Borboletas no Estômago escrita por chiaki


Capítulo 1
Prólogo




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“Here we go”-pensei enquanto caminhava até o cemitério. Essa foi à última coisa que eles disseram antes de sumir. Eles estavam tão felizes, eu realmente achei que eles iriam voltar depois de algumas horas. Mas eles não voltaram...

Olhar a sepultura dos meus pais não era pra ser tão difícil, pelo menos era isso o que eu pensava. Afinal eu nem lembro deles direito, eles me abandonaram quando eu tinha três anos de idade foram para Tóquio com o meu irmão mais novo, ele tinha um ano, quase dois, mas eles disseram para mim que só iriam até o mercado e que já voltavam, eu nem estranhei o fato da minha mãe estar chorando quando saiu de casa. Depois de dois dias esperando por eles, chorando sem conseguir sair de casa, comendo salgadinhos que eles deixaram na pia, uma vizinha minha estranhou o fato de não ver ninguém na minha casa foi lá e bateu na porta, contei a ela o que tinha acontecido ela pegou a chave que ficava embaixo do tapete, e abriu a porta. Depois de me levar pra casa dela ela me contou que junto com a chave ela achou um bilhete da minha mãe, falando que eles estavam indo para Tóquio, e a única coisa direcionada para mim era um pedido no fim do bilhete: “Filha por favor não nos odeie”

Quer saber? Eu não os odiei, eu só pensava no porque deles não terem me levado, porque só levaram meu irmão... Talvez gostassem mais dele, é era nisso em que eu acreditava...

Depois de passar alguns dias na casa da vizinha, ela me disse que não poderia cuidar de mim, as condições delas não eram tão boas e ela tinha três filhos pra criar. Como eu não tinha nenhum parente por perto a única solução que acharam foi me colocarem em um orfanato.

 Foi aí que o inferno começou...

No orfanato eu era a única que não tinha os olhinhos puxados como as outras crianças, afinal eu puxei meu pai que era brasileiro descendente de italianos, os meus cabelos e olhos castanhos eu puxei dele, mas meu cabelo é super liso, como era o da minha mãe embora eu não consiga lembrar do rosto dela, eu lembro de ficar horas alisando o cabelo dela antes de dormir, por causa disso muitos dias eu não dormi...

Eu não sei se vocês sabem, mas às vezes crianças podem ser muito cruéis, e no orfanato algumas podem ser piores ainda, não sei se pelo sentimento de ninguém querer elas, como eu também tinha, mas elas me tratavam muito mal. Para ajudar o orfanato era só de meninas, algumas eram horrível, outras me batiam só pra não apanhar das outras. O pior é que eu sabia que não sairia tão cedo de lá afinal eu estava com quase quatro anos, e as famílias preferem sempre as meninas mais novinhas e de preferência japonesas eu era, mas não parecia, e era só a aparência que valia nessas horas... Era o que eu pensava... E também não vale muito a pena lembrar desse tempo doloroso

Eu tinha feito meus planos, para que quando eu saísse de lá eu pudesse ir para Tóquio achar os meus pais e disser umas poucas e boas pra eles, eu ainda não os odiava, só estava brava, achava que depois de brigar com eles pediriam desculpas e nós seriamos uma família novamente... Era bom sonhar assim.

Mas as coisas não foram bem do jeito que eu imaginei...

Depois de um ano no orfanato, faltando um mês para o meu aniversário, eu recebi notícias sobre os meus pais, a mesma vizinha que me ajudou quando eles sumiram, recebeu uma carta, de conhecidos dos meus pais em Tóquio avisando que os dois haviam sofrido um acidente e que seus corpos não tinham sido encontrados, meu irmão havia ficado na casa desses conhecidos, por isso ele estava bem, parece que ele iria pra um orfanato também. Eu implorei a diretora pra que eu fosse mandada para esse mesmo orfanato, mas o orfanato em que o mandaram era somente para meninos. Ela disse que não haveria jeito.

Então mudei meus planos, quando eu saísse do orfanato eu iria até Tóquio para ver meu irmão e assim nós dois seriamos uma família.

Mas parece que nenhum dos meus sonhos seria realizado, duas semanas depois disso ele foi adotado. Eu não sabia se ficava triste por não poder mais encontrá-lo, ou feliz porque agora ele teria uma nova vida.

A verdade é que eu sempre tive muita inveja dele, primeiro por meus pais terem levado só ele, e agora por em menos de duas semanas ele ter sido adotado enquanto eu estou aqui nesse lugar horrível a um ano, mas lembra quando eu falei sobre os olhos puxados?? Ele tem os olhos da minha mãe. Talvez por isso fosse mais fácil pra ele.

Eu sei que até aqui a minha vida pareceu bem ruim, mas quem disse que a esperança é a última que morre, estava certíssimo.

Em um dia em que as famílias vêm ao orfanato pra conhecer as crianças, eu como sempre fiquei sentada no balanço olhando enquanto as outras crianças brincavam com seus futuros novos pais,até que uma senhora muito bem vestida sentou no balanço ao lado e começou a conversar, comigo. Esse foi o início da minha nova vida.


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Notas finais do capítulo

a história vai ficando mais feliz com o passar do tempo^^



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