POV EDWARD

Eu não conseguia acreditar no que eu estava vendo. James estava presente e eu não fui alertado sobre esse fato. Não consegui olhar para ele por mais de dois segundos, sua face me dava repulsa e tudo o que eu pude perceber foi um curativo branco tampando praticamente todo o seu nariz.

Olhei com um olhar acusador para Carlisle, ele deveria ter me falado que James não estava mais no hospital, mas sua expressão declarava surpresa, e me arrependi prontamente do meu olhar acusador direcionaro à ele.

James encarava Bella com um sorriso malicioso nos lábios e tudo o que eu mais queria era furar seus dois olhos para que ele parasse de olha-la daquela maneira. Respirei fundo tentando manter a calma e olhei para Bella que parecia tão assustada que se esqueceu de respirar, sendo assim, segundos mais tarde ela respirava como se uma lufada de ar tivesse atingido seus pulmões em cheio.

– Edward, o que ele está fazendo aqui? – Bella perguntou em um sussurro com a voz falha.

– Não foque nele meu amor, não foque – Eu disse sem olha-la – Ele não tem chances com a guarda de Anne, está bem? As chances deles são remotas, todos vão saber o que ele tentou fazer com você. – A memória doía em meu coração.

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POV BELLA

– Bom dia a todos – O homem de cabelos grisalhos disse para as pessoas presentes na sala – Eu me chamo Carter Stone, e estamos aqui para decidir quem irá obter a guarda de Anne Roberts. – Ele disse sério – Primeiramente, iremos apresentar o caso. Aqui é disputada a guarda de Anne Roberts. James Roberts é primo da criança, portanto ele tem vantagens quando a guarda de Anne. De outro lado temos Isabella Swan e Edward Cullen. O Sr. Cullen será o seu próprio advogado – As mulheres ao seu lado assentiram.

– Vamos começar com perguntas – Carter disse.

– Sr. Roberts, o que o leva a pedir a guarda de Anne? – Carter perguntou diretamente para James, me forcei ao olhar seu rosto.

– Ela é minha prima, e tudo o que eu mais quero é protegê-la de aproveitadores como esses dois aí. – James respondeu com desdém.

– Você é um... – Comecei e fui prontamente interrompida.

– Por favor, Sra. Swan, ou eu terei que pedir para que a retirem da sala. – Carter disse advertindo-me.

Fechei os olhos tentando controlar a fúria que subia por meu peito, James não queria protege-la coisa nenhuma, o seu único interesse era a fortuna que esperava por Anne.

– Continuando... – Abri os olhos e Carter estava olhando para mim – Sra. Swan e Sr. Cullen, o que os levaram a pedir a guarda de Anne?

– Eu... Eu conheci Anne enquanto eu trabalhava no orfanato onde ela morava, assim que nós nos conhecemos... Eu não sei explicar, mas eu a amo e a quero por perto, eu e Edward. – Falei tentando manter a calma.

Carter assentiu muito atencioso a minha resposta folheando uma espécie de livro que estava a sua frente.

– Sr. Laurent, você tem três perguntas disponíveis agora para o Sr. Cullen e Sra. Swan. – Carter disse.

Pela primeira vez observei esse tal Laurent. Ele era negro e tinha os dentes incrivelmente brancos, qualquer um poderia perceber claramente que ele estava de papinho com James.

Laurent caminhou até a minha direção parando em meio termo, praticamente na metade do caminho que tinha entre mim e James.

– Isabella, quais são suas verdadeiras intensões em relação à Anne? Todos sabem que ela tem uma herança a sua espera e é muito suspeito você tentar obter a guarda dela quando não havia nenhum vinculo afetivo entre você e ela.

– Isso é... Isso é ousado da sua parte! – Praticamente gritei – Eu... não sabia desse detalhe até... – Não consegui terminar, fui interrompida por Edward.

– Protesto! Laurent está tentando insinuar que Isabella é uma aproveitadora e que só está interessada no dinheiro de Anne, não estamos aqui para discutir nada disso, o Dr. Laurent está criando caso! – Edward disse autoritário.

