Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 52
Por Ele: O suborninado


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui! Finalmente...
Pessoas este é o último capítulo da segunda parte. Ainda esta semana irei começar a terceira e última parte desta história. Sinceramente espero que entendam o rumo que as coisas estão tomando... Damon e Elena estarão diante de um último desafio (graças aos céus), superando este, tudo será apenas final feliz. Espero... Desfrutem e até a a parte três (Com Ele).
Beijos e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/282493/chapter/52

–Eu concordei com todos aqueles termos odiosos, ela terá que ceder aos meus. – falo para Alaric que está apenas me olhando. Eu assinei o acordo que Elena me propôs, agora eu quero ter o direito a um casamento adequado.

–Ela não quer festa. – ele diz metódico.

–Dane-se! Eu quero. Preciso mostrar a imprensa e ao mundo que ela será minha.

–Seu terceiro casamento? – ele fala sem evitar a ironia.

–Tecnicamente o quarto. – sorri.

–Ok. – ergue as mãos rendido. – Vou falar com ela.

–Faça isso, você me deve, é um traidor. – ele ergue as sobrancelhas.

–Eu? – toca o peito com uma expressão ofendida.

–Você. Converse com ela e se acertem, eu quero um casamento, quero uma festa, quero a imprensa e ela estará lá, com a mãe e os amigos que signifiquem algo para ela. - ando até minha mesa finalmente sentando, começo a checar alguns e-mails.

–Como estão as coisas com Stefan? – ele pergunta mudando de assunto, eu não o encaro.

–Caminhando. Você sabe que ele não estava com tanta raiva assim de mim.

–Quanto aquela história com o pai do Robert? – eu travo e o encaro.

–Eu prefiro não tocar neste assunto. – ele me olha confuso.

–Conversou com seu terapeuta?

–E eu não converso sempre? – ele suspira.

–Você está bem? – ergo a sobrancelha, que pergunta mais idiota.

–Não seja idiota Ric. Estou bem. – ele cerra os olhos pra mim e salta furioso da cadeira me fazendo o encarar.

–Você que é o idiota, só estou preocupado. – fala me dando as costas e indo em direção a porta.

–Está é com remorso.- ele mostra o dedo - Ainda não acredito numa palavra do que está ali.

–Por que assinou então? – pergunta ao abrir a porta.

–Por que eu quis, porque eu sei que nada daquilo vai durar, ela só não quer me dar este gosto, mas cedo ou tarde ela vai ceder. – dou de ombros e ele sorri irônico fechando novamente a porta e voltando a ficar diante de minha mesa.

–Ela. Não você? – me pergunta e eu fico ali o encarando... Tenha dó...

–Mais do que eu já cedi? Vamos encarar, Elena sabe que eu jamais aceitaria uma coisa daquela, se fiz foi unicamente por ela.

–E acha que é só jogo duro da parte dela. – ele bufa e acena negativo pra mim, como se não acreditasse no que estou dizendo.

–Estou fazendo o que ela quer. É um meio para se chegar a um fim. Só isso Ric.

–E se ela não ceder? – ele pergunta sério.

–Ela vai. – ele sorri como se desfrutasse de uma piada interna.

–Se você diz. Só abra seus olhos, há muito em jogo. – fala e sai de minha sala. Eu sei o que está em jogo. E está tudo sob controle.

...........................................................................................................................................................

Eu fiquei um bom tempo olhando pros papeis quando Alaric veio me trazer na semana passada. Eu achei que ele fosse demorar mais pra tomar uma decisão, mas indo contra tudo o que eu esperava ele aceitou rápido. O que me leva a crer que Damon está mais do que disposto a me dar tudo o que eu quero, se isso significar que está perto de mim como ele sempre quis, ao final de tudo. Obviamente ele não imagina que isso ainda vai demorar.

–Você disse que contou pra mais alguém... Quem? – minha mãe me traz de volta a nossa conversa.

–Apenas a Bonn. Fora ela só você e Alaric mãe.

–E o Damon?

–Ele não contou a ninguém, nem vai.

Estamos sentadas no sofá na sala de meu apartamento, vendo mais um romance magnífico. O terceiro na semana, eu ando sedenta de filmes assim. Meu celular toca e sorrio ao ver quem é.

–Olá, Ric. – quando Alaric me fala o motivo da ligação eu encaro minha mãe indignada, ela me encara confusa. - Mas eu deixei bem claro que... – ele me interrompe pra dizer algo bem previsível, Damon não vai recuar, eu sei disso e suspiro. Não pode ser tão ruim assim no fim das contas, pode? - Tudo bem. – ele fala que não teve como argumentar e que Damon quer me encontrar para um almoço. Eu detesto essa ideia, não gosto de ficar sozinha com ele, é muito... Tentador. Mas acabo aceitando - Certo. – desligo e encaro minha mãe.

–O que foi?

–Damon quer uma festa. – ela sorri faceira. Faço cara feia e ela para.

–E você não? – parece confusa, mas sei que é provocação, ela sabe bem que não tenho planos românticos pra este casamento.

–A ideia era um casamento em segredo. E depois apenas uma declaração à imprensa. – falo levantando e ela me segue.

–Se vai fazer tem que fazer como manda o figurino, seu pai ia querer assim. – entramos em meu quarto, eu começo a me preparar para um banho e sair para encontrar o Damon.

–Mas já havia aceitado o noivado. – lembro a ela, foi uma exceção.

–Aquele jantar foi engraçado. – ele mal consegue conter o riso ao lembrar. Eu quase matei o Damon naquela noite. Foi totalmente desnecessário. -Você viu como a filha dele ficou feliz?

–Sim, ela sempre torceu por nós. – digo lembrando de como isso é a mais pura verdade.

–Agora, quem era a moça que acompanhava o irmão do Damon? – me inquieto com a pergunta e minha mãe percebe. Eu não vou com a cara daquela mulher.

–Hayley. É uma amiga do Damon e do Alaric.

–Por que você fez soar tão enjoativo? – me pergunta sentando em minha cama.

–Não gosto dela. Ela fez amizade muito rápido com Damon e agora já tratou de se envolver com o irmão recém descoberto dele. Não me inspira confiança. – falo revirando minhas roupas. Droga! Terei que fazer compras, não tenho nada pra vestir, nem mesmo pra um almoço informal com meu noivo.

–Isso é preocupação pelo irmão do Damon ou é só ciúmes mesmo? – eu viro para encarar ela que apenas dá de ombros.

–Não mãe. Eu apenas não sou muito de confiar nas pessoas ao redor do Damon, geralmente ou querem matá-lo ou fazer mal pra ele. – falo voltando a dar atenção ao que faço.

–Entendi.

–Vou me encontrar com ele agora. Nos vemos no jantar? – ela sorri e sai para que eu possa me aprontar pra sair

–Bom almoço. – grita já do corredor e sorrio.

–Obrigada!

.........

Eu realmente odeio este lugar. E odeio pensar que Damon escolheu este local de caso pensado. Só me faz lembrar das vezes que tive que vir aqui e brigar com todos os funcionários do local para abrirem a cozinha mais cedo e fazerem o prato vegetariano favorito dele. Aquilo tinha gosto de papel.

Observo ele ao longe, está centrado lendo um jornal, não nota quando eu chego.

–Oi! – digo assim que paro diante da mesa, ele se põe logo de pé.

–Oi! – vem até mim e beija de leve meu rosto. O toque suave de sua mão em meu braço me faz dar um passo para trás e um arrepio me corre pelo corpo todo. Ele ignora minha reação e puxa a cadeira para eu sentar. Senta na dele em seguida e volta pra sua leitura no jornal. Eu percebo que a cara dele não está muito boa, ele parece... Doente.

–Algum problema? – pergunto e ele demora a reagir e quando o faz parece não ter escutado o que eu disse.

–Hum!? – me olha confuso.

–Está tudo bem? – ele franze o cenho e fecha o jornal, se remexe na sua cadeira e olha pra outras direções. O que ele tem?

–É... está, claro. – suspira e sorri, mas é o riso mais forçado que já o vi dar, e então ele me encara, bem sério e é como se ele tivesse aberto um manual de atividades - Olha eu sei que combinamos antes que festa seria algo desnecessário, mas Sofia quer organizar, e combinados de bancar aparências e bem... Eu quero que saibam sobre nosso compromisso, algumas pessoas mais do que outras. Será algo bem particular. A imprensa que eu deixarei cobrir já é a que você conhece, a mesma de confiança da Salvatore Tecnology. Caroline vai cuidar disso pra mim. – ele toma um pouco de ar e volta com força total - A reforma que você pediu nos quartos está finalizada, Alaric deu um jeito e agilizou toda a papelada necessária no cartório, acho que vamos poder cumprir os prazos. Eu não vou poder estar presente na sua próxima consulta, tenho uma viajem muito importante, mas eu devo compensar você de alguma outra forma depois e...

