Acordo com o sol de panelas e qualquer outra coisa de metal atingindo o chão. Esfrego os olhos e me levanto. Caminho até o banheiro, abro a torneira, molho minhas mãos e as esfrego no rosto. Pego uma toalha e seco meu rosto. Olho-me no espelho por um momento. Tenho olheiras abaixo dos olhos, meu cabelo está todo desajeitado e meu rosto está um pouco inchado. Abro a torneira novamente e então jogo água no rosto, pego a toalha mais uma vez e então seco o rosto novamente. Saio do banheiro sem me olhar no espelho de novo e volto para meu quarto. Tiro o pijama e substituo por uma camiseta branca e calças de abrigo. Vou até a cozinha e vejo meu pai segurando minha mãe pela cintura e aproximando seus lábios dela.
     - SÉRIO, PAIS? SÉRIO MESMO? - digo.
     Eles me olham e riem. Meu pai larga minha mãe e ela volta a lavar a louça. Caminho até a geladeira, pego uma caixa de suco e a coloco em cima do balcão da cozinha. Vou até um armário e pego um copo. Derramo o suco no copo e então o levo aos lábios e bebo alguns goles. Ah, onde está minha educação? Ainda não me apresentei, não é? Meu nome é Taylor Bennet. Já deu para perceber que se trata de um ser humano do sexo feminino, certo? Não gosto da palavra "garota", faz eu me sentir como se eu fosse como o resto, o que talvez eu seja, ou talvez não, nunca fui do tipo que gostava de ser como todo mundo. Nunca fui atraída pela ideia de ser uma pessoa escrava do que as pessoas chamam de "moda" e seguir todas as regras que a sociedade ditava. Não tinha a mínima vontade de me alimentar de folhas e água, afinal, sou uma pessoa, não um coelho e não queria ter que ir a praia e ter pessoas me encarando e contando quantos ossos estão presentes no meu corpo, mas, caso estejam curiosos, eu tenho 206 ossos, como todo o ser humano normal constituído de carne, pele, água, células e todo o resto. Minha mãe está falando comigo, mas, como não presto atenção no que ela diz apenas respondo:
     - Sim, sim. Verdade.
     - Taylor, prestou atenção no que eu disse? - ela pergunta.
     Pra ser sincera, não.
     - Claro que prestei, mãe - minto.
     - Então o que foi que eu disse? - ela pergunta.
     - Que me ama muito - respondo.
     Pego meu copo e saio da cozinha antes que ela possa dizer qualquer outra coisa. Sento no sofá da sala, ligo a TV e fico assistindo a episódios de um desenho que não consigo lembrar o nome, porém sei que tem alguma coisa a ver com "aventura". Ah, e antes que se pergunte, é sábado, logo, não tenho porque me preparar para a escola. Ouço a campainha tocar.
     - TAYLOR! ATENDE A PORTA PRA MIM! - ouço minha mãe gritar.
     Largo meu copo em cima da mesa de centro e caminho até a porta. Ponho a mão na maçaneta, giro e puxo a porta. Me deparo com a última pessoa que eu esperaria ver em minha casa.
     - Jake! O que faz aqui? - digo.
     - Seus pais convidaram meus pais para almoçar aqui - ele diz.
     Olho por cima do ombro dele e vejo que o pai dele está saindo do carro, carregando algumas coisas que ainda não consigo identificar.
     - AMOOOOR! OS GALEN CHEGARAM! - minha mãe grita.
    Ela aparece atrás de mim, me empurra para o lado e então vai cumprimentar os Galen. Ela abraça Jake, e então vai e abraça seus pais. Jake se aproxima de mim e então me abraça. Sinto que minhas bochechas estão corando e sinto borboletas no estômago. Oops, parece que alguém tem uma quedinha pelo Jake Galen.