Só mais uma história de amor escrita por Sali


Capítulo 16
"Eu não gosto dela."


Notas iniciais do capítulo

Olá, moças bonitas.
Então, cá estou. Nem demorei, né?
Eu poderia ter postado antes, porém comecei a ler A Dança dos Dragões, que é o quinto livro das Crônicas de Gelo e Fogo e não larguei. Cês sabem como é quando o livro é foda né?
Well, enfim. Aproveitem o cap. Começa legalzinho e termina... Tenso.



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Depois que saímos do salão, Júlia e eu decidimos almoçar na praça de alimentação, e então fomos cada uma para o seu apartamento. Ela disse-me que precisava arrumar algumas coisas, e eu precisava concluir meu trabalho. Então, depois de levá-la até o seu prédio e nos despedirmos com um longo beijo, finamente pude voltar ao meu apartamento.

Sentada na cama, com o notebook no colo, eu me esforçava para terminar de escrever a conclusão do trabalho, mas a minha cabeça vagueava para longe. Mais exatamente, para os acontecimentos de algumas horas antes.

A reação de Júlia ao ver Isabel, estava fixada na minha cabeça, e me impedia de pensar em qualquer outra coisa. Certo, elas haviam tido uma história juntas, e aquilo deixara uma marca em Júlia. Até aí era compreensível. Até o fato da minha namorada se assustar ao rever aquela mulher era compreensível.

O que eu não conseguia compreender era por que ela ficara tão abalada, mesmo afirmando tão categoricamente que não gostava mais dela.

Todo aquele choque e aquelas reações tão assustadas não saíam da minha cabeça e, temperadas pelo meu medo de perder Júlia – que era quase como uma mão de puro gelo apertando a minha garganta, pior do que fora há meses, quando a conheci –, causavam uma confusão tão grande nos meus pensamentos que me deixaram com dor de cabeça.

Acabei por salvar o texto quase sem alterações e fechei o notebook, deixando-o sobre a mesa do quarto antes de me dirigir à área de serviço do apartamento, pulando a janela e subindo as escadas de incêndio para chegar ao teto do prédio. Sentei-me o mais perto da borda que eu me atrevia e liguei meu celular, deixando que o som da música clássica enchesse o ambiente, quase substituindo os sons da rua muitos andares abaixo.

Acabei me deitando no chão, utilizando os dois braços sob a cabeça como travesseiro. O céu começava a ficar nublado, e eu mirava as nuvens sem nenhum interesse certo, até que o som metálico de passos nas escadas de incêndio se fez ouvir.

Levantei-me em um sobressalto – tão rápido que, se eu estivesse um pouco mais próxima da borda, poderia me desequilibrar – e olhei em direção à escada, onde um garoto subia. Ele tinha cabelos castanhos, olhos azuis e pele branca, e não parecia ser mais velho que eu, mesmo que tivesse o corpo desenvolvido. Depois de encará-lo por pouco tempo, acabei me lembrando que fazia parte de uma família que se mudara há pouco para o prédio.

– É... Oi... – Ele disse, parecendo surpreso por me ver ali.

Sentei-me no chão e desliguei a música que tocava.

– Hey. Você é daquela família que se mudou, não é? Do terceiro andar?

– Sim, eu sou.

Sorri.

– Senta aí. Qual é o seu nome?

– Gabriel. – Respondeu, sentando-se no chão.

– Legal. Eu sou Mariana. Prazer.

– Prazer. – Ele deu um sorriso pequeno.

– Mas então, Gabriel, desde quando você conhece esse "terraço" aqui?

– Quando a gente se mudou eu fui explorar o apartamento, vi a janela da área, essa escada de incêndio e resolvi subir para ver onde daria. Achei que eu fosse o único a conhecer. – Ele deu de ombros e eu ri.

– Eu também achei que fosse a única a conhecer. Venho aqui desde que me mudei para esse prédio, há dois anos. Gosto de ficar aqui para pensar.

– Sim, pensar é legal.

Assenti em concordância e um silêncio pairou no ar, sendo quebrado, momentos depois, por Gabriel.

– Ei, Mariana, se não for muita curiosidade... A música que você estava ouvindo quando eu cheguei era a Primavera de Vivaldi, não é? – Ele perguntou, indicando meu celular.

– Era sim. – Confirmei. – Você gosta de música clássica? – Arqueei uma sobrancelha.

– Eu costumo tocar. Quero dizer, costumava. Meu piano ficou na outra casa. Ainda vão trazê-lo. – Ele deu de ombros.

– Você toca piano? – Perguntei e ele assentiu. – Isso é legal.

Peguei meu celular e vi que passavam um pouco das duas tarde, acabando por me lembrar também do trabalho que jazia interminado no meu computador.

Cocei a cabeça.

– Ah, Gabriel. Eu vou ter que descer para o meu apartamento agora. Preciso terminar um trabalho para a faculdade, enfim.