–Nossa! – digo boquiaberta e ele me encara confuso.

–O quê?

–Respira Damon. – falo sorrindo e ele solta um riso sem jeito.

–Só estou tentando ser direto, não tenho muito tempo, há uma reunião importante agora às duas e...

–Entendi. – digo e ele assente. Ele pensou em tudo ao que parece.

–O que foi agora, Elena? – a pergunta dele me trás de volta e ele parece impaciente ao me encarar.

–Nada. Continue. – digo serena.

–Bem, acho que por hora é só isso. Sofia vai falar com Caroline e logo ela mandará o motorista para levar vocês duas seja lá para onde precisem ir e...

–Posso dirigir. – interrompo e eu praticamente sinto uma energia negativa vindo dele, aposto que o corpo dele inteiro tremeu.

–Mas não vai. Eu não quero. E como em parte dos termos eu tenho que cuidar de seu bem estar e do bebê, você vai andar por aí com motorista, exatamente como eu. Como o Mason trabalha comigo a mais tempo ele leva você para onde quiser, a equipe de segurança também cuidará disso quando ele não puder. Falei com Pedro e ele disse que você continua se opondo as regras dele. – ele adquire aquele tom mandão que eu detesto.

–Ele é um ridículo, tão controlador quanto você. – ele faz cara feia pra mim.

–Ele é especialista no que faz, que no caso é manter você, meus filhos e Miranda seguros. Você não entende de segurança, ele sim. Sugiro que passe a dar ouvidos ao que ele fala, não quero ouvir reclamações quanto a isso, Elena. – ele termina tomando um gole de uma bebida que eu julgo ser vinho, tem alguma coisa errada com ele.

–O que você tem hoje? – ele ergue a sobrancelha para mim.

–Porque está todo mundo perguntando isto? Está começando a soar idiotice.

–Você está agitado, inquieto e mais grosso que o normal. Talvez todos tenham razão em estranhar.

–Estou cheio de coisas pra fazer. Isso sim.

–Problemas na Salvatore?

–Não!

–Com Stefan?

–Também não.

–Me conta! – ele me encara impaciente.

–Não tem nada Elena. – diz e é mais uma advertência.

–É a coisa do pai do Robert? – ele bufa escorando-se na cadeira e soltando a respiração, fecha os olhos e quando os abre há um misto de fúria e exaustão em suas feições.

–Dá pra parar com isso? Eu estou bem! – seu tom de voz me faz vibrar.

–Percebi. – é apenas o que eu digo e ele suspira.

–Senhor... – um garçom nos interrompe e noto que já vem com nosso almoço, mas que droga, eu não gosto de nada no cardápio daqui.

–Finalmente! – Damon fala e acena para ele nos servir.

–Você pediu pra mim? – ele assente.

–Você precisa comer bem e chegou atrasada. Eu quis adiantar tudo, como eu falei: sem tempo.

–Não gosto muito da comida deste lugar. Lembro de como eu me sentia enjoada quando eu tinha que vir para cá buscar seu almoço.

–Eu sou vegetariano, não há comida melhor ou mais saudável. Mas se estiver passando mal eu...

–Não, Damon. Está tudo bem. – ele acena pro garçom me servir também.

–Então vamos comer. – diz e eu encaro a berinjela recheada, não parece estar nada mal. Eu considero um pouco e provo devagar. Hum! Está gostoso. Talvez seja minha fome...

Eu fico aproveitando minha refeição e nem me fixo muito em Damon, quando eu paro para fazer isto noto que ele mal tocou na comida e sua cara está péssima.

–Você tem certeza que está bem, Damon?

–Sim, eu tenho. – ele fala de imediato. -Estamos conversados então? – eu aceno positiva. –Desfrute do resto de seu almoço, eu preciso ir. – ele se ergue.

–Mal tocou no seu.

–Estou atrasado. - ele vem até minha direção e beija suavemente minha testa. – Falo com você depois.

–Tudo bem.

–Tenha uma boa tarde, Elena. – e então ele se vai.

–Você também. – falo pra mim mesma. O que será que deu nele?

............................................................................................................................................................

Os dias na empresa estavam passando depressa, cada vez mais eu cuidava em afundar no trabalho para tentar ignorara tudo o que estava acontecendo ao meu redor. Minha filha fora de casa, no campus era um problema. Eu nunca me imaginei sentindo tanta falta dela assim, em casa, pra reclamar.

Embora Stefan tivesse voltado e estejamos nos falando bem novamente é meio estranho em algumas situações. Eu ainda acho que ele está pensando em muitas coisas, e vez ou outra, ele faz questão de jogar na minha cara tudo o que eu escondi dele por julgá-lo não ser capaz de lidar. Isto certamente se torna cansativo depois de um tempo.

Eu estou tentando me adequar a nova rotina que Elena e Caroline andaram tramando pra mim. Me enfurece o fato de agora eu ter mais tempo para consultas e malhação do que pros meus próprios compromissos na empresa. Estou vendo meu irmão e até mesmo Heitor mais sobrecarregados do que eu. Alaric está achando tudo uma maravilha, ele e Máximus, que insiste em dizer que mesmo que eu não esteja admitindo toda esta nova rotina inútil está me deixando mais saudável e com melhor aparência de que jamais estive. Em alguns sentidos eu admito que é verdade, mas me incomoda a ideia de não poder fazer metade do que eu geralmente faço na minha empresa, na minha casa, e com minha vida. Essas duas mulheres, minha filha e noiva, estão tomando as rédeas de tudo.

E então finalmente chegamos na semana do casamento. Eu já perdia as contas de quantas entrevistas eu dei. Elena pareceu bem feliz ao sair na capa do Times de Nova York, como a mulher que sabe subir na vida. Eu detestei o título da matéria, as fotos na cede da Salvatore e todas as outras, até mesmo na casa de sua mãe e em seu antigo apartamento. Me impressionou o fato dela querer fazer parte daquilo, pra mim tudo não passou de uma matéria de como dar o melhor golpe na vida de um bilionário. Eu certamente não falei isso pra ela.

Desde o começo da semana minha casa está num total inferno. Eu mal encontro lugar pra trabalhar, ou mesmo me ver tranquilo para revisar meus protótipos da empresa, se falar que o personal que Elena sugeriu, após constar no contrato que a escolha deveria ser minha, era um maluco, que parecia estar me preparando para um batalhão de operações especiais no Irã. O cara era maluco e acabava comigo nos treinos e musculação. Eu certamente teria que dar um jeito nisso o quanto antes. Dos profissionais que ela indicou o que mais me agradou foi meu nutricionista, o cara não pegava muito no meu pé a dieta não era nada que eu já não fizesse, apenas agora era um tanto mais rigorosa e mais submetida a supervisão por parte de Elena que mantinha contato com minha empregada para fazer as devidas cobranças e correção. Ru nunca comi tanto e tão exageradamente.

Quando a manhã da cerimônia chegou, eu devo dizer que não imaginava nada deste dia dessa forma. Não desde que passei a apensar em ter Elena como minha esposa. O que mais me inquietava era pensar que meu casamento com ela teria que começar desta forma. Mas eu certamente vou mudar isto. Não tenho nenhuma dúvida quanto a isso.

–Posso tentar te ajudar?- é Sofia na porta do meu quarto encarando eu brigar com a maldita gravata. Já estou quase pronto pra descer.

–Sim, esta gravata está um pouco complicada. – viro e a encaro, ela está linda e radiante. - Eu nunca fui muito bom nestas coisas. – ela sorri e vem até mim assumindo a tarefa de dar o nó, eu estou me sentindo cansado, a semana foi complicada demais, os dias tem sido difíceis demais.

–Não subentende-se que era para você estar radiante hoje, pai? – ela fala pra mim com uma ruga na testa.

–E não estou? – eu tento minha melhor feição e ela revira os olhos.

–Não.

–Bem, eu vou tentar melhorar isto. – ela suspira e termina o que está fazendo, não levando nem um minuto.

–Elena está muito linda. Ela está quase pronta. – comenta enquanto alinha meu terno.

–Bem, então eu tenho que descer e falar com algumas pessoas. – falo indo em direção as abotoaduras.

–Vocês dois estão muito estranhos...

–O que quer dizer? – a encaro.

–Elena ama muito você e obviamente você a ama muito, no entanto vocês estão tão... Mecânicos. Até com a gravidez dela eu sinto isso. Sempre achei que você quisesse ter mais um filho. – dedico minha atenção a minha nova tarefa com as abotoaduras enquanto a respondo

–Passamos por muita coisa Sofia. É difícil recomeçar, estamos apenas... Traçando novos caminhos.

