O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 49
Capítulo 48


Notas iniciais do capítulo

Esse é um cap narrado por um personagem diferente, um que não costumava narrar! O informante, lembram dele?



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O informante

Axel deixou seu aparelho celular sobre a mesa da sala soltando um longo suspiro logo depois.  Ele não estava cansado mesmo que fosse isso o que demonstrasse, na verdade, ele estava ansioso demais para que continuasse sentado sobre a cadeira e a curvando por causa de seu peso excessivo. O informante, Joseph, ainda não conseguia acreditar que o ódio de sua irmã estava crescendo a cada segundo e tornando-se ainda mais assassino. O instinto de Lilian era letal, capaz de deixar o próprio Joseph com as pernas bambas.

Ele ainda se culpava por seus atos e queria poder voltar no tempo para muda-los, exceto pelo fato de ter falado tudo o que sempre sonhou bem na cara de sua irmã.

Só um informante?

Como ela ousava se dirigir a ele daquela forma? Ele que, depois de tudo, fora a pessoa que mais ajudara Lilian a conseguir tudo o que desejava. Joseph sabia que ela ainda o culpava por não ser bom o suficiente para encontrar o dinheiro sozinho, pois conhecera o pai de Melanie, John Overton. Era seu dever saber desvendar as pistas de John e conseguir encontrar o dinheiro,  porém, John fora esperto demais e suas pistas só poderiam ser entendidas por sua filha.

Irritado, Joseph chutou o pé da mesa de Lilian sem se importar com todos os papéis que se espalharam pelo chão e todos os objetos que foram atirados dali. Provavelmente, ela não voltaria para brigar com ele por causa da bagunça de sua mesa, não que Joseph realmente ligasse.

Havia passado por poucas e boas nas mãos de sua própria irmã e, muitas vezes, queria poder ter mudado o tempo no dia em que Lilian matara a avó, quem apenas dera sua opinião de que Lilian não podia controlar um internato. Nossa avó sempre tivera razão, Lilian era dominada por um instinto assassino e isso nunca mudaria, não importa o que acontecesse. Ela mataria a todos que tivesse chance e Joseph sabia que, no final, havia grandes chances de um dos corpos encontrados pela polícia ser dele.

- Chutar a mesa não vai mudar nada. – disse Axel ainda sentado à cadeira como quem não quer nada. – Já está feito.

- Não importa, Axel!  - Joseph alterou o tom de sua voz. – Nesse instante ela deve estar maltratando aquela garota que já estava morrendo!

- Já fazem horas que Lilian deixou a sala, Joseph. Provavelmente a garota já está morta.

Isso fazia diferença? Afinal, fora Joseph quem enganara Melanie sobre a quem pertencia o dinheiro e ainda por cima, a fez acreditar que Joseph queria ajuda-la e não a sua irmã. Ele se sentia culpado por cimo por ter ajudado Lilian com todas as suas atrocidades, principalmente a que mais acabara com a infância e vida de Melanie Overton.

- O que ela disse sobre os policiais? – perguntou Axel tirando-o de seus devaneios.

- Se os dois garotos ligassem para a polícia, teríamos que mandar os dois seguranças dela encobertos pelos policiais na delegacia. – Joseph suspirou. – Essa mulher deu um jeito de colocar a cidade inteira à sua disposição.

Axel riu.

- Não que isso seja muito difícil.

Joseph se sentia preso ali, ele queria sair da sala de Lilian no internato e ir até onde ela estava e pará-la. Entretanto, sua saída da sala de sua irmã seria mortal para ele, os alunos do North England haviam conseguido tomar conta de todo o internato e assumido o controle sobre qualquer um. Sozinhos, conseguiram se livrar de todos os seguranças de Lilian com apenas uma pegadinha de fantasma, indicando o quão bons poderiam ser.

Ele estava preso dentro da sala já faziam horas desde que sua irmã saíra sorridente para ver sua mais nova façanha  - prender Melanie mesmo sabendo do risco de morte da garota.

- Já a avisou sobre os seguranças ou quer que eu faça isso? Quero ver sua reação quando ouvir que seus amados seguranças foram assustados por alunos de 15 anos com uma história de fantasma.

Joseph revirou os olhos.

- Fique a vontade para avisá-la. – Axel já pegava o telefone para avisa-la. – Só não me culpe por ficar surdo depois disso.

