Nem Todo Mundo Odeia O Chris - 2ª Temporada escrita por LivyBennet


Capítulo 6
Todo Mundo Odeia Sistema de Parceiragem


Notas iniciais do capítulo

Foi mal demorar tanto e...
Eu não tenho desculpas dessa vez...
Usei toda a criatividade no cap. kkkkkkkkkk
Mas como demorou muito, vou deixar de conversa pra vcs poderem ler.
Xau! >.



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POV. CHRIS (Brooklin – 1984)

                Um dos motivos pelos quais eu me candidatei a presidente do grêmio foi por que eu queria uma folga de apanhar. Por mais que a Lizzy me defendesse sempre, ela não ficava do meu lado o tempo todo quando a gente tava na escola. Em algum momento a gente tinha que se separar e aparentemente o Caruzo aguardava esse momento com ansiedade a manhã inteira, só pra poder me bater. Quando a Lizzy chegava, ele fazia a maior cara de santo, mas é claro que ela percebia, então era a vez dele de virar saco de pancadas. Chegava a ser um circulo vicioso: ele me batia, a Lizzy descobria e batia nele; mas aparentemente ele não se importava em apanhar por que ele vinha sempre atrás de mim. Eu devia ser uma daquelas tentações difíceis de resistir; só podia ser isso.

                Mas teve um tempo que as coisas melhoram um pouco pro meu lado: na semana da visita anual ao Museu de Nova York. Poucos dias antes, a Lizzy tinha ido visitar a irmã e tinha me ligado pra dizer que ia de lá direto pro colégio. Quando cheguei sozinho, o Caruzo não esperou nem eu passar da porta. Eu já tava apanhando há uns bons minutos quando escuto a voz da Lizzy:

                “CARUZO!” Ele parou de me bater na hora e me largou no chão. Enquanto eu tentava me levantar, vi a Lizzy chegar bem perto dele com cara de assassina serial. “Será possível que eu não posso me atrasar nem 20 minutos?!” Ela largou os livros no chão e segurou ele pela gola da camisa, imprensando ele na parede. Os amigos dele já tinham corrido há muito tempo e eu tava perto, só assistindo. O Caruzo tava mais branco de medo do que algum dia eu imaginei que ele fosse ficar. “Até agora eu fui legal com você, mas se você continuar pegando no pé dele e me enchendo a paciência, eu vou te bater tanto que você vai ter amnésia!” Ela empurrou ele contra a parede com tanta força que ele acabou batendo a cabeça. Quando ela ia pegar os livros eu vi um cara meio careca se aproximar da gente.

                “Oi, eu estava apreciando o show. Já acabaram?” A Lizzy olhou pra ele com cara de ‘quem você pensa que é pra eu te dar satisfação’.

                “Acho que já. Quem é você?” Ele estendeu a mão pra ela e ela aceitou.

                “Sou o novo diretor, Sr. Edwards. Venham até minha sala, os três.” A Lizzy desfez a cara de insolente e a gente seguiu ele.

                Na sala do diretor, o Caruzo sentou o mais distante da Lizzy que a sala permitia. Apesar da dor nas costelas eu ri com a situação. O Sr. Edwards sentou e ficou encarando a gente.

                “Então, vão me contar o que estava acontecendo?” O primeiro a falar foi o Caruzo.

                “Não viu? Eu tava apanhando.” A Lizzy se alterou.

                “Não tava não, mas se continuar mentindo eu posso mudar de ideia.” Ele se encolheu na cadeira. Porque ela tá tão estressada? Deve ter acontecido alguma coisa na casa da irmã dela.

                “Ei! Sem brigas na minha sala. Vão falar um de cada vez. Caruzo?”

                “Ela sempre bate em mim, desde o sexto ano. Eu não faço nada com ela, mas ela continua me batendo.” Olhei pra Lizzy e vi que ela tava a ponto de explodir de raiva. Pra evitar mais problemas, segurei a mão dela. Ela me olhou e eu sussurrei ‘calma’ pra ela. Ela assentiu e respirou fundo duas vezes.