– Aceito – Carter disse – Reformule sua questão Dr. Laurent.

– Tudo bem – Ele parecia desconfortável, mesmo assim sorriu debochadamente – Quais são suas verdadeiras intenções com Anne? Não havia nenhum vinculo entre vocês duas.

– Nós criamos um vinculo afetivo enquanto eu trabalhava no orfanato, na minha ultima semana de trabalho foi quando nós nos conhecemos. Uma semana bastou para que virássemos amigas e para que ela confiasse em mim e em Edward. Ela não é feliz naquele lugar, ela é rejeitada pela maioria das crianças e tem pessoas que trabalham lá que não a tratam bem. Eu quero que ela venha comigo e eu vou dar tudo o que ela não tem. - Falei decidida.

– Como você pode dar tudo o que ela não tem Isabella? Você é praticamente uma criança também.

– Eu sei que posso dar, eu tenho certeza. Alguns finais de semanas foram o suficiente para que eu tivesse a confirmação disso, eu não arriscaria de forma alguma a felicidade de Anne, e eu sei que ela quer vir comigo e com Edward, ela nos ama também. Seremos uma família! – Falei alterada, seria tão difícil entender que Anne pertencia a mim e a Edward?

– Bella, se acalme, por favor, assim não ajuda! – Edward disse somente para que eu ouvisse – E lembre-se, não acuse James, não temos provas e isso pode nos prejudicar – Ele finalizou.

Assenti rapidamente me recompondo em seguida. Laurent não estava facilitando as coisas, ele estava tentando me deixar nervosa para que eu me alterasse e parecesse uma louca na frente daquelas pessoas desconhecidas que eu nem sabia qual eram suas funções.

– Tudo bem – Laurent disse sério – Mas me diga com toda a sinceridade, há quanto tempo você e Edward estão juntos? Pelo que a criança informou ao meu cliente vocês não tem nem um mês juntos. Seria justo expor um relacionamento em teste na frente de uma criança? Arriscar não só a felicidade de vocês, mas a felicidade de Anne também? Pular várias etapas de um relacionamento e já viverem como se tivessem uma filha crescida que precisa de cuidados e atenção?

– Protesto! – Edward disse alterado demais – Não estamos aqui para falar sobre o meu relacionamento com Isabella, e sim para definir o que será melhor para Anne!

– Recusado! – Carter disse – O relacionamento de vocês vai refletir sobre a criança.

– Então Isabella, pode me responder? – Laurent foi objetivo.

Eu não sabia o que falar, olhei de soslaio para James que tentava disfarçar um sorriso que começava a brotar em seu rosto.

– Não tem muito tempo que estamos juntos. – Edward tomou a frente – Mas nunca arriscaríamos a felicidade de Anne se soubéssemos que o nosso relacionamento, o meu e de Bella, fosse trazer prejuízos para ela. Anne precisa de uma mãe e um pai, e é exatamente o que seremos para ela. – Ele disse olhando para Carter.

Olhei para Esme e ela sorria nervosamente olhando para Edward, era um sorriso tenso, mas que carregava orgulho e ansiedade ao mesmo tempo.

Carter virou-se para a mulher à sua esquerda e eles conversaram durante alguns minutos que pareceram ser horas, e depois para a mulher à sua direita e repetiram o processo.

– Dr. Cullen, você tem três perguntas para James. - Carter anunciou, nada mais justo.

Edward assentiu calmamente olhando diretamente para ele.

– James, quando Anne perdeu os pais ela tinha apenas três anos. Por que o interesse em obter a guarda dela apareceu somente quando eu e Isabella queremos ser a família que ela precisa? Por que você demorou três anos para se importar com Anne?

– Eu me importo com ela – James disse firme e fez uma longa pausa, procurando as palavras certas para usar – Eu não conheço você e eu não conheço Isabella. Como eu saberei se vocês vão cuidar direito da minha prima? – Ele falou e sua voz denunciava nervosismo.

