Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 48
Por ele: os bons e os maus


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!
Quero que saibam que estou muito feliz com as novas leitoras e que pretendo responder, quando possível todos os comentários, mesmo os tardios, por consideração a todos, e agradecer devidamente às recomendações que tenho recebido. Então desfrutem do capítulo, farei o possível para postar outro mais tarde, se não der amanhã sem falta. Eles já estão finalizados, só falta revisar. E em breve... Vou anunciar a terceira parte da história. Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/282493/chapter/48

–Por favor Bonnie... – insisto novamente. Eu não gosto muito de apelar, mas eu meio que estou ficando preocupado.

–Não adianta Damon. Eu não vou contar. – incrível como mulheres são teimosas quando querem. E nem precisa disso. Elas simplesmente são.

–Ela saiu das industrias Stark. Nem mesmo o perseguidor do Mikaelson sabe dela. Eu poderia ligar pra Miranda novamente, - se não tivesse feito isso umas duas vezes nesses últimos dias - mas eu acredito nela e ela disse que Elena não está lá.

–Então apenas respeite o espaço dela Damon. – espaço? Fala sério!

–Eu só preciso saber se está tudo bem. Ela sumiu. Eu...

–Como você acha que ela está? - o tom dela é muito sugestivo pra mim. Como se soubesse de algo que eu não sei.

–Magoada... – digo hesitante, porque acho que é isso. Embora eu não veja bem o porquê – Olha, por favor só diz pra ela que...

–Não! – ela me interrompe - Não vou dizer nada e é melhor você ficar longe dela. Deixa ela em paz e vai cuidar da sua noiva e do seu filho. – isso foi desnecessário.

–Bonnie, sou amigo da Elena e eu estou preocupado. – ela bufa e ri toda irônica. O que estou perdendo?

–Ai, Damon, eu sei de tudo, ok? – como é que é? - Sei que voltaram e que você está estragando tudo de novo. Se é que já não estragou. – estou perplexo.

–Ela cotou pra você? – ela bufa outra vez como se eu tivesse contando uma piada sem graça, ou como se fosse algo muito obvio - Por que diabos ela fez isso? – eu grito antes que consiga evitar.

–Tá vendo só? É por isso. Vocês pôs tudo isso no meio de vocês. – eu ignoro totalmente isso, porque estou atônito com o que Elena fez.

–Ela não devia ter contado pra você.

–Quer saber; você é um idiota. – encaro o telefone surpreso. - Agora dá licença que eu preciso trabalhar. – ela acabou de desligar na minha cara? Mas que diabos...

Droga!

Há semanas eu não vejo Elena. Não desde a notícia da falsa gravidez da Rose. Notícia boa: Rose finalmente baixou a guarda. Está muito mais descuidada. Notícia ruim: minha filha, Elena e meus amigos estão uma fera comigo. Sem mencionar meus dois irmãos.

Eu daria qualquer coisa pra saber onde ela está. E para dizer que estamos mais próximos. Está acabando.

...

–Você está colhendo o que plantou é só o que eu digo. –Alaric fala me oferecendo um drink.

–Ela podia, ao menos, responder meus e-mails, atender minhas ligações. O celular dela só dá desligado agora. É como se ela estivesse debaixo da terra. – estou exasperado e tomo um gole longo de minha bebida. Alaric senta diante de mim, dando de ombros.

–Vai ver ela esteja. – ele diz e me encara - Vai ver Rose deu um jeito de enterrar ela e você nem notou. – sorri irônico.

–Isso era pra ser piada? – ele ergue o copo dele em minha direção, estilo “um brinde a você, senhor lerdeza”. Odeio isso!

–Você acha que ela não faria? – me pergunta depois que toma um gole.

–Deixa de graça Alaric. – bufo tomando outro do meu.

–O Robert está saindo com a Hayley. – ele tenta desviar do assunto, o que eu agradeço.

–É, ele me contou. Acho ela legal. Gosto dela. Formam um casal bonito. – e estou falando sério. Hayley é misteriosa, mas Robert Também. Acho que seriam perfeitos um pro outro, de qualquer forma.

–É ele parece feliz. E o Stefan? – dou de ombros.

–Ainda nas suas férias pessoais. – tomo o último gole da dose -Mas pelo menos ele parou com as bebedeiras e as brigas de bar. – suspiro. Onde será que ela se meteu? Mal consigo pensar direito assim, e isso me irrita. Ela deveria saber o que me causaria sumir assim. Talvez ela saiba. “Você provocou isso, Damon.”

–Ela vai aparecer. – Ric fala pra mim, com aquele seu olhar de pai com filho adotado. Eu.

–Espero que sim. – eu realmente espero.

............................................................................................................................................................

–Você só está aí todo irritadinho por que meus planos dão certo e os seus planos nunca se concretizam. Você prefere bancar o bom moço Elijah. Eu sou melhor sendo eu mesma. Damon gosta de mim assim. Uma pena pra você.

–Você acha que ele caiu mesmo nessa de filho?

–E importa? Logo eu tramo um pequeno acidente doméstico e perco tragicamente meu bebê. Isso vai me devastar e a ele também. Será tão difícil seguir em frente, precisaremos um do outro para superar.

–Você só está esquecendo da sua miniatura ambulante.

–Nem me fale daquela garota. Ela tem me tirado do sério. Tem sido um problema. Pirralha mimada. Damon conseguiu estragar mais isso.

