Um toque francês escrita por lufelton


Capítulo 4
Capítulo 4- Every Teadrop Is a Waterfall




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281859/chapter/4

Após o aviso, levantei-me tão rápido que acabei derrubando minha bolsa no chão. Juntei-a e depois peguei as minhas 2 outras imensas malas para poder sair logo do trem. Estava começando a ficar nervosa. Muito nervosa. Mas não se confunda, não é nada comparado com alguém estar ansioso pelo começo de sua aventura em Paris. O que eu realmente sentia eram curiosidade e medo. Curiosidade por imaginar o que estava prestes a vir e medo por temer que tudo aquilo que tivesse a ser feito, caísse por água abaixo.

A sorte é que eu estava preparada. Havia convertido minhas libras para euros em Londres, tudo para evitar que eu me comunicasse aqui. Papai comprou um mapa de Paris para mim, sublinhando o caminho que eu teria de seguir se quisesse chegar até o Hotel sem sufoco. Pensei em pegar um metrô, mas como era meu primeiro dia, achei justo que minha primeira locomotiva fosse um táxi.

Caminhei até a saída da estação de Gare Du Nord. Ao contrário de St. Pancras, aqui estava lotado. Eu sufocava enquanto tentava, ao máximo, não esbarrar nas pessoas que passavam por mim. Logo empurrei as portas que continham algo escrito em suas laterais, algo como Sortie, mas seja lá o que isso for, eu estava lá fora, mas de olhos fechados. Respirei fundo 2 vezes e os abri.

Olhei em tudo ao meu redor. Prestei atenção em cada detalhe. Cada som. Cada imagem. O clima era fresco, vivo, refrescante. O som era uma tremenda mistura de buzinas com músicas, vendedores gritando, crianças correndo, pessoas dialogando, outras silenciosas, outras comendo, fumando, rindo, gesticulando. Cada movimento parecia ter um toque original. Um toque francês, no caso. Estranho aos meus olhos, mas não deixava de ser um pouco elegante.

Já conseguia sentir os olhos das pessoas sobre mim, até porque eu estava parada com duas malas ao meu lado como se eu fosse desmaiar a qualquer momento. Decidi então ir até o ponto de táxi logo à frente.

–Oi... Hã... Quer dizer... Eu. Não. Falo. Francês. Você. Poderia. Me. Levar. Até. Onde. Esse. Mapa. Mostra?- Eu estava fazendo mímica para o taxista me entender, pois não tinha lido nem os cumprimentos básicos em francês no trem, mas, por incrível que pareça, ele estava rindo. Que tipo de país é esse?

–Americana?- Ótimo, ele falava inglês. Tudo que eu queria era cavar um buraco no chão e sumir.

– Ah, você fala inglês... Bem, não! Sou inglesa. – disse, subindo um pouco a ponta do nariz para mostrar o meu orgulho disso.

–Imaginei. – Ele sorriu.- Bom, pelo que você me mostrou em seu mapa, irá ficar em La Motte- Picquet Grenelle. Puxa, espero que você não tenha nenhum compromisso, pois com esse trânsito chegaremos lá no máximo daqui 1 hora!

–Acredite, eu não tenho. - disse, mostrando-me impaciente por estar aqui.

Ele sorriu novamente e me guiou até o carro. Ele disse algumas palavras em francês na qual fui incapaz de entender com o seu colega e entrou no táxi. Enquanto ele arrumava o cronômetro que indicava o pagamento, notei que ele estava sentado no lado esquerdo do carro. Fiquei pensando se o carro era automático, mas logo vi que o volante se encontrava no lado esquerdo também.

– Que estranho!- cocei a cabeça. Achei que a direção fosse do lado direito... Esses franceses... Devem sempre inventar regras tão desnecessárias. - disse com desgosto.

Ele riu novamente. Fiquei com uma vontade imensa de perguntar do que ele ria tanto.

– Na verdade, foi o seu país que inventou essa regra “desnecessária” de dirigir na parte direita do carro. Todos os outros países, que eu saiba, apresentam seus carros com volantes na parte esquerda. - ele disse, deixando-me ainda mais com vergonha. Pelo meu próprio bem, decidi ficar em silêncio o resto da viagem.

O primeiro trecho da viagem foi um silêncio total, mas depois ele me olhou pelo espelho retrovisor e disse:

–Você nunca veio aqui, não é...?- ele perguntou, referindo-se ao meu nome.

–Drew Kimberley! E você acertou de novo! Nunca vim a Paris. - disse meio impaciente.

– Imaginei.- ele sorriu.- Bem, Drew... Gostaria que você visse uma coisa. Não se assuste, faço isso com todos os meus clientes turistas que nunca visitaram Paris. Até hoje, ninguém se decepcionou, mas estou meio em dúvida de você- deu uma risada.

– Bom, então... Sinta-se à vontade!- eu disse, desafiando-o.

– Primeiro, feche os olhos e, quando eu disser para você abrir, abra-os imediatamente. - Fiquei meio desconfiada dessa brincadeira, mas ele parecia ser um cara tão sincero, então decidi experimentar.

Foi o que eu fiz. Fechei meus olhos e continuei com eles fechados durante uns 5 minutos.

– Essa é a minha parte favorita- ele disse, parecendo entusiasmado. Agora, Drew, quando eu disser para você abrir, você olhará imediatamente para a direita, certo?- ele perguntou.

–Só estou esperando o seu pedido!- seja o que for, espero que valha a pena, ficar com os olhos fechados por 5 minutos estava me deixando sonolenta e entediada.

Quando ele pareceu ter feito uma curva longa e parado com o carro, foi quando tudo aconteceu.

– Abra seus olhos- ele disse suavemente.

E eu o obedeci.

Levei um choque. Não! Parecia ter sido algo bem pior do que ser eletrocutada. Não sentia mais meu corpo. Minhas mãos tremiam, meus olhos brilhavam, meus pensamentos se embaralhavam, meu coração batia forte. Não dava para acreditar. Era ela. Brilhante e intacta:

Torre Eiffel.

–Espero que goste de Coldplay, eles são ingleses assim como você. Ele disse escolhendo a música Every Teadrop is a Waterfall– Ah! Já estava até me esquecendo!- Ele sorriu. - Seja bem vinda a Paris!



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um toque francês" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.