Um Novo Amor Doce escrita por N Baptista


Capítulo 3
Episódio 3 o cãozinho


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Dividi o episódio 3 em mais de um capítulo



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Mais um dia na Sweet Amoris, só espero que o Nathaniel não esteja mais bravo comigo, não quero encrencas com o representante. Pedí estava sentada nos degraus de entrada jogando no celular, quando me viu e disse para sentar ao seu lado.

– Chegou cedo Hally! Caiu da cama foi?

– Tipo isso. – Fiz uma careta – Teve uma confusão aqui ontem e eu mal dormi esta noite.

– Que tipo de confusão?

– O Nathaniel e o Castiel que quase caíram no fight.

– Quê? – Ela pulou no degrau apavorada e agarrou o meu braço – E o Nath está bem? Aquele neandertal fez alguma coisa com ele?

– C-Calma Pedí, o Nath está bem. Não aconteceu nada.

– (Ufa) – Ela suspirou pondo a mão no coração – Caramba Hally, você quase me mata de susto!

– Desculpa. Mas eu não sabia que você gostava tanto assim do Nathaniel.

– N-Não gosto... – Ela ficou toda corada – Apenas sou solidária.

As bochechas coradas da minha amiga não me deixavam acreditar nessa última afirmação, mas enfim, não é da minha conta:

– O sinal já vai bater – Olhei o relógio – Cadê a Talixka?

– Sei lá, não a vejo desde ontem.

– Ah é, como vocês se viraram com o Ken?

– Até que ele não é tão ruim sabia? – Ela sorriu e eu fiz uma careta – Mas entendo o seu lado. Ele é muito grudento!

– Extremamente! E como você fez pra despistar?

– Fiz o mesmo que você e empurrei pra Talixka.

Nós duas caímos na gargalhada e atraímos alguns olhares, mas nem ligamos:

– Qual é a graça? – Perguntou nossa amiga de cachinhos azuis, que tinha acabado de chegar.

– Como você se livrou do Ken ontem? – Perguntei quase chorando de tanto rir.

– “Se livrou”? Como assim? Eu não “me livrei” de ninguém. Ele me levou até em casa e no caminho ficamos conversando e ele até dividiu o lanche comigo. É um garoto muito legal Hally, não sei do que você reclama.

“Acho que tem gosto pra tudo” pensei pouco antes de ouvir o sinal tocar. Fui para a sala com a Talixka, já que a Pedí ia ter uma aula diferente, e fizemos dupla para a ficha de literatura:

– Então Hally, o que você ficou fazendo ontem depois da aula?

Quê? Por quê? O que eu falo?

– Ah, você é de algum clube?

Ela me olhou confusa tentando entender o porquê de eu ter fugido da pergunta, mas sorriu e respondeu mesmo assim.

– Sou sim. Ajudo o clube de basquete.

Escorreguei e quase caí da cadeira.

– B-Basquete? E por que não disse isso ontem?

– Ué, você não me perguntou Hally. Mas por que queria saber?

– Revirei a escola ontem pra alguém me mostrar o clube de basquete e você estava aqui o tempo todo. – Falei choramingando.

– Ah, acho que você não procurou direito. – Ela riu.

Baixei a cabeça sobre a ficha de romantismo.

– Você também está nesse clube Hally?

Concordei com um gemido e ela continuou.

– Então vamos juntas depois da aula?

Fiz sinal de positivo com o polegar, mas logo me arrependi, fiquei pensando que no clube estaria no mesmo lugar que a Talixka e o Castiel ao mesmo tempo. Quando a aula acabou, fui até o armário guardar o livro e acabei trombando com o Ken (nem vi que ele estava parado ali).

– Oi Ken. Não te vi na aula. Chegou atrasado?

– Não exatamente... Acontece que eu só vim mesmo pra me despedir de você antes de viajar.

– VIAJAR? Como assim? Pra onde você vai?

– Ah, acontece que o meu pai não gostou nada de saber do que aconteceu ontem. Ele disse que era inadmissível o filho dele apanhar de menininhas, e decidiu me tirar da escola.

– “Menininhas”? Como assim? O seu pai não pode simplesmente te tirar da escola. – (Como assim? O Ken vai sair da escola? Isso não faz o menor sentido)

– Acontece que ele é militar... E disse que vai me transformar em um homem de verdade.

“Homem de verdade”, estou ouvindo essa expressão desde ontem. Acho o maior machismo!

– Então... tchau Hally. – Ken parecia realmente triste e eu me senti estranha... Nós realmente não vamos mais nos ver?

– Tchau Ken... – Acenei para ele, mas só isso não parecia ser suficiente.

