A Mortal, Filha De Dois Deuses. escrita por Amortecência


Capítulo 13
Pânico.


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que ficou curtinho, mas eu queria terminar bem aí kkkk. Sorry. Boa leitura.



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Logo depois que Apolo saiu nossos lanches chegaram. Comemos e pagamos com o que o deus deixou. Não fomos embora imediatamente, resolvemos discutir sobre nossas “dádivas”.

– Eu acho que nós devíamos guardar a vela e só usar quando for estritamente necessário – sugeriu Heitor.

– Concordo – disseram eu e Mayana ao mesmo tempo.

– Então vamos guardá-la – ele respondeu. No mesmo momento uma bolsinha mínima fechada com cordões apareceu pendurada em seu pulso, quase como uma pulseira. A vela era comprida demais para caber, mas, à medida que ele a colocava lá dentro, ela sumia. – Essa bolsa foi um presente de um lar  lá do acampamento. Aparece sempre que eu preciso, e cabe de tudo. Apenas eu posso tirar coisas de lá.

– Útil – falei, indiferente. Mas a verdade é que eu achei aquilo incrível. Bem mais que apenas útil, sem dúvida.

– Tudo bem, vamos logo embora daqui. Estou sentindo que algo ainda vai acontecer. Algo grande – confessou Mayana, nervosa.

No mesmo momento Heitor e eu nos levantamos, sem duvidar dos poderes da filha de Hécate. Ela nos seguiu pela porta e o sininho soou novamente quando saímos. No mesmo momento um vento frio açoitou nosso rosto. Mau presságio, pensei.

– Precisamos achar um lugar para ficar a noite – disse eu, notando que o céu já se tingia de um laranja meio rosa. O crepúsculo começava.

– Vamos usar a vela? – disse Mayana, meio animada demais.

Eu conhecia esse lado dela: ela tinha muita ansiedade. Como na vez que prometeu para de comer chocolate por um mês; depois de uma semana achei ela no banheiro da escola, embaixo das pias, com a boca suja e uma caixa de bombons na mão. Ela nunca conseguia manter uma promessa a si mesma por muito tempo; principalmente quando era para experimentar algo novo ou que ela gostasse muito.

– Não – eu e Heitor respondemos rapidamente.

– Temos que economizar – acrescentou eles. Ela fez um biquinho de decepção, mas concordou.

Ficamos alguns segundos ponderando o que fazer.

– Tudo bem. Eu já sei. Essa rua não é muito movimentada, precisamos ir para uma avenida, encontrar um táxi e pedir para alguém nos indicar um lugar seguro e barato – sugeri.

Os dois concordaram. Então, pedimos informação para um homem e ele nos disse aonde era o ponto de táxi mais próximo. Cruzamos alguns quarteirões e, quando finalmente chegamos ao destino, me arrependi profundamente.

A rua era enorme, com duas vias de cada lado, uma para direita e outra para esquerda, e era cheia de lojas dos dois lados. Agora imagine uma grande avenida cheia de gente e carros, com um transito horrível; chamar aquilo de tumulto era pouco. Primeiramente, achei que tudo só estava movimentado, já que era fim de ano, as pessoas deviam estar fazendo suas compras de natal. Foi só então que percebi que os carros não andavam e que, mais à frente, havia uma rodinha de gente em volta de algo.

Mau presságio de novo, pensei.

Comecei a correr.

– Vamos ver o que está acontecendo lá – gritei, com os outros dois semideuses em meu encalço.

Corremos, corremos e corremos. O lugar parecia não ter fim. Eu já podia ouvir gritos agudos e incitações às brigas.

Quando finalmente cheguei lá tentei passar pela multidão a cotoveladas. Mas acho que meus cotovelos não são muito fortes porque não consegui. Olhei desesperada de um lado para o outro, procurando por algo que eu não sabia o que era. Apenas precisava parar aquilo. Era tudo culpa de Éris, a Guerra de Troia estava se repetindo, uma luta gigante contra dois povos; a diferença é que agora era o mundo todo que entrava em guerra.