–Mas é um novo começo. Que forma melhor de fazer isso do que com a mais genuína felicidade? Sim, vocês passaram por muitas coisas e sim, ao longo dos anos houveram muitas brigas e desencontros, mas vocês estão juntos, e vão se casar e tem o bebê. – eu não olho pra ela, apenas a escuto enquanto sigo tentando prender as abotoaduras, sinto sua mão em meu ombro -Pai... –ela me faz encará-la, está com um olhar preocupado - Eu... Realmente não entendo. Vocês mais parecem estar indo pra um velório. – suspira, sem tirara os olhos dos meus... Minha menininha... Sorrio e seguro meus braços enquanto encaro fundo em seu olhar.

–Vamos ficar todos bem. – falo com meu tom mais confiante. É tudo o que eu quero e espero.

–Eu ando preocupada com você. Vivo fora agora, no campus. Estou feliz e mais aliviada por saber que agora Elena estará por perto e julgo que pra sempre. Mas pai... – ela segura meu rosto ternamente com suas mãos. -Você tem que se cuidar. Me parece tão abatido. – sorrio e agarro suas mãos segurando-as prendo as minhas e a encaro novamente.

–Sabe, quando eu olho pra você é impossível não lembrar de como sua mãe é bonita. – ela revira os olhos - Você consegue ser mais do que ela, com toda sua bondade e força e personalidade marcante, mas vejo muito do físico dela em você. – ela dá de ombros.

–As coisas realmente importantes eu herdei de você. Como caráter e a coisa da determinação. Beleza é algo muito insignificante diante disto. – a olho admirado e ela sorri pra mim.

–Como você ficou assim?

–Assim? – franze o cenho meio confusa.

–Essa mulher forte? – ela reverte as posições de nossas mãos e agora ela que agarra as minhas, as prendendo protetoramente às suas.

–Bem, embora eu reclamasse muito na época, eu tinha um pai bem rigoroso. Aprendi muita coisa.

–Hoje não reclama mais? – ela sorri e se inclina para me dar um beijo doce na face.

–Não. Hoje eu apenas agradeço. – sorri ainda mais e me faz sorrir, volta sua atenção ao nó que deu na gravata e encara o trabalho que fiz com as abotoaduras, depois de terminar sua revisão me olha de novo - Pronto! O noivo mais lindo. – sorrio.

–Obrigado! Eu vou descer e esperar a noiva. – falo e caminho pra saída.

–Pai?! – ela me faz parar antes de deixar o quarto.

–Sim? – estou olhando pra ela.

–Sabe que pode me contar qualquer coisa, certo? Sou sua cúmplice. – ela pisca.

–É, eu sei. Você sempre foi.

–Te amo.

–Eu também te amo.

–Agora desça, ela já vai. – assinto e saio.

Minha casa está lotada, mas pela primeira vez na vida não me sinto mal com isso. Todas as pessoas que estão aqui são as poucas com as quais costumo desfrutar de respeito mútuo e consideração. Alguns sócios, amigos que mais parecem ser da família. E minha família. O mesmo acontece pelo lado da Elena. Apenas aqueles com os quais nos importamos o bastante para querer que façam parte de tudo isso. Seja sob os termos que forem, é meu casamento com a mulher que mais amei em toda minha vida. E apensar de tudo, eu estou feliz. Sofia tem razão, talvez eu não consiga projetar toda esta felicidade como deveria, mas estou imensamente feliz.

–Uau! Que belo espécime.- Alaric chega até mim acompanhado de sua noiva.

–Engraçadinho. – reclamo.

–Meu irmão, o gatão de meia idade. – Robert se junta a nós ao mesmo tempo que Stefan com Katherine.

–Que divertido isso, muito divertido mesmo. – todos parecem estar tirando um sarro com minha cara. A gravata começa a apertar mais do que deveria.

–Parabéns, Damon. – diz Stefan.

–Bem, não há nenhuma bebida em sua mão, então posso me aproximar sem medo de estragar outro vestido? – brinca Hayley e sorri.

–Com certeza! – recebo o abraço e beijo de leve seu rosto -Como está?

–Bem. – ela encara Robert que ergue as sobrancelhas, num riso presunçoso.

–Muito bem. – ele a corrige.

–Ele é tão territorial quanto você. – Alaric fala e todos sorrimos. Eu fico feliz por ver Stefan e Robert numa mesma sala, brincando e sorrindo comigo, ou neste caso, de mim.

–Coisa de família eu acredito. – Katherine reclama encarando Stefan.

–Hum!!! – todos rimos dele.

–Katherine! – ele reclama.

–Você é territorial. – ela diz sem reserva.

–Calada! – sorrimos.

–A noiva vai demorar? – Pergunta Hayley.

–Sempre demora. – dou de ombros.

–Verdade. – eladiz.

–Mas valerá cada segundo, eu estava com ela. – diz Bonnie que chega até nós acompanhada de seu marido.

–Hum!!!! – agora riem de mim.

–Parabéns! – ela diz me abraçando.

–Obrigado!

Eu continuo recebendo as felicitações de meus amigos, Rebekah com o marido, alguns funcionários da empresa, sócios, Johnny também veio, afinal Elena trabalhou pra ele e sempre trocamos os méis sinceros respeitos um com o outro.

Mais alguns minutos cansativos se passam e finalmente a vejo surgir no topo da escada. Está deslumbrante, obviamente. O vestido foi feito para ela, em definitivo, ela parece flutuar sob ele. Os cabelos longos estão presos, seus ombros estão expostos e destacados com o brilho singelo e entorpecedor de uma pedra delicada, que me faz lembrara um brilho de uma estrela solitária no negro céu ou uma lota de orvalho resistente no inicio de uma manhã. A cascata de flores em sua mão dá toda uma harmonia a sua essência. Meu coração começa a palpitar.

–Se mexe. É pra você. – sussurra Alaric me fazendo acordar e caminhar até ela para encontrá-la nos pés da escada, eu estendo minha mão e apanho a dela, trazendo-a primeiro até minha boca e depois para repousar em meu antebraço e então caminhamos juntos até o juiz de paz.

Ela está mesmo prestes a ser minha? Durante a cerimônia em minha mente imagens daquela moça tímida e desengonçada que chegou no meu escritório resurgem, como ela tinha medo de encontrar meu olhar, suas quase lágrimas diante de minhas queixas, seus sorrisos pelos raros elogios, seus olhares especulativos, cuidados, sua amizade e seu amor, todo o caminho percorrido, os bons, os maus momentos.

–Damon Joseph Salvatore, viestes diante de minha autoridade para se unir com esta mulher. Eu pergunto: é de livre e espontânea vontade que o fazes? – encaro Elena, ela está séria, me encarando.

–Sim. – respondo.

–Elena Samantha Gilbert, viestes diante de minha autoridade para se unir com este homem. Eu pergunto: é de livre e espontânea vontade que o fazes? – ela não pestaneja.

–Sim.

Ele continua a falar mais e mais num ritual que já conheço de cor, eu mal presto atenção e finalmente escuto apenas o que de fato importa.

–E pelo poder a mim investido, eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva. – sorrio e viro encarando-a, Elena me olha e força um sorriso, isso faz com que eu hesite. Por uns minutos neste dia me permiti esquecer nossa real situação, mas tudo voltou com este riso forçado dela. Trocamos um casto selinho e todos ao redor nos aplaudem e a chuva de flashes cresce ao nosso redor.

Cumprimentos, mais sorrisos forçados, fotos, sorrisos falsos, cumprimentos. Aos poucos o dia se torna cada vez mais insuportável e a festa nada atrativa, me sinto drenado, frustrado e irritado, enquanto Elena desempenha seu melhor papel.

–É mesmo necessário tantas fotografias? – pergunto quando já não tenho muita paciência.

–Não é tão ruim assim. Lembre-se que foi você que fez questão de tudo isto aqui. Agora participe do circo que armou como se deve.- a encaro perplexo. Circo? Eu realmente estava começando a ver algo romântico neste dia?

–Estou cansado.- digo simplesmente.

–Bom, você é o único aqui já acostumado com isso. Não é sua primeira vez, certo? Você deve estar achando todo o alvoroço metódico e repetitivo, mas é minha primeira vez, e já que você praticamente me jogou pra cima disto aqui, eu quero desfrutar, então sorria. – estou sem reação.

–Não seja maldosa. – reclamo e ela me encara confusa, com a sobrancelha erguida.

–Maldosa?

–Sim, Elena. Foi um comentário maldoso e totalmente desnecessário. – ela revira os olhos e solta suspiro – Sei que não queria nada disto, mas você quer fingir, certo? Quer fingir, quer ter boas fotos, seu momento noiva realizada e casal feliz, ok. Só não precisa bancar a estúpida. – rosno soltando sua cintura e ela me encara perdida.

