Ele III: Com Ele escrita por MayLiam


Capítulo 34
Doi - parte final


Notas iniciais do capítulo

E aqui está o desfecho da primeira temporada.
Meninas eu vou responder todos os comentários de vocês. me desculpem pela demora sobre isto também.
Muitas perguntas de vocês serão respondidas nesta capítulo.
Boa leitura!
p.s.: se preparem para a segunda.



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Damon está muito estranho, e desconfio que seja pelas forçadas sessões de Maximus, tem sido difícil pra ele. Chegamos em silêncio a clínica, e como sempre, eu deixo Damon na entrada e dou a volta estacionando nos fundos do prédio. Quando a sessão dele acabar, espero ele deixar o local, então volto até o estacionamento e chego no outro sentido, ele nunca desconfia assim.

Chego no estacionamento. Desço do carro e vou de encontro a entrada que Maximus me indicou, lá sempre me espera uma enfermeira.

-Senhorita Gilbert?! – alguém me chama e me volto pra olhar e então sou atacada. Um homem vestido de branco, pressiona um lenço contra meu rosto, está molhado. O meu Deus o cheiro é tão... Forte...

Acordo com um barulho estrondoso. Onde diabos estou? Minha cabeça está rodando. Senhor, eu pareço tão... Grogue... Minha vista custa a abrir e estou meio alheia a confusão que está a minha volta. Está tudo girando mesmo. Tento me concentrar e focar minha vista. Ouço outro estrondo. Acho que vi um homem voando pelo quarto. Encurto a vista. Damon?

-Damon... – eu chamo ele me olha com fúria. Olho pra outra direção. Elijah? O que..? E então é como se meus olhos se abrissem, eu estou num quarto estranho, numa cama estranha. Totalmente perdida e... Santo Deus, onde estão minhas roupas?

Damon vem pra cima de mim e começa a me sacudir, mas eu não ouço ele direito. Está zangado e me pergunta como eu pude fazer isto. Isto o que?

-O que... – ofego e ele me sacode mais e depois de um tempo, que não sei distinguir, me arremessa contra a cama, não sei se doi. Na verdade não estou sentindo muita coisa. Tenho que ir atrás dele. Essa é a certeza, mas estou tão tonta e minhas roupas... Ignoro Elijah e começo uma busca por minhas coisas, não vejo mais Damon, mas preciso correr. Saio desnorteadamente pelo corredor até a recepção e para fora da rua a tempo de o ver entrar em um carro que não reconheço e sai dirigindo feito um maluco. O que diabos foi isso?

-Elena! – Elijah está atrás de mim. Vestido agora, antes não tinha esta camisa.

- O que foi que você... O que aconteceu?

-Você precisa entrar comigo.

-Você precisa dizer o que aconteceu! – grito. Estou tão tonta.

-Vem. – ele me agarra pelo ombro e eu quero resistir, mas está tudo rodando tanto... Damon...

TRÊS MESES DEPOIS.

-Tenho certeza de que ele não quer te ver.

-Alaric, por favor.

-Olha Elena, eu não sei o que houve naquela tarde. E pela versão do Damon você tem muito a conversar com ele, mas não agora, não aqui.

-Elena? – é Sofia. Toda vez que vejo ela meu coração se aperta. Por incrível que pareça ela não me culpa por nada, mas ela está sempre furiosa quanto a Damon. Alaric, Stefan e eu passamos os últimos meses tentando fazer ela não culpar o pai. Foi um acidente.

-Você vai na missa, certo? – ela pergunta e me abraça, de alguma maneira estamos mais ligadas do que nunca desde então. Mesmo com a Rose tentando se aproximar cada vez mais da filha e estando mais presente do que nunca agora, Sofia sente-se mais a vontade comigo. E Rose não consegue esconder o quanto isso a inquieta.

-Não sei se seria uma boa ideia, com seu pai estando lá e tudo mais. – quem responde por mim é Rose. – Não é como se Damon quisesse falar com ela, ou estar perto dela.

-Rosalie. – repreende Ric. Mas eu tenho o dom natural de ignorar a Rose.

-O médico disse que vai liberá-lo depois das três. – chega Stefan. – Olá Lena!

-Olá! Como ele está?

-Impaciente. Não sei como ele conseguirá ficar naquela cadeira?

-É necessário por hora. O médico disse que era melhor não forçar muito agora. – Alaric explica.

-Eu acho que tem muita gente aqui. – diz Rose em seu tom provocativo.

-Concordo. – responde Stefan olhando sugestivo pra ela e fazendo Alaric e sou sorrirmos.

-Eu te dou uma carona de volta pro seu apartamento Rose, passo pra ver ele mais tarde, na missa Sofia. Stefan você cuida de tudo? – Stefan afirma.

-E ela? – Rose pergunta sobre mim para Ric.

-Estou de carro, posso voltar sozinha. – respondo e ela me encara feio. – Eu vou em seguida, acho que o Alaric tem razão, eu vou falar com ele depois que já estiver instalado.

Alaric guia Rose até a saída e me despeço de Sofia e seu tio, que levarão Damon para casa.

Desde o acidente não pude vê-lo mais, meu coração fica apertado só de pensar que não posso me explicar, ou tentar. Eu ainda não faço ideia de como fui parar naquele quarto, mas certamente foi uma trama do Elijah, aquele vigarista. Damon ficou em coma durante um mês e passou quase outro se recuperando, ele perdeu os movimentos da perna, mas o médico nos garantiu que é temporário. Ele até já recuperou boa parte e ainda faz fisioterapia, em breve voltará a andar.

O grande choque pro Damon foi acordar e descobrir que Andie havia falecido no acidente. Alaric disse que não sabia descrever como ele estava e que nunca o tinha o visto assim. Ele ficou muito calado e arredio desde então. Foi um choque pra Sofia também, ela era a mãe dela. Ainda não entendo o que ela estava fazendo com Damon naquele carro, e nem é tão importante agora. Tenho coisas mais sérias e graves pra conversar com ele. E um problema: já que ele não quer me ver.

