Neville pegou o pequeno sapo verde escuro entre as mãos e tentou segurar o choro entalado na garganta. Quem olhasse aquela cena de fora teria rido, parecia absurdo um garoto, quase homem, de 17 anos estar chorando por um velho sapo. Mas Neville não se importava, naquele momento ninguém importava a não ser o pequeno animal entre suas mãos.

— Trevo, acorde – murmurou mesmo sabendo que não teria uma resposta.

A visão ficou embaçada pelas lágrimas, as pernas fraquejavam e o que Neville mais queria é que o sapo estivesse pregando uma peça com ele e de repente começasse a pular e fugir de seus dedos.

Trevo... ele e Trevo tinham passado por tantas coisas juntos. Ele vivia reclamando que preferia ter ganho uma coruja ou um gato para os amigos mas no interior ele e todos sabiam que Neville não trocaria o velho sapo por nenhum outro animal. 

O sapo era um animal meio esquisito, fora do lugar, assim como ele as vezes se sentia nas aulas de Hogwarts. Por Merlin, o seu bicho papão no terceiro ano tinha sido o Snape, não existia nada mais esquisito ou vergonhoso do que isso.

— Trevo - murmurou novamente - não faz isso comigo...

O pequeno sapo indiretamente tinha ajudado tanto o bruxo, era até surreal imaginar que um animal tão bobo tinha melhorado tanto sua vida.

Primeiro de setembro, Neville olhava impressionado o trem vermelho que levaria ele para Hogwarts. Finalmente. Todos da família, ele incluso, estavam preocupados que ele poderia não ter sangue bruxo mas enfim a magia apareceu e ele ganhou o pequeno Trevo de seu tio.

Ele segurava o sapo nos dedos com força, o bichinho se recusava a ficar no lugar, já tinha o perdido mais de cinquenta vezes nessa última semana e não duvidava que perderia de novo durante o ano em Hogwarts.

Neville entrou distraído no trem admirando tudo ao redor quando se chocou com tudo em outro aluno, fazendo os dois caírem no chão com força.

— Desculpa - murmurou muito vermelho.

— Tudo bem - o outro aluno respondeu simpático - acidentes acontecem.

Neville acenou com a cabeça e rapidamente correu para um dos vagões vazios, extremamente envergonhado de si mesmo.

— Ótima primeira impressão - resmungou consigo mesmo.

Neville ficou olhando a paisagem e sentiu que outras pessoas entraram no seu vagão sentando nos bancos vazios. Distraído o bruxo brincava de torcer os dedos quando de repente deu um pulo se lembrando:

— Caramba! Trevo! 

Neville deu um tapa na própria testa, tinha esquecido completamente do sapo. E agora? Como ia achar o sapo em um trem daquele tamanho.

As pessoas do seu vagão olhavam para ele curiosos, sem entender o que estava acontecendo.

— É o meu sapo - falou nervoso - eu o perdi.

— Está tudo bem - uma menina com o cabelo bem frisado o acalmou - eu te ajudo a procurar.

E foi assim, graças ao animal fugitivo que Neville fez sua primeira amiga, Hermione. Depois disso vieram os outros: Dino, Thomas, Harry e Rony.... ele deixou de ser aquele garoto gordinho meio excluído da cidade onde morava para só mais um garoto normal com amigos.

Depois disso indiretamente com suas fugas Trevo sempre acaba o ajudando, tipo no final do primeiro ano quando estava na salão comunal procurando o sapo entre as almofadas quando viu Harry, Hermione e Rony tentando sair escondidos no meio da noite.

Neville já estava encrencado com a Grifinória porque vivia perdendo pontos na aula de poções, então com o pouco de coragem que tinha enfrentou os três amigos tentando os impedir de sair e assim causarem mais problemas. Infelizmente não foi bem sucedido, acabou imobilizado a noite inteira, mas então o impressionante aconteceu: Dumbledore reconheceu o seu feito e deu pontos a sua ação e isso levou a vitória da Grifinória na contagem de pontos.

Todo mundo da mesa se levantou para o cumprimentar e ele só pode sorrir. 

— Parabéns Neville - Harry o cumprimentou feliz.

Neville sorriu mais ainda. Ter uma vitória dessa e estar rodeado de amigos era muito mais do que ele tinha imaginado.

Neville secou as lágrimas, a tristeza dando lugar a raiva.

— Maldito Carrow – resmungou com os olhos ainda vermelhos.

Desde que Snape tinha assumido a diretoria de Hogwarts e trazido com ele os irmãos Carrows, Hogwarts tornara-se um inferno. Ele tinha um pouco mais de sorte que os demais porque era sangue-puro, ele nem conseguiria imaginar o quão difícil era para os nascidos trouxa.

Hoje na aula de Arte das Trevas Carrow tinha decidido que seria divertido mostrar aos alunos o Cruciatus, e no que melhor do que em Trevo que novamente tinha escapado do seu bolso e estava no chão o que acabou captando a atenção do comensal da morte.

Neville ficou travado enquanto via Carrow pegar o sapo, o colocar no meio da mesa, apontar a varinha e falar o feitiço. Ele viu o pequeno sapo se contorcer e não conseguiu fazer nada para impedir.

Virou-se em direção onde Harry costumava sentar esperando que o amigo fizesse algo, como sempre tinha feito, mas dessa vez aquela carteira estava vazia. Harry não estava lá para defendê-lo.

Por fim ele viu quando o sapo parou de se mexer, Trevo não tinha conseguido sobreviver ao Cruciatus. Quando a aula acabou e o Carrow saiu da aula rindo, Neville pegou cuidadosamente o sapo entre as mãos, esperando que o sapo magicamente voltasse a vida, mas nada aconteceu.

Raiva, o que ele sentia era raiva. Além de raiva era impotência, a sensação de que não podia fazer nada.

Sentiu uma pequena pressão no bolso e quando colocou a mão sentiu a pequena moeda da Armada Dumbledore que ele sempre carregava para lhe dar coragem.

Foi então que tomou uma decisão, Harry podia não estar mais em Hogwarts mas nem por isso o colégio ficaria desprotegido desses comensais malditos. Ele ajudaria Harry Potter, aquele que sempre tinha acreditado nele, ele reergueria a Armada. Precisava chamar Gina, Luna e os outros membros para ajudá-lo.

Por Harry Potter… por... por Trevo!