–O que pretende fazer?

–Por ora nada. E sua amada? Vai esperar ela voltar?

–Não me importo mais quanto a isso Rose. Tive meus momentos com Elena. O suficiente pra saber que é do Damon que ela gosta.

–Que pena pra ela, porque ele só tem olhos para mim.

–Ele não é tão inteligente quanto pensam. Eu sempre soube disso.

–E isso é o que mais amo nele.

............................................................................................................................................................

–Querida?Tudo bem? – minha mãe chega perto de mim, enquanto tento me equilibrar no balcão da cozinha. Tonturas e enjoos, a pior parte desta fase dizem. Com toda certeza é.

–Sim, foi só uma tontura. – tento respirar fundo, meu estômago embrulhando.

–Sente-se um pouco aqui. – ela me ajuda a sentar e depois me passa um copo com água. – Tem que comer melhor. Você só sente muito enjoada se não comer a cada duas ou três horas. Mesmo que seja uma fruta.

–O problema é que nada para no meu estômago. Nem mesmo a fruta.

–Faça um esforço. – tomo a água e devolvo o copo para ela.

–É normal sentir tanta cólica? – pergunto a observando caminhar pela cozinha. Ela sorri pra mim antes de responder.

–É sua primeira gravidez. Seu corpo está se adaptando.

–Então não tem nada errado? – eu fico assustada, porque sempre pensei que isso fosse algum tipo de sinal ruim.

–Se continuarem você tem que procurar um médico. O doutor Medson é ótimo. É jovem e novo na cidade, mas muito bom no que faz.

–Tudo bem, vou ficar atenta.

–E o que Bonnie queria? – ela pergunta enquanto começa a lavar a louça. Essa pergunta me faz lembrara da conversa que tive com minha amiga. Talvez um dos motivos para eu estar assim.

–Falar que o Damon está atormentando ela. –minha mãe vira e me encara..

–Querida... – eu já sei todo o discurso e nem deixo ela terminar.

–Nem começa mãe.

–Ele precisa saber. – fala me dando as costas outras vez. Eu sei disso, mas não quero. Não agora.

–Ele vai casar em poucos dias. – recordo a ela - Dias. – ela me encara de novo, mãos cheias de espuma.

–Então você tem poucos dias pra contar. – diz num tom de pura dedução. Como se fosse algo fácil.

–Não vou fazer isso. – ela me olha como se eu fosse um e.t..

–Elena... ?

–Não mãe. – ela suspira, levanto - Eu vou subir e deitar um pouco.

Então eu saio e ela fica lá na cozinha, sem dizer mais nada. Não vou contar agora.

............................................................................................................................................................

–Você está onde? – a voz de Damon está tão desesperada que me faz querer gargalhar.

–Relaxa. Só estou querendo conhecer seus investimentos. É de meu interesse.

–Rose, não importune a Miranda. – não sei pra que se importar tanto com a mãe da vagabunda.

–Eu só vou dar uma olhada na cooperativa. Talvez nem a encontre por lá.

–Você não devia ter ido sem me avisar. – por que ele está fazendo tanto drama?

–Sem drama, Damon, eu volto ainda hoje, no helicóptero.

Desligo. Eu sei exatamente onde aquela “songa monga” está. E eu adoro tripudiar um pouco. Isso vai ser ótimo. Maravilhoso de fato.

............................................................................................................................................................

–Você não podia chamar minha mãe, John? – o rapaz me encara culpado. Logo agora que eu tinha conseguido dormir com o fim dos enjoos da manhã.

–Eu não a encontrei, deve ter ido a cidade, eu não faço ideia. – tenta se explicar.

–E quem é?

–Não disse. Desculpe, Elena, mas ela falou que veio a mando do senhor Salvatore... – eu bufo só de ouvir o nome e não quero mais falação.

–Tudo bem. Eu vou descer e recebê-la. – ele assenti corando.

–Tudo bem.

Depois que ele se retira eu levanto e vou até o banheiro de meu quarto lavar o rosto e tentar me recompor. Deve ser uma de suas assistentes da Salvatore. Não fará mal algum ela (seja lá quem for) me ver aqui.

Quando eu chego na sala e vejo de quem se trata, sinto minhas pernas bambearem.

–Eu sabia que você ia estar aqui. –Rose está diante de mim com um sorriso triunfal. Ele mandou ela aqui? Ele fez isso? Não!

–O que você veio fazer aqui? – falo descendo os degraus hesitante, mal consigo me mover.

–Estou cuidando dos interesses do meu futuro esposo. – bufo.

–Claro... – ela sorri e começa a olhar em volta, passando o dedo nos móveis, como se testasse a limpeza do lugar. O que ela quer aqui? Eu acho que estou tremendo.

–Belo lugar, a propósito.Combina com você. – diz me encarando esnobe e senta-se no sofá. Está vestida impecavelmente. Ela é uma mulher muito bonita. Seus cabelos longos, levemente enrolados nas pontas, um sorrido lindo e um olhar tão sedutor quanto apavorante.

–O que você quer Rose? – tento estudar suas feições, Elas passam de esnobes e tranquilas para ásperas e incisivas.

–Você, exatamente onde está.certificar-me de que não vai sair daqui. – sua voz assume um tom que me faz ficar meio tonta, busco algum ponto de apoio e tento me manter firme. Não vou deixar ela me assustar.

–Não entendi. – ela me olha mais duramente e enfatiza a voz.

