No capítulo anterior...

— Então você brigou com ele... -Dominique repetiu pela quarta vez e eu assenti. — E ai ele te beijou... —Pareceu pensativa por mais um instante e riu da minha cara. — Afinal, é tão normal brigar com uma pessoa e beijá-la, né? Aiai, amor... Vai entender.

— NÃO É AMOR, É ÓDIO! AAAAAAARGH! -Gritei enfiando minha cara no meio das almofadas. Dominique, realmente, não serve para mais nada além de me irritar. 

— Eu acho que ele gosta de você, e tenho certeza que você gosta dele também. -Suspirou como uma criança que acaba de ganhar um doce, ou acabou de acordar de um sonho. — Formam um lindo casal. 

— Sabe de uma coisa que eu tenho certeza? -Perguntei e ela negou com a cabeça. — Se você não calar a boca com certeza esse seu rostinho lindo vai ficar deformado. 

— E você sabe que deve esse seu corpinho e essa sua força a ele, não sabe? -Revirei os olhos. Não é bem assim. Mesmo se nada disso tivesse acontecido, eu ainda conseguiria acabar com o rostinho de barbie dela. 

— Não enche, Dominique. -Algo que eu odeio mais do que alguém estar certo, é eu estar errada. Merda.

Capítulo 14:

Jogo, jogo. Amor no outro time.

|| Dia do Grande Jogo - 03:31 PM ||

— ... Ai você vai pela esquerda, o Teddy entra na direita e você defende enquanto o Fred pega o pomo. Entendeu? -Perguntou James apontando para o quadro de jogadas. Não ia falar que eu achava que só teria de ficar no gol e boa... Ele vai ficar bravo e ter uma crise de raiva pré-jogo. 

— Ahn... Aham. -Ele assentiu e eu coloquei minha cabeça entre as mãos. Acabaria por ter um infarto e morreria antes mesmo de entrar naquele maldito campo. Dominique estava atrás de mim, com a pior das caras. Ela, como eu, não deve ter entendido bulhufas e está rezando para que o destino coopere. 

— Não se preocupe, Rose, os garotos não vão deixar você se machucar. -Molly tentou me confortar sentando no colo de Fred, que estava ao meu lado. 

— É, mas eu não me responsabilizo por você ser atingida por balaços. -Comentou James erguendo os braços em forma de rendição.

— Ela está nervosa, James Sirius, não piore as coisas! -Repreendeu a loira fazendo massagem nos meus ombros, o que não adiantou porcaria nenhuma. Mas coitada, ela está tentando. — Se quiser eu faço até uma musiquinha de torcida para te animar, Rose!

— Ah, não... -Murmurei exalando desânimo, medo, vergonha alheia e ansiedade.

— R, O, S, E.... -Começou ela causando risos no resto do time. O que me tranqüilizava era saber que Roxanne também joga quadribol... Mas ela tem mais experiência, força e etc do que eu. 

— Não começa, por favor! -Pedi me levantando e indo até um sofá vermelho que tinha mais pro fundo. Que droga. Não basta ter de passar vergonha na frente de Hogwarts inteira, meus tios tem de vir.

— Olha ai a jogadora de quadribol mais linda do mundo. -Coloquei uma almofada na minha cara. Não, não, não. Meu pai tem que me deixar com mais vergonha do que já estou, é impressionante. — Fiquei tão feliz que ia ver você jogando quadribol, Rose, você não faz ideia. 

— Sim, faço ideia sim, lembro bem da vez em que Hugo teve seu primeiro jogo. -Resmunguei me sentando e tendo ele e tio Harry sentados ao meu lado. — Também lembro quando Alvo conseguiu ser apanhador.

— Belos tempos. -Disse tio Harry dando tapinhas nas minhas costas. — Mas acredite, Rose, quando foi a vez do seu pai... Bem, é uma história bem engraçada e...

— Não é nada engraçada, não conte pra ela! -Papai pediu, causando risos em meu tio que ficou com uma expressão de quem está lembrando de cada detalhe. Velhos, vai entender. — De qualquer modo, eu, a sua mãe, o tio Harry e a tia Gina vamos estar nas arquibancadas torcendo por você.

— Vamos cantar assim, tio Rony... R, O, S E... -Dominique tentou mais uma vez, porém eu a cortei.

— Não inventa, Delacour. -Pedi e ela fez cara de cachorrinho que caiu da mudança. 

— Boa sorte, querida! -Disse papai me dando um beijo na testa, e logo ele e tio Harry saíram após falarem com os garotos. Dominique veio ao meu lado, com um sorrisinho de canto que eu nem quis perguntar o porque... Era perceptível. 

— Você precisa respirar fundo. -Assenti fazendo o que a loira falou. Mas, de um certo modo, eu queria que Scorpius e Alvo estivessem aqui também. Eles são uma bela distração. — Tirar certas pessoas da cabeça e...