Volto pra casa e começo a me preparar para a missa da Andie. Bonnie aceitou ir comigo. A mamãe passou um tempo comigo depois do acidente. Até o papai foi visitar o Damon no hospital. Eu só quero uma chance de falar com ele.

...

A igreja está cheia, como na primeira missa. Os amigos e alguns sócios de Damon, também conhecidos de Andie. Eu não vejo Rose. Alguém deve ter apelado para o bom senso dela, provavelmente Alaric. A cerimônia não é muito longa, eu fico olhando Damon ao longe. Está sentado em um dos bancos da igreja. Espero a maioria das pessoas saírem pra me aproximar. Sofia e Stefan estão ao seu lado, Alaric e Meredith também.

-Elena! – Sofia fala ao me ver e Damon ergue o olhar pra mim, desviando rapidamente.

-Damon... – eu falo, Bonnie está ao meu lado e acena para os demais.

-Eu não sei o que você está fazendo aqui. Sinceramente não quero ter que olhar pra você agora ou nunca mais. – diz sem me deixar chance alguma de falar mais nada, depois de meses pude finalmente ouvir sua voz, mas então ela estava tão... Fria.

-Damon... – Alaric tenta. Ele vira e encara Stefan.

-Quero esta mulher fora da minha empresa. Não quero ter que voltar a vê-la naqueles corredores. Você já deveria ter feito isso. Já te pedi inúmeras vezes. Faça agora.

-Damon... – eu ainda tento.

-Vamos embora daqui. Estou cansado. – fala pra filha e pega uma muleta que eu ainda não tinha notado.

-Heitor está esperando no carro pai. – ela fala num tom doce.

-Ótimo! – diz sem me encarar e começa a andar, com a ajuda da muleta.

Não vou conseguir nada agora. Stefan já tinha falado da intenção de Damon de me tirar da Salvatore, mas eu me recusava a ceder. Não antes de falar com ele, ou vê-lo e agora isso não pode ser mais evitado. Ele olha pra mim já ao longe, furioso e estou paralisada.

-Eu nunca odiarei alguém como odeio você. Você mentiu, me traiu, de todas as maneiras possíveis e eu ainda sai perdendo, mais do que deveria.-  ele encara a foto de Andie diante de nós no altar. – Não quero voltar a te ver Elena. Nunca mais.

Ele me dá as costas e eu tremo. Sofia me olha compassiva, todos me olham assim, ele se afasta e Alaric me olha.

-Ele está bravo, sentido, culpado. Dê um tempo. – afirmo. Pode ter sido cedo demais. E eu tenho que tentar provar que tudo não passou de armação. Elijah está me evitando obviamente, tentei falar com ele várias vezes, mas ele parece ter desaparecido. Não vou desistir.

– Não vou recuar. Posso até sair da Salvatore, mas não vou desistir dele, não vou. – Ric sorri aliviado, mas eu sei que ele não espera menos de mim, nos aproximamos muito nestes meses e cada vez mais entendo por que Damon o tem como um irmão. Ele é tudo isso ou mais, muito mais.

-Se cuida, eu entro em contato. Tchau Bonnie. – Meredith está ao seu lado sorri para nós docemente. Todos saem e eu fico olhando ao redor, devastada. Eu preciso provar pra ele, ele tem que perceber. Não posso desistir de Damon.

-Vamos pra casa. – Bonnie fala sorrindo.

-Vamos.

...

-Eu te pedi pra tirar ela da empresa.

-Damon, você sabe que não seria justo, além do mais Elena queria ouvir de você. Eu concordei.

-Bem, ela ouviu.

-Pai, eu não canso de lhe dizer que ainda vai se arrepender disto.

-Duvido muito. E duvido que volte a vê-la outra vez.

Ficamos em silêncio até em casa. Eu não sei ao certo o que senti ao ver Elena me olhar paralisada e quase em lágrimas na igreja, mas eu nunca vou poder superar o que vi, o que ela fez.

...

Mais cinco meses. Agora estou fora da Salvatore e meu único contato com o Damon é através de Sofia ou Alaric. Eu voltei a clínica em busca de alguma prova, eu ainda lembrava do rosto do homem que me abordou no estacionamento, mas ele parecia temeroso, eu o ameacei, faria uma denúncia, eu fiz os exames e podia provar que fui dopada, mas segundo Alaric, não era suficiente pra Damon, eu sabia que não seria. O homem apenas me falou que tratou tudo com uma mulher, por telefone. Isso me deixou confusa. Poderia ser a secretária de Elijah? Bem, não importa muito, por que estou atada, não tem como eu chegar nesta mulher misteriosa, não faço ideia de quem seja.

...

-Minha querida, como você está?

-Olá mamãe, eu estou bem. Quer dizer...

-Eu sei. Como ele está? Seu pai tem perguntado bastante.

-Ele está totalmente recuperado. Andando bem, trabalhando como nunca. Alaric que diz que ele não encontra tempo para mais nada. Pelo que conheço de Damon é assim que ele está tentando superar.

-Você conseguiu alguma coisa?

-Não consigo falar com Elijah. Ele desapareceu desde então. E eu ainda não consegui pensar em ninguém mais que possa querer me ver longe dele.

-Bem, me fale seus novos planos, seu trabalho.

-Estou bem. Eu ainda não fui em busca de trabalho e seguro ainda vai cobrir por mais dois meses. A mãe... A verdade é que eu não quero sair da vida de Damon assim, eu...

-Querida... – as lágrimas invadem meu rosto.

-Eu sinto raiva dele às vezes. Ele deveria confiar em mim. Mãe eu jamais... Eu entendo, o que ele viu foi demais e ele não fazia ideia do que eu fazia quando ele estava nas sessões e eu tive que mentir. De alguma forma ele descobriu e com a minha mentira... Eu não fazia curso algum mãe, mas eu também acho que ele sentirá muita raiva por tudo, por que no final eu menti e quem mente uma vez...

-Vou continuar rezando por vocês.

-Obrigada. Avise ao papai que ele está bem. Stefan me disse que logo ele vai ligar pra vocês. Ainda vai manter a sociedade. Eu fiquei até surpresa, mas acho que ele sempre adorou o papai, acima de tudo.