Que desculpa mais esfarrapada! Ele simplesmente não sabia o que dizer, e as palavras que vieram a sua mente demonstraram incerteza e denunciou que sua premeditação não fora tão boa assim. "Anne já tinha sido adotada, porque o interesse só surgiu agora?" A pergunta repentina martelou minha cabeça.

– OK – Edward continuou – Isso não seria um assunto para se tratar aqui, mas como você poderá obter a guarda provisória de Anne temos que levar todo o seu histórico em consideração – Edward fez uma pausa e James arregalou os olhos, ele não esperava que Edward fosse tocar naquele assunto.

– Dr. Stone, se me permite – Eu preciso apresentar fatos para questionar James.

– Continue – Carter respondeu sempre atencioso demais.

– O senhor deve saber que James só está presente aqui porque ele deve ter conseguido um habeas corpus – Edward continuou e Carter assentiu – Mas creio que você não deve saber o que realmente aconteceu.

Olhei para meus amigos de soslaio, Alice estava tensa ao lado de Jasper que afagava sua mão o tempo todo. Emmett cochichava com Jane, Rose prestava atenção no que eles falavam e Jacob estava atento ao que acontecia a volta assim como Esme e Carlisle.

– James não foi preso em flagrante por muito pouco, porque ele tentou violentar Isabella – Edward lançou um olhar duro e furioso, carregado de ódio e tormento para James, eu poderia jurar que dali poderia sair fogo – Eu estava na hora, vi o carro deste individuo a seguir pelas ruas da cidade e o vi tentando consumar o ato contra Bella. O nariz dele está nessa situação porque entramos em luta corporal enquanto eu tentava salvar Isabella.

– Isso não é verdade! – James disse gritando, totalmente descontrolado.

– Protesto! – Laurent disse alterado também.

– Protesto negado! – Carter interveio – Continue Dr. Cullen!

– Obrigada – Edward agradeceu prontamente – Temos provas que o senhor encontrará se procurar saber. James e Isabella foram atendidos ainda no local onde tudo aconteceu, James por sua vez foi encontrado desacordado, policiais e também médicos estiveram presentes no local. Isabella fez exame de corpo de delito e as roupas usadas por ela foram recolhidas, em uma das suas peças de roupas, mais precisamente no seu short, havia tachinhas e foi justamente ali que James machucou a mão enquanto tentava retirar a peça do corpo dela, o sangue dele foi encontrado no short!

– Protesto! Isso não deveria ser discutido aqui! Meu cliente é inocente! – Laurent cortou a voz de Edward tentando soar autoritário, mas sua voz saiu descontrolada e falhada.

– Como o seu cliente pode ser inocente? – Edward perguntou retoricamente – Há indícios, provas! Como o sangue dele foi parar no short que Isabella usava? – Edward perguntou com um olhar totalmente acusador e furioso, eu tinha certeza que ele estava se controlando como um verdadeiro profissional para não partir para cima de James ali mesmo.

– Protesto! Isso está saindo do controle, o assunto está sendo totalmente desviado! – Laurent disse mais calmo dessa vez tentando sair da saia justa.

– Eu ainda não fiz minha pergunta! Apenas apresentei o fato! - Edward disse furioso também, agora ele estava como Edward, não como advogado – Me responda James, como você pode querer a guarda de uma criança, que exemplos você dará a ela? Como você poderá cuidar de uma criança sendo que você tentou violentar uma mulher? O que você seria capaz de fazer com Anne? – Edward perguntou ousadamente.

Enfim minhas esperanças estavam sendo acesas dentro do meu coração. Eu conseguia observar uma luz no fim do túnel, uma luz que traria Anne para mim e que me ajudaria a cuidar dela. O medo estava sendo substituído por expectativas que poderiam explodir dentro de mim a qualquer momento; segurei o choro que se iniciou em minha garganta, meus olhos ardiam e eu me limitava a chorar, não poderia perder meu controle emocional na frente de todos os presentes.