–O quê? Damon... – eu não a deixo terminar.

–Vou buscar uma bebida, as pessoas costumam esquecer que os noivos também precisam se hidratar e comer. Pelo minha experiência me dá a vantagem que saber que se está com sede na sua festa de casamento ou você pede algo pra sua mãe ou vai atrás você mesmo. – ela ia falar algo, mas eu dei as costas antes disso.

Me afasto do salão que minha sala de estar se tornou, atravesso o hall também repleto de pessoas, passo por Alaric e meus irmãos e entro no meu escritório. Quando fecho a porta atrás de mim me permito respirar, me livro do nó da gravata que a tempos me incomodava e me jogo no sofá, no escuro. Vago por minha mente tentando esquecer a falta de tato de Elena ao jogar na minha cara que nada disto ou desta futura vida que teremos será do jeito que eu pensei. Não sei quanto tempo fico assim até a ouvir alguém irromper a porta do escritório.

–O que foi aquilo ali dentro? – Elena e sua voz autoritária que passeia detestar nas últimas semanas.

–Você não podia me dar um tempo? – pergunto sem a olhar jogando a cabeça no encosto de sofá.

–Você me deixou plantada no meio da festa. – está exasperada.

–Eu tenho fama de ser viciado em trabalho e deixar mulheres plantadas, você não sabia? Já que fez piada do número de vezes que eu casei talvez você...

–Olha, pode ir parando por aí. – ela me interrompe - Suas reações são exageradas, eu só comentei que você tinha que ficar até o fim com aquilo das fotos. Nada mais justo.

–Justo? – ironizo sorrindo e ela me encara com repreensão. – Sei... – levanto e caminho até as bebidas no meu escritório, me sirvo de uma dose forte de conhaque.

– Só pode ser brincadeira... – ela reclama e caminha até mim e puxa o copo da minha mão. - Para de beber e olha pra mim.

–Ah, desculpe! Começou a vigência de fato. – ela suspira - O que você vai mandar eu fazer agora minha adorada esposa? Sou todo ouvidos. – ela cerra os olhos pra mim.

–Você nunca muda? – bufo.

–É o seu plano? Me mudar? Por favor, diga que você tem algo mais inteligente em mente. – ela bufa incrédula e depois de soltar um riso sem vontade me encara de braços cruzados e me dá as costas, antes de sair a ouço reclamar.

–Dane-se!

Falando em casamentos dos meus sonhos...

............................................................................................................................................................

–Ele está sendo um estúpido, pra variar.

–Ele está provocando. Tentando te pressionar, desfazer a coisa do contrato, ele está irritado com o fato de que quando todos voltarem para suas casas hoje vocês terão que se afastar e não farão nada que estas pessoas pensam que vocês farão. Já não basta a coisa da lua de mel adiada? Ele está furioso!

–E eu mais ainda. Ele está jogando na minha cara o contrato.

–Pra te irritar. Foco Elena. É tarde demais pra voltar atrás, vocês estão casados. O acordo está feito.

Alaric tenta me aconselhar enquanto conversamos no hall, a conversa com Damon me deixou agitada. Eu deveria saber que não seria fácil. Na verdade eu sei. Começo a desconfiar que não terei o fígado resistente o bastante pra toda esta situação.

–Eu sei. Damon é duro e ele sabe jogar duro. Nos últimos dias ele tem feito isso, me fez lembrar o Damon que conheci em muitas ocasiões inclusive agora no escritório.

–Você mais do que ninguém sabe quando e porque ele age assim.

–Sim, pra esconder o que sente de verdade. Vou jogar o jogo dele. Eu sei as regras e o melhor, agora quem pode ditar sou eu. – ele sorri.

–Assim está melhor. Volte pra festa antes que todos ao redor notem algo estranho. Eu vou atrás dele. Tem muitos fotógrafos aqui. A imprensa é manipulada, mas ainda pode ser comprada por outro. – assinto e encontro o olhar de minha mãe do outro lado da sala.

–Certo!

Ele se vai e vou me encontrar com minha mãe, ela me recebe com um abraço.

–Problemas? – suspiro

–Apenas o gênio do Damon. – ela sorri

A festa continua. Alaric cumpre o que promete e Damon volta a se reunir comigo, mas ele não fala mais nada comigo, só com as outras pessoas ao nosso redor enquanto mantém meu braço preso ao seu. Os sorridos forçados dele estão visíveis até pra quem nunca o viu na vida, mas acho que ele não conseguiria fazer melhor.

Ao final da festa, já não restam muitas pessoas na casa, depois que quase todos se vão, ficamos só em família.


–Bem, já que vocês dispensaram a lua de mel, ao menos vamos deixar vocês sozinhos. Terão toda a casa para vocês. Deixem-na de pé. – brinca Sofia.

–Não se preocupe. – o tom de Damon não tem diversão alguma.

–Obrigada pela festa, estava linda. – digo indo dar-lhe um abraço.

–Eu aprendi com uma das melhores. – sorri esnobe.

–Sim, Andie será sempre inigualável. – Damon diz e faz questão de olhar pra mim no final, eu forço um riso pra ele.

–Vamos nessa? – pergunta Heitor e ela assente, depois dá um abraço forte no pai e se afasta de nós.

–Querida me ligue se precisar de qualquer coisa. – fala minha mãe.

–Obrigada, mãe.

–Miranda, vão te acompanhar até o aeroporto, eu darei um jeito de visitar a fazenda o mais breve possível, preciso fazer umas melhorias por lá. Stefan lhe manterá informada.

–Certo. Obrigada, querido. – ela abraça Damon e depois vem dar um abraço em mim. -Às vezes você só tem que se permitir. Pense nisso. – ela me diz e eu a encaro confusa.

–Boa noite pombinhos. – diz Stefan chegando perto do irmão pra um abraço e depois me dá um beijo no rosto.

Depois que as despedidas acabam, ficamos apenas Damon e eu no hall, eu o encaro.

–Vou subir e tomar um banho, meus pés estão me matando e tudo o que eu quero é dormir.

–Tudo bem. – ele diz metódico e me dá as costas seguindo pro escritório.

–Você não vem? – ele suspira e se volta pra mim devagar, totalmente impaciente, sua reação me faz ficar toda tensa.

–É o que você quer? – pergunta sério.

–Sim, quero que venha, suba, tome um bom banho e vá dormir, o dia foi longo. – eu acho que nunca falei tão autoritariamente com alguém.

–Tudo bem, então. Subirei, tomarei banho e irei para a cama. – ele diz com um riso no final, obviamente ironizando cada palavra.

–Certo. Não demore e se você puder tomar uma xícara de chá seria perfeito, peça para a Janet. – falo enquanto vou subindo as escadas.

Caminho até o meu quarto e me permito desabar na cama, estou exausta e sinto lágrimas em meu rosto. Preciso ser forte para alcançar meu objetivo com Damon, mas tudo o que eu queria era poder esquecer de tudo e apenas estar nos braços dele esta noite. Acabo de me casar cm o homem da minha vida e este dia foi um dos mais cansativos e desagradáveis que já vivi. Me arrasto até o telefone perto de minha cama e desfruto do programa que Damon instalou, é quase como ter um interfone em meu quarto, disco a linha dois e isso me coloca em contato direto com a cozinha da casa.

–Janet, pode me trazer um pouco de água, por favor? – mal percebo o gemido involuntário que me escapa, estou me sentindo quente.

–Tudo bem, senhora?

–Apenas um enjoo forte. – explico – Prepare um chá para meu marido e veja se já está acomodado.

–Ele acabar de me pedir isso, senhora.

–Menos mal. Obrigada!

Ela não demora a trazer minha água e peço-lhe a Judá para me livrara do vestido, depois de um banho relaxante me permito afundar no colchão, mas então eu ouço batidas na porta, na outra porta, a que liga meu quarto ao de Damon, bem ao lado.

–Posso entrar? – é sua voz. Me coloco sentada de imediato.

–Claro. – falo e tento por ordem em meus cabelos, ele surge apenas de roupão, cabelo bagunçado, perfume tentador. Caminha lentamente e me observa, antes de sentar-se aos pés de minha cama.

–Janet me disse que você não estava se sentindo muito bem, devo me preocupar? – sua voz está séria e muito fria, ele mal me olha agora.

–Não, apenas um enjoo e um pouco de cansaço. – explico a ele assenti.

–Tudo bem. Se precisar de alguma coisa... – já fala se erguendo da cama, sinto meu coração disparar quando ele hesita e fica olhando para mim, encarando a mim e o espaço vazio ao meu lado na cama, sinto meu corpo vibrar e posso jurara que ouvi sua respiração ficar ofegante.