                “Muito obrigado, Sr. Caruzo. Próximo a falar: Chris.” Me senti de volta ao dia que eu tava naquela mesma sala, com a Lizzy e o Caruzo, falando pro Sr. Raymond a mesma coisa que eu ia falar pro Sr. Edwards agora.

                “Ele faz esparro de mim desde o dia que eu cheguei aqui. É raro um dia que se passe sem que ele me bata. E se a Lizzy bate nele é por que ELE bate em MIM.”

                “E por que ele bate em você?”

                “Por que eu sou negro e ele odeia gente negra.”

                “Não é verdade. Eu gosto de Michael Jordan, Gary Coleman, sem falar no Billy Ocean.”

                “E daí? Isso não te faz menos racista.”

                “Muito bem. Chega vocês dois. Agora você, mocinha.” Ai. Ela odeia quando chamam de ‘mocinha’. Vi a Lizzy se controlar pra não falar besteira.

                “O que quer saber?”

                “Por que bate no Caruzo?”

                “Por que ele bate no Chris.”

                “Só por isso?”

                “Apenas e somente por isso.”

                “Quer dizer que se ele não batesse no Chris, você não bateria nele? Nem por diversão?”

                “Exato. Por que eu tenho mais com o que me preocupar do que ficar batendo nesse idiota.” O diretor se recostou na cadeira e ficou olhando pra cada um de nós.

                “Muito bem. Caruzo, pode sair.” O QUÊ??? E ele saiu com o sorriso mais cara de pau do mundo. “Você.” Ele apontou pra Lizzy.

                “Lizzy.”

                “Obrigado. Lizzy, por que você não gosta do Caruzo?” Ela respondeu imediatamente.

                “Por que ele faz esparro do meu melhor amigo, por que ele é muito metido e arrogante e por que ele se acha melhor que todo mundo. O típico valentão. O tipo de pessoa que me dá asco.” Ele escutou e assentiu.

                “Entendo. E você, Chris? Já chegou a pensar que possa ser sua culpa?” O QUÊ??? Eu apanho e a culpa ainda é minha? Sacanagem!

                “Não, por que não faz sentido.” Olhei pra Lizzy pra ver se ela tinha entendido alguma coisa. Aparentemente não.

                “Ele se sente ameaçado por você.” A cada minuto ficava mais sem noção.

                “Ele devia se sentir ameaçado por ELA que bate nele, não por mim que apanho.” Ele suspirou.

                “Vamos ver se eu consigo explicar melhor. ELA ele sabe que não consegue superar – já ficou claro pra ele – mas ele não entende você. Ele não entende por que você continua aqui mesmo ele te batendo todo dia.”

                “Por que minha mãe me obriga!” Pelo canto do olho, vi a Lizzy rir. Ele fez um gesto de afirmação.

                “Exato! Mas você persiste e eu acho que é isso que incomoda ele!” Eu devia estar com uma cara de quem não entendeu nada. Olhei pra Lizzy e ela também tava assim. “O objetivo dessa escola – além do ensino, é claro – é estimular a parceira entre alunos. E é exatamente isso que eu vou fazer com vocês três. Amanhã eu vou levar um grupo de alunos para o Museu de Nova York e vocês três vêm junto. Vocês terão que aprender a depender um do outro, conviver uns com os outros.” A Lizzy me olhou como se ele tivesse ficado louco, e eu concordei plenamente.

                No dia seguinte, a gente acabou descobrindo que a nossa sala inteira ia. Antes de entrarmos no ônibus, o Greg veio falar com a gente.

                “E aí? Vocês vão juntos?” A Lizzy deu asas à ironia.

                “Vamos juntos, sim... com o Caruzo.”

                “Sério?”

                “É. E você vai com quem?”

                “Com a Jane.” O QUÊ???

                “Conseguiu ficar com uma garota? Como teve sorte?” Ele deu de ombros.

                “Não sei. Só sei que tive.” E entrou no ônibus.

                O Caruzo apareceu e a gente subiu. Ele até que tava quieto, mas devia ser por que a Lizzy tava perto. Que continuasse assim o dia inteiro.