“O que você seria capaz de fazer com Anne?” A voz de Edward ecoou pela minha mente. Senti os pelos de minha nuca se eriçarem, eu não suportaria se ele fizesse mal a minha menininha, ao meu anjo que eu tanto amava e com certeza daria a minha vida por ela. Eu sofreria qualquer dor, pagaria o pior dos preços para que ela sempre estivesse segura.

– Ela é minha prima, oras, eu não faria nada de mal contra ela! E eu não fiz nada contra Isabella! Ninguém tem provas, ninguém pode me acusar de nada, ninguém me pegou cometendo o que você me acusa! – James soou descaradamente.

Edward riu sarcasticamente abaixando a cabeça e passando a mão nervosamente pelos cabelos acobreados, nossos olhares se encontraram e como mágica eu senti mais uma vez que havia chances de dar tudo certo, para mim, Edward, Anne, nós.

– Já é o bastante! – Carter disse desconfiado – Dr. Cullen, você tem direto a sua terceira e ultima pergunta ao Sr. Roberts.

– Também creio que já é o bastante, podemos seguir para a próxima etapa. – Edward disse calmamente, ele já havia conseguido o que queria.

Olhei para Alice, ela sorria timidamente para mim. Eu confiava nela, e seu olhar só aumentava minhas esperanças que tanto fugiam de mim até agora.

Alguns minutos depois Carter se pronunciou.

– Dando continuidade, a assistente social Sue Clearwater visitou a residência da Sra. Swan e do Sr. James.

Observei Sue entrar no ambiente, ela estava com uma roupa formal, blusa social branca e uma saia de cintura alta, também carregada uma pasta em suas mãos. Ela se sentou em uma cadeira ao lado da mulher que ficava à direita de Carter.

– Sra. Clearwater, nos diga como foi a visita em cada uma das ridências, por favor.

Sue se posicionou corretamente na cadeira e logo se pôs a falar.

– Bom dia a todos. A minha primeira visita foi à casa de James, na verdade do pai dele. A casa na verdade é uma mansão que ele vive com o pai; que está adoentado e como ele mesmo disse, corre o sério risco de não sobreviver. A casa tem piscina, intermináveis quartos, todos eles são suítes. Área de lazer, sauna, jardim, sala de filmes, jogos, enfim, na mansão há tudo o que uma criança sonha. Segundo James ele tem pessoas próximas que convivem com ele ou frequentam a sua casa, assim não participariam do cotidiano da criança caso a guarda seja cedida à ele. Ele é sustentado pelo pai; mas cursa engenharia. – Sue fez uma pausa que durou cerca de cinco segundos, tomando uma lufada de ar.

– Depois eu visitei a residência de Isabella. Ela vive com o namorado, Edward Cullen, e a melhor amiga, Alice Cullen, que é irmã de Edward. A residência pertence a ela e Alice. Edward é formado em direito; como todos podem ver, e Isabella cursa jornalismo, está estagiando e ambos têm uma renda fixa. Eles moram em um apartamento, não é luxuoso, mas é espaçoso, organizado e limpo, contém tudo o que uma criança precisa. O apartamento contém vários quartos, todos suítes, um deles já foi decorado e pertence à Anne. O ambiente é seguro e uma das coisas que eu percebi é que na sacada do apartamento tem grades de proteção, assim como em todas as janelas. Isabella me disse que os amigos da faculdade frequentam a casa aos finais de semana e mantiveram convívio com Anne enquanto ela passava o final de semana com Isabella. Sendo assim eu pedi para que o depoimento da garota fosse pedido hoje nesta sala. – Sue completou séria.

– Muito bem – Carter disse sério – Sr. Roberts, seja sincero comigo, você acha que conseguiria dar tudo o que Anne precisa?

– É claro que sim! Ela precisa de uma pessoa sangue do sangue dela para cuidar dela, é claro que sou eu! Ninguém melhor do que eu para assumir esse papel! – James disse convicto, como se esse fosse o maior argumento de todos os tempos e que ninguém pudesse discutir contra isso.

