POV Pedí:

 Quando a mãe da Tali conversou com o meu pai sobre eu passar uns dias na praia com eles a resposta imediata foi “Não”. Ela insistiu por um tempo, eu também fiquei fazendo umas promessas e no fim ele topou (mas vou ter que treinar o dobro do tempo no violino... Saco!). Falei com Rick pelo telefone sobre os meus planos para o início das férias e ele achou uma ótima ideia eu sair e me divertir um pouco, segundo ele eu “ando meio tristinha ultimamente”, mas é verdade eu ando meio desanimada desde que a Hally me viu com o Castiel e entendeu tudo errado. Aquele idiota também não faz a menor questão de esclarecer o mal entendido.

 Quando éramos pequenos, eu lembro que as outras crianças sempre pegavam no nosso pé por sermos primos. Éramos meio excluídos, então andávamos juntos, aí os outros diziam que nós erámos sombra um do outro e rolou até uma história de que éramos gêmeos e nascemos grudados, e quando o médico separou os dois ficou meio cérebro pra cada um (É crianças são cruéis!). Por isso começamos a nos afastar e hoje não contamos pra ninguém que somos parentes, sabe como é... Traumas ficam!

 Mas não aguento mais essa situação, não quero brigar com a Hally e nem com qualquer outra amiga no futuro, ainda mais por uma besteira como essa. Talixka também está um pouco diferente, acho que as duas conversaram e agora esta também não sabe o que pensar. Mas não as culpo, eu tenho que abrir o jogo!

POV Hally:

 Iris me chamou para ir à praia com a família dela hoje, e tia Fabi ficou choramingando até a hora em que entrei no carro porque queria ir também. Talixka me ligou ontem a noite, mas eu não vi, quando retornei ninguém atendeu, espero que não seja nada de mais.

 O irmão da Iris não veio, parece que tinha um encontro ou sei lá, e os pais dela nos deixaram arrumando as coisas na areia e foram dar uma volta pelo calçadão (acho que eu nunca vou me acostumar com o amor depois dos 25, sei lá, é estranho!). Nenhuma de nós estava com vontade de entrar na água agora, então decidimos jogar frescobol. Nossa partida já estava três a cinco (detalhe, o cinco não sou eu) quando minha amiga bateu forte demais e acertou uma menina que estava andando na beira do mar. Aproximávamo-nos quando eu percebi que era a Tali.

- Talixka, desculpe. Eu não fiz de propósito. – Iris estava bem envergonhada.

- Tudo bem, eu estou bem. – Ela estendeu a mão e alguém ajudou a levantar... Ainda não tinha percebido que Pedí também estava aqui – Caramba, que coincidência legal encontrar vocês aqui!

- É... Legal... – Pedí e eu falamos desanimadas ao mesmo tempo olhando para lados opostos.

- O que tá acontecendo? – A de trança falou com Tali a nosso respeito.

- As duas brigaram, não sei por quê e já estou cansando disso.

- “Cansando” não sei de quê – Cruzei os braços – não fizemos nada.

- Vocês são amigas – Protestou a de cachinhos – E são MINHAS amigas, quero que se entendam. Precisam conversar!

- Então vai Pedí – Pus as mãos na cintura – Conta o que aconteceu.

 A ruiva abriu a boca pra falar, mas depois repensou. Mordeu o lábio, balançou a cabeça e ficou fitando os próprios pés.

- Então tá! – Virei-me para ir embora e acabei trombando com um vendedor ambulante e caindo no chão.

- Meninas, tomem cuidado! Não vão querer estragar as mercadorias. – Falou o senhor.

 Fiquei olhando para ele por um tempo, parecia o vendedor do Mercado de Tudo.

- Vovô, o senhor disse que não iria trabalhar nesse verão. – Talixka deu um passo à frente.

- Mas, meu anjinho, tem clientes em todo o lugar! – Protestou o homem.

- O senhor é rico, vovô, não precisa bancar o vendedor ambulante.

 Ele coçou a cabeça e depois apontou para o outro lado da praia:

- Olha, não é o Zac Efron?

 Alguém me explica por quê caímos nessa? Isso mesmo, todas nós olhamos para a direção apontada e (óbvio) não tinha ninguém. O senhor aproveitou esse tempo pra fugir.

- Seu avô parece bem legal, Talixka. – Comentou Iris rachando de rir.

