Último Desejo escrita por Emily Ingred


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ^^



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Quando eu estava no segundo ano do ensino médio minha vida era calma eu não me importava com nada apenas com os estudos, não tinha amigos, namorado e nunca havia gostado de ninguém, toda a minha vida era focada apenas no futuro e assim sempre foi. Meu sonho de me tornar uma grande escritora foi crescendo com o tempo e meu mundo se tornou isso. Minhas histórias sempre voltadas para mistérios e suspenses não havia romance, pois não sabia como definir aquilo que chamavam de amor.

Estávamos perto da semana de provas, não era uma razão para me preocupar, sempre estive um pouco mais adiantada que a escola para que imprevistos não aconteçam, mas toda aquela energia e preocupação das pessoas a minha volta me fazia querer me sentir assim… Eu me sentava ao fundo da sala no canto da janela, gostava de ficar olhando o céu durante as aulas, imaginando o que haveria além das estrelas, além do universo e se haveria alguma coisa. Naquele dia a primeira aula era de matemática uma matéria que nunca fui familiarizada, mas nunca fui ruim, naquele dia um aluno novo chegou a nossa sala, um aluno aparentemente normal e que sentou na primeira carteira da mesma fila que a minha, aparentemente nada na minha vida mudaria, mas a partir daquele dia nada nunca mais foi como deveria ser.

Após a aula eu sempre ia a um café que havia perto da escola para ler ou apenas para passar o tempo, já havia se tornado um hábito, eu não ia para casa porque não tinha ninguém lá, minha mãe e meu pai já tinham falecido e eu morava com minha irmã que sempre trabalhou de mais para nos sustentar. Quando cheguei lá o novo aluno estava sentado em uma mesa no canto do café, não dei atenção e sentei em uma mesa perto da janela. 

 _ Olá - Não havia percebido que ele tinha saído de sua mesa para falar comigo, mas nem seu nome eu sabia, obviamente não esperava ter um dia que usa-lo então não tive o trabalho de guardar.

 _ Oi.

 _ Posso me sentar?

 _ Pode, mas não me culpe se arrepender.

Naquela hora ele olhou para mim com aquele rosto aparentemente normal, cabelos curtos, escuros e lisos, olhos pequenos e pretos, alto e aparentemente “fraco”. Mas quando ele sorriu pra mim foi como se tudo ao meu redor sumisse e apenas aquele rosto simples que estava me olhando permanecesse.

Ele olhou para o livro que estava na minha mão, novamente sorriu e disse:

 _ Grande escritora ela não?

 _ Suas obras são ótimas e sim, ela é uma grande escritora.

 _ Querem pedir algo? - Perguntou a bela garçonete que estava ao meu lado na qual eu nem havia percebido a presença. Ela devia ser nova, nunca tinha visto ela nem no café, nem pelas redondezas.

 _ Ah, eu gostaria de um sanduiche natural e um suco de laranja, por favor.

 _ Humm, nada por enquanto. - Ele disse olhando para ela como se tivesse algo de muito interessante nisso.

 _ Olha se você tem algo a dizer comigo, por favor, diga logo, não quero perder tempo com coisas fúteis.

 _ Nervosinha eim - Obviamente com aquele sorriso na cara ele estava zombando de mim - Mas eu gostaria de te perguntar por que você não falou comigo ou nem ao menos deu oi, nem pra mim nem pra ninguém.

 _ Eu não tenho que dar satisfações a alguém que eu ao menos saiba o nome então se puder para de me incomodar e se retirar eu agradeceria.

 _ Ok, só pra constar meu nome é Enzo e foi um prazer te conhecer te conhecer Anna. - E com aquele lindo sorriso ele virou as costas e foi embora.

Eu fiquei um pouco confusa sobre como ele sabia meu nome, mas era óbvio que ele ouviu na chamada então me preocupei muito com isso, mas depois daquele dia mesmo eu não o tratando bem ele continuou indo atrás de mim. Até que um dia ele me chamou pra ir a um lugar e prometeu que eu não me arrependeria então eu aceitei, mas só para ele não insistir.

 _ Aonde vamos?

 _ Sabia que você tá linda hoje?

 _ Enzo aonde nós vamos?

 _ Sabia que azul realmente combina com você?

 _ Ok, desisto.

Após um tempo caminhando nós chagamos em uma praça, não era praça muito frequentada por causa dos sem tetos e pessoas estranhas que ficavam lá.

 _ Porque você me trouxe nessa praça?

 _ Você normalmente assiste à televisão?

 _ Não, mas oque isso tem haver?

 _ Você já viu o céu à noite desta praça?

 _ Nunca reparei.

 _ Olha tem um banco ali vamos nos sentar daqui a pouco começa.

 _ O que começa?

 _ Pode, por favor, confiar um pouco em mim?

 _ Ok. - Não vou mentir, meu coração estava acelerado, não sabia o que estava acontecendo, estar ali com ele me não parecia com oque eu normalmente fazia, mas eu não me senti mal ou deslocada ou se quer arrependida, eu me sentia bem estar ali com ele, com esta pessoa que sem motivo algum sorriu pra mim pegou minha mão e me levou, pra onde não importava eu simplesmente seguia-o.

Após um bom tempo sem nos falarmos e ele apenas olhando para o céu eu disse:

 _ Enzo está ficando tarde.

 _ Me desculpe por fazê-la esperar, mas já começou.

 _ O que começou?

Então eu simplesmente segui o rastro de seus olhos e quando vi fiquei fascinada com a beleza da chuva de estrelas cadentes no céu.

 _ Valeu a pena esperar?

 _ Com você ao meu lado eu espero qualquer coisa, com você ao meu lado tudo fica mais bonito, com você eu sou capaz de sorrir.