– Sr. Cullen, você que possivelmente poderá assumir o posto de pai, você acha que conseguiria dar tudo o que Anne precisa?

– Sim, Sr. Stone. Eu quero construir uma família e eu quero que ela esteja presente, Anne é como uma filha para mim, e não é diferente para Isabella . Eu sei que não vou ser um pai perfeito, mas eu estou disposto a tentar faze-la feliz, dar uma escola de qualidade, leva-la ao parque aos finais de semana, fazer uma festa de aniversário quando a data chegar. Anne precisa de alguém que ela confie; alguém que ela queira por perto para protegê-la e dizer que vai ficar tudo bem quando algo der errado. Ela precisa de alguém para cuidar do joelho ralado, alguém para repreendê-la quando ela fizer algo errado e alguém para contar histórias para ela antes de dormir com um beijo acompanhado de um “eu te amo”. Eu e Isabella a amamos e temos certeza que iremos fazer de tudo para que a felicidade de Anne seja feita. Novamente, Anne precisa de alguém que ela confie, que ela saiba que sempre vai estar ali para ela quando qualquer coisa acontecer, seja boa ou ruim, e esse alguém sou eu e Isabella.

Minha tentativa de segurar as lágrimas foi falha, elas desceram por meu rosto violentamente eu mal pude enxergar direito, pois as lágrimas embaçavam minha visão. Senti a mão de Edward segurando a minha, depois afagando de leve e eu fechei os olhos tentando impedir que mais lágrimas se libertassem.

Abri os olhos e olhei para Esme de soslaio e percebi-a pegando um lenço que Carlisle a estendeu, ela também chorava, talvez na mesma intensidade que eu – ou maior até.

Houve um silêncio perturbador na sala, depois do “discurso” de Edward demorou para Carter se pronunciar novamente. Hoje não haveria necessidade de testemunhas, então Irina não deveria estar aqui; isso me reconfortou de alguma forma. Observei Carter agora conversar com a mulher a sua esquerda, enquanto isso Sue se retirava da cadeira onde havia sentado e saiu da sala.

– Creio que agora podemos colher o depoimento de Anne. Segundo os dados que me foram fornecidos James visitava algumas vezes a criança no orfanato, e Anne passou alguns finais de semana com Isabella com o consentimento da justiça. Por favor, a criança já pode entrar.

Vi o vislumbre de Anne entrando na sala por uma porta diferente de onde eu entrei. Ela estava acompanhada de Sue, e esse foi o motivo para ela sair dali. Meu olhar se cruzou com o de Edward, ele estava apreensivo. Logo depois o meu olhar se cruzou com Anne e tudo o que eu pude ver nos grandes olhos verdes foi medo. Meu peito se apertou e minha respiração falhou algumas vezes, algum tempo indeterminado depois senti meus pulmões serem atingidos por ar novamente. Eu estava machucada, ver Anne com medo de James entrava na lista das coisas que eu mais odiava.

Anne usava um vestido na cor bege de alcinhas que iam até seus joelhos e um par de sapatilhas brancas. Seu cabelo estava solto e caia em leves cachos até o meio de suas costas, quando dei por mim ela já estava sentada na cadeira onde antes era ocupada por Sue.

– Não tenha medo – Eu disse olhando para Anne e minha voz não tinha som algum, somente o movimento dos lábios era o suficiente.

Eu não poderia acusar James de nada – como Edward havia me dito – senão poderiam pensar que eu era uma louca desesperada pela guarda de Anne, eu não poderia acusar sem provas. Se Anne dissesse tudo o que James fez a ela, já era outra história.

– Olá Anne – Carter disse e Anne assentiu timidamente.

– Anne, estamos aqui apenas para perguntas simples – Sue alertou-a – Nós perguntamos e você responde, sim?

– Sim – Anne sussurrou e eu nem ouvi a sua voz, mas os lábios se mexendo denunciaram a sua palavra.

– Anne, você poderia me dizer como foi a experiência na casa de Isabella com Edward? – Carter perguntou interessado – O que vocês costumavam fazer?