–Eu vou casar com Damon.

–Parabéns!

–Estou esperando um filho dele. – fico totalmente tensa, dessa vez mais de raiva que de temor.

–Parabéns por isso também. – uso minha melhor voz irônica.

–Vim dizer que você deve ficar exatamente onde está.- ela levanta e vem caminhando na minha direção. Fique firme Elena. Firme!

–Veio de tão longe só pra me dizer isso?- estou surpresa por minha voz não morrer, porque estou tremendo.

–E ter o prazer de te olhar no rosto e dizer que você perdeu.- ela dá de ombros como se fosse algo óbvio. - Sua chance de sair desse fim de mundo e ser alguém na vida. –ela acena em volta com os braços - Você vai ser sempre uma caipira Elena. Damon, nunca foi pra você. – quando ela termina está a apenas um passo de distância de mim.

–Saia da minha casa. – minha voz tem o tom ameaçador que eu preciso. Nem sei de onde tirei forças.

–Ele nunca amou você como me ama. – ela continua, me ignorando. - Um amor capaz de superar a dor, brigas e até traição. – sorri cheia de si e segue seu discurso destruidor. - Ele nunca foi seu, como foi meu. Ele nunca sofreu por você como sofreu por mim. Ele nunca lutou por você como lutou por mim. – ela toca meu colo com o dedo indicador - Você não significou nem metade do que eu significo. – me afasto um passo pra trás.

–Você pode ficar com ele. Se merecem no fim de tudo. – falo e cruzo meus braços e ela gargalha.

–Sim, nos merecemos.- diz ao final.

–Pena sua filha não concordar. – ela me olha como se tivesse surpresa com minha fala. E sorri brevemente. É quase uma reverência, eu acho.

–Ela está na fase rebelde da adolescência, vai passar. Todos superamos isso, certo? – sorri.

–Tem razão. Você já deu seu recado. Mostrou seu ponto. Agora sai. – aponto pra porta, ela olha pra direção da saída.

–Só mais uma coisa... – chega mais perto de mim outra vez, avançando o passo que recuei. -Não se atreva a entrar no meu caminho outra vez. – ela está fazendo questão de por o tom certo na sua vez. Minha espinha vibra completamente. - Deu muito trabalho tirar você da minha frente. Não quero me desgastar. Você sabe... – ela acaricia seu ventre - Gravidez e tudo mais.

–Você é doente. – falo antes de pensar direito e ela estreita os olhos.

–Talvez. Mas você também parece ser doente. – ela fala com um olhar mortal - Doente de noção. – e antes que eu possa me defender, sua mão está em minha garganta.

–Ai! – é um grito totalmente abafado por meu medo.

–Nunca mais use essa palavra comigo. Você não sabe do que eu sou capaz. – pior que eu sei. E quero gritar por socorro. Mas ela solta logo em seguida.

–Ah! – exclamo esfregando o local onde ela apertou com minha mão.

–Vaca! Seja feliz com suas primas, as vaquinhas. Quem sabe vocês não criem uma fraternidade juntas. – pisca - Se cuida! – fala antes de sair pela porta.

Meu coração está disparado, uma vontade enorme de chorar me invade. E talvez nem seja pelo susto, ou por ela estar aqui e me assustar mais do que qualquer pessoa, mas acima de tudo, por que tudo o que ela disse. Tudo. Foi a mais pura verdade.

Como tentar me acalmar sozinha foi inútil, e minha mãe não está, assim que consigo respirara direito, ligo para Bonnie e falo tudo o que houve aqui.

–O celular da mamãe não está funcionando. Eu precisava conversar.

–Você está bem? – ela me pergunta docemente.

–Eu não sei... – suspiro segurando meu ventre – Eu senti raiva, depois eu me assustei, mas o pior foi ouvir o que ela disse e concluir que é verdade.

–Elena...

–Ele brigou contra o pai. Saiu de casa, desistiu de tudo para viver com ela. Desistir de tudo. Deixar tudo pra trás. A única coisa que ele não consegue fazer comigo.

–Ele era um adolescente. Teve tempo de repensar. –Oh Bonn, não o defenda você também.

–Quero ele longe de mim. – digo somente isso e coloco toda a convicção que posso nessas palavras.

–Olha Lena...

–Não. – nem deixo ela tentar -Ela me assusta. Enquanto ele estiver jogando com ela eu quero estar longe. Não estou pensando só em mim.

–Eu sei.

–E como vocês estão? – ela pergunta se referindo a mim e meu bebê.

–Bem. E vocês? – faço o mesmo com ela e seu filho.

–Um pouco melhor agora. – sorrimos.

–Fique calma. O pior já passou. – ela diz e sei que é verdade,embora as palavras dela me machucaram mais permanentemente do que qualquer outro dano que ela causou hoje.

Depois de falar com Bonnie apenas quero tentar voltar a dormir. Cansada demais, dolorida demais pra lutar contra isso.

............................................................................................................................................................

–Aquela mulher me assusta querido, e garanto que você sabe o porquê. – eu sabia que Rose aprontaria alguma coisa.

–Me desculpe. Mas eu tentei avisar. – tento justificar minha total falta de manejo com a situação Rose.

–Meu celular aqui não funciona muito bem. – ela explica.

–Ela está bem? – pergunto agora que realmente sei onde Elena está e posso jurar que Rose também sabia. Desgraçada!

–Está dormindo.