-Nos ligue querida.

-Te amo mãe.

-Eu também. Nós te amamos.

Me jogo no sofá tentando novamente encontrar uma opção, algo que ainda não percebi.

...

-Vai manter o negócio?

-Sim, vou. É um bom investimento e Gray é um homem de iniciativa. Não vou me afastar pelo fato da filha ser uma vagabunda.

-Pai!?

-Não se mete. É melhor você subir pro seu quarto, ou ligar pro seu amigo.

-É melhor mesmo.

Ela se vai e me deixa sozinha na sala com Ric.

-Você está sendo um idiota. No trabalho, em casa, pior de que nunca. Onde isso vai parar?

-Toda vez que eu baixo a guarda e me permito ser mais compreensivo, me ferro. Assim, consigo impor respeito.

-A que preço?

-Trouxe o contrato?

-Você sabe que precisa falar com ela. A ouvir. – ele diz e me passa as pastas.

-Nem começa. Não quero ouvir mais mentiras. – falo e puxo os papeis de sua mão. – Vamos trabalhar que é melhor.

-Eu procurei o Elijah. Parece que foi tragado pela terra desde então. – estou impaciente...

-Desembucha logo Ric.

-Pense, ele finalmente consegue a Elena, fica com ela, vocês terminam e no entanto ele some.

-Ele é só um cafajeste que a usou.

-Não sei não.

-Ele conseguiu nos separar, levou ela pra cama e a chutou. É o que ele faz. Adora isso.

-Ele adora se exibir. Conhecemos a Elena Damon, sabemos que ela jamais se envolveria com ele, você sabe que não.

-Chega! Não quero nada com ela. Elena me traiu, por causa dela Andie está morta.

-Você culpa ela por isso?

-Ela me traiu, eu sai feito um louco. Perdi a única pessoa que realmente se importava comigo. Que sempre foi honesta comigo.

-Obrigado pela parte que me toca.

-Vamos voltar ao trabalho, para de defender a Elena. Está tudo acabado. Ela pode seguir a vida dela com quem quiser e bem longe da minha.

...

-E então quer dizer que o magnata da Stark quer você como secretária?

-Bem, parece que sim.

-Aceita Elena. Foi a melhor proposta em meses. Você está precisando e nossa, as Strak. É uma grande chance.

-Bom, ele me deu um prazo e vou pensar.

-Não tem o que pensar Lena. Aceita de vez.

-Damon não gosta muito do estilo das Stark.

-Ora. Sabemos que Damon costuma julgar errado as pessoas.

-Bonnie...

-Nada Elena. Vá a entrevista. Aceite.

-Vou pensar, eu prometo.

-O Matt te ligou?

-Não.

-Esse tal de Michael quer investir nele. E acho que finalmente chegaram em um acordo.

-Então ele vem mesmo?

-Sim. Jer, Ty e eu vamos nos encontrar com ele e você também, né?

-Claro.

-Eu tenho que ir, me liga quando resolver aceitar. Daí vamos comemorar.

-Tudo bem.

-Tchau Lena. – ela se inclina e me beija o rosto. Depois vai sorrindo até a porta e se vai.

Meus amigos e família são tudo o que tenho agora. Sem o Damon querendo me ver ou ouvir, mesmo depois de todas as minhas expectativas, sonhos com ele. Sabia que seria difícil estar longe dele. Mas sentir é pior que imaginar.

...

Faziam quase dez meses desde o dia que Damon encontrou Elena e Elijah naquele hotel, e ela ainda não havia conseguido o convencer , nem ao menos tentar falar sobre sua inocência.

...

-Você é a única que vejo beneficiada. Até a loira que eu barganhei se deu bem. Não seja tão reclamona.

-Damon não morreu. Eu só ganhei o fato da Andie ter empacotado. Aquela idiota sempre seria uma pedra no meu caminho com relação a Sofia. E você também quer parar de reclamar, sua Elena está solteira.

-Mas me odiando. Eu deveria ter percebido isto logo.

-Ela virá até você e se quiser pode me culpar se quiser. Declarar seu amor. Dizer que fez por desespero, não sei. De verdade não me importa que me cite, nem o que fiz. Conheço o suficiente o Damon pra saber que ele não vai querer saber mais dela. Nunca mais.

-A irmã dele ainda continua querendo uma garantia de que você não vai a expor.

-Dela não tem que exigir nada. Ela sempre estará em nossas mãos. Ela vai ter que ficar assim, ainda quero muito dela. Ela é nossa válvula de escape se no fim tudo virar. Elena nunca desconfiará dela ou da loira. Damon muito menos. Meu único problema agora é o idiota do Alaric. Ele é como um cão de guarda fiel. E continua empurrando minha filha pra sua songa monga. A amizade de Sofia com ela me preocupa muito.

-Você foi uma mãe ausente. Damon falou exatamente o que fez. Sofia tinha curiosidade de te conhecer, mas não é como se ela fosse querer montar uma família feliz.

-Nem eu, você já sabe. Mas se eu não conseguir me aproximar da pirralha não posso me aproximar do dinheiro. Damon está solteiro, não tenho direito a nada, minha fortuna está liquidada e aquela insuportável é a única fonte que ainda me resta.

-Quanto amor maternal...

-Não me enche Elijah. Trate de voltar a campo. Apareça. Coloque mais lenha na fogueira procure o Damon. A festa anual da Salvatore está vindo aí.

-Não fui convidado.

-A imprensa não sabe. Duvido que quando apareça ele possa fazer muita coisa. Ele não vai querer outro escândalo e você tem as cartas agora. Aproveite!

-Você realmente voltou pra vida dele pra acabar com Damon.

-Ele acabou com a minha primeiro, com toda aquela loucura e bagagem sinistra de seu passado. Não quero nada com ele. Só o dinheiro.

-Você é impagável.

-Hum... Você bem que gosta. Que tal vir deitar aqui de novo. Está frio a beça lá fora.

-Estava cansado mesmo de estar preso aqui no seu apartamento.

-Do sexo também?

-Você é boa em muitas coisas Rose, e sexo não fica atrás. Você não é boa em ser boa.

