheiro para pagar. – Reclamou um dos moradores.

- Talvez tenha sido sem essa intenção e não sabia. A questão, é que se quisermos morar aqui, temos que consertar mesmo, senão a solução é voltar à antiga mansão. – Eu Corrigi.

- Então vamos voltar para lá, eu ainda não entendi porque se mudaram! – Disse Flora, outra moradora.

- Esse lugar é amaldiçoado, eu confesso que nunca consegui largar dessa mansão, permanecerei por aqui mesmo. – Confessou a Odalisca

- E eu, pelo mesmo motivo. – Confirmou Lolla.

- Ok pessoal, faremos então o seguinte. Se Shaka e Tony quiserem, podem fazer favores a nossa mansão, incluindo o conserto. Caso contrário, passaremos fome, as comidas que ainda sobram aqui, já estão quase em seu prazo de validade. Não durará muito. – Disse em tom de preocupação.

- Eu espero que eles aceitem isso. – Confessou em tom de desânimo, Li Lás, que também acompanhava a conversa.

- E vão. Tentaremos convencê-los. – Conclui.

- Só eu acho que o pessoal deveria parar de ter vergonha na cara e começar a trabalhar para nos auto sustentar? É um pouco longe, mas não custa nada. Tony e Shaka trabalham e estão muito bem. Façam algo, bando de vagabundos. – Protestou Flora.

- Você trabalha Flora?

- Mas é claro, só eu também. Porém, não vou sustentar ninguém aqui sozinha. E ainda ganho salário mínimo, mal dá pra pagar conserto pra gente mimada. – Concluiu sem escrúpulos.

- É gente. Flora tem razão, alguns de nós poderíamos começar a trabalhar pra tentar levantar essa mansão. Não dá pra viver de favores para sempre. – Disse Lolla

Sendo assim, todos concordaram.

***

Mais tarde, Elyza estava em nosso quarto para guardar suas coisas, Bia se trancou em um interminável banho. Depois descemos. A ressaca do pessoal estava grande, e nisso eu me incluía. Mas estava levando. Depois Shaka nos encontrou e tratou de dar as boas vindas à novata.

- Péssimo que você tenha chegado em meio a uma cena dessas. – Ele disse sem graça.

- Não. – Ela riu. - O pessoal parece legal. Parece que cheiram muitos gatinhos aqui.

Elyza riu. Eu e Shaka ficamos sem entender.

- Quero dizer, piram, enlouquecem... – Elyza começou, mas foi interrompida.

- Falando em enlouquecer... – Uma voz feminina surgiu. Era Bia. Shaka franziu a testa e remexeu desconfortável. - Bom dia Shaka!

- Bom dia! – Ele disse seco.

- Você é a nova colega de quarto, da Naty e minha? – Perguntou Bia a Elyza.

- Sou sim!

- Ah, que bom! – Bia deu uns pulinhos.

- Então... – Shaka disse. Voltamo-nos a ele. - Depois eu a apresento ao resto do pessoal. Agora, com essa ressaca, não perceberiam a diferença entre você e um tijolo.

- Ah, claro... – Elyza franziu a testa. - Sem problemas.

Despedimo-nos do loiro e subimos para o quarto, Bia, Lyza e eu. Mal fechei a porta para Bia indagar sobre o mapa da morena.

- Qual sua Lua, seu Sol, seu ascendente?

Elyza tirou um mapa de uma das bolsas e entregou a Bia. Eu me aproximei para ver.

- Péssimo. – Disse Elyza.

- Não é tão ruim, já vi piores. – Eu disse.

- E é nos piores frascos que estão os melhores perfumes. – Disse a Bia distraidamente.

Nós a encaramos.

- Que foi? – Bia disse divertida.

Nesse momento, lembrei que cometi a maior burrice em dispensá-lo, tinha um assunto importante com ele a ser tratado e deixei passar.

- Gente, não é por nada, mas eu preciso seriamente ir resolver algo – E logo em seguida sai correndo, sem mais dizeres.

- O que será que deu nela? – Perguntou Elyza.

- Gostaria de saber também – Disse Bia.

Desci as escadas e no final delas, o encontrei ali sendo abordado por algumas pessoas também.