–Miranda... – tento me desculpar, mas ela me para.

–Por que você não vem falar com ela? Acho que vocês precisam conversar. Me desculpe não contar a verdade sobre a estada dela aqui antes, mas eu geralmente não gosto de me meter nessas coisas. E eu sei que você tem seus motivos e não gosto de julgar. Assim como minha filha tem os dela. Mas Damon... Você não acha que devem conversar antes de tudo?

–Sim. Na verdade eu venho tentando, mas... – ela não quer saber que existo. Claro!

–Vai fazer bem pra ela. Depois de hoje.

–Está tudo bem com ela?

–Eu não sei o que aquela mulher falou, mas não fez bem, Damon... – droga! Ah, Elena, me desculpe.

–Ok. Obrigado, Miranda. Sei que exige muito de você me contar isso.

–Não querido. Mas talvez, algo venha a exigir muito de você. – fico mudo sem entender e depois ela não se aprofunda - Vou lhe esperar pra janta.

–Certo.

Desligo e encaro Alaric e Robert.

–O que ela queria? – Pergunta Ric.

Achei a Elena. – eles arregalam os olhos.

–Não brinca? – diz Robert.

–E...? – insiste Ric.

–Rose falou algo a Elena. Deve ter ido provocar, você a conhece. – ambos bufam.

–Você vai lá, né? – Robert pergunta.

–Agora. Você me cobre? – pergunto a Ric.

–Pra isso, com certeza. – ele fala empolgado e eu começo a tomar as providências para estar na casa de Miranda na hora do jantar. Jatinho, com toda certeza.

............................................................................................................................................................

–Estamos esperado alguém? – pergunto a minha mãe, que está toda animada cozinhando... Aquilo é a comida favorita do Damon?

–Convidado pro jantar. – ela diz simplesmente.

–Quem? – pergunto nem querendo saber a resposta, se for o que estou pensando.

–Você me ajuda aqui? – ela me ignora totalmente.

–Segredos comigo? – dá de ombros.

–Surpresa! – pisca pra mim e reviro os olhos indo ajudá-la com a salada.

–Mãe... – falo ao perceber que também é uma das favoritas do Damon.

Ouvimos um carro chegar e ela abre um riso triunfal.

–Opa! Acho que ele chegou! – fala toda animada e sai da cozinha quase correndo e eu tento segui-la.

–Olá, querido! – ouço ela dizer pro homem que acaba de cruzar a porta da sala. Ela sorri pra ela e seu olhar cai logo em cima de mim. Mas que droga, mãe!

–Miranda... – diz e beija a mão de minha mãe, que se derrete com seu gesto. Ambos caminham pra minha direção.

–Venha, entre. Estamos na cozinha, você lembra bem. – minha mãe passa quase saltitante por mim e pisca, com Damon logo atrás dela.

–Oi! – ele diz e para diante de mim, enquanto minha mãe segue pra cozinha.

–Oi! – digo e lhe dou as costas, mas ele seguro meu braço e eu congelo, virando devagar para o encarar.

–Eu vou pegar umas coisas na dispensa. – minha mãe avisa da cozinha. Numa desculpa qualquer pra nos deixar mais sozinhos e seguros pra um conversa entre nós.

–Você não responde e-mails, não consigo te achar por celular. – sua voz está doce e até soa preocupada.

–Boas dicas, não? – sorri irônica e me livro de sua mão indo “me esconder” atrás do balcão da cozinha, ele me segue, enquanto me sento.

–Elena, precisamos conversar – diz assim que fica no outro lado do balcão, se livrando da jaqueta, jogando ela em cima do balcão.

–Precisamos?

–Claro que sim. – ele me olha irritado. Oh, não comece, sou eu que estou louca de ódio de você.

–Eu não tenho nada pra conversar com você Damon. Sua noiva já veio dar seu recadinho. Aliás, ela não está procurando por você, não? – me movimento pra lhe dar as costas, mas ele praticamente salta se inclinando por cima do balcão e prendendo meu braço outra vez.

–Ei! – ele adverte, chamando minha atenção.

–Não, Damon. – falo e tento puxar meu braço.

–Espera! – ele segura mais forte e puxa pra baixo, o movimento não é muito brusco, nem muito forte, mas como estou mal acomodada no banco o desequilíbrio me faz escorregar e bater com o ventre contra a quina do balcão.

–Ai! – uma dor aguda e repentina me faz gemer. Ah, não!

–Elena?! – a voz de Damon está assustada, eu volto a gemer e me inclino contra o balcão. Está doendo... - Elena... – como eu não consigo responder ele dá a volta no balcão.

–Au!!! – ofego e ele me alcança, fazendo eu de sentar outra vez e o encarar. -Damon, você não perde essa mania de me machucar. – falo irritada me sacudindo contra suas mãos, afastando seu toque.

–Não foi minha intenção, desculpa. – ele ergue as mãos rendido, voz totalmente culpada e doce. - Você está bem? Meu amor... – ele segura meu queixo e me faz o encarar, estou acariciando meu ventre que ainda doi, mas não tanto quanto no momento da pancada. -Tá tudo bem? Está doendo alguma coisa? – nego com a cabeça. – Tem certeza?

–Não. Tá tudo bem. Já passou. – falo ainda passando as mãos pela barriga e me livro do toque de suas mãos.

–Mesmo?

