P.O.V Maka

Lá estava eu, caminhando pelas ruas escuras de Death the City no meio da noite, o frio cortante batia contra meu corpo fazendo-me estremecer por completa. Meus olhos estavam marejados, prestes a derramar todas as lágrimas que venho segurando a alguns minutos. Não é a primeira vez que isso acontece, eu e o Soul sempre brigamos. Mas por que, dessa vez, isso tinha me afetado de uma maneira que eu não esperava?  Aquela briga, que começou não sei por que, mas terminou de uma maneira em que eu estava sofrendo cada vez mais. E para piorar, aquele momento passava por minha mente como um flashback, deixando-me ainda mais angustiada.

Flashback on:

– Você é um idiota Soul! – Eu gritava o mais alto que podia. – Você é como todos os outros homens, imprestável!

– É isso que você acha?  - Eu via a raiva em teu olhar, assim como ouvia a ira na tua voz – Que eu sou como todos os outros homens? Quanta hipocrisia Maka!

– É isso que eu acho sim, na verdade, é isso que tenho certeza! – Eu lutava para segurar as lágrimas, para não demonstrar para ele que tudo aquilo me afetava. – Você é igualzinho a ele... Igualzinho ao meu pai.

Flashback off.

Essa cena se repetia com freqüência em minha mente. Assim como a cena em que vi Bleir, a bruxa, aos beijos com Soul. Quem eu queria enganar? Aquilo só me afetou porque no fundo, eu o amava. Algo que eu jamais admitiria ou diria. Um segredo que guardaria, que não seria necessário contá-lo.  Porque assim como eu tinha essa certeza, tinha também a que o Soul jamais corresponderia. Ele era incapaz de nutrir sentimentos por alguém, era nisso que eu acreditava.  Sai dos meus devaneios e continuei a caminhar pela rua. Foi quando me deparei com uma figura conhecida, afinal, eu o reconheceria a metros de distância.  Passei ao seu lado, e por um instante parei encarando-o. Ele não pronunciou uma palavra sequer, assim como eu também não pronunciaria; era um silêncio barulhento, que me incomodava. Suspirei, desistindo de esperar que ele fosse dizer algo. Quando me virei para continuar à andar, senti sua mão segurar a minha.

– Espera. – Ele disse com a voz embargada.

– Para?

– Aquilo que você viu... Foi um mal entendido.

– E por que eu deveria acreditar em você Soul? – As lágrimas que antes eu segurava, agora desciam sobre meu rosto sem cessar.

– Porque eu te amo Maka. – Eu estava incrédula, boquiaberta. Sem acreditar que estava ouvindo o que tanto esperei ouvir. Meu coração batia fortemente. – E porque eu sei que você também me ama.

– Como pode ter tanta certeza dos meus sentimentos?

– Porque eu os vejo em seu olhar. Nestes seus olhos esmeraldas que entregam a verdade que você tenta esconder.

Ele virou-me para que eu pudesse encará-lo.  Perdi-me olhando em seus olhos vermelhos como rubis, olhos estes que transpareciam sinceridade. Meu coração pulsava dizendo que sim, era verdade. Mas eu devia confiar? Devia me entregar? Foi quando o senti se aproximar de mim e segurar fortemente meus braços arrepiados devido ao frio. Não desviei o olhar nem por um segundo sequer, meu coração batia descompassado no peito por conta de tamanha proximidade. Uma forte rajada de ventou passou por nós, fazendo com que meus cabelos soltos voassem contra meu rosto. Ele soltou uma mão e arrumou meus cabelos para trás, voltando a me segurar e juntar nossos corpos ainda mais.

– Soul... – Ele olhou-me esperando que eu continuasse. Pensava nas possibilidades de resistir à ele, e cheguei a conclusão de que era impossível. – Aishiteru!

Disse como um sussurro, querendo que talvez ele não tivesse ouvido. Mas ouviu. E sorriu com o sorriso mais lindo que eu já vira. E sem perceber, o senti puxar meu rosto de encontro ao seu, seus lábios se pressionaram contra os meus com urgência, estávamos em meio a um beijo cheio de amor. Suas mãos passeavam pela lateral do meu corpo, parando em minha cintura e apertando-a com força. Subi minhas mãos até sua nuca, infiltrando meus dedos em seus cabelos macios e bagunçados. Afastei-me em busca de fôlego, foi quando o ouvi sussurrar em meu ouvido, palavras que sempre sonhei em ouvir:

Aishiteru, Maka.