Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 7
Capítulo 7- Próxima parada: Monoprix




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– Tem certeza que devemos fazer isso, Morin?- disse olhando para todos os lados temendo que fossemos descobertos a qualquer momento.

– Relaxa Drew, eu já fiz isso várias vezes e nunca fui pego. Além disso, temos 1 hora para comer e voltar. Dará tempo!- sua tranquilidade me deixava intrigada. Como pode, simplesmente, sair e não se preocupar? E se fossemos vistos? Ou pior... Expulsos?

Porém, não adiantava mais se lamentar, pois em poucos segundos lá estávamos nós, do lado de fora do prédio, dentro do que parecia ser um estacionamento. Olhei ao redor daquele lugar e vi vários restaurantes e lojas, mas o que mais havia me chamado atenção fora um prédio que dava ares de ser bem antigo, mas valiosíssimo aos olhos dos turistas que passavam por perto. Parecia uma escola repleta de janelas em suas paredes beges e, em seu topo, encontrava-se a bandeira da França, onde seus movimentos eram guiados pelo vento, deslumbrando suas três únicas cores: vermelho, branco e azul.

– Para o que você tanto olha?- já estava me esquecendo de Morin, se não fosse pela sua interrupção.

– Eu estava apreciando aquele prédio! Aquele onde há pessoas tirando fotos. – disse, apontando para o local.

– Ah, você deve estar se referindo à École Militaire. – sorriu.

– Escola o quê?

École Militaire. –corrigiu-me. - Você não conhece? Caramba, Napoleão estudou ali!- perguntou parecendo indignado.

– Não e nunca ouvi falar! Eu, particularmente, nunca fui interessada em saber histórias, artes e línguas de outros países. A Inglaterra sempre foi suficiente para mim. – eu iria me arrepender depois por ter dito isso a ele, mas não tinha pensado em nada melhor para responder. Decidi dizer a verdade, por mais que ele fosse me achar uma garota mesquinha, estúpida e...

– Eu também pensava assim. – interrompeu meus pensamentos. - Mas, parece que a França me libertou dessas ideias e, em troca, mostrou-me que na vida temos que ser além do que o limite nos permite.

– Parece arrependido falando assim. – disse, negando olhar para os seus olhos, que quando eram unidos, faziam uma ligação tão forte que me impediam de prestar atenção em tudo que se encontrava ao meu lado. Como se tivessem a intenção de trancar todas as energias por perto.

– Arrependido? Não! Sou mais realizado do que você pensa. A Escócia era um bom lugar para viver, mas meus pais me acostumaram mal com isso. Sempre tive do bom e do melhor e nunca tive que batalhar por isso, mas quando cheguei aqui, foi diferente... - falava abertamente, enquanto insistia olhar para mim. Mas, espera um pouco! Ele disse Escócia?

– Você é escocês?- disse, mostrando-me mais impressionada do que deveria.

– Surpresa?- ele sorriu, desviando seu olhar para o chão.

– Bem, na verdade... Um pouco! Notei que seu sotaque era diferente, mas não tinha ideia de onde poderia ser. Até pensei que você fosse francês por causa do seu nome. – disse, parecendo um pouco envergonhada.

Ele riu.

– Eu nasci em Edimburgo, mas minha mãe é francesa, veio de uma pequena cidade perto de Paris chamada Nancy.

–Bem, isso explica o seu nome. – concluí.

O caminho parecia curto até o Monoprix, mas demoramos 15 minutos para chegar, devido a nossa longa conversa. Ele abriu a porta do supermercado e fiquei pensando se aquilo era realmente um supermercado. Parecia ser uma loja de garotas por causa dos balcões lotados de esmaltes, maquiagens e bijuterias.

–Ah, esqueci-me de contar! O supermercado é logo aqui, subindo as escadas rolantes. - disse apontando para as escadas.

Fomos direto para as prateleiras dos salgados. Tudo parecia delicioso. Os pães eram crocantes, recém tirados do forno, com um frescor que poderia ser captado à 50 metros daqui. Os doces eram enfeitados delicadamente com frutas e coberturas de diversas cores e, também continham um cheiro espetacular. Meu desejo era ficar o dia inteiro tentando decidir o que levar, mas eu e Morin ainda tínhamos pouco tempo.

– Bonjour mademoiselle! Ça va?- disse o atendente.