-E você fica melhor suado e me chamando de bandida. Sobe logo nesta cama.

...

-Caroline, está tudo pronto?

-Sim, Damon. Sofia irá lhe encontrar na recepção. Já mandei irem buscá-la no salão.

-Ótimo!

-Vamos Damon? – é Stefan. Estamos finalmente prontos pra sair.

-Claro. Vamos logo.

Chegamos na recepção. Alaric já nos esperava com Meredith, eles parecem estar bem firmes.

-O senhor Strak está procurando por você. – me aborda Katherine.

-Ele já chegou?

-A um tempo.

-Bem, você e Caroline, fiquem de olho nas coisas por aí. Bom trabalho Katherine.

-Obrigada!

Entro no salão e estou paralisado. O que diabos ele está fazendo aqui?

-Fica frio. Ele chegou a um tempo. – sussurra Ric atrás de mim.

-E você não pensou em me contar?

-Sim, mas preferi que você visse.

-Claro que preferiu. – o maldito vem até nós.

-Damon!

-Elijah.

-Você sumiu Mikaelson. – provoca Ric.

-Negócios, você sabe... – responde seco e se volta pra mim. – Como tem passado?

-Muito bem. E você?

-Maravilhosamente.

-Como vai Elena? – ele quer provocar.

-Eu ia lhe perguntar.

-Não sei dela.

-Que pena. Se me der licença, tenho convidados a recepcionar.

-Claro. Fique a vontade.

Dou meia volta. Alaric comigo.

-Tenho vontade de matar ele.

-Fica frio. Ele está aqui pra te provocar, te deixar mal, estragar sua noite.

-Ele estragou minha vida. Ele e Elena.

-Não cai na pilha dele Damon.

-Eu não vou. Vem, vamos procurar o Johny.

-Vamos.

A noite segue controlada. Elijah se limita a me soltar risinhos e eu me ponho longe dele. Sofia e Heitor estão realmente juntos. Bem, minha filha está namorando. Pelo menos estou feliz em saber que com ele ela tem superado melhor a perda. Ainda não acredito no que aconteceu. Nunca vou deixar de me culpar por tudo. Minha imprudência, raiva, fui tão...Estou pagando caro e sinto que nunca vou conseguir liquidar esta dívida. O que ainda me doi mais é a falta que ainda me permito sentir dela. Esses meses todos e não consigo parar de a imaginar pelos corredores, nas reuniões do conselho, em minha casa ou em seu apartamento, na cama. Aquele fim de semana foi maravilhoso, no seu aniversário, nosso passeio até a praia. Foram dias de felicidade plena. Vivemos intensamente cada segundo. Ah Elena... Por que você fez isso?

A noite acabou e quando eu volto pra casa e deito na cama tudo volta. Ela na cama, seu semblante assustado, Andie me pedindo para parar, o acidente. Eu sempre acordo no meio da noite suado. Não consigo esquecer. Não conseguirei nunca.

...

 -Temos muito o que comemorar. Matt está de volta e vai abrir seu restaurante, Elena vai trabalhar pro gostoso do Strak e Jer e eu vamos nos casar.

-O que? – gritamos todos juntos.

-Ué, não é tão inacreditável assim.

-Nossa Bonnie, isso é... Parabéns! – digo quase sem reação. Matt sorri pra mim e Tyler não sabe o que dizer.

-Nossa cara, vou ficar sozinho. – Ty reclama.

-Agora você pode levar alguma garota pra casa e desencalhar. – Jeremy caçoa.

-Não seja mal cara. – pede Matt. Sorrimos.

-Bom, saúde! – falo, e ergo meu copo.

-Saúde!

Eu sentia falta de estar assim com meus amigos.

...

-Damon eu acho que finalmente posso dizer qual é todo o seu problema, mas antes eu queria dizer que estou feliz que não tenha desistido das sessões.

-Eu me sentia diferente e acho que você me ajudava, embora eu não soubesse bem, algumas coisas foram voltando. Quase não lembrava do tempo que vivi antes de ser adotado, era como um abismo em minha mente e agora... Bem, alguns espaços foram preenchidos.

-Elena era uma incentivadora, eu realmente achei que com o fim do relacionamento de vocês você se afastasse, então fiquei feliz. Eu realmente queria ir até o fim com você e agora podemos prosseguir com seu tratamento.

-Bem, estou ouvindo.

-Damon, nas suas sessões você sempre cita seu pai biológico. O que lembra dele?

-Não lembro muita coisa.

-E do seu irmão?

-Irmão?

-Sim, seu irmão mais velho.

-Eu não tenho um irmão mais velho, só uma irmã. Elena, eu te falei.

-Você nunca falou dela.

-Ela nasceu depois, ela é mais nova que o Stefan.

-Hum... bem, você cita um irmão, chama de Bob.

-Não me lembro.

-Lembra de mais alguma coisa?

-Lembrei da minha mãe, ela era muito doente.

-Bom. Quero que me fale mais de seu pai agora, não o senhor Salvatore, o senhor Michael.

-Ele não gostava muito de mim, não lembro dele muito bem, quase não o via.

-O que ele fazia quando ficava de noite?

-Ele bebia demais, sempre e gritava, não lembro. Eu... Por que está perguntando dele?

-Ele é o seu problema Damon, ele era violento com você, ele... abusava de você.

-Abusar. O que quer dizer com abusar?

-Te violentava. Ao que parece quase todas as noites. O que te falaram no orfanato pra onde você foi levado?

-Que minha mãe teve que me deixar lá, por que uma vizinha denunciou que eu era mal tratado, mas...

-Quando os Salvatore te adotaram, você lembra o que aconteceu?

-Minha mãe me amava. E... Maximus.

-Uma noite você disse que seus pais tiveram que te trancar e que Stefan dormia com um apito, pra sinalizar sempre que você entrasse no quarto dele. Você machucava ele, as facas da casa sumiam, você lembra do Dexter?

-O cachorro do Stefan.

-O que houve com ele?

-Morreu.