- Eu me esqueci de perguntar lá em cima, mas eu preciso falar contigo um assunto muito importante. E eu quero que você me responda agora.

- Não vai dar, Tony acabou de me mandar uma mensagem e tenho que ir lá logo – disse ele já querendo acelerar o passo, até que segurei em seu braço.

- Será que é mais importante do que o que eu tenho pra te falar? - Perguntei

- Eu não sei. – Ele disse confuso.

- Por favor, fique! – Insisti.

- Eu sinto muito. – E assim que terminou já saiu caminhando em passos rápidos, o segui até o portão, quando estava entrando em seu carro, parou e disse:

- Se é tão importante, me liga depois, agora estarei ocupado.

- M..mas ..

- Até Mais! – Ele despediu-se sem me deixar terminar de falar.

Apenas vi o movimento de seu carro distanciando-se de mim. Eu estava frustrada, parecia querer fugir, como se já estivesse desconfiado.

***

Bia caminhava com a nova moradora pela mansão, e apresentava a ela, alguns lugares, até então inéditos. Em um lugar reservado para os primeiros socorros, estavam Herculano e Pedro sentados em uma banqueta branca, ambos, um ao lado do outro. Estavam a espera de alguém especializado em ajudá-los, mas como o lugar era um total fracasso, não aparecia ninguém.

- Poxa, o que houve com vocês, meninos? – Perguntou Elyza com cara de preocupada.

- A culpa de o meu rosto estar assim é desse babaca do meu lado – Apontou Pedro, ainda revoltado pelo acontecido.

- Cala a boca, seu idiota – Rebateu Herculano. E antes que pudessem continuar, Elyza interrompeu-os.

- Calma garotos! Penso que queiram curar-se disso. Felizmente, nessa longa jornada que tive até aqui, me preocupei de trazer um Kit Primeiros Socorros. Está nas minhas coisas, lá em cima. Irei pegar para ajudar vocês.

- Finalmente alguém que preste nessa droga de lugar! – Reclamou Pedro novamente.

No meio do caminho de volta, as meninas encontraram a Lê, que perguntou para que servia aquilo, e sem pensar duas vezes, pediu para ajudar, sem saber que um dos machucados, era seu maior inimigo.

- Olha só, eu cuidarei do moreno que está sentado a minha esquerda e você fica com o garoto dos olhos verdes a sua direita.

Ela fez uma cara de desconfiada, como se os olhos verdes a lembrassem alguém específico, ainda assim, aceitou a proposta.

***

Chegando lá, Lê de cara viu quem já desconfiava e ficou com um semblante nada feliz.

- Tome esses materiais, são importantes para ajudar o machucado ali.

- Mas garota, você não disse que eu ia ficar com esse daqui? – Disse apontando para Herculano.

- Não, em nenhum momento. Eu disse que era o rapaz de olhos verdes, que seria o garoto de lá.

- Eu posso ter certeza que não foi isso que você me disse.

- Como não? Minha memória não falha, eu disse sim, oras. Mas isso não importa tanto, ok? Afinal, o importante é que possamos cuidar deles. – Disse Elyza, enquanto Lê apenas fazia uma carinha de decepção, não havia convencido. – Agora, pegue esses materiais – disse ela, apontando para algodões, band-aids, remédios entre outros.

Lê começou a colocar alguns curativos no rosto de Pedro, porém o resultado não foi dos melhores. Propositalmente, ela não era nada delicada, colocando-os como se estivesse estapeando seu rosto. O garoto se recontorcia de dor, e quando chegou ao seu limite, fez questão de xingar:

- SUA FILHA DA PUTA. COLOCA ESSA PORRA DIREITO, SUA LOIRA RIDICULA.

- Olha a falta de respeito comigo, seu grosso do cacete!!! – Disse a garota que não ousou em dessa vez pressionar o rosto do garoto com grande força.

- Tire essas patas do meu rosto agora, sua vadia. – Ele dizia enquanto segurava-a no braço e mal parava de se mexer na cadeira.

A confusão foi tanta que enquanto ambos lutavam-se para se defender da luta de braços, um empurrãozinho básico da pequena briguinha de infantilóides, foi capaz de derrubar Pedro da banqueta.

- Bem feito pra você, Pedro Shatran. – Disse Lê enquanto se retirava do local.