— Eu quero ver ele, Domi. -Sussurrei e ela sorriu de canto para mim, lançando-me um olhar de quem sempre esteve certa. Merda. 

— Você vai ver no campo, relaxa. -Revirei os olhos e ela me abraçou de lado. — Acho que até ele está torcendo para você mostrar a todos o que ele fez. 

— Aquele interesseiro, otário, estúpido, imbecil, idiota... -Murmurei e ela riu dando um tapinha em minhas costas.  

— Vamos, Rose? -Disse James vindo em nossa direção. Levantei-me, e Dominique fez o mesmo dando-lhe um beijo de boa sorte. O que eu acho uma tremenda ridícula demonstração de afeto. 

Após isso, Dominique saiu após me dar um abraço asfixiador, que eu queria que tivesse me matado... Mas já que estou viva. Subimos na vassoura e esperamos para voarmos para o campo. Ah que droga de vida, nunca pensei que chegaria esse momento. 

— Com medo? -Perguntou Teddy ao meu lado. Assenti e ele deu um riso abafado. — Sei como é isso. Mas não vai acontecer nada, a não ser que um balaço lhe atinja... Ai é outra história. 

Tentei me acalmar mais uma vez, e logo tivemos sinal para entrar. E então vi todos aqueles rostinhos sorridentes na torcida da Grifinória. Já na torcida da Sonserina, vi os rostinhos que querem ver uma desgraça acontecer. Eles me dão medo, mais medo do que quando vejo minha mãe cozinhando algo com a tia Gina. 

Porém, deu para ver — e ouvir — os gritos de Dominique para mim. Ela era louca, e como se já não bastasse... Quando a Sonserina entrou, ela fez a velha cara de: Vai dar merda. Dava para ver, também, a treinadora. Acho que já ganhei vários pontos por me manter no ar nesse período de tempo: Um grande avanço. 

E quando escutei o apito e o ''Sem trapaças'', o jogo começou. Que a sorte esteja ao meu lado, amém.

(...)

Depois de muito enrola-enrola, bolas assassinas voando, torcidas meio otárias e a quase morte de Rose Weasley... Finalmente esta chegando ao fim. Grifinória está ganhando por uns dez pontos. E é agora que o medo vem. Scorpius está com a tal de Goles, e está vindo em minha direção. Se ele fizer esse ponto, empata. 

Ele fez menção de que ia jogar no arco do lado direito, porém eu não fui em cima... Fui para o lado esquerdo, onde ele jogou e eu defendi. Do jeito que ele disse. E nesse momento, pudi ver Fred pegando o pomo porque Alvo hesitou em pegar. Eu amo esses dois babacas, amo. 

— GRIFINÓRIA É A CAMPEÃ! -E com esse anuncio, eu respirei fundo e fui em direção ao chão. Onde fui abraçada por Dominique, meus tios, meus pais, meu irmão e por um povo que eu não faço ideia de quem seja. 

— Querida, quem foi o santo milagroso que te ensinou a jogar quadribol? -Perguntou papai me abraçando novamente. 

— Foi o Scorpius... Malfoy. -Disse e senti ele me abraçar ainda mais forte.

— O importante é aprender, né minha flor? -Soltei um riso abafado e ele finalmente me soltou, fazendo-me encarar a treinadora.

— Grande jogo, Weasley. Acho que vai gostar de saber que... -Odeio suspenses. Eu sempre fico com esperança de que algo vai dar certo, o 'legal' mesmo é quando da errado. — Você passou de ano! Boas férias para você.

— AH MEU MERLIN, SÉRIO? -Gritei e ela assentiu. Comecei a pular dando abraços em todos que eu via pela frente, inclusive nela. 

Andei, andei, andei quando finalmente encontrei Alvo sentado em um banco olhando para o nada. Sentei ao seu lado e o abracei, dando um beijo em sua bochecha. 

— Me ame menos, Rose. -Pediu e eu gargalhei lhe abraçando mais uma vez. — Algum motivo para tudo isso?

— Eu vi você... Fred... O pomo. Obrigada. -Ele riu como se eu fosse louca e respirou fundo. — Sério.

— Você estava muito nervosa, deve ter visto coisas. -Revirei os olhos com um sorriso estampado no rosto e ele me encarou. — Deveria agradecer Scorpius, sem ele você não teria se saído tão bem!

— Vou fazer isso. -E eu realmente ia lhe agradecer. Porém faltava três dias para o fim do ano letivo. Passaram-se as provas, passou o nervosismo, as dores, tudo. Menos a vontade de ver ele. Só é, que eu não o encontrei para lhe dizer o quanto estava feliz e grata. E o pior, não sabia o que ele estava tramando. Estranho. 

|| Uma semana depois - Toca dos Weasley, 06:28 PM ||