-Você matou. Com uma pedra Damon, bem na cabeça, sua mãe viu e quando te perguntou você... Você negou descaradamente. Você batia no Stefan, uma vez tentou machucar sua mãe enquanto ela dormia, o pior sempre foi com seu pai, você...

-O que está dizendo?

-Você não conseguia confiar, não sentia remorso, nem pena. Mas não era culpa sua. Suas ações, tudo o que fazia, era instintivo, pelo abuso que sofreu.

-Eu não sei o que...

-Vamos começar devagar. Iremos conversar durante dias, as coisas vão voltar Damon, elas estão reprimidas em sua mente, mas você não recalcou, você pode lembrar, eu vou te ajudar e então você poderá começar a perder está posse, essa necessidade de controle, da agressividade e da aversão por mentira.

-Tudo o que você me contou...

-Você me disse nas sessões.

-Meu Deus.

-Vamos cuidar disso Damon. Eu e você.

Como se eu não tivesse muitos problemas. Fizemos como ele recomendou. Conversamos por várias semanas e eu aos poucos me recordei de tudo. Desde de pequeno, toda aquela raiva reprimida, a desconfiança.

...

-É muita informação.

-Eu sei.Não quero que a Sofia saiba de nada disso por hora.

-Pode deixar.

-Como eu não me lembrava dessas coisas? – estou perplexo.-  Maximus diz que quando as lembranças são dolorosas demais, nós simplesmente a reprimimos.

-O que eu realmente não entendo, é como nunca descobrimos nada sobre este seu irmão mais velho. – eu encaro Alaric. -Cara você era abusado por seu pai e por isso é agressivo?

-É complicado. Maximus diz que acontece com crianças negligenciadas na infância, desenvolvemos esses instintos, não confiamos com facilidade, somos autossuficientes e precisamos de certo acompanhamento, nos sentir amados. Ele acha que a dedicação da mamãe e depois do papai me fizeram superar algumas reservas. Meu trauma foi suavizado, depois o papai sempre estava ausente e se eu precisei de algum tratamento ele não soube, bem seria necessário mais observação comigo.

-Que loucura Damon.

-É uma droga, mas a Elena tinha razão, Maximus é muito bom nisso e tem me ajudado a entender melhor. Ele disse que é um começo e acha que vou conseguir progressos rapidamente.

-Graças a santa Elena. – Alaric sorri.

-Nem começa.

-Você não engana ninguém Damon. Sei que morre de saudades dela.

-Já faz muito tempo que não a vejo e ela parece estar muito bem.

-Bem, o Johny não tem do que reclamar... – Alaric adora me provocar. O olho fixamente.

-Pai, o jantar. – Sofia surge na porta do escritório para nos chamar.

-Já vamos, estou com fome e seus tio está começando a me irritar. – ele troca um olhar cúmplice comigo e Sofia não parece entender.

...

O trabalho com Johny não é difícil pra mim e acho que estou me saindo bem, ele tem se mostrado muito satisfeito e embora eu não aprovasse seus clientes, não é como se eu estivesse a par destes negócios e tudo era mais tolerável.

-Conseguiu me dispensar daqueles chatos?

-Acho que sim. – sorrio.

-Ótimo. Já pode ir pra casa Elena. Você confirmou meu Jantar com a Vetra?

-Claro. Tudo certo.

-Perfeito. Tenha uma boa noite.

-Obrigada senhor.

Eu adoro a sexta-feira. Caminho distraída até o meu carro. Embora eu quisesse devolver, Stefan me fez reconsiderar, é claro que eu cheguei a um acordo com ele, eu pagaria cada centavo que ele valia. Ele tentou discordar, mas era uma desculpa pra mim, eu não podia me livrar deste carro, ele me trazia lembranças das quais não queria me desligar.

-Senhorita Gilbert? – uma voz aguda me chama. Eu me volto e reconheço o rosto.

-Robert? – ele me olha sério. – O que faz aqui?

-Eu preciso conversar com você. Tem tempo pra um café?

-Claro... Tem um na esquina com a 22, pode ser?

-Sim. – eu entro no meu carro e ele me segue até o local no seu, entramos e escolhemos uma mesa. Pedimos dois capuccinos e enquanto esperamos ele conversa comigo. – Bem, eu sei que tudo isto parece estranho, mas, digamos que temos uns interesses em comum.

-Não estou entendendo.

-Elena, o fato de eu ter te salvado na saída do restaurante naquela noite e depois encontrar com você e seu namorado em Roma, não foram coincidência.

-O que está querendo dizer?

-Eu estou em uma busca. Eu vou explicar tudo pra você, mas antes eu quero dizer que eu posso te ajudar. – estou cada vez mais confusa.

-Me ajudar com o que?

-Na verdade, você vai me ajudar e poderei retribuir.

-Do que está falando?

-Eu posso te ajudar a provar que não teve culpa nenhuma sobre o que aconteceu naquele hotel, meses atrás. – o que?

-Como?

-Eu acho que sei quem está por trás de tudo, e há mais pessoas do que você imagina e Damon também. Olha, eu não quero falar sobre isso aqui. Podemos marcar um lugar depois, mas terá que confiar em mim.

-Eu não te conheço, como posso confiar em você?

-Por que eu não quero te fazer mal, quero sua ajuda.

Aquilo tudo estava me deixando confusa e assustada, mas eu não tinha muita alternativa e faria qualquer coisa pra provar pro Damon que não o traí. Robert conversou comigo mais um pouco, me explicou que o que ele queria era resolver assuntos do passado e que no fim, todos ganharíamos, me garantiu que não queria o mal de Damon, nem o meu. Eu sei que era loucura acreditar nele, mas havia algo nele, no tom da sua voz. Eu tinha uma intuição. Terminamos nosso café e cada um foi pro seu lado, ficamos de entrar em contato um com o outro.

-Que cara é essa? – Bonnie me pergunta assim que cruzo a porta.

-Você nem vai acreditar? – ela me encara curiosa. – Lembra do cara  de Roma?O mesmo que me salvou aquela vez?

-O perseguidor? – ela brinca lembrando de como Damon o chama.

-Ele mesmo. - falo sentando ao seu lado no sofá.

-E?