- Alguém me ajuda, porra. Eu não tenho forças para me levantar sozinho. – Dizia em um tom mais calmo, esperando que Elyza pudesse ajudá-lo, sem resposta, continuou – Será que alguém nessa droga de lugar, pode me ajudar? – Não havia mais ninguém no local, permaneceu ignorado.

Estariam tão ocupados a ponto de não perceberem os estrondosos gritos de Pedro? É certo que sim.

Elyza continuava ajeitando o machucado da testa direita de Herculano. Ambos a algum tempo em silêncio, porém, era certo de que eles não sentiam algo comum pelo outro. A garota enquanto exercia a função, apenas parou para notar os hipnotizantes olhos daquele homem, ela parou por um momento e apenas ficou encarando-o e parecia recíproco.

E depois de alguns segundos, a garota acordou de seu momento encantador e perguntou, tentando disfarçar com timidez:

- E então... Está se sentindo melhor?

- Como não? De repente um anjo caiu aqui na Astrozona, curando minhas dores.

Ela ficou corada, perdeu-se no olhar, mas dava um pequeno riso, a garota havia entrado nos encantos daquele homem de voz potente.

- Nesse caso, eu acho que já fiz minha parte. – Ela pausou, deu uma olhada para baixo e retomou – Logo estará totalmente sarado.

E quando já se preparava para dizer as últimas palavras, fora surpreendemente aparada por ele que agora reclamava de mais outra coisa.

- Acho que não estou totalmente curado da ressaca de ontem. Minha cabeça está doendo demais, será que minha médica não teria algum conselho para este pobre homem que sofre dores cruéis como essa?

- Sim, é claro que tenho. Recomendo que tome uma ducha bem gostosa e vá se deitar. Descanse bem, logo estará recuperado, vai lhe fazer bem.

- Precisava que alguém me levasse para meu quarto, acho que sozinho eu não vou conseguir, estou muito ruim.

- Não se preocupe, deixe que eu o levo. – Disse ela seguido de uma piscada.

Ela o segurou pelo braço e ambos saíram dali abraçados, como se fossem um casal. Enquanto saiam, um dos moradores, um rapaz com altas tatuagens rodeadas pelo corpo que espiava aquilo pela porta a tempos, entrou e encontrou seu rival por aquelas bandas mesmo e não deixou de comentar o ocorrido:

- Oras, olha só! Eu não posso acreditar! O Herculano pegando uma garota? E ainda subiram sozinhos? – Dizia o rapaz seguido de uma risada histérica.

- Você realmente acredita que seja a garota dele? É só mais uma nova amiguinha. Subiram para elas brincarem de boneca. – Disse Pedro em tom sarcástico.

***

Ainda estava eu lá... Tentando ligar para um dos dois proprietários daquele lugar, e sem resposta em meu telefone. Últimos segundos de paz e silêncio, minha concentração se caiu quando ouvi o som de uma flauta. Vir-me-ei e me deparei com aquele encantador safado, irritada, decidi falar com ele:

- O que há com você? Tanto lugar nessa enorme mansão – dizia enquanto gesticulava o conceito de enorme – e você decidi vir logo aqui onde estou visivelmente ocupada tentando ligar no telefone.

- É, eu sei, mas eu gosto daqui.

- Legal, mas tem outros lugares para você tocar.

- Não, eu só gosto daqui mesmo.

- Até parece. Você gosta é de me azucrinar, isso sim.

Então, num segundo, ele começou a tocar seu instrumento. Esbraveci e quis interrompê-lo com uma pergunta que a tanto me fazia.

- Garoto. Qual é o seu nome?

- É muita intimidade ficar revelando meu nome assim. Chame-me de Senhor Ophiuchus.

- Ok. Ophiuchus.

- NÃO. Eu disse. SENHOR Ophiuchus – ele fez questão de me corrigir

- Tudo bem. Senhor Ophiuchus. Satisfeito?

- Não é assim que você deve me tratar. Você tem que dizer: “Satisfeito, vossa excelência?”.

- Ah. Quer saber? Não me enche, você não é autoridade nenhuma.

- Mas é claro que sou. Sou um encantador de cobras muito experiente e mereço respeito.