Entendendo o aviso de Joseph, Axel engoliu um seco enquanto discava o número de Lilian para avisa-la que todo o internato estava sendo controlado pelos alunos e, provavelmente logo, poderiam entrar pela sala de Lilian e coloca-los para fora.

Porém, depois de chamar várias vezes, o telefone ficou mudo.

- Está desligado. – disse Axel. – O que será que ela está fazendo?

Joseph bufou.

- Não sei. Mas não pode ser coisa boa.

Ele caminhou até a janela da sala, a qual tinha a vista privilegiada de todo o pátio da entrada do internato North England, em que o gramado estava tomado por alunos e muitos olhavam na direção da janela em que Joseph estava, indicando que poderiam aprontar algo logo.

- Temos que sair daqui. – murmurou ele. – Vão aprontar alguma coisa.

Axel ficou alerta com aquela notícia levantando-se rapidamente de sua cadeira e se colocando ao lado de Joseph para tentar entender suas palavras. Axel era um homem gordo, por isso, conseguia cobrir parte da janela com seu corpo e expulsar Joseph de sua visão privilegiada. Axel pareceu assustado com a quantidade de alunos, quem olhavam e apontavam na direção da janela de ambos como se criassem um plano para os atingir.

- Merda. – murmurou Axel. – Como vamos sair daqui?

Joseph parou por um tempo tentando pensar em alguma coisa que pudesse fazê-los conseguir fugir do internato. Ele mesmo, quem morara ali por um bom tempo sabia de uma saída secreta nos fundos do internato, onde poderiam sair antes que os alunos resolvessem pegá-los ali.

Os dois seguiram pelo último corredor tentando não serem vistos, seguindo sempre olhando para todos os lados e caminhando rapidamente. Depois do último andar, teriam que passar pelo dormitório feminino para chegarem na saída secreta no internato, tarefa complicada por terem garotas andando por ali constantemente. Por sorte, a maioria delas estava do lado de fora junto aos garotos que planejavam invadir a sala de Lilian.

Rapidamente, Axel e Joseph correram pelos corredores do dormitório feminino em direção a saída secreta, onde poderiam escapar sem serem vistos.

- Onde está seu carro?! – perguntou Joseph um pouco ofegante pela corrida.

- Do outro lado do quarteirão! – exclamou Axel. Ele já suava muito e sua respiração estava descompassada. – Acha que chegamos lá a tempo?

- Vamos ter que tentar! Precisamos encontrar Lilian!

Os dois seguiram rapidamente por toda a extensão do internato, chegando finalmente ao salão de entrada onde havia apenas alguns alunos, quem os olharam de cara feia e até mesmo chegaram a insultá-los. Joseph ficara furioso com as palavras pesadas, mas as ignorou sabendo que descontaria seu ódio em outra coisa.

Já haviam chegado do lado de fora do internato, nos fundos onde havia a quadra e finalmente, a saída secreta conhecida por Joseph. Ele estava descontrolado, pronto para deixar aquele local de energia ruim e encontrar sua irmã para acabar todas as etapas de seu plano. Ele se sentia culpado pela morte de John Overton, porém o arder do desejo de sentir a fortuna correndo por seus dedos era grande demais, vencia qualquer outro sentimento.

Pela primeira vez, Joseph se sentiu como sua irmão.

- Onde é a saída?!  - gritou Axel um pouco atrás dele. – Têm pessoas vindo em nossa direção!

Surpreso pela frase de Axel, Joseph se virou rapidamente na direção do homem e bem atrás dele, vários alunos corriam em sua direção. Haviam sido pegos, não havia mais nenhuma escapatória, a não ser se chegassem logo a saída antes que os garotos os alcançassem.

A saída se encontrava em uma parte do muro distante do prédio do internato, coberto por muitos arbustos e espinhos, mas que Joseph poderia usar como uma forma de escapar com Axel, se é que ele o encontraria a tempo.

Porém, quando estava prestes a alcançar a saída, um garoto loiro da mesma altura que Joseph de olhos castanhos e um sorriso vitorioso nos lábios o impediu de continuar. Bem atrás do garoto, haviam pelo menos vinte pessoas encarando-o com ódio.

- Vai a algum lugar? – disse o garoto.