- Ele é... Na maior parte do tempo.

 Tentei me levantar, mas a ruiva de trança empurrou meu braço com o pé fazendo com que eu caísse de novo.

- Hei – Olhei-a confusa – O que foi isso?

- Já percebi que o único jeito de você conversar com a Pedí vai ser na marra, então... – Ela segurou as minhas pernas – Pega os braços dela, Tali.

 A de cabelo azul obedeceu e as duas começaram a me carregar pela praia. Eu reclamava e balançava o corpo pra tentar me soltar, mas elas são mais fortes do que parecem. Um vulto preto passou rápido pela areia me fazendo ficar quieta (Dragon?). As loucas me carregaram até o calçadão e a de trança usou uma camiseta para amarrar as minhas mãos atrás das costas num corrimão.

- Ai suas doidas, isso é sequestro! Vocês não vão sair impunes!

- Não gosto de ficar muito tempo longe das bolsas – Iris falou com Tali me ignorando completamente – já volto!

 Ela se afastou pela ateia deixando nós três sozinhas.

- Está bem! – A ruiva suspirou e se abaixou para ficar na minha altura (Não, eu não sou uma anã, estava sentada no chão, ok?) – Você não entendeu bem Hally, mas a culpa é minha, devia ter contado isso pra vocês há muito tempo. A verdade é que o Castiel é meu primo.

- QUÊEE??? – Tali e eu gritamos ao mesmo tempo.

 A de cabelo azul também se sentou no chão para ficar mais próxima da conversa.

- Pois é, ele é meu primo chato e irritante que não larga do meu pé! Minha mãe era irmã da mãe dele e nós fomos criados juntos, é assim que sei tanto sobre ele. Quando éramos pequenos, as outras crianças implicavam muito com a gente, por isso resolvemos que não contaríamos mais pra ninguém. Mas vocês são minhas amigas e eu não quero mais esconder de vocês. – Tali e eu nos entre olhamos e voltamos a prestar atenção na outra – Nossas brigas são como de irmãos... intensificadas por ele ser um idiota! E eu NUNCA ficaria com ele, sério NUNCA! O que você viu foi que... Bem, aquele dia era o meu aniversário e... Não é bem um dia muito feliz. Acabei ficando chateada e o Cass me consolou. Desculpe por não ter contado antes. Estamos bem?

- Não – Falei séria e depois ri para mostrar que era brincadeira – Não tive a chance de dizer “Feliz aniversário” sua cabeça oca. Agora me desamarra pra que eu possa te abraçar!

 As duas riram e soltaram as minhas mãos, esfreguei os pulsos (a Iris dá um nó muito forte) e abracei minhas amigas.

- Desculpe-me – Continuou Pedí – Eu devia ter contado antes, o Castiel sempre foi assunto sério pras duas...

- Na verdade o problema nem foi o Castiel – Sentei-me direito – Tive medo de não poder confiar em você. Acontece... Que o meu ex-namorado me traiu com uma amiga e... Bem, tenho problemas de confiança. Se você mentisse pra mim agora, quem diria mais tarde...

- Own – Talixka nos abraçou – é tão bom ter as minhas amigas malucas de volta!

- EU sou maluca? – Fiquei de pé – Você e a Iris que me carregaram pela praia e me amarraram no corrimão.

 Todas rimos.

- Tali de anjo só tem os cachinhos – Brincou Pedí – Na verdade ela é da máfia, e se não fizéssemos as pazes ia amarrar uma pedra no pescoço de cada uma e nos jogar no mar.

 As duas também levantaram e começamos a fazer o caminho de volta para encontrar a Iris. Estávamos na metade do trajeto quando um latido forte fez a gente parar no lugar e Talixka se esconder atrás da Pedí. Fiquei procurando a origem do som até ver o enorme Pastor Beauce passar correndo por nós.

- Droga! Por que não segurou ele? – Castiel vinha logo atrás.

- E-Eu... Pera, não tinha como saber que era pra segurar. Eu não sou adivinha!

 O garoto bufou e bateu o pé na areia.

- Mas por que ele não está na coleira? – Indaguei olhando para onde o cão tinha ido.

- Ele ESTAVA na coleira, mas se soltou.

 Olhei para as minhas amigas e depois para as pegadas na areia que faziam o rastro de Dragon.