–Vou ficar bem Damon, pode ir deitar.- falo antes que minha voz se mostre ainda mais afetada do que julgo já estar.

–Boa noite! – ele diz e caminha até a porta novamente.

–Boa noite! – suspiro e nem sei se ele conseguiu ouvir.

...........

Uma semana depois...

–Mande para eles então. Eu não quero saber das discrepâncias no processo, eu pago uma fortuna para você lidar com essas coisas e resolver tudo o mais rápido possível, como você sempre fez, qual o seu problema esta semana? – mal chego em casa e já consigo ouvir os gritos vindos do escritório de Damon. Meu deus! - Não... Não, aceite a compra. Não. Mande pra mim mais tarde. Resolva aquilo de vez. – depois disto ele surge na porta e parece surpreso ao me encarar.

–Não sabia que já estava em casa. – ele diz sério.

–Acabei de chegar. – ele senta no sofá diante de mim e suspira -Vamos jantar?

–Estou sem fome e atolado de trabalho, Elena. – não consegue esconder a irritação, respiro fundo.

–Acho que não me fiz entender... – jogo a bolsa ao seu lado e no sofá e ele me encara enquanto estendo minha mão pra ele - Damon é hora de jantar. – ele revira os olhos.

–Ah! Perdão, eu esqueci que agora minha vida é controlada por você. – sorri esnobe e se levanta, mas não pra me acompanhar e sim pra seguir de volta pro escritório. -Me dê alguns minutos para terminar de ler um contrato e...

–Agora Damon. – ele sorri, mas sei que está prestes a gritar, seu olhar me diz isto. – ele ergue as mãos.

–Tudo bem. – aponta na direção da sala de jantar e faz com que eu caminha em sua frente.

–Janet. – eu chamo e fico olhando Damon que apenas puxa a cadeira para que eu tome meu lugar na mesa.

–Senhora?

–Vamos jantar agora.

–Como quiser. – fala e se vai.

– A ideia de você trabalhar em casa não é você ficar o dia inteiro enfurnado no escritório. – começo a reclamar de todas as coisas que ouvi durante o dia. -Eu saí pra almoçar com Bonnie porque tínhamos coisas pra resolver , o enxoval do bebê dela e...

–Você é dona da sua vida, não quero seu roteiro, meus seguranças já me passam as informações necessárias, sei onde estava. – ele nem sequer me olha ao falar comigo, está recostado na cadeira, os dois cotovelos apoiados nos braços da mesma e as mãos cruzadas abaixo de sua boca.

–E Janet me diz bem o que você faz e deixa de fazer, como o fato de não ter almoçado e muito menos comido nada desde o café da manhã. Você ficou todo este tempo trabalhando e só bebendo suco e água.

–Primeiro, todas as coisas estão dentro da dieta que o nutricionista que você contratou determinou. Segundo, eu deveria estar no meu escritório, você me fez ficar aqui porque disse que tinha alguns planos pra nós hoje, no entanto logo pela manhã você saiu, me deixou aqui plantado e eu tive que trabalhar no meu escritório, por que descobri que o Mason estava num dia de folga, meu outro carro e moto presos numa oficina e nenhuma pessoas da segurança estava autorizada a deixar taxi algum passar. Você me ilhou, em minha própria casa. Tem ideia do quanto isto me irritou?

–Posso imaginar... Este não é meu ponto na conversa. – ele bufa incrédulo.

–Acontece que você passou dos limites. Não pode me manter preso aqui.

–Primeiro, Stefan está se saindo muito bem, você mesmo disse isso. Segundo, era pra você tentar ficar pelo menos duas semanas fora da Salvatore, pra descansar, você mal parou em casa desde o casamento, eu queria que você sossegasse apenas um dia.

–Deve ser uma piada. Sua ideia de sossego me desagrada. Me manter praticamente em cativeiro na minha própria casa não é me manter sossegado. Sem falar que você interferiu num dia de trabalho meu quando deixou claro que não faria nada para me prejudicar quanto a isso. Outra coisa, por acaso me meto na sua nova empreitada financeira com Bonnie e Jeremy?

–É diferente. Faz parte de nosso acordo, você não vai se meter nestes assunto meus.

–Eu sei muito bem o que faz parte daquele maldito acordo, e ficaria mais que satisfeito em cumpri-lo se você fizesse o mesmo, além do mais, você sabe muito bem o que eu penso sobre ele.

–Mas agora você tem que cumprir, querendo ou não. É isso ou nada feito. – ele bate as duas mãos na mesa me fazendo saltar.

–Como eu posso esquecer este detalhe se você insiste em jogar ele na minha cara? – rosna.

–Uou! Está tudo bem, por aqui? – é Sofia que nos surpreende com sua visita.

–Sofia! – fico de pé sorrindo e ela me recebe com um abraço.

–Que bom que está em casa filha. – Damon diz e a abraça ternamente, depois se afasta e me encara. - Eu não estou com fome alguma, vou voltar pro meu trabalho.

–Damon vamos sentar todos juntos pra um jantar em família, por favor, Heitor foi convidado.- falo e ele me encara mortalmente.

–Por quem? Não lembro de ter feito isso. – Sofia me olha com cara de: não contou pra ele?

–Por mim. – falo o encarando -Sofia e eu achamos uma boa ideia ele passar a frequentar mais esta casa quando ela estiver por aqui. – ele bufa.

–Não mesmo, de jeito nenhum. – ele sorri e depois quando me encara, percebendo que estou determinada, fica sério. Muito sério. -É isso e depois ele vai dormir aqui.

–Na verdade esta é a ideia. – digo.

–De forma alguma, nisso você não vai se meter, Elena. – ele encara a filha. - Heitor não tem permissão de dormir aqui.

–Mas pai...

–Não. – olha para mim -Ele fica pra jantar, ele fica um tempo com ela e depois ele vai para casa, esse é o acordo.

–Sua filha é maior de idade, Damon. – retruco.

–Já falei que nisso você não vai se meter. – a voz dele está sombria.

–Damon, você não está me entendendo. É parte do curso de todas as coisas, eu farei o que for preciso para todos nós vivermos bem como uma família e Heitor faz parte dessa família, ele deve estar mais presente. – eu endureço o tom da minha voz e sei que com isso estou lhe recordando de um dos termos do contrato, ele tenciona o maxilar e rosna.

–Presente em minha casa ou na cama de minha filha?

–Pai! – Sofia grita indignada e ele a ignora.

–Não pense que eu não sei que este é o próximo passo dessa coisa família. – continua - E você pode dizer ou argumentar como quiser, ele não vai dormir aqui. – fala pra filha - Agora tenho mais o que fazer. –diz nos dando as costas.

–Damon! – chamo, mas ele não para e sai da sala.

–O que deu nele? – Sofia pergunta confusa.

–Estresse no trabalho. – ela suspira.

–Eu te falei que seria uma péssima ideia.

–Ele está agitado, vai voltar atrás.

–Não vai comprar briga com ele por minha culpa.

–Não vou brigar, eu não preciso mais brigar com seu pai para fazer com que ele repense as coisas.

–Sorte a sua. – fala sorrindo. Ouvimos alguém chegar, certamente Heitor, peço pra ela ir receber o namorado, enquanto eu falo com o Damon.

....

–Podemos conversar? – ele está centrado no notebook.

–Em que parte daquele acordo idiota você se mete das decisões que eu tomo pra minha filha? – nossa! Ele está mesmo irritado.

–Damon...

–Não vai funcionar assim, Elena. Você não vai contestar minha autoridade de pai nem manipular minhas funções na minha empresa.

–Dá pra baixar o tom?

–Você escuta se eu baixar?

–Com muito mais clareza. – ele bufa e volta de novo a atenção pro trabalho -Sua filha não é mais uma menina, e por favor, me diga que você tem consciência de que ela transa com o namorado. – ele me encara como se quisesse fazer minha pele derreter, eu lembro muito bem de olhares assim, quando o conheci. -Ciente disso o que você acha melhor? Na sua casa ou em um hotel qualquer, ou ainda no apartamento dele?

–Não.

–Seja sensato.

–Sensato? Você está mesmo dizendo isso? O que quer que eu faça? Dê de bandeja minha menina praquele rapaz comer, ainda por cima debaixo do mesmo teto em que u tento dormir enquanto me imagino transando com você? Não mesmo. – sorrio.

–Sim. – digo -É melhor ela estar no conforto e proteção da sua casa, sem falar que você conhece e confia no Heitor, ele não vai bancar o tolo. Se sentiria bem honrado por você ceder isso a ele e posso apostar que faria tudo para não estragar as coisas com você.- ele sorri incrédulo -Ela é uma mulher adulta Damon. É hora de deixar a menina revoltada para trás. Diante de você está uma mulher que admira e respeita muito seu pai.

