Wandering And Walker escrita por biancarr


Capítulo 1
Antes


Notas iniciais do capítulo

Bom, isso é tipo um prólogo e as ideias são um pouco aleatórias, mas ficarão claras nos próximos capítulos



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– Tenner, quer fazer o favor de me ouvir! - exclamei, realmente irritada, eu praticamente estava falando sozinha há mais de meia hora.

Tenner finalmente pausou aquele maldito jogo de tiro e virou-se para mim com a maior cara de deboche.

– O que foi? - perguntou, o tom tão debochado quanto a sua expressão.

– O que foi?! COMO ASSIM O QUE FOI? VOCÊ PRESTOU ATENÇÃO NO QUE ACABOU DE CONTAR? - Disparei, quase berrando.

Tenner rolou os olhos e xingou ninguém em particular.

– Eu não vou voltar para lá, Kenzie - reclamou.

– Não pode abandonar a escola! - falei - não quando estamos tão perto de terminá-la.

– Posso sim, e é o que vou fazer!

– Esta agindo como um maldito rebelde sem causa - falei, irritada com a indiferença dele para com o assunto.

Era uma tarde de sexta-feira nublada em Dover, durante as férias de verão. Tenner e eu estávamos sentados em meu quarto como de costume, matando o tempo tedioso que se estendia de modo frouxo. Tenner havia me contado seus erráticos planos sobre deixar a escola e aquela história não me agradava. Veja, Tenner Bray é meu melhor amigo, eu não podia simplesmente acatar a decisão impulsiva dele. Em quatro meses, finalmente começaríamos o ultimo ano do Ensino Médio e ele estaria desistindo na reta final!

– A escola não é inútil como você imagina, Tenn - falei e suspirei - vai fazer falta no futuro...

– Não me venha com essa história, Mack, - disse, em tom impaciente - Nunca disse que a escola é inútil, eu é quem sou...

– Mas voc...

– Não tem nada a ver com esforço, Kenzie - ele disse -Tem a ver com dar chances para quem quer estar em meu lugar! Para quem precisa. Escola é para interessados e eu não estou.

Ele jogou o controle e desligou o videogame, deixando a tv no canal de notícias, e se levantou, passando a mão no cabelo castanho claro, que já era bagunçado por natureza.

– Não sabe o que está dizendo - falei, balançando a cabeça.

– Você realmente acredita que tomei essa decisão de uma hora para outra? - Não, mas não vou concordar com você.

Não respondi.

– Ótimo! Agora levante daí que eu quero ir lá fora fumar - ele falou, dando um tapinha em meu ombro.

– Tenner, pense melhor, por favor - insisti.

Ele suspirou e riu.

– Você não vai desistir, não é?! - falou com um sorriso zombeteiro no rosto.

Balancei a cabeça.

– Desculpe, Mack, mas essa é um decisão que eu tomei e nem mesmo você vai me fazer mudar de ideia.

Cruzei os braços, usando do típico e irritante (porém eficiente) artifício infantil, mais conhecido como birra.

– Acho que você esta sendo ignorante, impulsivo e pretensioso - falei, olhando para a televisão que cortava a transmissão das pistas da Nascar para um plantão urgente.

– Mack, eu não vou voltar atrás, - começou ele, e eu não tirei os olhos da televisão, enquanto a faixa de Post Mortem aparecia no canto inferior da tela. - e eu não quero que você se can...

– Tenner, aumente o volume da televisão - o interrompi e ele franziu as sobrancelhas e depois se virou para a TV e aumentou o volume.

"...outros dez enfermos canadenses foram diagnosticados com a nova doença há dois dias atrás e chegaram a falecer na noite anterior; hoje, exatamente ás 10:14 da manhã os doentes reacordaram em seu novo estado. Os cientistas canadenses alertaram Ministros da saúde de todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, e doutores estão sendo levados até o norte do país, onde houveram os primeiros casos da doença. O Canadá entrou em estado de pré-alerta e o governo começou a produzir folhetos com os possíveis cuidados para evitar a doença. Vale lembrar que nada é confirmado e a origem e causas da doença não foram descobertas. Voltaremos amanhã com mais informações. Bom Dia."

A transmissão voltou para a corrida da Nascar e eu me virei para Tenner.

– Que doença é essa? - perguntei.

– Você não está sabendo?! - perguntou, neguei com a cabeça - estão chamando-a de Post Mortem, que é latim para pós morte, mas você vai ouvir por aí com Doença Final...

Reconheci aquele nome, estavam mesmo todos comentando sobre a nova doença, porém eu pouco sabia sobre ela, tudo o que chegavam aos meus ouvidos eram informações falhas e equivocadas.