-Ele apareceu hoje na saída do meu trabalho.

-Ele é perseguidor mesmo, hein? – a olho feio e ela ergue as mãos.

-Ele disse que podia me ajudar com o Damon, mas eu teria que o ajudar antes. Que está numa busca e que Roma e a noite no restaurante não foram coincidência.

-Que estranho.

-Muito.

-O que você disse?

-Eu aceitei. O que eu tenho a perder?

-Você mal o conhece Elena. É isso que você tem a perder.

-Eu sei. Mas... Eu não sei, é algo com ele. Acho que posso confiar. Ele parecia tão obstinado.

-Meu conselho é: cai fora.

-Bem, então eu fico. Preciso tentar me entender com Damon. Sinto saudades dele.

-Novidades, por favor!...

-Vou tomar um banho.

-Ok, vou te esperar. Vamos sair e tomar umas bebidas.

-Certo.

...

Elena recebeu a mesma reprovação quando falou sobre Robert com a mãe. Eles ficaram de se encontrar e fizeram isto algumas vezes, foi apenas na terceira que ele falou algo mais convincente.

-Reconhece? – Robert entregou a Elena algumas fotografias.

-Sim, é a irmã de Damon. Elena.

-Bem, eu a conheço por Natasha.

-Natasha?

-Sim, dividimos o mesmo lar adotivo, depois que minha mãe morreu e meu pai sumiu, eu fui morar com ela, que também era órfã.

-Deve estar havendo algum mal entendido. Damon procurou a família biológica dele com Alaric e bem, não encontrou mais ninguém apenas...

-Apenas um irmão, que ele não sabia se era homem ou mulher, nem o paradeiro. – Elena estava totalmente perdida.

-Agora segure estas. – Elena quase caiu da cadeira. – Eu tirei estas fotos, sem que ela percebesse é claro. Eu estou a quase três anos no encalço dela, até que ela resolveu voltar para Nova Iorque e tentar torrar mais o dinheiro de Damon. Eu a vi várias vezes conversando com esse cara e com uma outra mulher, eu não sabia quem era até ver um recorte antigo de uma revista. – ele diz passando mais algumas fotos pra Elena. - Rosalie, acho que você conhece.

Elena estava perplexa, haviam fotos de Elena, ou melhor Natasha, com Elijah e Rose, além de outras feitas a distância, que mostravam ela fotografando o carro de Elena na frente do hotel.

-Ela tirou estas fotos num dia e no outro Damon estava te surpreendendo neste mesmo lugar, com o tal de Elijah. Olha Elena, eu só posso dizer uma coisa sobre a Natasha, ela é uma bandida, fria e calculista, ela namorou comigo por um tempo e depois ela simplesmente me abandonou e foi trabalhar para Damon, como babá e depois de um tempo eu a perdi de rastro, ela viajou pra fora, fez faculdade, aparentemente tudo por conta de Damon, e eu não sabia o porquê. Ela se casou, deu um golpe no cara, então roubou todo o dinheiro e se mandou. O cara entrou em desespero, se matou, deixou a filha sozinha, ele era viúvo. Enfim, a garota foi parar num lar adotivo. Ela sempre foi assim Elena, fria, ambiciosa, não tem limites. Sei do que estou falando.

-Você está me dizendo que a irmã do Damon armou pra mim? Em cumplicidade com Elijah e Rose?

-Eu não posso provar isso. Apenas tenho estas fotos que não dizem nada, mesmo que você mostre isso pro Damon ele não acreditará. Agora eu conheço Natasha, sei do que ela é capaz. Não faço ideia de como ela conseguiu provar pro Damon que era irmã dele, mas sei que ela não é. Ela é filha de pais que morreram num acidente de carro, eram ricos, mas aparentemente não tinham parentes vivos que pudessem ficar com ela, quando ela ficou maior a fortuna tinha sido liquidada pelas dividas, eu não sei muito bem.

-Meu Deus.

-Essa mulher desgraçou minha vida Elena. E ainda tem mais.

-Mais?

- Só que este mais eu só posso contar pro Damon. E em outra oportunidade. O fato é que é um começo. Se você chegar perto do Damon o bastante então poderá me ajudar, se ele confiar em você novamente, então eu terei minha chance.

-O que você tem em mente?

Elena estava mais que perplexa. A suposta irmã do Damon? Por que ela iria fazer isto? Que interesses ela teria? E Rose?

Claro, como não seria Rose. Elena se recriminava por não ter pensado nisso.

-Acho que a ex de Damon me quer fora da jogada, quer refazer a família.

-Pode ser. Eu sei que o cara dá em cima de você. Eu andei levantando a ficha dele, ele está limpo, nunca fez nada demais. A tal de Rose tem umas passagens na polícia quando jovem, por tráfico e porte de drogas. Mas eu ainda acho que tem muita coisa por aí. Eu só não consegui descobrir o que.

Elena havia encontrado uma saída. Enfim...

-Eu preciso mostrar isto pro Damon.

-Ainda é cedo Elena. Precisamos de mais coisas e eu não posso mostrar nada de mais consistente pra Damon agora.

-Como você conseguiu essas coisas? A ficha da Rose e todo o resto?

-É meu trabalho, sou investigador. Trabalho pro governo, mas este caso é extra curricular, eu disse, é pessoal. Por isso você tem que ir com calma. Me dê mais um tempo. Eu vou descobrir qual a ligação entre os três e então você pode falar com ele.

-Eu não entendo o que você ganha com tudo isso.

-Além de poder me vingar da Natasha, eu acho que poderei ganhar muito mais, um lar. Uma família. – Elena o olhou confusa. Lar? Família? Ela procurou não pressionar ele mais, não queria perder esta luz que acabara de surgir para ela.

...

-E mais uma vez o Bob surge na sua sessão.

-Eu não lembro dele.

-Pois bem, vamos ter que trabalhar com isso. Você está disposto a iniciar a terceira fase?

-O quanto antes melhor. Você está fazendo muito mistério quanto a esta fase.

-É por que eu a chamo de tratamento de choque. Quero colocar você de frente pra estes traumas Damon, você precisa entender que ninguém mais pode te atingir. Você cresceu, é um homem, muito bem sucedido e forte como não existem mais.

