Atena escrita por bia_scabbia


Capítulo 15
Capítulo 15




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O tempo passava devagar. Na volta da escola, Atena só conseguia pensar naquele livro escarlate e em se livrar de seu dom. Mônica também estava refletindo sobre isso. Ainda não sabia exatamente como ajudar a amiga, se haveria algum contra-feitiço ou viagem no tempo incluídos na história. Só sabia que ia tentar até conseguir.

         Apesar da ânsia das duas por abrir logo aquele livro, passaram na casa de Atena antes de ir à biblioteca, pois era a mais próxima de lá. Como não havia ninguém em casa além delas, aquela saída podia ficar em segredo, para não precisarem dar explicações a mais ninguém. Depois de ter o almoço mais rápido de suas vidas, trocaram de roupa e saíram.

         “O que você pretende fazer depois que perder os seus poderes?”, perguntou Mônica, interessada, enquanto punha um mecha de cabelo levantada pelo vento atrás da orelha. Ela parecia estar distraída observando os canteiros floridos de algumas casas bem cuidadas ao seu redor, mas o fazia apenas para enganar a amiga. Estavam andando na rua, a caminho da biblioteca. Atena fez uma cara de estranhamento, como se a resposta fosse óbvia.

“É claro que eu vou voltar à minha vida normal, que pergunta! O que mais eu poderia fazer?” Mônica soltou um suspiro, decepcionada com o que ela respondera.

“Então você não aprendeu nada com isso?”

“Deixa eu ver... eu namorei com um cara popular, traí ele num impulso impensado com um nerd irritante, depois descobri que ele quase matou a nossa professora – aliás, ex-professora – de Português, depois deduro o garoto pra diretora e expulso ele, indiretamente, do colégio, sendo odiada por pelo menos metade dos seus alunos. É, aprendi bastante coisa...”, disse ela, com um nível de ironia altíssimo na voz.

Mônica balançou a cabeça, discordando.

“Não, Atena. Você se engana. É aí que está a sua lição! Será que você não percebeu que, nesses últimos meses, você fez mais o que você quis?”

As sobrancelhas de Atena baixaram.

“Eu fiz?”, indagou.

“Fez, sim. E, se não tivesse tirado algo bom disso, você não teria aceitado – e até gostado de poder saber o que todo mundo pensa. Claro, você também deu umas mancadas, mas erros todo mundo comete. O importante é que você agora sabe que o que as pessoas dizem muitas vezes não é o que elas pensam...”

“... e o que elas pensam, algumas vezes, não é exatamente o que elas sentem. Você andou comendo biscoitinhos da sorte, Mônica?”, interrompeu Atena, rindo.

“Não, esse conselho é meu, mesmo! E eu tenho certeza de que isso você percebeu. Você só não gosta de admitir certas coisas, eu te conheço...”

“O que você quer dizer com isso?”, perguntou, intrigada. Então, Mônica tomou uma atitude um tanto estranha. Parou de andar e entrou na frente de Atena, como se estivesse cercando-a para não fugir.

“Vamos lá, Atena! Você ainda não perdeu seus poderes.”, disse, quase provocando. Não demorou muito e...

“NÃO!!!”

O grito de Atena teria ecoado se elas estivessem em um lugar aberto, mas mesmo assim foi ouvido a até um quarteirão dali, de tão alto. Não foi o que Mônica tinha em mente que provocou esse grito. Nada do que ela pensasse poderia causar algo do tipo. Ele foi um misto de desespero intenso e angústia.

E os seus olhos, antes tão escuros, agora refletiam chamas.

As chamas que consumiam a biblioteca do Seu Sousa.


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Notas finais do capítulo

Pois é, gente. Vamos ver no que isso vai dar...



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