Ele se virou de costas para ir, e meu coração apertou de uma forma estranha, então eu estava me preparando para lhe dar um abraço, quando tropecei em uma coisa que guinchou estranho... Aquilo era um cachorro? Um cachorrinho fofo passou direto por mim no corredor...

– SENHORITA! – Trovejou a diretora me fazendo tremer nas bases – Por que não tentou pegar o meu Totó?

– E-Eu não sabia, ele simplesmente passou... – (Cadê o Ken?)

– Só por isso agora é SUA responsabilidade encontra-lo. E é melhor que não aconteça nada a ele. Encontre também a guia, a coleira e o brinquedo, e vá depressa!

Corri assustada pelo caminho que o cachorro tinha ido e acabei trombando com Iris, que estava saindo de uma sala de aula.

– Oi Hally. Conseguiu se virar com aquele lance do clube?

– Sim, o Castiel me ajudou. Agora diga, você viu um cachorrinho passar por aqui?

– Quer dizer que o Totó fugiu de novo? – Ela riu anasalado.

– Pois é. Ele faz muito isso?

– Bastante. E da última vez, eu tive que procurar. Corri pela escola o dia inteiro. – Não sei por que ela estava rindo, não me parece uma lembrança agradável.

– E você não tem nenhuma dica pra me dar?

– Ah, não sei. Tente atraí-lo com alguma coisa.

– Tá, obrigada.

Fui andando pelo corredor estudando minuciosamente o chão a procura de pistas. Estava tão concentrada que acabei trombando com Nathaniel e caindo sentada (mas eu vou trombar com todo mundo dessa escola hoje?!).

– Você está bem Hally? – Ele perguntou estendendo a mão para me ajudar a levantar.

– Estou. Desculpe-me.

– Sem problemas.

Ele parecia de bom humor apesar do que aconteceu ontem.

– Eh, Nath – Respirei fundo - Me fala, como ficou aquela história da folha de ausência?

– Ah, peço desculpas pelo meu comportamento de ontem. Eu não devia ter te metido nisso.

– M-Mas ele vai ser expulso?

– Não. Dessa vez não.

Fechei os olhos e suspirei aliviada.

– Melhor assim, não?

– Não sei. – Nath desviou o rosto – Acho que ele não liga. Mas será que podemos falar de outro assunto que não o Castiel?

– Claro! Você viu um cachorro passar por aqui?

– O quê? Ah, o Totó fugiu de novo, não é?

– Exato! E a diretora quase voa no meu pescoço por causa dele.

– Ela é realmente muito apegada àquele cachorro.

– Não tenho nada contra cães, mas por que EU que tenho que procurar?

– Boa sorte! – Ele deu aquele sorriso que te deixa anestesiada pelo resto do dia e eu tive que sair dali me apoiando nas paredes.

(Acorda pro mundo Hally, garoto é sinônimo de problema) O sinal tocou e eu vi todos os alunos irem para suas salas, pensei que talvez não fosse tão ruim perder algumas aulas, talvez eu devesse agradecer ao Totó, que por sinal acabou de passar no final do corredor. Disparei atrás do bicho feito uma louca, mas ele é muito rápido. Desceu as escadas, cruzou o primeiro andar e saiu para o pátio. Eu corri desesperada atrás dele, mas a porta estava só um pouquinho aberta, e quando eu a empurrei acabei pisando em alguma coisa de borracha que apitou e me fez cair, já imaginava a pancada no chão quando alguém me segurou.

– Tudo bem, desastrada?

(Droga, eu conheço essa voz) Olhei para cima cautelosa e vi o sorriso debochado de Castiel. EU ESTAVA NOS BRAÇOS DELE! Me soltei depressa e fiquei de pé:

– Estou bem. Obrigada por me segurar. – Respondi, quase tendo um colapso nervoso.

Ele estava sentado na mureta da lateral da escada. Se ajeitou antes de comentar com desdém:

– Você devia olhar por onde anda.

– Eu olho. Acontece que pisei no... BRINQUEDO DO TOTÓ!

Com um sorriso que quase não cabia no meu rosto, agarrei o boneco de borracha e Castiel me olhou como se eu fosse a maior doida varrida, até sua atenção ser desviada para o outro lado do pátio.

– Foi um cachorro que acabou de passar?

– ONDE? – Dei um salto e me empoleirei na mureta.

– Desce daí mulher gato!

Suspirei e voltei para o chão:

– A diretora me fez responsável pela caça ao cãozinho dela. E tipo, eu amo cachorros, mas por que sou EU quem tem que procurar?