POV. LIZZY

                Uau! Na noite anterior eu tive uma surpresa muito tensa. Lá pras cinco da tarde, o Sr. Edwards ligou pra minha casa. Eu pensei que ele ia querer falar com os meus pais sobre a briga do dia, mas ele disse que tinha ligado pra falar comigo mesmo. Estranhei. Mas aí ele explicou direito o que era e até que foi bem interessante. Era sobre o passeio; uma ideia maluca que ele teve. Escutei tudo o que ele tinha pra dizer e no final ele disse que eu me preparasse pro dia seguinte. Ok. Nada normal, mas isso não é novidade.

                No dia seguinte foi todo mundo pro Museu de Nova York. O Sr. Edwards deu duas horas pra gente ficar rodando lá e vendo as coisas, mas não antes de enfatizar que cada dupla – no caso da gente, trio – era responsável pelo parceiro e que não deveríamos deixar o outro. Ele falou pra todo mundo, mas eu saquei que era pra mim, pro Chris e pro Caruzo. Por falar nele, até que ele tava se comportando... até o momento.

                A gente fez uma ronda legal, mas o Chris tava muito calado por causa do Caruzo, e esse mal se mexia e muito menos falava. Seguindo o plano do diretor Edwards, eu disse a eles que ia ao banheiro e deixei os dois sozinhos. Dobrei um corredor e fiquei em um ângulo que dava pra ver e escutar tudo. Eu sabia que era só uma questão de tempo.

                “E aí, garoto piche. Sua guarda costas foi embora.” O Chris rolou os olhos com impaciência.

                “É. Você tava esperando isso a manhã inteira.”

                “Não esquenta, não vou te bater aqui.” Até eu fiquei surpresa com essa.

                “Por quê?”

                “Se você se machucar vai diminuir minha nota.” Rolei os olhos. É claro que só podia ter um motivo egoísta por trás. Esse era o Caruzo, afinal.

                Consultei o relógio e estava na hora que o diretor disse que ia colocar o plano em ação. Então eu só tinha que esperar mais dez minutos e tudo ia começar. Voltei pra junto deles e a gente continuou andando. Daqui a pouco o Chris lembra...

                “É melhor a gente ir, o ônibus sai daqui a pouco.”

                “Relaxa, neguinho. Não vão embora sem a gente.” Ri internamente. Você é que pensa. Mas resolvi dar corda.

                “O inútil tem razão, Chris. Relaxa.” Os dois me olharam como se eu tivesse ficado louca. Realmente: eu concordando com o Caruzo? Só mesmo em um plano do Sr. Edwards.

                Uns cinco minutos depois, o Chris continuou dizendo que era melhor a gente ir e eu acabei concordando e a gente foi na direção da saída do museu. Eu sabia que seria minha parte preferida: ver a cara de susto dos dois. A gente chegou lá fora e não tinha mais ônibus nenhum. Virei de lado pra poder e ver as caras deles e tive que me segurar pra não rir. O Chris era o mais apavorado e eu entendia o porquê. Passar mais tempo que o necessário com o Caruzo era castigo.

                “Cadê o nosso ônibus?”

                “Foram embora sem a gente. Eu disse pra você avisar a gente, neguinho!” Só pra constar: ele não disse nada.

                “Mas eu avisei! Que parte do ‘vamos que o ônibus vai sair sem a gente’ você não entendeu?” Resolvi interromper.

                “Affy... Vocês são muito dramáticos. A gente tá em Nova York, não é na selva não. É só pegar o trem e ir pro colégio.” Aparentemente eles acharam que eu tinha razão e se acalmaram. “Vamos, bobões.” Saí rindo na frente.

                A estação era a menos de duas quadras do museu, então a gente chegou lá logo. Eu sabia exatamente que trem pegar, mas eu deixei eles dois endoidando lá.

                “É esse aqui!”

                “Não é não! É esse!” Eles ficaram assim uns bons dez minutos e nem se lembraram que eu tava lá.

                “Ei, ei, ei! Acabou a briga! A gente vai no verde e pronto!”

                “Só por que você tá dizendo?” Me aproximei dele e ele foi recuando.

                “É, Caruzo! Algum problema com isso?” Ele negou. “Ótimo. Vamos.” Pelo menos eu colocava moral neles.