–Não é tão simples assim. Ela ainda é minha menina. Eu não quero imaginar ninguém transando ou dormindo com ela debaixo deste mesmo teto.

–Vamos lá, Damon... Não banque o ciumento com ela agora. Ela quer sua aceitação e nada mais.

–Você assume a responsabilidade?

–Ela pode fazer isso por si mesma. – me aproximo e sento diante dele, ele fecha o computador e me encara. Confie em sua filha. -Ela faria tudo para te orgulhar tanto quanto te admira. – ele suspira.

–Tudo bem, mas não por esta noite. – sorrio.

–Não por esta noite. Você está com fome, que tal comer um pouco?

–Não, eu vou subir e tomar um banho.

–Damon...- ele parece exasperado quando nota que vou relutar, mas como ele cedeu demais pra mim por hoje eu resolvo deixar isto de lado e receber nossa visita como se deve, deixando-o descansar. -Posso pedir pra Janet subir com seu jantar? – ele pisca.

–Pode, obrigado.

–Disponha. Boa noite, Damon.- levanto e ele sorri.

–Vai continuar fazendo isso, certo? – fico confusa. – Conseguindo de mim exatamente o que quer? – sorrio e ele acena em negativa -Boa noite! – diz finalmente.

....

Acho que aos poucos as coisas com Damon estão melhorando. Pelo menos diferente das primeiras semanas ele parece mais disposto a levar toda a nossa situação com gentileza. Eu estou no consultório de minha nova obstetra. Claro que Damon não deixaria que eu continuasse a me consultar com Jason. E eu não quis brigar por isto. Afinal, doutora Sage Nelson era a melhor da cidade.

–Senhora Salvatore está tudo bem com o bebê, eu só estou um pouco preocupada com sua pressão arterial. Ela estava baixa. Outra recomendação é pegar um pouco mais leve nos exercícios na academia.

–Tudo bem. – ela começa a me prescrever algo enquanto termino de me vestir.

–Seu marido não veio hoje.

–Não doutora Nelson, ele está viajando.

–Hum. Bem, vou receitar umas vitaminas.

–Daqui a quanto tempo acha que poderá ver o sexo? – ela sorri.

–Ainda é cedo, eu diria mais umas semanas.

–Certo.

–Damon está ansioso? – olho pra ela neste instante, ela acabou de chamar meu marido pelo o primeiro nome? - Quero dizer... – ela pigarreia, totalmente constrangida -O senhor Salvatore, está ansioso?

–Estamos. – forço o sorriso.

–Claro. – ela fica sem jeito, termina a consulta com mais algumas recomendações e me passa a receita médica, nos despedimos formalmente e logo estou de volta ao estacionamento de sua clínica.

......

Não sei porque passo o resto do dia inquieto, quando Damon volta de viagem no fim do dia, peço para Janet me avisar quando ele estiver já acomodado em seu quarto. Assim que ela faz eu desligo o interfone e me ponho de pé caminhando para a porta que me dá acesso ao seu quarto. Eu suspiro e bato três vezes contra a madeira e Damon surge confuso, com sua calça de pijama e camisa regata cinza.

–Quero falar com você. – ele assenti e me deixa passar. Segue até sua cama e senta com seu computador no colo. Eu hesito de pé diante de sua cama.

–Estou ouvindo Elena. – ele diz sem me encarar.

–Fez uma boa viagem?

–Sim. Obrigado!

–Como foi?

–Produtiva. – ele me encara e sorri. - E a consulta? Está tudo bem? – me remexo toda inquieta com o assunto que quero tratar, mas é necessário.

–Sim. Mas tenho um assunto com você. – ele volta a me encarar confuso e fecha o notebook pra me dar atenção.

–Fale.

–Porque fez questão que eu mudasse de médica? – ele bufa.

–A doutora Nelson é a melhor obstetra de Nova Iorque. Estou apenas lhe oferecendo o melhor, como pai e marido.

–Como sabe que ela é a melhor? – ele ergue a sobrancelha.

–Andie teve alguns problemas tentando engravidar, apenas com a Nelson descobrimos toda a causa, ela é de minha interia confiança, e por ser ginecologista cuidou e ainda cuida muito bem de Rebekah e Sofia. Por que está perguntando isto?

–Ela gosta de você? – a boca dele abre e ele parece não crer no que ouviu.

–Como disse?

–Essa doutora... gosta de você? – ele dá de ombros e acena negativo pra mim.

–Eu não faço ideia Elena, mal a vejo, apenas com a sua gravidez eu voltei a vê-la, da última vez que a vi foi para levar Sofia anos atrás. Mal falo com a mulher. Porque está perguntando isso? – meu corpo inteiro tenciona com a briga que estou prestes a comprar.

–Nada demais, eu quero mudar de médica. – ele arregala os olhos pra mim e se põe de pé.

–O quê? Por quê? Ela fez algo errado? – seu tom, pra minha surpresa sai mais preocupado que injuriado. “Apenas não gosto de como ela chama você.”

–Quero mudar de médica. – repito.

–Ela é a melhor Elena. Não vamos discutir sobre isso. – ele me vira as costas ao perceber que estou apenas sendo caprichosa. E pode de fato ser só isso mesmo. Eu não gostei de como ela o chamou.

–Ela me chama de senhora Salvatore enquanto te chama de Damon, ela cuidou de todas as suas outras mulheres, eu não quero ser a nova mulher do Damon. – ele bufa.

–Elena, você está se ouvindo? – zomba e sinto meu corpo inteiro vibrar.

–Estou, quero mudar de médica. Deixe-me voltar a me consultar com a amiga de Meredith.

–Não. Elena, não seja infantil, irá implicar com a doutora apenas por me chamar pelo nome? Você sabe que todos que me conhecem fazem isso, por pedido meu. – lembro de como, no começo, ele tinha esta cisma idiota de não ser chamado de senhor Salvatore.

–Soou muito íntimo. – explico.

–É muito íntimo.Qual o problema? Está com ciúmes dela? – ele não consegue esconder a satisfação no seu tom.

–Não. – Damon sorri irônico e se recosta nas almofadas me encarando, todo esnobe. -Eu disse que não. – ele ergue as mãos em defesa, mas ainda está rindo - Esqueça! Eu fico com ela. – falo e caminho para a porta que leva ao meu quarto, ouço uma corrida às minhas costas e sinto o braço dele me girar e fazer o encarar.

–Espera. – ele olha fixo em meus olhos e eu nos dele. -Você é a única para mim, sabe disso, certo? – ficamos em silêncio por uns segundos, eu juro que poderia desenhar perfeitamente cada detalhe da boca dele. Engulo em seco e encontro seu olhar novamente.

–Ai, não vamos começar com isso, eu já disse que eu vou... – ele me cala, selando nossos lábios. Seus braços me envolvem de maneira rápida, minhas mãos estão pressionando seu peito, tentando manter uma distância entre nós. Sua pele é quente e tem um cheiro familiar que aos poucos me faz amolecer, mas eu lembro que não dá pra ser desta forma, e quando ele me dá a chance, interrompo seu beijo delicioso e cálido prendendo a língua dele com meus dentes e ele se afasta, surpreso e com expressão irritada.

–Au! – reclama.

–Não faça mais isso. – rosno e ele lança as mãos nos cabelos. Indignado.

–Elena você vai continuar mesmo com essa coisa ridícula? Você é minha mulher! – ele dá mais um passo em minha direção e eu ergo a mão o fazendo parar.

–Não me provoque, ou vou deixar de ser. – ele sorri frustrado e me dá as costas voltando pra cama.

–Você ficou brava pelo beijo ou ainda é o efeito ciúmes da Sage? – eu já estava quase saindo do quarto quando ouço ele chamar a médica pelo primeiro nome.

–Ah... Sage hum? Vejo que também a trata pelo primeiro nome. – ele fecha os olhos por um instante e eu abro a porta, mal bato ela em minhas costas e Damon a abre novamente entrando em meu quarto.

–Elena... – ele diz e apressa o passo pra me segurar antes que eu alcance minha cama. -Elena espere.

–Me solta! – rosno.

–Elena pare com isso. Escute, a doutora Nelson...

–Não quero ouvir. - falo me soltando dele e começo a caminhar pro meu closet com ele em minha cola - Você já tem seu ponto eu já disse que vou ficar com ela. - eu saio e sigo para o banheiro, ele no meu encalço.

–Elena...

–Ai, Damon... – bufo o encarando pelo espelho - Fim de conversa me deixe... – giro meu corpo em direção a banheira e escorrego - Ah! – eu teria ido ao chão se ele não fosse tão rápido.

–Por Deus! Cuidado. Tudo bem? – suas mãos fortes estão ao redor de minha cintura, ele me põe de pé e alinha minha postura.