– Então não procura, o máximo que ela pode fazer é te deixar de castigo pelo resto do ano.

– Valeu, mas eu tenho outros planos pra depois da aula.

– Verdade? E eu posso saber com quem?

Eu ri da curiosidade dele.

– Com o meu sofá. Nós vamos ver muuuitos filmes juntos.

Ele começou a rir também e aquela imagem de bad boy marrento sumiu completamente. Quando me dei conta que estava adimirando o sorriso do garoto feito uma retardada, desviei meu olhar para qualquer lugar e acabei focando numa das janela do segundo andar, onde vi Talixka, de costas para o pátio. Num reflexo, me escondi atrás de uma pilastra. Castiel olhou pra mim confuso, depois olhou para a janela e riu debochado.

– Tá fugindo da Talixka agora? Eu te entendo, ela é muito mala.

– Ei! A Talixka não é mala, é muito gente boa, e eu não estou fugindo de ninguém, só não quero que ela nos veja juntos.

– Por quê?

– Porque... Não tem nada a ver... Eu vou procurar o Totó.

Desci os degraus que faltavam e corri para a ala direita do pátio, nem sabia onde ia dar, só queria sair dali. Do nada me vi em um jardim bonito e bem cuidado, cheio principalmente de flores e tinha uns equipamentos de jardinagem, deve ser o outro clube.

– Desculpe, mas você viu um cachorrinho passar por aqui? – perguntei para um garoto de macacão, cabelo verde e uma boina marrom.

– Não, o cachorro não vi. – Respondeu com uma voz doce – Mas encontrei isso.

Ele apontou para uma mesa, onde ficavam algumas mudas de plantas e estava a guia da coleira que a diretora mencionou. Enrolei a tira de couro na mão e olhei ao redor:

– Então esse deve ser o clube de jardinagem, não é?

– Sim – Respondeu sorrindo de um jeito super fofo – E você deve ser a aluna nova que a Pedí falou.

– A Pedí?

– É. Não sabia que ela é do clube de jardinagem?

– N-Na verdade, não sabia não. – Que horror, estava tão preocupada de depender do Castiel pra achar o clube ontem que nem perguntei os clubes das minhas amigas – Eu sou Hally.

– Prazer em conhece-la Hally. Eu sou Jade. – Ele cortou uma flor que estava ao seu lado e me entregou piscando um olho.

Senti as minhas bochechas corarem enquanto gaguejava um “obrigada”, depois ouvi um barulho estranho e Totó pulou e saiu correndo, o danado estava cavando um dos canteiros do jardim. Jade olhou desolado para as plantas caídas.

– S-Sinto muito Jade. Olha, deixa que eu te ajudo. – Me sentia culpada, afinal, de um jeito ou de outro o Totó era responsabilidade minha.

Ele disse que não precisava, mas eu insisti e abaixei ao lado dele para tentar reerguer as pobres plantinhas.

– Como um cachorrinho tão pequeno pode dar tanto trabalho? – Comentei comigo mesma.

– Entendo, já não é a primeira vez que eu vejo os alunos se matando pra tentar pegar o cachorro da diretora.

– Você não estuda aqui Jade?

– Não, só venho dar uma força com o jardim. – Ele sorriu daquele jeito fofo de novo – Mas admito que a ideia de vir para cá é cada vez mais agradável.

Senti o rosto corar outra vez.

– Ah, bem... Eu tenho que ir.

Levantei toda sem-graça, bati a terra dos joelhos e saí dando um aceno para ele que sorriu (Caramba). O pátio estava lotado por causa do intervalo, então eu resolvi dar uma pausa na caçada.

– Aposto que você tem um cachorro! – Falei com Castiel que estava sentado no pé da arvore.

– Acertou, mas não é como esse nanico da diretora. É um Pastor Beauce.

– Tá, não conheço. E ele também se chama Totó?

– Engraçadinha, é claro que não. O nome dele é Dragon.

– Massa! E muito mais original.

– Você vai conhecer um dia. – Ele me lançou um olhar malandro.

– Quem sabe né? – Me fiz de desentendida e saí de perto.

Passei por uma janela e vi meu reflexo completamente corada (O que está acontecendo comigo?). Bastante sem-graça, eu entrei no prédio e vi a porta da sala dos representantes aberta.

– Nath, você viu... A COLEIRA! – Corri e peguei a coleira no chão.

Só nessa hora que eu me toquei que o Nathaniel não estava sozinho, Pedí estava de frente pra ele e os dois me olhavam corados.

– Ah, desculpa se eu interrompi alguma coisa gente, é que essa caçada está acabando comigo.