                No trem, por mais que eu colocasse moral neles, eles não paravam de discutir. Era insuportável. Eu não tinha trazido meu toca fitas nem meu headphone, então a paciência era a única coisa que eu tinha. De vez em quando eu me metia e eles calavam a boca, mas logo depois começava de novo. E era sempre o Caruzo que começava. Como eu não podia bater nele por que eu tinha prometido pro diretor Edwards, repirei bem fundo e tentei ignorar.

A gente já tinha passado umas três estações então eu levantei pra ver quantas ainda faltavam pra gente descer. Na hora que eu levantei, uns cinco caras passaram do vagão de trás pro nosso. Não gostei da cara dos que tavam na frente. Mal encarados, com cara de ladrão e... eram brancos. Esperei pra ver o que eles iam fazer. Passaram até metade do vagão (onde a gente tava) e cercaram o Chris e o Caruzo. Mas, sério? O Chris. Respirei fundo e voltei pra perto deles tentando parecer o mais natural possível.

                “E aí?” O cara que tava mais perto de mim, virou pra me olhar.

                “E aí, gracinha?” Estreitei os olhos.

                “Gracinha é a senhora sua mãe.” Ele me olhou meio estranho e já ia responder, quando...

                “Lizzy?” Olhei pra onde a voz tinha vindo e...

                “Carlos?” Era ele sim! Eu não tinha visto por que tava atrás dos outros. “Usted, latino miserable! Por onde andou?” Ele se aproximou de mim e me abraçou.

                “Como estás, muchacha? Você sumiu! Não te vejo desde que saiu do Queens.”

                “Me mudei pra Bed-Stuy.”

                “Sem chance. Seus pais morando em Bed-Stuy? Pagava pra ver.”

                “Pois é.” Ele olhou pro Chris e pro Caruzo.

                “Mas, e aí? Tão contigo? Você conhece?” Sinceramente? Me senti tentada a dizer que não conhecia o Caruzo. Ele ia levar uma bela lição. Mas como podia diminuir a minha nota e a do Chris, deixei pra lá. Ok, motivo egoísta, mas... ele merece.

                “Conheço sim. Estudam comigo.”

                “Beleza então. Mas diz aí os nomes. Só pra registrar.”

                “Chris.”

                “Caruzo.”

                “Beleza. Bora, pessoal. A gente se vê por aí, muchacha.” Sorri.

                “Tchau, Carlos.” Eles saíram, passando pro vagão seguinte.

                “Valeu, Lizzy. Essa foi por pouco.” Chris.

                “Como conhece eles?” Caruzo.

                “Carlos me ensinou a falar espanhol. Pelo menos um pouco.”

                “Porto-riquenho?” Chris.

                “Aham. Mas vamos, você dois. A gente desce na próxima.”

                Pelo menos depois do susto eles pararam de querer se matar... por enquanto. Pra chegar no bairro do colégio a gente precisava pegar só mais um trem e ele só saía em 45 minutos. Levei eles pra cima e vi uma lanchonete; meu estômago roncou pedindo comida e como eles tavam quase ficando verdes de fome também, não reclamaram. A gente sentou e o atendente veio, fizemos o pedido e depois todo mundo ficou calado. Se tivesse só eu e o Chris, a conversa rolaria solta, mas a presença do Caruzo atrapalhava tudo. Pro meu quase desespero, o Chris levantou e disse que ia ao banheiro, me deixando sozinha com o Caruzo. De certa forma, eu precisava falar com o Caruzo a sós. Ele pareceu ficar nervoso por ficar sozinho comigo e eu quase ri.

                “Fica estressadinho, não. Eu não vou te bater. Tem tanto medo de mim assim?” Ele ignorou minha pergunta.

                “Por que me detesta tanto?”

                “Já disse: você mexe com o meu melhor amigo. Por isso te detesto e te bato. E você? Por que detesta o Chris?”

                “Não sei. Por algum motivo ele me incomoda.” Ergui uma sobrancelha.

                “Ódio à primeira vista?” Ele deu de ombros. “Olha, Caruzo, o colégio inteiro sabe que você detesta o Chris, por isso bate nele. Eu não gosto de você, mas não fico atrás de você a manhã inteira procurando uma brecha pra te bater. Eu só te bato quando você bate nele.” Ele assentiu em concordância. “Então me diz: vale mesmo a pena bater nele se eu vou bater em você depois? É tão bom assim bater nele que você não se importa em apanhar? Você não é burro. Vale a pena?” Ele pensou um pouco.