–Estou. – ele hesita em me soltar, mas depois o faz e se afasta um passo para trás. – suspiro. O que diabos deu em mim?

–Não precisa ficar assim, ela apenas é uma conhecida de anos. – ele parece ouvir meus pensamentos quando começa a falar - Mas é uma ótima profissional, vai cuidar bem de você e do bebê eu não poderia entregar você em mãos mais competentes. – se aproxima de mim e acaricia meu rosto com sua mão, suavemente. Vibro inteira com este toque. -Você não é apenas mais uma mulher minha, é a minha mulher, mãe do meu filho, a mulher que eu amo, quero seu bem.- fecho meus olhos lentamente e suspiro novamente.- Por favor. – o tom aveludado da voz de Damon é tão caloroso, me vi reclinando a cabeça pro seu toque antes de acordar. Não devia estar acontecendo. Dou um passo para trás e fujo do seu toque voltando pro meu quarto.

–Já disse que vou ficar, não precisa apelar tanto. .– eu escuto seu riso

–Vou voltar pro trabalho.- ele diz com um sorriso presunçoso no rosto.

–Esteja na mesa na hora do almoço, eu não quero comer sozinha.

–Sim, senhora. – fala antes de fechar a porta e eu me pego tocando em meus lábios, ainda com o gosto dos dele.

....

–E a vida de casada, senhora Salvatore?

–Vai bem.

–Você está me parecendo tão abatida com esta sua voz...

–É porque não durmo. O quarto é muito grande e detesto estar sozinha.

–Você tem um marido lindo e cheio de amor pra dar, porque exatamente você está sozinha?

–É complicado... – reviro na cama enquanto falo com minha mãe por telefone.

–Sei. O que está acontecendo, querida?

–Damon... Ele... Foi uma péssima ideia. Às vezes só o que eu quero fazer é ir até ele e o amar.

–Vocês estão casados, faça isso!

–Ele continua o mesmo mãe, acho que até piorou com o contrato, anda mal humorado, reclamando por tudo. Ao menos diminuiu um pouco esta semana, mas continua um porre.

–O que você queria?

–Eu não estou pedindo nada de tão absurdo.

–Você até interfere no que ele veste.

–Não é nada que ele não tenha feito antes. Esqueceu a cisma que ele tinha com o fato de eu andar com o cabelo solto?

–O tempo passou querida. Você não pode querer prender um tigre depois que ele teve toda uma vida livre e selvagem, ou ele morre ou ele destrói o cativeiro e come o tratador.

–Isso foi estranho... – ela sorri.

–Mas foi muito verdadeiro.

–Eu sei. Mas eu não vou recuar agora, ele vai ceder.

–Então não reclame, você colhe o que planta. Você se sente bem?

–Sim mãe, só enjoos, mas eu estou tomando as precauções. A médica que Damon me indicou é ótima, embora eu não goste dela.

–Por quê?

–Ela é muita íntima ao Damon. – ela gargalha.

–Ciúmes?

–Ai, mãe...

–Tudo bem. Me calei. Apenas se cuide, sim?

–Tudo bem. Te amo!

–Te amo! – desligo.

Tento me animar e descer pro almoço, já que Damon e eu combinamos isto ontem. É quase meio dia e meia e nada dele, quando estou pensando em ligar ouço o carro se aproximar e segundos depois vozes alteradas cruzam o hall.

–Você me tira do sério. Eu vou ter que voltar a este assunto outra vez?

–Por que você não quer aceitar a proposta dele?

–Eu não mantenho negócios com o Stark, nem pretendo começar agora. – Damon diz ao entrar na sala, Stefan na sua cola.

–Damon é uma empreitada incrível!

–Eu estava em Paris quando ele apresentou. Não quero fazer parte deste projeto. Stark é puro marketing pessoal, a Salvatore não vai servir de estampa das indústrias Stark. – Stefan bufa.

–Você é muito antiquado, tradicionalista e severo.

–Mais alguma coisa? – Damon rosna.

–Um idiota de mente fechada. Serve?

–Uou! O que está acontecendo aqui? – me meto e Damon me encara muito seriamente.

–Era só o que me faltava. – ele reclama e me dá as costas.

–O que foi Damon? –pergunto.

–Nada. Eu vou subir e tomar um banho pra descer e almoçar. – ele diz pra mim -Quanto a você, a resposta segue sendo não. Enquanto eu ainda estiver vivo e for seu irmão mais velho eu decido isso. – Stefan revira os olhos.

–Oh, muito democrático. – diz.

–Se conforma! – Damon fala e sobe as escadas feito uma bala.

–O que está acontecendo? – pergunto a Stefan que vai se servir de uma bebida, depois senta diante de mim e afrouxa sua gravata.

–Damon se recusa a fechar um contrato bilionário com seu ex chefe.

–E porque ele perderia um contrato assim?

–As condições impostas por Stark.

–Que são? – ele suspira e começa a me explicar.

–A Salvatore chefiando um ano de propaganda, campanha, eventos, e claro, o Damon presidindo tudo.

–Um ano fora com a Stark? – ele confirma.

–Exatamente! Mas os ganhos de mais de 30% deste ano vão pra Salvatore, após o fim do contrato a Stark assume e a Salvatore apenas fica com seus lucros.

–Por que Stark faria isso?Não faz sentido algum.

–Stark quer o Damon na equipe dele a anos, faria qualquer oferta pra ele se juntar ao seu time. Mesmo uma tão sem sentido, só pra provar o que é capaz de fazer pra o ter com ele.

–Mas Damon não quer.

–Não. E é muita burrice. – concordamos.

–Estou vendo que sim. Vou falar com ele.

–Bem, é uma ideia. Talvez você consiga mais do que eu. – sorrimos e eu levanto e sigo pro quarto do meu marido ‘emburrecido’.

–Damon? – chamo.

–Eu já vou sair. O que foi? – ele grita do banheiro.

–Por que não quer aceitar a proposta do Stark? – eu espero ele voltar de sua ducha, ele não me responde nada até estar diante de mim novamente, envolto em seu roupão.

–O quê? Vai me forçar a aceitar? Jogar na cara a droga do contrato nupcial? Não vai funcionar. Nos divorciamos agora mesmo se você apenas citar. – acho que estou de boca aberta.

–Damon não seja tão...

–O quê? Hum!? Stefan te falou a proposta dele? - ele está mais que irritado, está furioso -É um ano fora de Nova Iorque, em campanhas e tour de lançamento. Não posso me afastar assim de minha empresa e não vou. Muito menos me afastar de você.

–Não precisaria se afastar de mim.

–Não Elena. – ele me interrompe.

–Eu posso ir com você, te acompanhar neste ano.

–Não Elena. – repete.

–Qual o seu problema? – ele me olha perplexo.

–Não vou deixar minha empresa, minha casa, minha filha e pode ter certeza de que eu não vou fazer com que você tenha nosso filho no meio de um voo ou em um hotel qualquer, numa cidade estranha com ninguém além de mim e uma equipe obcecada pelo sucesso da empreitada e nada mais por perto. Seria só eu e você, contando que eu aceitasse, e eu não lido muito bem com coisas assim. – é então que a percepção do que está acontecendo cai sobre mim como uma coisa totalmente inusitada.

–Está preocupado.

–Não acha que devo? – ele me encara e segue pra se trocar, mas deixa de falar - Não vou a lugar algum. Eu nunca quis trabalhar com Johnny, muito menos agora.- volta com as roupas de seu closet e para diante de mim - Se me der licença eu quero me trocar e descer.

–Então deixe que Stefan vá, pela Salvatore. Ele é tão talentoso quanto você. – Damon mexe nos cabelos em exasperação e fica me encarando -Faça essa oferta para o Stark, se ele faz tanta questão de trabalhar com a Salvatore não verá problema.

–Não é sobre a Salvatore, muito menos meu irmão. Sou eu. Ele me quer a anos.

–Damon é uma excelente proposta, não custa nada você aceitar. – ele acena negativo desviando de mim e colocando as roupas na cama.

–Eu já tive muito dessa coisa por hoje, você pode, por favor, apenas me deixar me trocar?

–Por que você tem que ser tão teimoso? – aumento meu tom de voz.

–E porque você não pode apenas me deixar trocar de roupa? – ele grita.

–Não precisa gritar.

–Não me faz gritar. – continua.

–Mas que coisa, Damon, dá pra parar de ser teimoso?- ele quase arranca os cabelos. - E se ele aceita? O que te custa, deixa o Stefan tentar.

–Eu já disse que esta não é a questão, você não está me ouvindo? – é quase um tom de desespero -Está só fazendo pra me tirar do sério? Porque se for isso, você está conseguindo, acredite em mim. – fala com desgosto.