 _ Viu? Valeu a pena esperar pra ouvir você dizer isso, Anna você não sabe o que eu sou capaz de fazer por você.

Depois daquele dia nós nos aproximamos cada vez mais, começamos a namorar e nossa vida tomou um rumo, mas por ironia do destino esse rumo não era fixo.

No fim do terceiro ano quando conversávamos sobre faculdade ele disse que iria fazer na cidade e eu disse que iria fazer fora, pois a faculdade dos meus sonhos não era perto, mas eu já havia tomado à decisão. Quando fui aceita na faculdade ele percebeu que eu estava falando sério e que não era uma simples brincadeira, ele decidiu tentar namoro à distância mais não estava funcionando, pois não tínhamos tempo nem dinheiro para ficar gastando com ligações todos os dias, então nada mais estava dando certo e por decisão minha terminamos e por muito tempo me arrependi por isso e não foram dias, nem semanas, nem meses, mas sim anos. 

Um mês após terminamos decidi ir atrás dele e “implorar” para voltarmos, mas ele já não estava lá, nem ele nem a família deles, eles se mudaram e não deixaram endereço nem notícias, e assim eu comecei a ir arás deles ligando para todos que eu que conhecia que os conhecia nos meus tempos de folga, até que consegui contatar os seus pais, mas ele havia fugido deixando apenas um bilhete escrito ”Não tem como esperar.”.

Sete anos se passaram e não havia notícias dele, pelo menos era o que seus pais me falavam mais com toda aquela tranquilidade eles deviam saber de algo, mas se aquele não era meu destino não devia fazer nada apenas aceitar que a culpa era minha. Nesses sete anos eu terminei a faculdade e escrevi um livro chamado “Sem tempo pra esperar” falando sobre o “amor” que eu finalmente senti e deixei escapar de minhas mãos. Eu virei uma “grande escritora” com 24 anos eu já era bastante conhecida pelo Brasil e alvo da pena de todos, mas eu não estava satisfeita com isso, aquilo não era a vida que eu queria. Ou era?

Em uma de minhas entrevistas coletivas onde todos esperavam o lançamento de um novo livro a qual eu não havia nem pensado em escrever uma mulher pergunta:

 _ Olá Anna, gostaria de saber o que você falaria para “ele” se ele pudesse te ouvir neste momento? 

Eu fiquei meio fora do lugar com a pergunta, mas existem palavras que precisam ser ditas mesmo que não sejam ouvidas.

 _ Bem, oi, faz quanto tempo não? Não sei se você está me ouvindo neste momento, mas gostaria de te dizer que nada disso valeu a pena, que eu viveria sem isso, sem fama, sem fãs, sem fortuna se fosse para ficar ao teu lado. Se eu pudesse voltar atrás faria tudo diferente, eu desistiria de tudo por você porque você é a minha fonte, você é o que me faz permanecer, é a esperança de que algum dia eu possa ter ver novamente que me mantem em pé, a espera é longa mais se eu puder estar ao seu lado novamente vai valer apena não é? 

Com lágrimas escorrendo no meus rosto eu me levantei e enquanto todos faziam perguntas e me retirei.

Mais um tempo se passou e eu descobri que estava com leucemia e que meu tempo era curto, mas que poderia ser prolongado com tratamento. Após contar a minha irmã sobre minha decisão de não fazer tratamento, ela apesar de brigar, chorar e implorar acabou aceitando. Eu tinha menos de um ano para a doença me vencer, então decidi fazer com esse tempo algo que eu não me arrependeria, ou seja, minha segunda e ultima obra. Cinco meses se passaram e eu já estava fraca e não conseguia andar sozinha, eu sabia que meu tempo já estava no fim, mas isso não me abalava. Meu livro que se chamava “Último pedido” era chamado pela imprensa de “A obra de ouro”, que foi muito bem aceito pelo público que não se importou de ler um livro que falava sobre minha curta história, como eu gostaria que ela fosse e sobre meus últimos desejos. Antes de o livro ser publicado ninguém a não ser os mais próximos sabiam da minha doença, os meus fãs se chocaram outros até choraram antecipadamente, mas nada mudava minha opinião de que assim seria melhor.

Quando eu já não me sentia uma pessoa viva pedi a minha irmã que me levasse pela ultima vez a praia como quando nós éramos crianças e nossos pais estavam vivos, aquela areia fina e a imensidão do mar se juntando com o céu era minha paisagem preferida, mas só ficava para trás da linda imagem da chuva de estrelas cadente. Todos já sabiam que logo tudo teria um fim para mim. 

Olhar para o céu e imaginar que você está ai em algum lugar mesmo que às vezes eu não acredite que você ainda está ai me reconforta, mas tudo tem seu limite e o meu está chegando ao fim e logo irei para algum lugar além das estrelas e poderei ficar em paz, mas mesmo que eu morra meu amor por você permanecerá em algum lugar, vivo a sua espera para que nós terminemos nossa curta jornada.

Ver você naquele dia na praia talvez pudesse ser meu ultimo pedido, ver aquele seu sorriso enquanto lágrimas caiam do seu rosto fez meu coração doer, mas quando você perguntou se “valeu a pena esperar?”, eu comecei a chorar e com um fraco sorriso no rosto respondi ”Sempre vai valer a pena se no final você estiver ao meu lado”.

Se ela viu ou não ele de verdade ninguém sabe, mas oque todos sabem é que não importa oque aconteça o amor dela por ele nunca falhará. E na noite da chuva de estrelas cadentes ela havia feito um pedido um único pedido para tantas estrelas e esse pedido era poder passar seus últimos segundos de vida com a pessoa que ela sempre irá amar.


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