“... E foi assim que tudo começou.”

Mônica, que havia arregalado os olhos um pouco mais a cada frase dita pela amiga, agora tinha deixado o queixo cair também.

“Meeeu deus! Isso é... inacreditável! Não, cara, sem comentários!!”

“É, eu sei.”, disse Atena, com um suspiro. Tentava se concentrar no azul ciano das paredes do quarto para clarear a mente, mas sem sucesso. “Mas, e agora, o que eu faço?”

Mônica soltou uma risada alta, meio exagerada, como de costume. “Você só pode tá de palhaçada comigo! Cara, tipo, você ganha super poderes e ainda me pergunta o que você vai fazer? Ai, senhor...”. Atena fez uma careta e contra atacou, seus olhos negros quase atravessando a garota.  “OK, então me diz o que você ia fazer se recebesse esse... dom?”

Ela ficou pensativa por alguns segundos, os olhos baixos e gesticulando rapidamente, como se conversasse em silencio consigo mesma, chegando a uma grande conclusão; “Sei lá!”. E os olhos negros brilharam de triunfo, antes mesmo de Mônica dizer algo. “Eu acho que pensaria em tanta coisa ao mesmo tempo que não saberia nem por onde começar.”

Depois de algum silêncio, Atena finalmente baixou a guarda. “Puxa, Mônica, pra que você acha que eu acabei de me abrir com você? Eu preciso da sua ajuda! Pelo menos, me diz por onde eu começo!”. Mônica tinha uma expressão divertida no rosto. “Começa do começo, oras!”

“Há-há”, riu Atena, fazendo uma cara azeda.

“Tá, desculpa, agora eu vou falar sério. Olha, primeiro eu acho que você tem que descobrir o porquê disso tudo. Não é todo dia que alguém bate com a cabeça e bum!, sai lendo pensamentos por aí. Você deve ter recebido essa “dádiva divina” por algum motivo importante, tipo uma missão.” Atena a olhou, com uma sobrancelha suspensa. Abriu a boca para dizer algo, mas as palavras se dissiparam antes de se transformarem em sons.

Já Mônica foi mais rápida no gatilho. “Tive uma idéia! Vamos organizar isso numa lista. Assim...” e desandou a escrever com sua caligrafia quase ilegível, agravada pela histeria do momento, num caderninho de rascunhos que sempre levava na bolsa. Quando terminou, a lista continha três perguntas.

“Como eu já disse, temos que descobrir por que você recebeu esse poder. Mas também temos que saber quem ou o que fez isso com você. E, por último, como você vai usar isso pra cumprir a sua “missão”, que seria a resposta da primeira pergunta.”

“Então põe mais uma pergunta nessa lista: onde a gente vai achar as respostas pra essas perguntas? Internet?”

Mônica, que tinha desandado a falar o tempo inteiro, agora não podia emitir nenhum som, além de um suspiro. Então, quando retomou o raciocínio, disse, pausadamente: