Atena escrita por bia_scabbia


Capítulo 11
Capítulo 11




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         A semana passou, e o assunto havia sido parcialmente esquecido pelos fofoqueiros de plantão no colégio. Também parecia ter sido esquecido pelos que estavam envolvidos no que aconteceu. Estavam se evitando, e só se falavam quando era sobre o trabalho. E quanto à distribuição dos tópicos... Guilherme preferiu ceder, e nunca mais se falou nisso.

         Rubens já havia terminado com Atena, antes que ela fizesse isso. Assim poderia recuperar pelo menos um pouco do seu prestígio. Ele não queria demonstrar, mas lá no fundo estava magoado. O próximo passo era pegar a primeira garota que desse mole para ele, o que não seria muito difícil. O problema era que havia perdido um jeito de passar de ano com mais facilidade. E estava tendo muitos problemas, especialmente com a professora de português, que toda aula lhe dava uma advertência ou tirava pontos. Aquilo já estava passando dos limites. Bom, ele sempre tinha dado um jeito, por que não daria agora? Burro, ele não era.

         Na hora da saída, Atena convidou Mônica para ir com ela para casa, pois queria conversar um pouco. Ela aceitou o convite, muito animada.

“Então você finalmente decidiu voltar ao normal?”, perguntou.

“Bem... eu to pensando, ainda. Quando eu comecei a ouvir todo mundo falando mal de mim, digo, pensando mal de mim... ai, não dá, é horrível! Mas não é sobre isso que eu quero falar, tá? Eu quero esfriar um pouco a cabeça, e a gente pode aproveitar e adiantar um pouco aquele trabalho.”

“Hum, sei. Você não quer falar sobre... sobre o que aconteceu na terça? Até agora você não me explicou nada! E o Guilherme não quer tocar no assunto, também.”

Ela baixou os olhos, tentando desviar dos da amiga. “Esquece isso, Mônica. Foi só um impulso, um erro, e mais nada.”

“Tá bom, mas você ainda vai me explicar isso um dia!”

Atena riu. “Quem sabe um dia...”

         “Abram seus livros na página...” No dia seguinte, a aula de português estava intediante como sempre. E o tempo só passava mais devagar, pois era a última aula do dia. Mas naquela aula, os alunos perceberam uma coisa estranha. A professora, antes de começar a passar as respostar no quadro, tirou de sua bolsa um par de luvas de borracha. Atena também ficou curiosa, mas Rubens falou pela turma quando perguntou: “Professora, pra que essas luvas?”. Maíra olhou por cima do ombro, com uma expressão de quase irritação (ou seja, o normal dela) para ele. “Eu descobri recentemente que tenho alergia aos componentes do giz. Portanto, terei que evitar o contato com eles. Algum problema?” Rubens só respondeu com um sorrisinho e balançando a cabeça. A professora também sorriu. Um sorriso bem amargo, pra dizer a verdade.

“Só falta agora esses alunos me botarem apelidinhos por causa das luvas... Ai, só falta isso aqui pra eu me demitir desse colégio!”, pensava, enquanto escrevia no quadro.

         Atena ainda ouvia pensamentos ruins sobre ela pelos corredores do colégio. Não queria demonstrar isso a Mônica, mas se sentia muito mal. Estava pensando seriamente em tentar se livrar dos seus poderes, mas ainda hesitava. Isso significaria se render e confirmar que a amiga estava certa o tempo inteiro. E isso era uma coisa que Atena simplesmente não agüentava:

Se render. Mas sabia que não conseguiria descobrir como voltar ao normal sem a ajuda de Mônica. Dividia entre os dois lados, preferiu sofrer calada.

         A convivência entre Atena e Guilherme começou a melhorar, aos poucos. Era impossível não estarem juntos, pois os dois eram amigos de Mônica. Então, decidiram esquecer tudo o que havia acontecido, principalmente pela boa amiga que tinham em comum. Os dois sabiam que Mônica odiava brigas, e por isso tentavam ao menos se aturar.

O que não era tão difícil assim, já que tinham algumas coisas em comum.

         Os três iam conversando, de uma forma surpreendentemente pacífica, depois que as aulas acabaram. “Guilherme, sabe aquele livro que você tava lendo na biblioteca aquele dia?”, perguntou Atena. Guilherme ficou pensativo. “Qual deles? Em qual dia?”, disse, com ar divertido.

“No primeiro dia de aula...”

Eu sou o mensageiro? Ah, sim, sei. O que tem ele? Você que emprestado?”

“Não, eu tenho ele. Eu sou meio... viciada em livros. Eu queria saber o que você achou dele, só isso.” Ao ouvir isso, Guilherme ficou surpreso.

Viciada em livros? Saber o que eu achei? E sobre um livro incrível daquele? Agora é que eu não te conheço mesmo, Atena.”, pensava. Ela ficou um pouco incomodada, e respondeu, meio sem pensar. “Qual é o problema, você achou que eu fosse uma sem cultura ou algo assim? O que você acha que eu tava fazendo naquela biblioteca em plenas férias?” Guilherme se afastou, de palhaçada. “Ei, calma! Eu não sabia que você era uma leitora assídua, me desculpe! Parece até que você lê a minha mente...”

Mônica não agüentou e soltou uma gargalhada. Atena apenas lhe lançou um olhar de advertência, e ela parou. Mas não resistiu a um último comentário, como sempre.

“Ah, Gui, você num sabe da missa a metade...”


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