- Está bem – Disse – Eu te ajudo a pega-lo.

- Eu não pedi ajuda! – Castiel fechou a cara e cerrou os punhos.

- Eu estou OFERECENDO ajuda porque também gosto do Dragon. Sei que não me pediu nada seu cabeça quente!

POV Pedí:

 Hally foi com Castiel atrás daquele cachorro demoníaco dele, não sei como minha amiga consegue ficar perto daquele bicho (os dois). Então fui com Tali até onde Iris estava.

- Ué, cadê a Hally? – Perguntou a garota.

- Está ajudando o Castiel a recuperar o Dragon – Respondeu Talixka – Mas a noticia boa é que ela e Pedí fizeram as pazes.

- Nossa, que ótimo! – Iris é realmente legal – Então, alguém quer entrar na água?

 Talixka concordou mas eu fiz uma careta, não tive boas experiências no mar, então as duas foram enquanto eu observava da areia. Ficaram um momento curtindo a água até que a de trança correu em direção as suas coisas:

- Vamos jogar vôlei? – Perguntou pegando a sua bola.

- Somos três, Iris. Respondo mostrando três dedos.

- Ah, é verdade – Ela pareceu decepcionada – Se a Hally estivesse aqui...

- Mas podemos jogar recorde. – Sugeri.

- Verdade! – Ela concordou super feliz.

- Temos MESMO que jogar alguma coisa? – É verdade, esqueci que a Talixka não gosta muito de esportes.

- SIM! – Respondemos rindo e nos posicionamos para jogar.

 A de trança fez o primeiro saque, fizemos cinco pontos antes da bola cair na areia (o que foi muito se contarmos que Tali só ficava espantando a bola). Começamos de novo e fizemos sete, depois caiu pra quatro, então seis e depois oito. As vezes eu levantava a bola com o pé mesmo, mas a cachinhos azuis reclamava que assim ela ia forte demais, até que ela bateu de mau jeito e a bola foi longe. Corri para pega-la enquanto rolava na areia, foi parar nos pés de um garoto que abaixou para pegar, ele era loiro, forte e... É o Nathaniel!

- Como vai Pedí? Que surpresa te ver aqui.

- Olá Nathaniel. Q que veio fazer na praia? – (Como eu sou idiota! O que as pessoas vêm fazer na praia?)

- Quando a gente vem à praia, na maioria das vezes é pra tomar banho de mar – Ele riu e me entregou a bola – Estou aqui com a minha irmã, para passarmos um pouco de tempo juntos.

- Ah, Ambre está aqui também? – (Droga!)

- Sim, “Ambre está aqui também”! – A loira pulou na frente do irmão toda irritada.

 Nathaniel saiu de trás da Ambre e falou comigo:

- Desculpe Pedí, eu vou colocar os meus pertences um pouco mais longe. Acabamos de chegar e não achamos um lugar ainda.

- Ok – Sorri – Nenhum problema.

 Ele se distanciou apenas um pouco para colocar a toalha de praia e o guarda sol na areia.

- Escute bem Pedí, a intrometida. Estou aqui com o Nathaniel, para ficarmos JUNTOS, eu e MEU irmão. Por isto, não venha nos atrapalhar. Vá ver se eu estou na esquina!

- Como se eu quisesse ficar perto de VOCÊ... – Respondi ficando de costas e girando a bola nas mãos.

- De qualquer maneira – Ela jogou o cabelo pra trás – Ele veio por minha causa. Se você acha que vai rouba-lo de mim, pode tirar o seu cavalinho da chuva. Eu não vou deixar. Nos deixe tranquilos agora!

- Calminha “princesa”, se estou com vontade de passar um tempo com o Nath, não é você que vai me impedir. Mas de qualquer forma não estou sozinha, não preciso grudar em vocês.

 A loira olhou por cima do meu ombro para Talixka e Iris e soltou uma gargalhada maldosa.

- Então está bem, volte para as suas namoradas e deixe o meu irmão em paz.

- Own. Tá com raivinha por que as SUAS namoradas não vieram?!

 Escutei o “Arrgg” tradicional da Ambre, mas nem liguei, apenas voltei para perto das minhas amigas.

- Devo me preocupar com o princípio da 3ª guerra mundial? – Perguntou Tali com a expressão preocupada.

- Vamos ver... – Respondi sacando para Iris.