- Grande coisa. Então, se quer respeito, me respeite primeiro quando eu quiser falar ao telefone. – Reclamei.

- Que culpa eu tenho se você escolheu logo o meu território para conversar?

- Mentira, você não tem território nenhum. E eu não vou sair daqui só por sua causa não.

E então o encantador, voltou novamente a tocar. E eu, claro, indaguei em voz firme.

- Pare com isso. Agora.

- Eu só estava testando o meu poder de encantar ninfetinhas.

- Repara na minha cara de encantamento. – Disse, enquanto aproximava-me a ele e apontava meu rosto - Ficaria encantada se você pudesse me dar um tempo.

Ele me encarou subitamente por uns 5 segundos e concluiu.

- É. Não deu. Parece que ainda vou ter que estudar melhor essa nova espécie. – E voltou a tocar seu ‘maravilhoso’ instrumento. Deveria ser a única coisa que sabia fazer.

***

Herculano acabara de tirar sua camiseta azul, deixando exposto seu peitoral másculo e bem definido. Elyza mal conseguira deixar de olhá-los, parecia totalmente tomada pelo desejo daquele homem.

Por um momento, conseguiu desviar a atenção do que lhe atraia e então comentou:

- Acho que agora já consegue ficar sozinho, não é? – Disse rindo, enquanto ele apenas confirmara com a cabeça – Faça o que eu disse, tome um banho e depois vá dormir. Mais tarde virei aqui para me certificar que está tudo bem com você.

- Não se preocupe, minha linda. E muito obrigado por estar aqui comigo. – Disse em tom doce e suave, enquanto se aproximava dela lentamente. Ele parou e tornou a olhá-la diretamente em seus escuros e misteriosos olhos. Um olhar que brilhava intensamente, como uma criança inocente que precisava de cuidados e estava sendo recompensado. Apenas lhe deu um carinhoso beijo em sua testa e disse mais uma vez, em tom baixo, porém singelo:

- Obrigado!

Ela por sua vez, conduzida por aquele momento, perdera a fala, seu olhar encontrara perdido.

- Já pode ir. – Ele disse com um sorriso sincero, enquanto entrava no banheiro da suíte de seu quarto.

E ela apenas saiu dali, em silêncio...

***

Enquanto isso me conduzia a continuar tentando ligar para o Shaka, ou Tony, seja lá quem fosse. Já havia saído do ambiente que me incomodava e o telefone continuava chamando, por um bom tempo, e apenas nisso. Sinto que me ignoravam, e bem... Eu estava certa.

O telefone sem fio, e lá constava o número da mansão nele. Shaka sentado em um pequeno banco macio, ele olhava para o objeto móvel com uma expressão fria e séria.

- O que há rapaz? Faz minutos que ouço esse telefone tocando. – Disse Tony que havia chegado ao local, vendo Shaka visivelmente alterado e tentando contornar a situação. – O que acontece? Por que não atende? – Perguntou ele em tom de preocupação.

- Estou em duvida sobre que decisão devo tomar. O pessoal resolveu migrar para lá e agora querem depender de mim, ou melhor, de nós.

- Como? – Disse Tony com expressão chocada.

- Eles saem da mansão e agora que estão perdidos, precisam de alimentos para sobreviver, daí, querem pedir esmola pra gente, mas, como vamos explicar ao chefe isso?

- O chefe é cabeça dura, mas vai entender.

- Eu não sei. – disse Shaka seguindo de uma reflexão e um leve suspiro – talvez eu seja um covarde por estar fugindo dos meus problemas assim. Mas, talvez seja a melhor coisa a se fazer no momento.

Tony parecia querer dizer algo, mas não conseguia. Para ele, havia jeito de conversar com o chefe, até porque entre ambos, era o que se dava melhor com ele. Um longo tempo em silêncio e ele finalmente decidiu soltar uma opinião.

- Eu acho cabível explicarmos para o pessoal de lá.

Shaka olhou com uma expressão do tipo “não seria uma má ideia”, mas resolveu não opinar, ainda.

***

Ainda no meu nível de persistência, decidi reunir todo o pessoal na sala principal da mansão, para discutir sobre o assunto. Havia explicado e feito meu discurso por alguns minutos. Quando terminei, continuei discando o número. Enquanto isso, o pessoal aproveitou para emendar em mais um papinho de Astrologia.

