POV BELLA

Eu ainda segurava o rosto de Edward e recebia beijos quando ouvi batidas leves na porta. Minha cabeça girou e eu a senti doer com força total.

– Entre – Eu falei me sentando na cama ficando ao lado de Edward, sua expressão se tornou dura e pensativa.

– Licença – A voz doce de Jane soou baixa pelo quarto.

Ela se dirigiu calmamente até mim me abraçando como se eu fosse uma boneca quebrável de porcelana.

– Eu não estou morrendo, gosto de abraços fortes Jane.

Ouvi uma risadinha sair de sua garganta e ela me abraçou, um abraço forte de verdade.

– Eu fiquei preocupado Bella, você está bem? – Jacob me perguntou com a voz falha.

– Sim, agora está tudo bem. – Respondi com um meio sorriso e assim como Jane ele me abraçou, um abraço forte e acolhedor.

– Bella? – A voz de Emmett soou fortemente ao meu lado, eu nem havia percebido sua presença.

– Oi Emmett – Respondi.

Eu não queria soar como uma debilitada morta em cima de uma cama, como se estivesse fazendo ceninha e todos estivessem ali prontamente para realizar meus pedidos.

– Olhe seu rosto, você está horrível Bella! – Emmett disse passando a mão delicadamente pela região do meu queixo praticamente sem toca-lo.

– Eu posso sobreviver com isso, e, uh, você está tão sério, isso é novidade! – Eu sorri abertamente tentando fazer graça.

– Bella, isso não vem em questão! Olha o que aconteceu com você, acha que eu estou feliz com isso? Pare de tentar agir como se estivesse tudo bem porque não está! – Ele gritou.

– Não grita com ela! – Edward interferiu alterado demais.

– Você acha que pode falar como eu devo tratar a minha irmã? – Emmett riu sarcasticamente.

– Fiquem quietos! Sério que vocês vão brigar por causa disso? Emmett, a Bella não pode se fechar e entrar em depressão pelo que aconteceu, você não tem o direto de gritar com ela também! – Jane ralhou – Me admira muito ela estar bem assim, Edward está certo! Todo mundo aqui precisa dela, então vamos tentar ao menos esquecer o que aconteceu e não ficar lembrando essa merda a toda hora, Anne precisa da Bella bem, todos nós precisamos.

– Desculpa – Emmett disse abruptamente se retirando do quarto, a porta foi grosseiramente batida quando ele saiu.

(...)

Pelo resto da noite eu conversei com Rose e Jasper, eles foram os únicos que não me viram depois da minha chegada do hospital. Observei de longe Emmett se desculpando com Edward e deduzi que estava tudo bem, eu entendia o lado dele.

Imaginei que em sua cabeça como meu irmão mais velho ele queria ter o mérito por ter me salvado, ou apenas ficado irritadiço demais quando Edward pediu para que ele não gritasse comigo.

Tomei um banho leve e fui me deitar, quando estava entrando num mundo de sonhos escuros senti o colchão afundar levemente ao meu lado e a mão de Edward passando por toda a extensão do meu rosto. Ora sua mão subia para minha testa, ora descia para meu maxilar delicadamente.

O toque me reconfortou, eu consegui me concentrar apenas do carinho e esquecer todos os problemas que me esperavam quando eu levantasse daquela cama.

– Eu amo você – Falei sem avisos para Edward que ainda me acarinhava no rosto.

Ele nada disse e como imãs nossos corpos se colocaram imediatamente, meu rosto estava a apenas um centímetro do rosto de Edward, nossas pernas instantaneamente se enlaçaram e tudo ficou perfeito. Não existia nada mais certo que eu e ele.

– Eu também amo você, muito mais do que você possa imaginar. – Ele sussurrou contra meus lábios.

Sorri com a declaração, a essa altura a memória de Lauren não me incomodava mais, eu sentia que aquilo não tinha passado de loucura da parte dela, ou até uma armação idiota.

– Amanhã vamos vê-la, sim? – Edward indagou.

– É o que eu mais quero agora. – Respondi prontamente com um sorriso nervoso.