-O que quer dizer com me por de frente pros meus traumas?

-Não seremos apenas eu e você nas sessões. Seu advogado e irmão estarão aqui. Vamos tentar umas coisas, você pode confiar em mim. Fará isso?

-Tudo o que for preciso. Ainda tenho pesadelos a noite, e as coisas estão voltando devagar, já lembrei mais de como é meu pai. Quero ir até o fim.

-E nós iremos Damon. Iremos.

...

-Isso é suficiente.

-Elena, falta uma peça do quebra cabeça. Ainda não sabemos como eles tiveram tanto acesso a rotina de vocês. Tem alguém de dentro e eu não sei como identificar.

-A novata. Katherine.

-Eu já disse a ficha é limpa e eu nunca a vi com eles. É outra pessoa.

-Não importa. É o suficiente. Eu vou mandar uma mensagem pra ele.

-Tem certeza?

-Claro que sim. Tudo o que você conseguiu já daria pra provar muito mais que aquele dia, eles estão metidos em muitas coisas e ainda teve o incidente com os remédios dele.

-Você que sabe. Eu apenas tenho interesse em você ser novamente a namorada dele.

-Isso eu nunca vou entender.

-Bem, mande a mensagem.

-O Damon deveria creditar apenas que eu não tive nada a ver, eu não devia ter que provar nada. Ele vivia dizendo conhecer o Elijah e sabia que ele queria nos afastar. Eu realmente vou tentar isto, mas se mesmo assim ele não acreditar, eu desisto de tudo. Desde que começamos a ficar juntos estivemos separados e brigando mais tempo que ficamos bem. Talvez só não funcionemos juntos.

-Tente isto.

-Tentarei.

...

-Você está se saindo melhor do que eu previa.

-Obrigado.

-Você tem um olho bom Damon, Heitor é ótimo. – Stefan concorda sorrindo enquanto analisamos o novo aplicativo que o rapaz desenvolveu. Meu celular vibra.

“SEI QUE VOCÊ NÃO QUER ME VER, NEM FALAR COMIGO. JÁ FAZ UM TEMPO DAMON. MAS PRECISO FALAR COM VOCÊ, VOCÊ ME DEVE ISSO, EU NÃO PUDE SEQUER TENTAR, VOCÊ TAMBÉM DEVE TER MUITO A ME DIZER, EU SÓ ESTOU PEDINDO UMA CONVERSA, POR TUDO QUE PASSAMOS JUNTOS, PODE NÃO TER SIDO MUITO PRA VOCÊ, MAS FOI PRA MIM. ESTAREI NO CAFÉ NA ESQUINA 14 DEPOIS DO SEU EXPEDIENTE. ELENA.”

Stefan me olha confuso.

-Tudo bem?

-Está.

-Você ficou pálido do nada.

-É apenas um contrato o dono quer marcar uma reunião. Depois do expediente.

-Não precisa ir se não quiser, eu vejo isso.

-Não eu vou. Quero me livrar logo desse mala ele já me aborreceu o bastante.

-Você que sabe.

-Pegue a Sofia no colégio pra mim.

-Claro.

Tudo bem, eu vou fazer isso. Não por que quero perdoar ela, jamais farei, mas acho que necessito estar perto dela e por um fim como se deve. Assim seguirei em frente. E ela também.

...

No fim do dia Elena estava no lugar marcado, ansiosa, adiantada como sempre fizera em relação a Damon. Ele foi pontual como sempre. Aproximou-se da mesa, sentou-se e manteve seu olhar no da mulher a sua frente, determinado, impenetrável.

-Você veio. – Elena disse sem poder esconder a euforia na voz.

-Você chamou e acho que devemos ter esta conversa, dar um ponto final a tudo o que tivemos.

-Bem, pode ser Damon. Mas antes de por um ponto final, você tem que me deixar falar, explicar.

-Eu vou ouvir.

-Eu sei que eu agi mal, mentindo pra você sobre o curso, mas foi por uma boa causa. – Damon sorri amargamente. – Me deixa ir até o fim. – Elena pede e ele acena pra que continue. – Eu não fazia curso algum, mas eu também não estava com Elijah, eu... Eu estava assistindo você, autorizada pelo Maximus. Em todos os dias de sessões eu te deixava lá, dava a volta no quarteirão estacionava nos fundos da clínica e ia assistir cada sessão. Eu via tudo. Eu apenas queria ficar com você, mas Maximus me garantiu que seria bom que eu visse. Chegamos num acordo e como você não queria que visse nada eu tive que inventar uma desculpa.

-E mentiu.

-Sim.

-Você mente Elena, disso eu já sei, eu vi. O que mais quer me dizer? – Elena estava ficando chateada com as palavras e posição dele, mas ignorou a tudo e respirou fundo, também determinada em lhe provar que não fora nada do que ele viu.

-Como você descobriu sobre o curso? – Damon pisca.

-Isso importa?

-Muito. Foi Elena?

-Foi. O que tem isso? – Elena não disse nada, apenas apanhou de sua bolsa as fotos que Robert lhe dera e entregou a Damon. – O que é isso? – ela o incentivou a pegar.

Damon começou analisar cada fotografia, olhando pra Elena toda vez que via uma.

-A pessoa que me entregou as fotos falou que sua irmã não é quem diz ser. Ao que parece ela o enganou e não só a ele. Faz isso com você e fez isso comigo, se aliando com sua ex e Elijah pra nos separar.

Damon olhou cada foto e ao final encarou Elena.

-O que você quer?

-Quero que acredite em mim. Eu não traí você. Eu nunca faria, eu te amo e...

-Não comece com isso Elena, eu vi você na cama com ele.

-Você sabe que tudo o que ele mais quis foi nos separar, ele já tentou tantas vezes, de forma tão desonesta. Damon você mesmo disse que o conhecia. Antes mesmo de estarmos juntos você se importava comigo, tentava me alertar sobre o canalha que ele era e você sabia. Você sabe do que ele é capaz, ele armou tudo e sua irmã ajudou. Eu não sei qual é a ligação da Rose nisso tudo, mas eles estão juntos, contra nós.