                “Acho que não. Mas eu não suporto ele.”

                “E eu não suporto você. Só to dizendo que não precisa disso. Dá pra gente viver em paz.”

                “Acho que sim.”

                “Trégua?” Estendi a mão pra ele.

                “Trégua.” Depois de um pouco de hesitação ele aceitou minha mão. Foi aí que eu vi o Chris escutando tudo perto da porta do banheiro. Acenei com a cabeça e ele veio pra mesa.

                “É sério o que eu ouvi? Trégua?”

                “É, neguinho. Mas ainda vou te encher pelo menos três vezes por mês.” O Chris deu de ombros.

                “Pelo menos não é todo dia.”

                Depois disso o clima ficou mais leve e a gente conseguiu comer em paz. Pude ver outro lado do Caruzo que eu não sabia que existia: o divertido. Acho que ele é só um garoto com problemas no final nas contas. Racismo é uma doença e, seja por influência dos pais ou não, ele tinha esse mal. Claro que não é desculpa. Eu tenho uma mãe racista nem por isso sou que nem ele. Deve ser algo da índole mesmo. Ele deve ter nascido assim.

                Um tempo depois pegamos o trem e chegamos no colégio. Como eu sabia que seria, o diretor Edwards estava esperando a gente na porta.

                “Ah, vocês chegaram?” O Chris e o Caruzo ficaram com cara de confusos, mas eu só sorri. “Como foi tudo?”

                “Tranquilo. Deu pra entender alguma coisa.”

                “Que bom que o plano funcionou.”

                “Como é?” Chris. “Isso tudo era um plano seu?”

                “É claro que sim. Não me diga que não entendeu.”

                “Espera aí.” Caruzo. “Deixou a gente sozinho lá de propósito?”

                “Foi.” Ele disse na maior cara de pau e eu reprimi o riso.

                Daí o Caruzo começou a discutir com ele e eu puxei o Chris pra irmos pro outro lado da rua. Aparentemente ele me achou estranha.

                “O que você tem? Não tá com raiva. Pensei que ia ficar irada pelo diretor ter deixado a gente com o Caruzo a manhã inteira.” Não respondi. Ele ia descobrir sozinho. De repente ele parou de andar; virei pra ele e soube que ele tinha descoberto.

                “Peraí. Você sabia? Você sabia! Porque não me contou?”

                “Ele queria testar vocês. Que graça teria se eu contasse?”

                “Graça nenhuma, mas eu teria agradecido.” Ele parecia magoado. “Valeu por não contar pro ‘melhor amigo’.” Eu imaginei que isso fosse acontecer.

                “Desculpa. Ele me fez prometer que não ia contar e você sabe que eu não quebro promessas.” Ele me olhou sério por uns segundos, mas depois se rendeu.

                “Eu sei.” Ele me encarou de um jeito engraçado e então falou: “Não faz mais isso. Promete?” Estreitei os olhos. Safado. Me encurralou. Não posso fugir da promessa agora e ele sabe disso. Rolei os olhos, desistindo.

                “Prometo.” Ele sorriu e a gente voltou a andar. “Mesmo assim, eu mereço um prêmio.”

                “Pelo quê?” Olhei pra ele sem acreditar.

                “Te consegui uma trégua, lembra?”

                “Ah é. Vou ver o que eu posso fazer por você.”

                “Ok. O diretor tava errado afinal.” Ele concordou.

                “É. Nunca vou suportar o Caruzo e ele nunca vai me deixar em paz por muito tempo.”

                “E eu nunca vou deixar de detestar ele pelo que ele faz com você.” Demos de ombros.

                “Mesmo assim, acho que dá pra suportar.” Ele sorriu e segurou minha mão, entrelaçando os dedos nos meus. O ônibus dobrou a esquina e corremos pra parada.

***


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Notas finais do capítulo

Próximo será logo!
Prometo, e como a Lizzy, eu não quebro promessas!
Bjo! ;)



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