– Ela deve estar assustada, Anne precisa saber que nós sabemos que ela sabe sobre James – Apesar da situação eu gargalhei e Edward fez uma careta – Uh, isso ficou confuso.

– Sim, ficou muito confuso, mas eu entendi perfeitamente.

Ganhei um beijo na testa, levemente eu pedi passagem com a língua e Edward logo cedeu. O beijo era calmo e eu senti tantas emoções ali que eu não poderia descrever em simples palavras. Eu não sei o porquê, mas eu senti o medo de Edward em me perder, tudo bem, eu devo estar ficando louca. O beijo continuou calmo e molhado, do jeito que gostávamos. Eu ditava o ritmo do beijo e não demorou muito para que eu o tornasse urgente; carregado de paixão e desejo. Passei meu corpo para cima de Edward sem quebrar o contato de nossos lábios e ele prontamente pousou sua mão em minha cintura, a outra foi levada a minha nuca e puxando-a para si. Colei nossas pélvis e ouvi Edward ofegar baixinho, a voz rouca me fez soltar um gemido baixo, eu já sentia sua ereção em minha coxa.

– Bella, eu acho que você deveria dormir – Edward disse entre o beijo e senti seu hálito fresco invadir minha boca.

– Você não me quer? – Fiz charme segurando um riso travesso nos meus lábios, eu sabia que ele só estava preocupado comigo e querendo que eu descaçasse.

– Você sabe que eu quero...

– Então cale a boca, e... – Balancei a cabeça negativamente tentando encontrar a palavra certa sem obter sucesso, então simplesmente mostrei a ele o que eu queria e ele certamente também.

Edward me girou na cama me deixando por baixo dele, e assim continuamos a nossa noite que duraria quase toda a madrugada.

(...)

Em algum momento da noite anterior Edward me disse que eu teria o resto da semana de atestado médico, então eu não precisaria ir trabalhar.

Levantei-me cedo ansiosa demais para ver meu anjinho que logo mais seria como a minha filha, eu estava convicta disto. Edward se levantou junto comigo e nos preparou café – lê-se iogurte com morangos picados – e logo em seguida saímos em direção ao orfanato. Não demorou muito até Edward estacionar o volvo em frente ao edifício tão familiar para mim.

Edward me conduziu dentro da unidade sempre segurando minha mão, aquele simples toque me relaxava totalmente, era como se eu estivesse segurando toda a minha força, toda a minha razão.

– Bom dia Irina – Edward foi cordial, bufei ao perceber que não era Angela quem nós encontramos.

– Bom dia Edward – Irina respondeu melosa – Em que devo a visita?

Sério, ela estava querendo dizer que meu Edward estava ali para visita-la?

– Uh, eu vim visitar Anne, então você não me deve nada.

Eu ri alto, alto mesmo e senti meu queixo latejar com o movimento repentino, não me importei.

Irina percebeu minha presença apenas quando ouviu minha risada e ela corou uns dez tons, a expressão de Edward era divertida e ele enlaçou minha cintura.

– Espere na sala, eu já volto – Irina disse somente para Edward me ignorando completamente, eu estava muito feliz para me importar com esse fato.

(...)

Anne entrou sorrateiramente na sala de espera, hoje seu cabelo estava em um grande rabo de cavalo destacando seu rosto de anjo e seus grandes olhos verdes, sorri instantaneamente ao vê-la.

– Oi meu anjo! – Abri os braços e Anne hesitou antes de me abraçar, se eu não soubesse o motivo com certeza acharia estranho.

– Oi Bella – Ela me cumprimentou e se dirigiu a Edward – Oi Edward.

Edward fez menção para que ela se sentasse no colo dele, e assim como ela hesitou comigo, hesitou com ele, mas mesmo assim o fez.

– O que foi isso no seu rostinho Bella? – Anne perguntou com os olhos arregalados e afagou de leve a região.

– Eu machuquei, não foi nada demais. – Me atropelei nas palavras e Edward remexeu em seu cabelo.