- Nos deixe passar, garoto! – exclamei. – Não é da sua conta para onde vamos.

- Não é da minha conta? – ele riu sarcasticamente, sendo acompanhado pelos outros alunos logo atrás dele. – Acha mesmo que não sei que vão ajudar a velha louca de nossa diretora?

Joseph respirava de forma ofegante por conta de sua corrida até ali, ele tentava achar uma maneira de passar pelos alunos e conseguir chegar até o carro, mas parecia que tudo fazia jus para que seu plano não desse certo. Irritado, Joseph bufou tentando ignorar os olhares raivosos de todos os alunos.

- Acham mesmo que esse controle todo vai resolver alguma coisa? – perguntou Joseph para os alunos. – Vocês podem até estar no controle do internato, mas nós vamos consegui-lo de volta. Minha irmã vai acabar com os planos de vocês.

Mais uma vez, o garoto riu sarcasticamente para Joseph, não ligando nem um pouco com o olhar confuso e raivoso do homem que o encarava de forma constante.

- Nós não temos mais medo de você e sua família. – disse o garoto. – E faz muito tempo já.

Como se agissem em câmera lenta, Joseph tentou se defender dos garotos que insistiram em ataca-lo de uma forma violenta e nada impiedosa. Algo dizia a ele que o garoto que comandava os alunos era, provavelmente, amigo de Melanie e Sam e por esse motivo os mandava atacar justo Joseph. Mas, por um instante, Joseph deixou que os garotos os acertasse sem nem ao menos se defender, como se aquele fosse a forma de pagar por seus atos.

Porém, quando fora atingido na cabeça, fora demais.

Ele pegou um garoto que o atingira e, pelos braços, o puxou até que o garoto atingisse o chão com força de costas. Ele gritou de dor fazendo com que Joseph percebera que quebrara algum osso do menino, porém, não fora o suficiente para fazê-lo parar, ele ainda continuaria a afastar os alunos.

Irritado, Joseph pegou sua arma escondida estrategicamente em seu bolso da calça jeans e a apontou para os outros alunos que tentavam se aproximar dele. Assustados, deram passos vagarosos para trás com medo da arma. Joseph deixou escapar um sorriso vitorioso enquanto ameaçava atirar em que ousasse se aproximar dele.

Axel estava a poucos metros dele sendo agredido tanto quanto Joseph, porém, estava caído ao chão gritando qualquer coisa como “eu quero minha mãe”. Joseph revirou os olhos e, mais uma vez pegou um garoto que tentara soca-lo e o fez cair ao chão com as costas. Assustado, o garoto que comandava tudo veio até ele tentando impedi-lo de continuar caminhando até a saída, porém, quando tentara transferir um golpe diretamente no rosto de Joseph, desviou e ao atingiu no estômago.

- Eu disse para me deixar passar. – falou Joseph num tom ameaçador.

O garoto caiu ao chão de joelhos tentando controlar a entrada e saída de ar em seus pulmões.

Joseph pensou que deveria ter atirado, porém, a quantidade de mortos que morreram por causa dele já havia crescido, então, achou melhor apenas derrubar o garoto para que nada pior acontecesse.

- Jonah! – gritou uma menina correndo na direção do garoto caído.

Joseph voltou a caminhar em direção à sua saída secreta ignorando aos olhares assustados que o seguiam em direção ao muro. Agora não havia nada que pudesse impedi-lo de ir até Lilian, nem mesmo a quantidade grande alunos que acharam mesmo que conseguiriam o feito. Joseph caminhou até o muro tirando todos os espinhos e plantas que a cobriam. Bem ali, havia uma pequena porta de madeira um pouco quebrada por conta do tempo que existia e por sorte, estava aberta.

Ele olhou na direção dos alunos procurando por Axel, quem aparecera de repente trombando com as pessoas em seu caminho. Ele estava suado e com a pele um pouco pálida ao redor dos ferimentos por toda a extensão de seu rosto e braços abaixo da camisa social. Ele veio correndo rapidamente na direção de Joseph de forma ofegante até finalmente alcança-lo.

- Vamos logo, Axel. – disse Joseph sério. – Minha irmã precisa de nós.


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Notas finais do capítulo

Joseph, VOCÊ PERDEU MEU RESPEITO, DESGRAÇADO! Fala sério, que falso né?



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