-Você está ficando maluca? Você tenta justificar o que eu vi, tenta se inocentar acusando minha irmã? Rose? O que diabos ela tem haver com isso.

-Eu não sei!

-Me poupe Elena.

-Damon eu enviei pra você, meus exames, sabe que fui dopada. Eu cheguei naquela clínica, te deixei lá e então fiz o que eu sempre fazia, e fui atacada no estacionamento e depois acordei com você e Elijah quebrando aquele quarto de hotel, totalmente perdida e quase nua.

-Você estava na cama com ele!

-Foi uma farsa.

-Basta Elena. Eu perdi demais. Perdi meu chão vendo você ali, perdi minha sanidade, perdi  a razão e perdi a mãe da minha filha. Por sua culpa.

-Eu não estava dirigindo o carro.

-Sim, eu estava. E por Deus como me sentirei culpado, pelo resto da vida, mas tudo volta a você, sua mentira, sua mania de me dominar, de se meter em meus assuntos de querer controlar até meu tratamento.

-Por que eu amo você.

-Seu amor é cercado de críticas, controle e mentiras. Mesmo que eu acredite em você, mesmo que isso tudo tenha sido armado, você deu a eles a chance pra tudo isso, mentindo pra mim.

-Você quer continuar me culpando. Você sabe que eu não faria isso. Você sabe que fui levada pra lá, caí numa armadilha e agora também sabe quem armou e mesmo assim você não quer me perdoar.

-Não damos certo Elena. Nada disso nunca deu. Eu não sirvo pra você e você não consegue ficar comigo. Eu perdi demais, não quero ser culpado por mais nada.

-Está com medo?

-Não. Estou decidido. Nada disso importa, eu sei o que vi, o que aconteceu depois foi horrível e eu vou me culpar pro resto da vida. Olhar pra você só vai me lembrar como fui idiota.

-Então você prefere me deixar. Acabar com tudo.

-Eu já acabei, não estamos juntos a uns meses e olhe só pra você. Trabalha pra um grande empresário, está exatamente como me lembro e...

-Para! Então todo este tempo que eu me vi desesperada pra te provar que não te traí, em todo esse tempo você apenas decidiu que não me queria mais?

-Em todo esse tempo eu percebi que nunca te amei.

-Você nunca me amou?

-Não.

-Você é tão covarde. Quer saber Damon, eu sei que você está acreditando em tudo, mas você é covarde demais pra admitir que agiu por impulso, que errou, que se deixou levar pela raiva e não acreditou em mim. Eu amo você mais do que tudo, confio em você e apenas queria o mesmo, mas você não pode dar isso, por que você não confia em ninguém. Não consegue, está bloqueado e assim não pode amar nem ser amado, por que nunca vai se entregar, nunca vai se mostrar por inteiro, nunca será inteiro. Eu sabia... Sabia...

-O que?

-Sabia que no fim de tudo eu que iria sair arrebentada. Você sempre esteve muito bem consigo mesmo, sozinho e autossuficiente. Faça bom proveito disso então, por que quem cansou fui eu.

Elena levantou da mesa, olhos marejados, coração cansado e ferido, o mundo a sufocando e a redimindo a alguém mal compreendido e enganado. Ela foi enganada por um amor que nunca foi correspondido. Damon nunca confiou nela totalmente, nunca foi sincero com ela.

-Elena! – ela parou diante do homem a sua espera. – O que houve?

-Acabou. - ela disse virando-se entregue as lágrimas.

-O que?

-Boa sorte com seu plano, me desculpe não poder ajudar você. Mas Damon não confia em ninguém, não é capaz de amar ninguém de verdade. Nunca foi.  – dito isso saiu indo até seu carro.

-Elena espera, não saia assim. – Robert tentou, em vão. – Elena!

Já era tarde, o carro virou a esquina.

-Droga! – ele esbravejou colocando as mãos na cabeça e tratando de sair dali, não podia ser visto por Damon.

...

-E o que você fez?

-O que você queria que eu fizesse Alaric?

-Ido atrás dela seu idiota.

-Não temos mais nada.

-Damon olha estas fotos.

-Eu vi. Mas não muda o fato de eu ter a visto na cama dele.

-Não muda?

-Não!

-Elena tem razão, você é mesmo um coverde. Tão covarde ao ponto de não ter ido atrás dela, depois ter vindo até a minha casa ao invés de ir logo atrás de sua amada irmã e a confrontado.

-Pra que?

-Como para que Damon? Você nunca confiou muito na conversa dela pra começar.

-Não importa Alaric. Elena e eu não funcionamos juntos. Ela mentiu pra mim e eu não sei quantas vezes, não posso estar com ninguém assim, e estas fotos não provam nada e nem sei como ela as conseguiu. Ela citou um homem, com certeza outro cara que ronda ela, tem tantos.

-Você não tem remédio. Está perdendo o amor da sua vida.

-Eu vou sobreviver Alaric.

-Assim espero.

...

-Eu sinto muito minha querida.

-Não sinta mãe. Eu irei visitar a senhora semana que vem e contarei melhor o que houve.

-Seu pai está ansioso com sua volta. Venha mesmo.

-E mamãe, por favor, não fale nada pra ele sobre isto. Ele gosta muito do Damon e Damon dele, não quero que o fracasso em nossa relação estrague tudo.

-Fique tranquila. Eu te amo.

-Também te amo mãe.

Eu fiquei em minha cama, abraçada com meu travesseiro e quebrada por dentro. Não adiantava, Damon nunca confiaria em mim novamente, isso significa que nunca confiou, nunca foi capaz disso. Estou ferida, quebrada, mas acima de tudo determinada a seguir em frente. E eu vou, sem ele e por mim.

...

Dois anos depois...

...

Continua...


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Notas finais do capítulo

Curiosas????
Vocês irão entender melhor o que o Damon tinha no início da segunda temporada. Muita coisa vai mudar nestes dois anos. É quase uma nova história, mas eles vão estar mais juntos do que nunca, podem crer.
Beijos!!!!