O clima estava tenso, tanto Edward como Anne percebia isso. Eu não sabia como entrar no assunto com Anne, eu não sabia como seria a reação dela e o ponto que James tinha chegado com suas ameaças. Edward pareceu perceber a confusão em meus olhos, porque ele tomou iniciativa.

– Anne, podemos conversar sobre James? – Ele não esperou resposta sabendo que ela se recusaria – Nós já sabemos Anne, sabemos de tudo – “ou quase tudo”, completei mentalmente – que ele está fazendo.

Anne olhou para Edward assustada e logo em seguida para mim, seu rosto se transformou choro e ela fez biquinho, eu fiquei completamente sem reação. Eu queria abraça-la e dizer que tudo ficaria bem, mas me esqueci de como usar meus movimentos. Edward o fez, abraçou Anne afagando seus cabelos.

– Então agora vocês não gostam mais de mim? – Anne perguntou com a voz abalada pelo choro, algumas lágrimas escorriam pelas maçãs de seu rosto.

– É claro que não Anne, nós amamos você, saiba que tudo o que ele disse é mentira, sim? – Edward tentou acalma-la.

– Mas eu vim de uma família suja, James disse que vocês não vão me querer mais.

Senti meus olhos arderem denunciando que as lágrimas já se acumulavam. Anne estava sofrendo, isso era evidente, pois seus olhos denunciavam tudo o que ela sentia. Medo, sofrimento e confusão.

– Não acredite no que ele diz meu amor, por favor! Ele mente, ele não pode ser comparado a você. Eu tenho certeza que seus pais eram ótimas pessoas e com um bom coração assim como você. – Eu disse desesperadamente na intenção de acabar com todas as duvidas de Anne.

– Mas ele disse... – Ela fungou.

– Não acredite em nada do que ele diz Anne, por favor, não acredite – As lágrimas desciam ferozes por meu rosto embaçando minha visão – Acredite em nós, sim? Eu e Edward te amamos muito, não vamos desistir de você. Seremos uma família, eu você e Edward, lembra-se?

Anne fez que sim com a cabeça.

– Anjo, James quer tirar a sua felicidade, e não importa o que mais ele queira, eu e Bella sempre estaremos com você daqui para frente, eu vou proteger vocês. Ele pode inventar muitas coisas, mas não dê ouvidos, sim? O que importa é que nós amamos você, e eu não vou deixar James atrapalhar a nossa vida.

– Eu não posso ir com vocês – Ela soluçou – Ele disse que vai matar você e a Bella, Edward, não quero que isso aconteça, é melhor eu ir com ele. – Anne disse agarrada a Edward.

Meu coração falhou uma batida, Anne estava querendo arriscar a sua felicidade pela minha vida e a vida de Edward, mal sabia ela que minha felicidade não existiria sem ela ao meu lado.

– Nunca mais repita isso, eu não vou desistir de você Anne – Eu me atropelei nas palavras.

– Mas se eu ficar você irá morrer... Você e o Edward.

– Nós não vamos morrer pequena, não vamos. Vamos ficar aqui e cuidar de você. – Edward disse – Não vamos te deixar sozinha.

Anne desabou, ela chorava muito agora.

– Eu tenho tanto medo de perder vocês, eu não quero perder você Edward, nem a Bella, você já é meu papai e a Bella minha mamãe no meu coração. Eu não quero ir com o James, não deixa, por favor. – Anne disse entre soluços.

Eu não me segurei e tudo o que veio em minha mente foi abraçar Anne da forma mais protetora que eu pude, me juntei a ela e Edward que nos acolheu em um enorme abraço. Anne ainda estava no colo de Edward com os braços em volta ao meu pescoço, Edward depositava beijos nos cabelos de Anne sempre afagando minha mão.

– Eu amo você menininha, eu te amo muito, e ninguém pode mudar isso. – Falei simplesmente.

– Eu também te amo muito Bella, eu estou com tanto medo, não me deixe – Ela me respondeu fazendo biquinho – Não me deixe Edward.

– Nunca – Ele respondeu seriamente – Eu nunca vou deixar vocês, vocês são minha vida agora.