–Sim. Já passou tá tudo bem. – salto do balcão e fico frente a frente com ele. Tão próximos, ele ainda está meio inclinado contra mim, sua boca perto da minha, sinto tudo girar - Tudo... – eu não termino e sinto seus lábios contra os meus, Um beijo calmo, mas totalmente apaixonado. Como só ele conseguiria me dar. Eu desfruto por um momento, mas depois tudo o que aconteceu volta como uma facada e me faz saltar pra longe de seu beijo. Ele me olha meio confuso enquanto lhe dou as costas.

–Sinto sua falta. – ouço sua voz, melódica e tentadora.

–Também sinto a sua Damon. Faz diferença? – não o encaro, mas escuto sua respiração forte e frustrada escapar de seus pulmões.

–Está mais perto de acabar. – é quase um sussurro. Eu bufo.

–Acho que é só o começo. – sinto meu corpo vibrar e do nada a dor volta, um pontada forte e voraz que me faz inclinar para frente. Oh Não!

............................................................................................................................................................

–Elena eu... – do nada ela ofega, gemendo com a mão no ventre. Eu sabia que tinha a machucado. – O que foi? – pergunto quando consigo abraçar seus ombros e tentar arrumar sua postura.

–Ai... – ele começa a ofegar e gemer incoerente e eu me pego totalmente desesperado. O que ela tem?

–Elena, o que foi? – tento colocar ela ereta, mas ela insiste em se curvar contra o ventre.

–Ah! – geme outra vez, mais forte.Quase um grito.Por Deus!

–Miranda! - grito, pois não sei o que fazer – Amor o que foi? – ela não responde e seus joelhos sedem, ela vai quase ao chão, mas consigo segurá-la e ampará-la em meus braços.- Não, amor... – ela está gelada e muito pálida. - Elena!

–O que... – Miranda chega na cozinha e me encara tão pálida quanto a filha.

–Eu não sei o que ela tem. – ela vem pra cima de mim e toca a testa de Elena.

–Leva ela pro quarto. Eu vou chamar o médico. – diz o corre pra telefone da cozinha enquanto eu subo com Elena pro quarto dela.

....

–E então? – pergunto quando Miranda deixa o quarto de Elena com o tal doutor Medson. Um cara tão jovem assim pode dar conta de alguma coisa como aquela?

–Ela está acordada. – ele me diz - Posso falar com você? – fala pra Miranda que apenas assente.

–Posso entrar pra falar com ela? – pergunto e ela docemente acena que sim.

–Claro, querido. Faça companhia enquanto eu converso com o dr. Medson.

Aceno a cabeça para o médico e entro no quarto. Elena me olha e se encolhe na cama. É como se eu fosse uma espécie de vento forte e mal vindo, a fazendo se esconder e se fechar.

–Ei! – digo e hesito junto à cama.

–Ei! – fala simplesmente. Parece melhor, embora ainda esteja pálida.

–Você me assustou.

–Desculpa. – sua voz sai fria. Metódica.

–O que o médico disse?

–Me pediu pra ficar quieta.

–E o que você tem? – ele dá de ombros.

–Coisas de mulher, Damon.

–Elena, você desmaiou na minha frente. Eu te machuquei? – ela nega.

–Não.

–Então, o que foi? – bufa impaciente e me encara.

–Eu já disse.

–Ok. – recuo, porque não vou conseguir nada enquanto ela estiver com raiva. Então só posso esperar passar. Avanço contra a cama e começo a me acomodar ao seu lado, ela arregala os olhos pra mim.

–O que tá fazendo?

–Deitando com você.

–Não. – ela recua na cama, esticando um braço inteiro entre nós.

–Elena, para. – ela parece uma criança. Tiro seu braço do caminho e a puxo contra meu peito.

–Eu não quero você aqui. Se é que não deixei isso claro. – tenta se soltar, mas prendo seu pulso contra meu peito e afundo o rosto em seus cabelos, fico nessa posição enquanto ela ainda se remexe, mas aos poucos ela para e relaxa em meus braços. Não sei quanto tempo ficamos assim. Juntos!

–Não vou a lugar algum. Embora eu esteja com fome e na verdade estou doido pra jantar. – ela sorri - Você, não?

–Na verdade sim. – fala em tom mais suave.

–Então?

–Então vamos lá. – ela diz e se mexe para levantar, mas eu aprendo e puxo seu queixo -Damon... – ela me afasta, me impedindo de beijá-la. Suspiro e me coloco sentado, depois levanto a pego no colo antes que ela possa reclamar.

–Levo você.

Então eu a carrego até a cozinha, onde Miranda nos espera.

............................................................................................................................................................

–Eu já ia subir e chamar vocês. Nada de estripulias mocinha. – minha mãe fala assim que Damon me senta à mesa.

–Ela sabe. – diz ele me olhando mandão -Vai comer agora, certo?

–Vou. – digo estreitando os olhos pra ele e minha mãe sorri. Eu a olho e estreito os olhos ainda mais e ela ergue os braços se rendendo.

–Eu preciso ligar para Alaric. Eu já volto. – Damon fala e sai da mesa por uns instantes.

–Você contou? – minha mãe me pergunta cheia de expectativa e eu apenas nego em silêncio. -Elena... – ela manha.

–Não vou contar mãe.

–Prefere que eu conte? – eu arregalo os olhos na mesma hora.

–A senhora não... – ela faz uma expressão de: “sim, eu faria.” - Mãe! – quase grito e ela bufa.

