O Garoto Da Camisa 9 escrita por Gi Carlesso


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Não sei se tenho dó da Mel ou se tenho dó dos alunos :c acho que deles né?



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Tive que piscar muitas vezes seguidas para ter certeza de que não estava presa em um pesadelo terrível. Como um epilético, não consegui me manter quieta e ficava piscando seguidas vezes tentando acordar do pesadelo ou apenas não lembrar do que a colega de quarto de minha prima havia falado.

Lilian a havia levado.

A desgraçada sequestrara minha prima.

Agora, eu tinha a mais completa certeza de que Lilian era muito esperta, mais do que eu imaginava. Ela pegara Charlotte, pois já notara que ela sabia de tudo o que estava acontecendo e ainda por cima, porque sabia que eu ficaria furiosa com todas as letras.

Lilian era uma maldita psicopata inteligente.

Eu estava... como eu estava? Bom, nem eu mesma conseguia explicar o que se passava em minha mente. Talvez que minha prima havia desaparecido junto aos outros alunos, quem Liliam desaparecera com, mas ainda assim, eu não conseguia colocar um único pensamento trabalhando em minha mente. Todos eles invadiam cada centímetro de meu cérebro como se não houvesse mais nenhuma organização. Eu estava perdida. Estava sem reação nenhuma.

- O que? – gaguejei.

Mandi chorava em soluços mal conseguindo respirar direito, eu sabia que ela e minha prima eram grandes amigas, pois quando eu ainda estava estudando num colégio normal, eu e Lottie conversávamos pela webcam e Mandi sempre aparecia falando comigo. Fui até ela e dei tapinhas afetuosos em seu ombro, pois abraçá-la ainda não era possível, meu susto não permitia.

- É o que você ouviu! – disse ela entre soluços. – Liliam apareceu aqui dizendo que precisava conversar com Charlotte e faz horas! Nenhum dos alunos que ela levou voltaram! Eles foram sequestrados, Melanie!

- Eu sabia sobre os sequestros. – falei finalmente conseguindo pronunciar as palavras. – Mas não sobre a Lottie...

- Eu entrei em desespero quando se passaram horas e ela não aparecera no quarto, porém, quando fui atrás de Charlotte pelo internato não achei nenhum sinal dela! Só quando fui para as aulas e me disseram sobre os outros alunos que eu entendi! Mel, o que Lilian vai fazer com ela? Da última vez que Charlotte conversara com ela, as duas quase se mataram, dessa vez isso pode acontecer mesmo.

- Ela não vai encostar nem mesmo um dedo nela. – falei num tom ameaçador. – Se não, eu mesma mato aquela velha.

Respirei fundo muitas vezes seguidas e procurei por qualquer coisa, um bilhete do tipo psicopata com letras de jornal ou até mesmo algum sinal de como Lilian a levara. O quarto estava isento de qualquer coisa que poderia ser usada por Lilian como uma forma de me levar até ela.

Porém, bem em baixo do travesseiro de Lottie, havia algo.

vamos pagar na mesma moeda, queridinha. Se quer sua prima e suas amiguinhas vivas, me traga a fortuna. Sem truques.”

O que Liliam tramava?

Guardei o bilhete dentro do bolso de minha calça jeans e fui até o lado de fora do quarto, onde Mandi estava sentada no chão tentando controlar as lágrimas.

Inquieta com esse pensamento, avisei Mandi que iria embora para tentar procurar Charlotte e fui até o corredor do dormitório feminino. Admito que ainda ficava com medo de ficar perdida, pois o labirinto de corredores de cada dormitório era enorme, uma forma fácil de alguém se perder. Observei alunas chorarem por suas amigas desaparecerem e algumas, entrarem em completo desespero, a ponto de serem trancadas no quarto.

O North England parecia um enterro.

Liliam conseguira colocar o internato em pleno caos, provavelmente exatamente o que ela queria. As pessoas estavam perturbadas, loucas por respostas do que parecia ter sido tão impossível de acontecer de forma tão repentina. Eu entendia eles, as ações de alguém como Lilian eram extremamente confusas.

Saí daquele lugar o mais rápido que pude, a fim de ir onde poderia pensar com clareza em meus planos e até mesmo, tentar entender as pistas de meu pai para saber onde o dinheiro estava escondido. Por que nunca disse que pertencia à nossa família? Não tornaria tudo tão mais fácil?

Fui até o túmulo de Ruth Mean, sentei-me ao lado de onde eu e Sam escavamos naquele dia e coloquei os documentos que tiramos dali de dentro bem a minha frente espalhados pela grama. A única coisa em comum que todos eles possuíam, era o nome de Joseph estampado em dois deles, exceto isso, não havia nenhuma ligação.

Como meu pai dissera, uma das pistas mais importantes estava dentro daquele baú, porém nada tinha sentido. Se Joseph não sabia nada e meu pai não contara a ele a tal pista, por que a existência de Joseph Mean era tão importante?

