Sabe o quanto é chato viajar com um irmão tagarela? Pois sei muito bem sobre isso. Eu e meu irmão estamos viajando para uma cidadezinha do interior, não sei como ele descobriu essa cidade, mas tem cara de ser chato ficar morando naquilo. Queria ficar em casa mas não tem que ir com seu irmão para ficarmos mais proximos.
– Ah! A paisagem daqui não é bonita? - ele falou em um tom tranquilo - Vamos nos divertir muito aqui, não? - Disse olhando para mim com um sorriso.
– Sim, vamos. Eba. - Falei com sarcasmo.
Ao chegarmos no portão da cidade fomos direto ao hotel. Nossa, como é sem vida esse lugar. Vejo nenhum interesse, as pessoas parecem fantasmas de tão pálidas e olhando para nós, de cara feia.
Finalmente o hotel! Já estava demorando para chegar. Quero ir logo para o quarto, tomar um banho gostoso e dormir numa cama confortável. Yang fazia a entrada na recepção e eu olhando em volta, explorando o hotel. Os quadros davam um certo medo, eram criaturas sombrias e embaixo de cada pintura havia seu nome, mas não se mostrava o nome do autor e nem o ano de quando foi pintado, esquisito.
– Vamos subir, Kyo! - Ele fez um movimento para segui-lo.
Kyo é um apelido carinhoso que me deram, mas eu não gosto, prefiro mesmo é ser chamada pelo meu próprio nome, Kyouka. Subimos para nosso quarto, cada andar que subiamos o cheiro de mofo aumentava.
Entrei direto no quarto e me taquei na cama.
– Como isso é desconfortável... - Me levantei e fui até o banheiro ver a água do chuveiro, para minha surpresa a água era gelada, ótimo, ótimo, ÓTIMO! Yang arrumava as malas, aproveitei e sai do quarto. Fui até o final do corredor, a maioria dos quartos com portas abertas, menos a ultima porta. Me aproximei da última porta e ouvi um choro de uma mulher, vinha da porta, encostei o ouvido na porta e continuei o ouvindo, depois não aguentei. Tinha que ver o por quê.
Olhei pela a fechadura, a mulher sentada chorava com as mãos no rosto, ela era a única naquele quarto. De repente ela tiro as mãos e se viro em minha direção de olhos fechados, como se soubesse que eu estava observando-a. Abriu os olhos devagar e numa surpresa... Ela não tinha olhos, só buracos fundos e negros como se alguém os arrancara á força, cai sentada no chão com medo e logo me levantei e sai correndo para o meu quarto.
Entrei correndo, fechando a porta e trancando.
– O que houve? - Yang estava deitado na cama lendo um livro e sentiu-se preocupado com minha ação.
– A-ah nada!É que já ta na hora de dormir né? - Peguei minha roupa de dormir na mala e fui para o banheiro me trocar, meu pijama era uma camiseta e uma calça azul de malha. Sai do banheiro e fui direto para debaixo das cobertas como se fosse minha proteção. Era 19:30, tentei dormir mesmo sem sono, querendo esquecer o que eu tinha visto.