–Conte! – fala incisiva.

–Mãe, já conversamos. Você sempre respeitou minhas decisões. Eu não acho que esse seja o momento de falar nada disso pro Damon. Eu preciso saber que ele está envolvido conosco. Com a gente. Preciso ter certeza de que ele está disposto a colocar tudo de lado e ao menos uma vez me priorizar. Priorizar a nós dois.

–E qual o seu plano? – ela parece mais disposta a escutar meu lado.

–Desprezo.- ergue as sobrancelhas.

–Vai desprezar ele?

–Completamente.

–É uma escolha inteligente? – pergunta incerta, servindo meu prato.

–Com certeza é uma desesperada. – ela revira os olhos - Mãe eu sofri muito estando longe do Damon, dando as costas pra ele, o afastando, dizendo não. O que me rendeu? – ela me olha esperando que eu conte e eu reviro os olhos. -Ele veio atrás de mim. – ela solta um “Ah”. - Mas toda vez que eu cedo, baixo a guarda e perdoo, ele arruma uma desculpa e começa a colocar coisas entre nós.

–Bem,você basicamente está me dizendo que quando você dá o fora ele faz a coisa certa. Por que fica com medo de te perder.

–Exato!

–Faz sentido. – ela admite, sentando e depois de servir suco para mim ela franze o cenho - Mas ele é orgulhoso também. – Oh, eu sei disso!

–Esse é meu único risco nessa coisa toda. Mas quer saber mãe: agora não posso pensar só em mim, ou na nossa felicidade. – ela me encara totalmente de acordo e pisca - Aquela mulher me dá medo. Quero ela longe de mim e de meu filho. – ela sorri docemente.

–Você vai ter que se cuidar mais. Esse susto de hoje não vai se repetir você vai ficar parada.

–Pode deixar... – sorrimos.

–Fico imaginando seu pai aqui. Ele certamente colocaria uma arma na cabeça do Damon e mandaria ele casar com você pra se responsabilizar. – quase gargalho com essa fala.

–Nem me fale. Alguém sairia morto.

–Seu namorado.

–Ou seu marido. – gargalhamos juntas e então Damon está de volta.

–Estão sorrindo de mim, imagino.

Paro de rir e o ignoro.

–Vamos jantar mãe.

Ela me olha sugestiva e todos começamos a jantar juntos e em silêncio.

....

–Eu tenho que voltar pra casa. – Damon me fala depois do jantar. Estamos na sala, enquanto minha mãe se encarrega da louça na cozinha.

–Vai voltar ainda hoje?

–Eu vim de jato. – bufo.

–Claro. – não vamos fazer a noiva esperar.

–Eu liguei pra sua mãe pra avisar da visita da Rose.- ele começa com uma espécie de desculpas. -Eu não fazia ideia de que você estava aqui.

–Não faz mal.

–O que ela disse a você? Sua mãe falou que vocês conversaram e que a conversa não te fez bem.

–Ela apenas jogou na minha cara algumas verdades. E de como ela estava satisfeita com o casamento e o seu filho.

–Elena, eu já disse. Está perto de acabar. – ele soa exasperado.

–Não sei como. Ela está grávida de um filho seu.- minha voz ganha um tom mais forte e me contenho.

–Escuta, você tem que confiar em mim... – a frase me congela.

–O quê?- peço incrédula.

–Confie em mim.

–Como você confiou em mim anos atrás? Quando você nem pestanejou em cair na farsa que sua atual noiva armou pra nos separar?- salto do sofá e fico de pé diante dele - Você consegue visualizar como é nojento imaginar você na cama com aquela mulher? Ou por acaso você gostaria de me imaginar na cama com Elijah? – ele me olha furioso.

–Não fala besteira Elena.

–Você não acha que está exigindo demais de mim? – ele arregala os olhos, e parece assustado, enfim.

–Está desistindo de mim, não é?

–Pequena correção: você desistiu de nós primeiro.

–Eu te pedi pra não fazer isso. – ele levanta e ergo logo a mão pra que ele se mantenha longe de mim.

–Assim como me pediu pra não te deixar estragar as coisas entre nós, mesmo assim...

–Porque você não pode ter paciência, Elena? – ele grita.

–Paciência? Damon, você dorme com ela, engravida ela. Sinceramente... – lhe dou as costas.

–Você não está pensando direito. Obvio que eu não engravidei a Rose. Você não vê que tudo isso é uma armação dela? – eu o encaro de novo, perplexa. Ele está gritando ainda mais. Que raiva. Eu que deveria gritar.

–Ah, por favor... Você dormiu com ela. Nada mais natural. – ele leva as mãos aos cabelos e os bagunça desastrosamente.

–Existe uma coisa milenar chamada preservativo, Elena. Eu não a engravidei. – ela rosna.

–Não existe um método contraceptivo 100% eficaz Damon. – ele bufa.

–Ela não está grávida.

–E daí? – grito. -Digamos que seja isso. Você sabe que é armação. Ela sabe que é, mesmo assim você insiste que não está acontecendo nada e vai casar com ela dentro de poucos dias. Como você quer que eu aceite mais isso? – sinto meus olhos arderem. Não chore agora.

–Vai ser tudo mentira. – ele fala com voz doce.

–Para, Damon! Chega. Cansei de argumentar. Escolhe! – grito pra ele a última palavra com toda força.

–O quê? – ele ofega.

–Escolhe agora.