– Tudo bem. – Ele sorriu. – Eu entendo como é isso.

Sorri e assenti.

– De qualquer forma, foi bom te conhecer. E descobrir que alguém compartilha do meu lugar não mais secreto aqui no prédio... E do meu gosto peculiar por música clássica.

Gabriel riu de novo.

– Bom, relaxa que, se depender de mim, esse lugar ainda vai continuar secreto. E sobre a música, bom, é realmente raro conhecer gente jovem com esse gosto. De qualquer forma, também foi bom te conhecer. Melhor que uma conversa de elevador.

Concordei, dando risada.

– Então até outra hora. – Dei de ombros, estendendo a mão.

– Até. – Ele sorriu e apertou a minha mão, voltando a se sentar no chão enquanto eu descia as escadas de incêndio e voltava para o meu apartamento.

. . .

O resto do fim de semana se resumiu em terminar o trabalho de sociologia, sair com Júlia, sair com Pedro e Ana, estudar e dormir. E então, a segunda-feira havia chegado novamente.

– Se eu pudesse, mataria todas as aulas e dormiria até meio dia. – Ana se inclinou no encosto da cadeira, colocando os pés no colo de Pedro, que os empurrou enquanto murmurava "folgada".

– E por que não faz isso? – Perguntei enquanto folheava o caderno de Júlia, atrás de uma matéria que eu havia perdido.

– Porque se eu levar mais uma falta com o Alexandre, levo pau nessa matéria.

Eu ri.

– Faz sentido.

– Gente, gente. Para tudo. Quem é a girl magia super hot ali atrás?! – Ana exclamou de repente, desviando o olhar para um ponto atrás de nós.

Eu e Júlia começamos a rir com o jeito que Ana falara, mas ao nos viramos, o riso ficou preso na garganta.

A garota que vinha em nossa direção tinha dreads nos cabelos castanhos, tatuagens nos braços e um sorriso malicioso nos lábios.

– O que ela está fazendo aqui? – As palavras saíram da minha boca antes que eu impedisse.

Júlia, ao meu lado, estava atônita, exatamente como ficara no shopping, dois dias antes.

– Ju! É bom te ver aqui. – O sorriso de Isabel aumentou à medida que ela se aproximava de nós, e o seu tom de voz me trouxe um gosto amargo à boca.

– Júlia. – A minha namorada corrigiu, rangendo os dentes.

– Ah, certo, me desculpa. São esses hábitos que não acabam com o tempo. – Ela deu de ombros, acenando com a mão. – De qualquer forma, foi bom te encontrar. Eu estava querendo conversar com você, sabe? Como era antes. Pena que no sábado eu estava ocupada.

Isabel falava de um jeito alegre, quase carinhoso, como se ignorasse o clima pesado e a tensão visível na expressão de Júlia. Ela também falava como se eu, Ana e Pedro não estivéssemos ali.

– Gente, está na hora de ir para a próxima aula. – Pedro cortou o assunto antes que Júlia respondesse. – Vamos Ana, Mari...

– Ju, você vai comigo? – Perguntei a ela.

– Sua aula é agora, Júlia? – Isabel perguntou.

– Na verdade não. Só a da Mari.

Senti o gosto amargo voltar à minha boca, e assim que ouvi o que Isabel disse depois, uma sensação estranha começou a me agitar o estômago.

– Então fica aqui. Vamos conversar, como antes. – A morena de dreads sorriu do jeito malandro, olhando diretamente para Júlia.

A minha namorada mordeu o lábio, hesitando, e olhou para mim.

– Ah, vamos lá, Júlia. Você não é grudada nessa garota. Eu sei que vocês namoram, relaxa. Eu não vou te atacar. Só quero conversar.

– Pode ficar, se quiser. – Respondi, meio seca demais. – Você ficaria entediada até a nossa aula terminar.

– Ah... Tudo bem. – Júlia parecia insegura. Virou-se para mim e colocou uma mão na minha nuca, me puxando para si. – Estou te esperando. Volta logo, ok?

– Vou voltar. – Acariciei seu rosto e deixei um selinho demorado sobre seus lábios, me afastando dela e seguindo Pedro e Ana em direção à nossa aula.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? ^^
Antes que perguntem, não, eu não sei se esse Gabriel vai ser importante na fic. Eu comecei pensando que seria, mas aí acabou indo pra outro rumo, enfim.
Só tô dizendo isso pra vocês não cobrarem a presença dele, se é que isso vai acontecer.
Anyway.
Temos alguma Team Isabel aqui ou todo mundo gosta mesmo da Mari?
Sim, a Isabel é ao mesmo tempo bonita, sexy e filha da mãe. Será que vocês vão gostar ou odiar a moça? u.u
Well, espero reviews, tá?
Vocês não comentam, isso é maldade. Vou começar a ameaçar essas fantasminhas ~~
Enfim. Espero que gostem u.u