–Não quero nada disso. – explico, e ele pega a calça e a veste por debaixo do roupão -Só quero que tente ser um pouco mais racional. – ele balança a cabeça em descrença - Se ele não aceitar o que você tem a perder? É ele quem precisa de você, da sua empresa, ou do que for. Stefan vai saber lidar com ele.

–Mas que droga, Elena. – ele senta na cama -Vai ser este inferno até o fim de meus dias? Você bancando a minha conselheira no trabalho, me impedindo de andar com você, controlando o que visto ou como, querendo ser a dona da minha vida inteira, eu já não lhe dei o que você queria? – sua voz soa tão calam que faz minha espinha esfriar - Eu assinei aquela droga, eu estou casado com você, me deixe fazer as coisas do meu jeito, me deixe cuidar dos meus negócios do meu jeito. Eu não preciso tocar em você, ou beijar você pra nada disso, se é distância que quer de mim eu te dou, mas você também tem que se manter longe.- ele me encara e eu estou parada diante dele, apenas atenta a tudo o que fala - Longe de todo o resto que não te diz respeito algum.

–E o que seria? Sua vida? Seu trabalho? Eu faço parte de cada coisa que está ligada a você, eu não estou tramando contra a sua paz de espírito, você não vê? – minha voz está mais baixa do que eu pretendia, até falha no final.

–Não, você apenas está me fazendo pagar por tudo que fiz você passar. – ele suspira - Ok, já se foram duas semanas de tormento eu já entendi, a tendência é piorar, mas me dê um tempo, me deixa chegar em casa e dizer não ao meu irmão sem subir aqui e tentar recolocar entre nós a situação que você impôs. – ele começa a ofegar e percebo que há algo errado -Me deixa controlar a droga da minha vida, me deixa... Me... – a respiração dele vacila e ele recosta-se na cama.

–Damon?! – em aproximo, pois ele perdeu totalmente a cor, quando o toco está gelado -O que foi? - ele não responde e revira os olhos, abrindo o roupão. Reconheço isso -Damon! – chamo outra vez, mas ele não em responde -Stefan! – grito e me volto pro meu marido sentando ao seu lado, abro mais o roupão e começo a esfregar seu peito, não sei o que fazer e estou agindo por puro instinto - Respira. Calma. – ele não diz nada, apenas está se esforçando a respirar. -O que você tem? – lágrimas começam a escorrer por meus olhos -Stefan! – grito de novo - Damon, por favor... Não! – já estou aos prantos.

–O que foi... Oh, meu Deus! – Diz Stefan ao entrar no quarto.

–Chama uma ambulância, faz alguma coisa, eu acho que ele está enfartando. – falo desenfreadamente, mas antes que Stefan possa se mexer, Damon remexe contra meus braços.

–Não. Stefan! Não! – ele diz alterado. - Não chama ninguém.

–Você está maluco?- grito.

É claro que eu vou chamar. – Stefan fala indignado.

–Está tudo bem. – diz Damon. -Não precisa chamar ninguém, só preciso tomar meu remédio.

–Damon... – tento protestar.

–Por favor, Stefan. O meu remédio. – ele me ignora totalmente se afastando de meus braços. Stefan segue até o banheiro e volta com as pílulas dele, em mãos. Damon mastiga a medicação e fica quieto por uns segundos, enquanto sua respiração volta ao normal.

–Já vou descer pro almoço. – ele diz finalmente dispensando Stefan e eu.

Depois de um almoço silencioso e maçante, Stefan voltou para a Salvatore e Damon, por iniciativa própria quis ficar em casa, o que de longe era uma demonstração de que certamente ainda não se sentia bem.

Eu sabia que havia algo errado e liguei para o seu cardiologista, e então ele me disse tudo o que estava acontecendo. Senti uma corrente fria passar por mim ao me atualizar. E depois segui para o escritório para falar com Damon. Bati na porta e ele me pediu pra entrar.

–Preciso falar com você. – eu digo.

–O que foi? – fala sem me olhar, concentrado em uma leitura.

–O que aconteceu hoje... – ele olha pra mim brevemente e desvia - Damon eu liguei pro seu cardiologista, você faltou a três consultas nos últimos dois meses, você não se cuida e ele disse que corre sério risco de ter que recorrer a um marca passo, você entende isso?

–Ele exagera, como Alaric, Sofia e você. – seu tom além de esnobe é maldoso.

–E o que nós três, os exagerados temos em comum? – pergunto cruzando os braços.

–Fora que eu banco gastos de vocês?... Ah...Querem me infernizar? – sorri ironicamente.

–Claro... – encontro no seu jogo provocativo.

–Não vá dizer que vocês me amam. Minha filha é programada biologicamente pra isso e mesmo assim tem complicações, Alaric aprendeu a me aturar e você... Preciso tocar nisso? – a conversa começa a me irritar.

–Você é tão estúpido. – ele dá de ombros.

–Bom saber.

–Damon... – suavizo a voz e ele ergue a mão para que eu pare.

–Estou cansado e ainda tenho muito o que fazer, se me der licença, preciso acabar isto para cumprir minhas oito horas de sono.

–Você está fazendo tudo parecer tão ruim. – ele para tudo e bate a mão na mesa.

–É mais que ruim, é péssimo, é insano, é ridículo. – começa a gritar e se põe de pé dando a volta na mês e ficando diante de mim, aperto ainda mais meus braços -Eu amo você, Elena. Amo! E esta situação, isso... – ele gesticula exasperado - Eu simplesmente não entendo nada, por que diabos você se casou comigo? – eu não quero voltar pra este ponto e resolvo deixar pra lá.

–Boa noite, Damon! – ele corre a agarra meu braço me puxando pra encará-lo.

–Não, agora fica. O que você quer de mim? – ele segura meus dois braços e começa a me sacudir - Me diz e eu te dou. Agora. Sem jogos, sem regras. Eu te dou o que você quiser, só me diz o que é. – brigo contra seu toque e me desvinculo dele, dano um passo para trás.

–Não funciona assim. – rosno.

–Como funciona então? – ele volta a me agarrar, desta vez enlaça minha cintura, estamos grudados, mas sem romantismo, ele está furioso e me deixando nervosa.

–Me solta Damon! – peço.

–Me fala! – seus olhos estão como uma ameaça contida.

–Me solta, você está me machucando. – brigo contra seu aperto e meu corpo começa a tremer por que eu já vi ele assim antes, quando ele costumava me machucar, mesmo sem intenção -Damon... Não! - choramingo e sinto minha face molhada -Me solta! – é quase um suspiro. – ele me olha, um tanto confuso de início, e depois é como se ele acordasse de um sonho ruim., afrouxa seu aperto e ao poucos me larga.

–Saia daqui. – diz virando as costas pra mim e se inclinando contra a mesa. Ofegante.

–Você ainda não conseguiu driblar isto? – me refiro a sua evidente violência. Achei que tudo aquilo estava acabado.

–Me deixa sozinho! – ele aumenta o tom de voz.

–Damon...

–Apenas me deixa sozinho, Elena! – grita e me faz saltar.

–Conversa comigo. – peço, fazendo o maior esforço do mundo pra que de minha garganta um soluço não escape.

–Não quero conversar com você, eu pago muito bem ao Máximus pra isso.

–O que está acontecendo com você? Você está mais arredio, mais agitado, mais grosso que o normal.

–Nada! – diz contendo a voz.

–Me conta! – me aproximo e toco seu ombro, ele se livra de meu toque e me encara.

–Se você não sai, eu saio. – me resigno e assinto, me afastando e lhe dando as costas. Acho que é o melhor por hora.

Eu não queria que nada disto terminasse assim pra nós dois. Eu queria apenas que Damon reparasse que a vida que propus era a vida que ele sempre deveria ter tido, mas ao invés disso ele está se sentindo acuado, preso, infeliz.

No meu quarto eu me permito pensar em nós, na escuridão, deitada na cama, as lágrimas tomam conta. Eu quero que ele fique bem. Eu o amo tanto. Porque tudo tem que ser tão difícil?

Ouço um barulho vindo da porta e imediatamente fecho meus olhos. Sei que é Damon. Devagar ele se aproxima da cama, seu cheio familiar me faz suspirar, e eu o inalo. É quando sinto seu toque, de leve a minha face. Sua mão está quente e carinhosa contra minha pele, ele limpa o rastro das lágrimas em meu rosto e então ele solta um longo suspiro.

–Me desculpa! – acaricia meus cabelos e depois eu sinto seu lábios tocarem a pele de minha testa. -Você é tão linda... - e assim como ele entrou, se foi e sumiu na escuridão do quarto. As lágrimas retornam com força total.

Será que eu cometi um erro?

Algum dia poderemos de fato ser felizes?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até mais ;)