–Do que tá falando?

–Ou você desiste dessa farsa e pega tudo que tem contra ela e prende a vadia de vez, ou você pode dar adeus a nós dois.

–Como é?

–Você ouviu bem.

–Elena...

–Escolhe, Damon. – grito outra vez - É sua escolha. Continua com sua vingança ou deixa tudo de lado, faz o que deve ser feito, dentro da lei e fica comigo.

–Eu... – ele parece perdido, atormentado, suas mãos correm por seus cabelos outra vez. - Elena você sabe como isso é importante pra mim. Por causa dela Andie morreu. Eu quase morri. Nos separamos e...

–E você está vivo, - grito e é libertador, ele não vê? - me tem aqui de volta e juro por Deus que se Andie estivesse viva estaria do meu lado, pois ela era como uma mãe pra Sofia e o que você está fazendo sua filha passar com aquela mulher... – respiro fundo e tomo fôlego pra um grito maior - Você tá cego? Como tudo isso se tornou mais importante que ela? Que nós?

–Eu... – ele não sabe o que dizer, avanço contra ele e puxo seu rosto.

–Olha pra mim. É a última vez Damon. – seus olhos assustados e confusos me encaram - Eu não vou voltar pra Nova York se você continuar. Não vou voltar pra lá.

–Me deixe terminar. – ele pede.

–Você me ama? – aperto seu rosto com as mãos.

–Claro que sim. – fala sem hesitar.

–Como?

–Mais que tu... – não espero ele terminar.

–Tudo? – bufo e solto seu rosto, sinto as lágrimas jorrarem enfim - Mais que um dia amou a ela? Mais que essa vingança? É isso? – ele apenas me olha, olhos marejados - Você a amou tanto, que todo o mal que ela te fez, que todo o ódio que você diz sentir é reflexo de anos amargando de amor por ela? Por alguém que você queria que ela fosse? Você brigou com sua família. Saiu de casa. Lutou por ela quando nem ela mesma queria. Aconselhou. E mesmo depois de descobrir tudo o que ela foi capaz de fazer, você não consegue deixar de lado sem antes a fazer pagar por toda a decepção.

–Elena... – eu não vou para agora.

–Ela destruiu um ídolo e é esse o maior pecado dela, certo? Ela destruiu a imagem da mulher que você mais amou na vida.

–O que você quer que eu diga? – ele grita, esfrega as mãos no rosto e grunhe exasperado, me dando as costas - Que eu ainda amo ela? Deus!

–Você ama? – pergunto assustada com seu desespero.

–Não. Elena... – ele me olha no fundo dos olhos, os dele são pura angustia e medo.

–Ama? – sussurro.

–Não! – grita.

–Damon... – gemo me sentando quando a sua resposta soa mais como um sim.

–Eu... O que você acha que vai conseguir com isso? Quer um motivo pra me dar as costas?

–Ela sabe disso. – falo e ele para e apenas me escuta -Ela disse: Não importa o que eu faça. Ele não consegue me odiar. Não é ódio, é? É mágoa, decepção. Você está ferido. – ele senta diante de mim, na mesa de centro.

–Ela me destruiu. – fala batendo no peito e eu sinto meu estômago embrulhar - Eu dei o mundo a ela. Minha vida. – grita - E ela em troca quase acabou com ela. Por nada. Nada. Eu dei meu amor. Meus sonhos. E depois de tudo só o que importava era o dinheiro. Nada foi suficiente. Nada. É como se eu não fosse nada. – ele bate no peito outra vez. Oh, Damon... Então esse é problema? Mostrar a ela que você é alguma coisa? Pra que tanto esforço se não a ama mais?

–Você sabe então. – digo e ele me encara confuso - Como é amar uma pessoa. Ser capaz de deixar todas as dores e sofrimentos pra trás. Ser capaz de tudo e a outra pessoa não corresponder. – ele revira os olhos pois sabe que estou me referindo a nós dois, desta vez. Como me sinto. - Você sabe o que é ser trocado por coisas vis. Vingança, dinheiro, orgulho. Ela te trocou por tudo isso. E você está fazendo o mesmo comigo agora. Eu te entendo, Damon. Enfim eu entendo porque isso é tão importante pra você. Por que, de repente, se tornou importante pra mim também. – ele me olha e seu olhar diz: Como assim?

–Do que tá falando?

–Eu amo tanto você e me doi tanto ver como essas futilidades são mais importantes do que todo o amor que eu te dei ao longo desses anos. Só o que eu sinto por você, agora e a cada segundo é um ódio desmedido. Raiva, revolta. Eu quero te ferir. Te fazer sofrer tanto quanto. Quero que você sinta todas as decepções que eu senti. Por que eu te amo tanto... – as lágrimas e o nó em minha garganta mal me deixam falar - Só um amor tão forte é capaz de despertar algo assim. Entende?

–Eu não a amo. – ele bufa incrédulo - Pare de falar assim. Não jogue comigo, Elena. Não é isso.

–Você me destruiu. – uso sua fala contra ele mesmo - Eu entrei uma moça ingênua em sua empresa. Apenas querendo me dar bem na minha profissão. Me apaixonei por você. Fiz de tudo pra te ajudar a superar seus demônios. Te devotei todo meu amor. Familiar?

–Não é a mesma coisa. – ele rosna e segura minhas mãos com força, olhando no fundo dos meus olhos embaçados por lágrimas - Eu não a amo. Eu odeio aquela mulher.