– Uh... – Anne disse nervosa – Eu gostei muito – Ela fez uma longa pausa, suas palavras não eram muito mais altas que um sussurro – A Bella e o Edward são muito legais, os amiguinhos deles também. Quando eu ia lá a gente foi na casa dos pais do Edward e eu também conheci os pais da Bella... E... A tia Alice me levou no shopping, a Bella e Edward foram comigo... O Edward também me levou no parque com a Bella.

– E você gostou disso querida? – Sue perguntou.

– Aham, gostei muito. No começo eu fiquei com medo dos amiguinhos da Bella não gostarem de mim, mas eles gostaram e agora todos são meus tios.

Eu estava apreensiva demais, eu sabia que com as palavras de Anne as minhas chances e as de Edward subiram muito, eu estava dançando uma dança ridícula por dentro, uma espécie de dança da vitória.

– E James Anne, como é a convivência com ele? – Carter perguntou-lhe.

Olhei para James e ele estava fuzilando-a com o olhar, antes de Anne falar alguma coisa ela olhou para ele e enrijeceu-se na cadeira onde estava sentada. Aquilo não passou despercebido, todos os olhares eram direcionados para James e Anne.

– Não tenha medo querida – Carter tentou tranquiliza-la.

– Ele é legal – Anne disse rápido demais.

Não. Ele não era legal, ele era um monstro! Ele apavorava Anne apenas com a sua presença idiota.

– Olhe a maneira que ele a olha! Ela está com medo! – Eu disse me levantando da cadeira onde estava sentada, senti minhas veias ferverem e minhas mãos tremiam como eu nunca vira antes.

– Isabella! Se recomponha! – Carter disse autoritário.

– Não! Não, não, não! – Desafiei-o – Eu não posso o deixar leva-la de mim, ele não é o que parece, ele é mau, muito mau! – Descontrolei-me totalmente, eu poderia ser comparada com uma criança birrenta, mal sabia escolher as palavras para usar – Ela está com medo dele, não vê? – Completei indignada.

– Eu vou precisar que a senhora se retire – Carter disse-me, mas eu vi um lampejo de compaixão em seus olhos.

– Não será preciso Sr. Stone! Não é Bella? – Edward disse pousando as duas mãos em cada um dos meus ombros me empurrando levemente de volta a cadeira. – Me desculpe, isso não irá mais acontecer - Edward finalizou.

– Assim eu espero, ou serei obrigado a retira-lá daqui - Carter respondeu.

Assenti nervosamente, as lágrimas voltaram impiedosas e eu chorava silenciosamente.

Anne me olhava assustada, vi seu rostinho varrendo todos ali presentes.

– Anne, você gostaria de ir com Edward e com Isabella? – Sue perguntou calmamente depois de alguns seugundos de minha explosão momentanea.

Era ali e agora, senti minhas pernas tremerem mesmo eu não estando de pé. Edward deu dois passos para trás e segurou minha mão discretamente. Minhas unhas cravaram sua pele e com certeza deixariam marcas.

– Não – Anne disse num sussurro, sua expressão se transformou de medo para agonia – Eu não quero ir com a Bella e Edward.

Minha visão ficou turva e minha cabeça girou, encontrei-me quando minha boca se abria em um grande O e levei a mão à boca não acreditando no que acabara de ouvir. Edward trincou o queixo e sua respiração era descompassada.

– Não? – Perguntou Carter desconfiado – Por que não Anne?

Anne olhou somente para Edward e ele assentiu, como se ela estivesse prestes a contar o seu maior segredo.

– Não tenha medo Anne - Edward disse simplesmente.

Engoli seco.

– Eu não quero ir porque o James me disse que se eu fosse com eles, ele ia matar a Bella e o Edward – Ela fez biquinho enquanto falava – Eu não quero ir com o James, não quero! – Ela chorava agora – Mas se eu não for com ele, ele vai matar a Bella e o Edward, eu não quero que o James machuque-os! Eu não quero perder outra mamãe e outro papai! – Anne soltou desesperamente.