Não esperei 1 segundo e puxei Morin para perto de mim. Um movimento completamente impulsivo, pois eu fiquei sem graça de ter feito isso e ele parecia um pouco surpreso.

– Hã... Desculpe- sorri. Morin, eu não sei falar francês, tem como você falar com aquele homem? Acho que ele estava falando comigo.

– Ah... Hã... Claro. – sorriu, exatamente, do jeito que eu mais gosto. Mas o melhor de tudo foi que ele não tinha saído de perto de mim. Não podia acreditar nas minhas nem tão boas intenções. – O que vai querer?

– Não sei, estava pensando em pedir o mesmo que você. Até porque eu ainda não conheço a culinária da França. - alertei-o

– Então já sei o que iremos comer hoje. - disse sorrindo.

– Bonjour Monsieur! Nous voulons deux Croque Monsieur, s'il vous plait. – ele aparentava ficar mais lindo ainda falando francês. Era impossível não apreciá-lo. Espiava os movimentos de sua boca, que formava palavras delicadamente. Ele era perfeito.

– Aqui está! Espero que goste. Minha avó sempre fez esses sanduíches para mim quando eu passava as férias com ela. – disse se alegrando com as lembranças que invadiam a sua memória.

Dei uma mordida.

O gosto fervia em minha boca. O queijo escapava das bordas do delicioso pão, provando o quão suculento ele era e o quão burra fui por nunca ter comido nada igual. Morin apenas me observava comendo. Mastigávamos em silêncio, cada um sorrindo para o outro.

– Isso é simplesmente maravilhoso. - ele disse lambendo as pontas dos dedos, que haviam se lambuzado com o queijo.

– Tem razão! - disse engolindo o último pedaço. - Bom pedido.

Ele sorriu, mas logo outra face parecia formar-se em seu rosto. Eu olhei para trás para ver o que parecia incomodá-lo e deparei-me com 2 garotos vindo em nossa direção, rindo maliciosamente. Até que um deles se manifestou.

– Morin! Você por aqui? Achei que estivesse na escola, anotando os seus deveres de casa, nunca achei que fosse homem o bastante para matar aula. - disse sorrindo sarcasticamente, fazendo o garoto ao seu lado gargalhar.

– Poxa David, ainda estão parar achar um cara mais sem graça que você. – disse Morin rindo cinicamente.

Mas David não olhava mais para Morin.

E sim para mim.

– Uau! Essa sua amiga é uma princesa... – disse, avaliando-me de cima a baixo. Como se eu fosse um mísero pedaço de carne. Ele sorria maliciosamente e eu me enojava só de imaginar sobre o que ele estaria pensando. - Claire não irá gostar nenhum pouco disso, mas até que foi uma boa troca. - disse provocando Morin.

Claire?

Quem é Claire? E por que razão ela não gostaria disso?

– Cala essa boca seu babaca!- e ficou entre nós dois, como se estivesse impedindo que ele me avaliasse mais um pouco.

– Creio que você terá que calar por mim se quiser tanto isso. – disse aproximando-se dele. Os dois avaliavam-se demoradamente, estava começando a ficar nervosa, tinha que tirar Morin dali.

– Esquece Morin! Não vale a pena. – puxei o seu braço com força fazendo-o caminhar até a saída.

– Aquele cara é um idiota! Ele nunca gostou de mim, por isso sempre fez de tudo para me afetar. - disse olhando para trás.

– Morin... - disse suavemente.

– Ele deve ter nos seguido até aqui! É um idiota!- disse parecendo cada vez mais irritado.

– Morin... - tentei de novo.

– Ainda bem que esse é o último ano dele na França! Não existe um cara tão babaca assim, existe? Poxa Drew, desculpe-me por isso, mas ele é assim mesmo... Nojento, grosseiro e ainda se acha homem porque falta quase todas as aulas de Strangers Place. É um babaca!- ofegava.

–MORIN!- gritei, fazendo o parar de falar e olhar diretamente para mim.

– O quê?

– Quem é Claire?- finalmente perguntei.

– Claire? É... Hã... Ela é... - ele lutava com as palavras, passava as mãos pelos cabelos, mas não conseguia encontrá-las. Ou, talvez, não quisesse que elas fossem encontradas.

– Ela é minha namorada.



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