–Porque você já a amou mais que qualquer coisa.

–Meu Deus! – ele se levanta exasperado - Para! Elena... – Levas ás mãos a cabeça novamente e sua reação só me machuca mais.

–Eu entendi. Você só não admite. Você a beijou. Lembra? Estávamos juntos na época.

–Não faz isso com a gente. Com você. Eu amo você.

–E ela também.

–Não. –ele grita. – Meu Deus!

–Sim. – insisto.

–Não! – ele joga o abajur que está ao seu lado no chão. Eu salto.

–E aí está. Na falta de argumentos...

–Isso é ridículo. – ele sorri incrédulo e eu desabo no choro.

–Volta pra ela. Pra sua vingança. Pro que você quiser chamar. – fico de pé e continuo gritando -Case-se de mentira. Tenha um filho de mentira. Viva sua vida de mentira. Mas ainda sim, lá no fundo, - chego bem perto dele e ponho o dedo em seu peito, exatamente como sua noiva fez comigo mais cedo - você tem que admitir, era exatamente a vida que você queria. Anos atrás. Ela estragou tudo. E você vai tomar de volta.

–No que você transformou tudo isso... ? – ele parece decepcionado.

–Na verdade. – rosno.

–Tá me manipulando.- ele agarra minha mão e tento me soltar, mas ele é forte. - Querendo que eu pense que nada disso faz sentido, a não ser que eu ainda a ame. Você sabe que não amo.

Ele se inclina contra mim e está quase me beijando.

–Vai embora daqui. – rosno, eu estou com muita raiva mesmo.

–Não faz isso Elena. – é mais um advertência que um pedido.

–Some! – grito.

–Filha... minha mãe aparece enfim na sala e encara o abajur destruído no chão. - Vocês estão malucos? Elena?

–Manda ele ir embora daqui. – solto minha mão da dele e corro pras escadas -Eu não quero mais ver ele. – grito subindo pro meu quarto.

–Elena... – eu escuto o grito dele e ouço seus passos vindo pra mim, mas eles param.

............................................................................................................................................................

–Eu não acredito que você vai levar isso adiante. – Alaric vai começar novamente -Pra onde você vai com ela depois de tudo?

–Vai ser surpresa. – digo enquanto ajeito a gravata.

–Não soube mais da Elena, certo? –nego simplesmente. Não quero pensar sobre isso agora.

–Quando as coisas com Rose acabarem eu vou atrás dela e ela vai voltar pra mim.

–Porque você está tão seguro disso? Você não era assim tão idiota Damon.

–Ela me ama. – ele bufa.

–Sim. E aparentemente você também a ama, mas veja pelo que você faz ela passar?

–Acaba em alguns dias. Depois que eu transformar a vida da Rose num inferno que sempre deveria ter sido eu vou entregar ela pro Robert.

–O Elijah não faz ideia de onde ele estava, certo? – ele me pergunta dadas as novas informações de Robert.

–Aparentemente não. Mas ele sempre foi cego com essa mania de me perseguir.

–A que horas devo comparecer no teatro?

–Às três. Está acabando Ric. Finalmente! – falo encarando meu terno de casamento. Estou pronto!

.....

–Eu achei que estávamos indo pro aeroporto. – Rose fala curiosa enquanto estaciono na rua de meu antigo apartamento. Ela já tinha estranhado o fato da cerimônia não ser nem a metade do que ela queria. Com muitos fotógrafos e tudo mais. Acabou que só estávamos ela, as testemunhas e juiz de pás e eu. Nem mesmo Sofia.

–Não sem antes dar uma passada aqui. Você não lembra do lugar? – pergunto saltando do carro.

–Lembro. – ela fala assim que me segue.

–Então... Quero mostrar uma coisa. – seguro seu braço e aperto com força. Muita força. - Vem!

–Ei! Isso doi. – ela reclama e eu ignoro, guiando-a pelo hall e depois elevador.

Quando chegamos na porta eu abro sem hesitar e aceno, soltando o braço dela enfim, para que ela entre. Ela me encara mal humorada, esfregando o braço e passa pela porta. Quando eu entro atrás dela e tranco a porta às nossas costas ela ofega.

–Mas o que...?

–Achei que você fosse gostar da surpresa. – coloquei as fotos dela em encontros com Elijah e Natasha por toda parte, e também com alguns de seus amiguinhos drogados e com algumas pessoas a quem ele cobrava e devia favores por aí. Gente da pesada e também adicionei o peso dramático de nossas fotos juntos. Anos atrás. – Senta! – puxei ela contra o sofá empurrando seu ombro pra baixo, forçando-a a sentar. Ainda vestida com seu vestido de noiva, ela me encarava perplexa e confusa. – Eu esperei muito por esse momento. Demorou mais do que esperava. Admito. – dou a volta e sigo até uma champanha que pedi que deixassem a nossa espera, me sirvo e encho uma taça pra ela. depois de tomar um golo prazeroso, eu continuo - Você é osso duro de roer. Mas aqui estamos nós. E agora... – vou até ela, que se inclina contra mim, totalmente assustada, ofereço-lhe sua taça. Ela engole em seco e a segura, relutante. Sorrio. - Você é toda minha. – tomo outro gole e coloco no meu tom de voz um aviso letal de “você se forrou”, tudo para dizer um sonoro e audacioso:

–Querida!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até mais... :D