Olhei para o carro mais próximo. Tinha gente dentro. Antes de pensar duas vezes e perder a coragem, corri e pulei em cima do capô, escalei o para-brisas e subi no teto do carro vermelho-ferrugem velho – agora todo amassado.

– Ei, desse daí garota! – gritou o velinho que estava lá dentro, indignado.

Mas, além daquele homem, ninguém mais prestou atenção em mim. Ainda estava completamente invisível.

Ao menos agora eu podia ver através do tumulto. A roda de gente era bem grande e cercava dois carros – aparentemente eles haviam batido, mas era algo que quase não fez estrago de tão pequeno – e duas mulheres se enfrentando.

Uma delas não podia ter mais de vinte anos. Era loira, de olhos claros e bronzeada, como alguém da Califórnia. Usava uma saia jeans bem curta, um top rosa que mostrava toda sua barriga e um salto que a deixava pelo menos 15 centímetros mais alta. Se eu ousasse pisar naquilo, quebraria o tornozelo; por isso continuo com meu All Star mesmo.

Já a outra tinha um coque alto na cabeça com seu cabelo escuro, devia ter trinta anos. Usava uma camisa social e uma saia lápis cinzenta. Tinha um salto alto, mas era formal. Os olhos castanhos eram inteligentes. Ela era o completo oposto da outra garota: não estava gritando demais nem fazendo alarde; mantinha-se impassível e fria. Podia muito bem ser filha de Atena, mas eu duvidava disso.

— Olha o estrago que você fez no meu carro! — gritou a loira, descontrolada. — Você sua baranga. Acha que tem algum direito de fazer isso? Olha só para você, nem se veste direito, é horrível! Quem você pensa que é?

— Uma pessoa bem mais inteligente do que você — respondeu ela em tom frio e alto o bastante apenas para que eu pudesse ouvir. — Porque, primeiro, foi você quem relou no meu carro; segundo, não há estrago nenhum, talvez tenha apenas ralado um pouco a pintura; e terceiro, eu amo o jeito que me visto, e não fico parecendo uma... Enfim, eu não preciso ser linda, pois, ao menos, tenho cérebro.

Ai. Doeu.

A outra ficou por um minuto em silêncio, sem fala, e depois investiu contra a morena. Não perdi a chance.

— Ei! Parem vocês vão se matar! — Minha voz ribombou pela rua com uma força e convicção que não era minha, e todos pararam e olharam para mim. De repente me senti exposta demais.

— Ei, você está atrapalhando minha namorada — gritou uma voz grossa. Um homem bem na frente do grupo de pessoas se destacou. Todo tatuado, cheio de músculos, barba por fazer, mal-encarado. Assustador. — Era a vez dela, ela estava partindo para o ataque. Queria ver minha gatinha lutando, pô!

— Hã, me desculpe, mas se eu não interrompesse, sua “gatinha” poderia morrer.

— Você acha mesmo isso?! — a voz dele ribombou como a minha, deixando todos em silêncio; mas dessa vez não era por respeito, e sim por medo.

Então aconteceu, tudo muito rápido: o cara mexeu na cintura da calça e tirou de lá um revólver; com a mesma rapidez, Heitor escalou o carro e se postou na minha frente, era uma cabeça mais alto que eu.

O ar se tornou sólido e frio, não entrava em meus pulmões. Comecei a ouvir cliques em meus ouvidos e pontinhos pretos apareciam em minha visão. Eu conhecia aquilo. Pânico. Aconteceu o mesmo quando Mayana estava se afogando, e acontecia agora que Heitor se arriscava por mim. Tudo se tornou estranhamente silencioso, o mundo todo; não havia nem mesmo o piar dos pássaros. Um clique ecoou. Um estrondo ensurdecedor queimou meus ouvidos. O ar ondulou a minha volta.

Apaguei.


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Notas finais do capítulo

Desculpem pela demora, é que tá tudo muito corrido. Mas eu não vou abandonar a fic. Vou tentar postar o mais rápido possível, para não matá-los de curiosidade. Leitores fantasmas, por favor, apareçam.
obrigado por lerem e mandem reviews. Bjs p tus ♥.



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