Havia algo estranho em meio à tudo aquilo, provavelmente algo que meu pai achara que eu descobriria facilmente, mas por mais incrível que pareça, nenhuma ideia sequer surgia em minha mente.

Ouvi passos se aproximando lentamente de onde eu estava, mas não me movi, apenas o ouvi até que parou bem ao meu lado ainda de pé.

- Se eu perguntar o que está fazendo, vai me dizer que está pensando como sempre? – ele se sentou ao meu lado observando minhas reações quando sorriu diretamente para mim.

Seus olhos negros vasculharam alguma informação na forma que eu agia, porém, eu conseguia as esconder muito bem.

- Sim, porque dessa vez é isso mesmo. – falei não conseguindo conter um sorriso. Sam, por mais preocupada que eu estava, conseguia arrancar um sorriso de mim que ninguém mais conseguia. – Ouviu falar do que aconteceu?

- Sim. Uma garota do último ano me disse sobre os alunos desaparecidos, eu bem que tentei perguntar por mais coisas, mas ela saiu chorando. Acho que uma amiga dela estava em meio aos alunos sequestrados...  – Sam suspirou. – E... fiquei sabendo também da sua prima, Charlotte. Sinto muito.

- Tudo bem. – murmurei. – Já me acostumei com a ideia. Liliam a pegou, pois sabe que isso me afetaria muito. Você já deve ter percebido qual é o plano dela, não é?

Sam apenas assentiu, mostrando que estava óbvio que ele já sabia sobre a armadilha dela. Ficamos apenas algum tempo em silêncio, olhando para as mãos ou para os documentos a nossa frente. Talvez aquele silêncio nos mostrava o quanto ainda estávamos desconfortáveis com o que aconteceu naquela noite. Eu queria dizer o quão feliz eu estava com essa parte, entretanto, senti medo de não conseguir me expressar direito e por isso, preferi o silêncio para que ele perguntasse primeiro.

- Você... você está bem com o que aconteceu? – perguntou ele exatamente como eu imaginava. Ele parecia nervoso.

- Eu não sei bem. – resmunguei.

- Eu fiz alguma coisa errada?

- Não... você fez certo até demais. – falei, acabei esboçando um sorriso. – É que... tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, Sam. Hoje acaba nosso prazo com Liliam para dizer onde está a fortuna e não fazemos a menor idéia de onde...

Sem me deixar terminar, Sam selou meus lábios com um beijo longo e profundo. Seus dedos tocando levemente a pele de meu rosto, assim como os meus e se entrelaçaram com sua mão apoiada na grama. Era... uma coisa fora do comum sentir seus lábios, uma forma de esquecer o que acontecia em volta e me transportar para um mundo só meu... um lugar onde nada nos deixaria ainda mais nervosos do que já estávamos.

Sam terminou o beijo com apenas mais alguns toques e quando percebi, estávamos apenas nos olhando, sem palavras e sem gestos. Mas todo aquele momento mágico se dissolveu quando pensei: “Nós tínhamos que falar com Liliam, o prazo acabava hoje e não fazíamos a menor idéia de onde a fortuna de minha família estava.”. Como sempre, eu era o gênio que acabava com o momento entre nós dois, tanto que Sam franziu o cenho quando me afastei bruscamente dele.

- Eu sei que não temos a localização da fortuna, mas se esqueceu a quem pertence ela? – ele piscou todo galanteador. – Mesmo que Liliam perceba que não temos a fortuna, nós temos uma armadilha para ela, Melanie. Vamos fazer o seguinte: juntar todas as pessoas que pudermos e montar um plano antes de encontrarmos ela hoje. Pode ser?

Viu? Eu disse que Sam era o gênio dos planos.

Enquanto eu ficara horas tentando criar algum que prestasse, ele conseguira montar um em apenas cinco segundos e nem havia me contado ainda. Irônico, pois quem estava mais aflita no caso, era eu.

- O que você quer aprontar?

- Só faça isso, ok? – arqueou as sobrancelhas negras. – Tive uma ideia que pode funcionar, mas eu preciso de todo mundo, todos os alunos que conseguir.

Apenas assenti vendo-o desaparecer pelo gramado do internato e virar para entrar no prédio. Mesmo que fosse apenas impressão minha, Sam parecera ter uma boa ideia, algo que pudesse ser usado e não apenas pensado como a maioria dos meus foram. Mas, ele queria a presença de todos os alunos e isso significava que eu teria que falar com até mesmo os que não pareciam ter muita simpatia por mim.

Soltei um longo suspiro enquanto levantava-me da grama e juntava todos os documentos em uma pilha que pudesse ser colocada em uma mochila. Seja lá qual fosse o plano de Sam, precisaríamos deles para caso sejam importantes, principalmente se envolvêssemos Joseph Mean.

- Droga, Sam, o que você vai aprontar. – murmurei comigo mesma enquanto caminhava em direção ao internato.




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Notas finais do capítulo

Não sei Mel, mas coisa boa não é UHJSUSHUSHSUHS
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