– Espere, ainda não descobriram nada sobre ela? - perguntei.

Tenner deu de ombros.

– Aparentemente, só o processo de transformação superficial - falou, então pegou meu note book, já ligado, em cima da cama e digitou algumas coisas antes de virá-lo para mim.

A página aberta era do The Scientist e a manchete estava em grandes letras vermelhas: Post Mortem, nova doença assusta cientistas.

E logo abaixo, havia a legenda da matéria.

"O que acontecia apenas na ficção agora assusta a inteligência da saúde mundial"

– Parece que a pessoa tem um tipo de gripe muito forte e chega a falecer - começou Tenner e eu olhei para ele, com os olhos arregalados.

– Morrer de gripe?! - perguntei, aquilo sim era um absurdo dos grandes - tem certeza que não é uma consequência?!

Tenner deu de ombros e se deitou na cama ao meu lado.

– Ninguém sabe o que é, Mack - ele falou.

Franzi o cenho recomecei a ler a matéria do The Scientist.

– O governo americano disse que esta tudo sob controle - li em voz alta e Tenn rolou os olhos.

– Você já viu o governo americano dizer que não tem controle de alguma coisa?! - ele perguntou retoricamente - e eles são uns intrometidos, esse negócio começou lá no Canadá e eles se convidaram para o auxílio.

– Tenner, você está falando do seu país - eu falei, rindo do deboche dele.

– Não, estou falando do governo - corrigiu-me - eu sou americano, não alienado.

Eu revirei os olhos e voltei à atenção para o note book.

– Então - continuou Tenner - depois que a pessoa morre, ela passa por um processo de transformação e, do nada, volta acordar.

Olhei para ele, com estranheza. Aquilo parecia algum tipo de piada mal contada. Acordar depois de morrer?! Parecia coisa de filme de ficção científica.

– Acordar depois de morrer, Tenner?! Não brinque - falei, com a sobrancelha erguida.

– Estou falando sério – disse, dando um tapinha em minha mão - mas o... - ele franziu a sobrancelha, procurando pela palavra certa - indivíduo... não é mais uma pessoa depois que acorda.

Tenner desceu a barra de rolagem no note book até aparecerem imagens. Quando ele parou e eu pude analisar as fotos, o primeiro pensamento que me ocorreu foi de total repulsa.

Eram pessoas mortas de fato, mas a pele era de uma cor pálida (algo como cinza e algumas variações de verde) e sua textura repugnante. Ossos apareciam aqui e ali sob a pele e haviam sangue seco por toda parte; os olhos eram brancos, como tivessem sido completamente consumidos por catarata; não havia lábios na boca, só um pele magra cobrindo a arcada dentária destruída e mais um tanto de sangue. Eu podia sentir o fedor que aquela criatura produzia mesmo apenas vendo sua foto.

Tenner riu do meu rosto retorcido pelo nojo e passou para a próxima imagem: outra pessoa morta, com as mesmas características da anterior. Eu baixei os olhos, quando percebi sua barriga com dois cortes paralelos e que iam do tórax até abaixo do umbigo.

– Eles perdem a visão obviamente – Tenner explicou – são guiados pelo olfato e audição.

– Guiados para o quê? – perguntei e logo depois escondi o rosto nas mãos, quando, na próxima imagem, vi outro morto com apenas metade do braço com carne, o antebraço era a formado apenas pelo úmero enegrecido e as tripas que caiam do braço – Isso é tão nojento – murmurei baixinho.

– Guiados para carne fresca – respondeu – esperava o quê, Mack? Maquiagem hollywoodiana?

– Com carne fresca, você quer dizer...

– Humanos, animais... – falou e deu de ombros – pode escolher!

Voltei a analisar a página do The Scientist; as informações eram mesmo escassas e sem sentido, isso porque pouco se sabia sobre aquela doença, mas ela era extremamente assustadora e irreal, realmente parecia coisa de filme, coisa hollywoodiana e...

– Tenner, por um acaso essas coisas não são como... como... Zumbis, certo?! – perguntei, hesitante, a ideia parecia-me absurda! – porque se forem...

– É exatamente o que são. – ele falou – Vamos encarar os fatos, Mack! Todas as características disso aí – e apontou para a tela do computador com o queixo – apontam para essa definição. Eles só não querem usar esse termo pela mesma razão que você: porque ia soar bastante ridículo.

Dei uma olhada na página do site e senti um calafrio percorrer minha espinha ao pensar naquelas coisas andando por aí. Bufei, fechei o note book e o empurrei para longe.

– O que mais eles sabem? – Olhei para Tenner, meio receosa.

Ele sorriu meio zombeteiro e falou:

– Que isso não é um truque dos Soviéticos.



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Notas finais do capítulo

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