– V-Você não interrompeu nada – Disse Nathaniel corando ainda mais – Só estávamos falando das provas do terceiro trimestre.

Tá legal que eu entrei na escola já no meio do ano, e que as provas estão perto, mas aquele não era assunto pros dois corarem tanto.

– E aí, algum sinal do Totó? – Perguntou Pedí forçando um sorriso.

– Sinais eu tenho vários, mas pegar o cachorro que é bom...

– É, cachorros são animais complicados. – Nosso representante pensou em voz alta.

– Você não gosta Nathaniel? – Perguntou Pedí meio sem graça olhando para o chão.

– Não muito. Pra mim eles são meio bobos. Prefiro os gatos.

– M-Mas – Ela estava com as bochechas rosadas – Nem os filhotes?

– Não. Eu prefiro mesmo os gatos. – Ele respondeu sem reparar no nervosismo da minha amiga e se virou para mim – O que queria perguntar Hally?

– Ah, esqueci. Deixa pra lá. – Sorri me levantando e puxando Pedí pelo braço para fora da sala.

Ela caminhava com os olhos fixos no chão, as mãos na frente do corpo e as bochechas coradas. Pedí se veste igual a uma skatista, e ver ela daquele jeito tão fofinha, eu achei o máximo.

– Amiga, vocês estavam MESMO falando sobre as provas?

– Han? O que? Claro!

– Então tá.

O sinal tocou e todos foram para suas salas, exceto eu, é claro. Caminhei pelos corredores chamando, assobiando e até apitando o brinquedo dele, até que eu vi o danado do lado oposto do corredor, olhando pra mim e balançando o rabinho (isso seria muito fofo se eu já não estivesse com tanta raiva).

– Tá legal, agora somos só você e eu.

Ele começou a se sacudir todo, parecia até que tinha me entendido. O bicho disparou na minha direção e eu estava crente que ia conseguir pegar, mas passou por entre as minhas pernas me fazendo cair no chão e ter uma crise de risos.

– Como você consegue dificultar tanto uma tarefa tão simples? – Eu ainda não tinha visto Castiel encostado na parede.

– Você não vai pra sala hoje não? – Perguntei tentando parecer séria, mas ainda com um sorriso dolorido no rosto.

– Claro que vou. Quando você pegar o cachorro a gente vai junto.

– Então você podia me ajudar a... Está me zuando?! Acabou de insinuar que eu não vou conseguir pegar o Totó.

– Nesse ritmo não vai mesmo.

– Aceito sugestões.

Eu ainda estava sentada no chão e o roqueiro se agachou ao meu lado.

– Por que não tenta atrair com comida?

– Porque eu não sei o que dar pra ele. – Respondi e o rapaz bufou.

– Vem comigo. – Disse Castiel segurando o meu pulso e me puxando pelo corredor.

Paramos em frente ao armário dele.

– Eu te falei que tinha um cachorro – Disse enfiando a mão na mochila e tirando alguns biscoitos para cães – Tenta atrair o Totó com isso.

– Nossa Castiel, obrigada. É muita gentileza sua (principalmente se levar em conta que até agora ninguém moveu um músculo pra me ajudar).

– Eh, tá. Não se acostuma.

Dei o sorriso mais sincero do mundo e saí toda feliz e esperançosa. Agora o meu problema não era pegar o Totó, era achar ele, parecia que o bicho tinha tomado chá de sumiço. O sinal tocou e o movimento nos corredores retomou o ritmo de antes, vi o cachorrinho meio distante e estava indo atrás quando ouvi uma vozinha enjoada.

– Pega garota, pega! – A loira azeda falava comigo como se EU fosse um cachorro (cadela :P).

– Vá à merda Ambre!!! – Gritei sem nem olhar pra trás.

Encurralei o cãozinho em uma sala, chamei e mostrei os biscoitos, e então (Aleluia!) consegui finalmente pegar o Totó. Quando voltei para o corredor encontrei a diretora, ela estava toda descabelada e parecia que ia gritar comigo, mas assim que viu o cachorro ficou toda feliz.

– Ah, obrigada. Você conseguiu pega-lo. Lamento ter sido tão grossa, mas não me imagino sem o meu Totó. – (Essa velha é bipolar, to falando!)

– Não tem problema – (tem sim) – Nem foi tão difícil. – (Foi sim).

– Bem, agora pode voltar às suas atividades normais.

Ela colocou a coleira no Totó e saiu levando na guia (e o danado saiu saltitando na maior inocência (falso)). Consultei o relógio, só faltam mais duas aulas, eu sobrevivo.


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Notas finais do capítulo

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