Elyza, que até então, fazia companhia com a Bia, decidiu, mesmo que um pouco tímida, se apresentar um pouco para o pessoal, enquanto eles conversavam sobre qual seria o par ideal de seu signo solar: Virgem.

- Eu sou analítica e essa é a minha maior característica virginiana que tenho. Sou intuitiva também, porém, também sou bagunceira e desorganizada, o que nada tem a ver com meu signo. Sou nervosa e impaciente, mas só explodo mesmo quando me tiram do sério. Gostaria de ser mais racional, e no fim. Eu acho que apesar, de o Sol ser importante, há outros fatores em um mapa que influem em nossa personalidade – Dizia detalhadamente, enquanto todos reparavam na novata – diz aí, o modo como falei não foi virginiano? – Concluiu, seguido de um sorrisinho.

Inesperadamente, Guilhermo, um homem moreno e com rosto de quem tivera algo entre 20 a 25 anos, começou a implicar com a garota:

- Porre é você, sua otária!!! Deve ser daquelas virginianas chatas que para transar, se um pentelho escapar da sua vagina, irá preferir a futilidade de Libra, porque você é assim, como eles. – Nesse momento, todos fixaram o olhar nele, inclusive eu, pelas ofensas desnecessárias, porém, ele bravamente continuou – É emocionalmente pobre, depois chega aos quarenta anos, indo a baile funk e querendo pagar de gostosa, quer pagar de boa moça, mas você sabe quem é de verdade: Problemática, hipocondríaca, sua mente é perturbada por extrema organização, seu tempo é gasto com os inúteis detalhes, você é hipócrita e se acha a perfeição, pra você nada presta se não for feito do seu jeito, arrogante, se acha a mais inteligente, mas quando vir, já passou quarenta anos da vida facheando a casa, organizando o guarda roupas por cores, e quando se sentir sozinha vai procurar um pisciano porque sabe que vai ser o único que vai te aceitar insuportável do jeito que é, fazendo você depois de tanta frustração acreditar que é capaz de, ainda ser desejada.

E ele continuou em seu interminável discurso:

- Virgem tem medo de Peixes, por ser uma mistura de tudo: o mistério, o mais bondoso do zodíaco. O que perdoa e se doa ao próximo, respeita, tolera e pacifica. Peixes representa o amor incondicional, sem limites, sem fronteiras, sem barreiras, sem preconceitos, sem julgamentos, Virgem tem medo do amor, Peixes tem a coragem porque sabe que todos os caminhos levam a morte.

Peixes tem muito mais a ensinar a virgem do que o inverso.

Ela ficou encarando aquele louco com uma cara de nojo. E respondeu-lhe com uma imensa raiva e rancor:

- Você é maluco? Alguma vez eu generalizei? Eu citei experiências minhas, com pessoas de determinados signos. Você deve se achar o fodão, que vem xingando alguém que não conhece. Quem é o crítico aqui? Sim, com todos os defeitos que você "acha" que eu tenho, eu prefiro ser virginiana sim. Não devemos julgar alguém porque ela é do signo X ou Y. Não só o signo solar influi numa pessoa e você sabe disso. Mas eu to nem ai pra tua opinião. Porque no final, amado, o que eu sou ou não sou, só diz respeito a mim e não a você.

O clima ficou frio... Não, ficou gélido. Ambos se encaravam com tremendo ódio, e antes que algo pior pudesse acontecer, ainda com as pessoas já ficando angustiadas, decidi desviar a atenção para o que realmente importava.

- É o seguinte! Continuarei ligando para lá, até que alguém atenda e possa resolver nosso problema. Não é justo que eles nos ignorem assim, não acham?

Em meios a protestos que concordavam comigo, pude escutar alguns passos estranhos, já que todos estavam lá. No mesmo momento pude ver ambos pararem a nossa frente.

- Não será preciso ligar mais – Disse Shaka, seriamente, enquanto parava de braços cruzados.


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Notas finais do capítulo

Nome: Elyza
Idade: 17 anos
Signo: Virgem

Nome: Flora
Idade: 22 anos
Signo: Touro

Nome: Guilhermo
Idade: 22 anos
Signo: Peixes



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