A Fabulosa Mooresville escrita por Luma


Capítulo 9
Capítulo 9 - Vidro, Tontura e Óculos escuros


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
Peço que ouçam enquanto leem, vai trazer algo mais a fanfic.
Obrigada JessyFerr, pela recomendação!



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música: http://migre.me/cVWx3



Saímos da livraria sendo puxadas por Joanne. Em seu rosto, um genuíno sorriso de felicidade encantava quem a olhasse. Ela emanava algum tipo de energia, e era quase possível senti-la. Doce e pura, quase hipnotizante. E essa energia me envolvia, como tentáculos, me puxando para ela e me forçando a acompanhá-la com os olhos. Exatamente como uma criança que se encanta com a perfeita boneca de porcelana da vitrine da loja. E, quase como se a luz do dia fosse absorvida por ela a cada minuto que ficávamos nas encantadas ruas da cidade, conseguia ficar cada vez mais radiante. Cada vez mais mágica.



O ritmo dos passos de Joanne era incrivelmente difícil de se acompanhar, a cada passo que dava era equivalente a dois meus. Fiquei exausta rapidamente pela junção da velocidade e do calor que dominava a cidade, transpirando.



–Sofia... –Ela falou, virando a cabeça para os lados para me procurar, porém eu estava a alguns metros atrás dela. Virou o corpo para trás, sorrindo de lado. –Vem, eu quero você ao meu lado. –Chegou perto de mim e agarrou minha mão, fazendo um arrepio subir pela minha coluna devido ao choque térmico. Seu toque era surpreendentemente frio. Ela virou a cabeça para mim e sorriu de lado, provavelmente apreciando o fato de eu tê-la obedecido. Do pouco que eu conhecia da perfeita Joanne, eu sabia que ela gostava que tudo saísse exatamente como ela quer. E Ela queria que eu a acompanhasse bem do lado dela, mesmo que para isso tivesse que diminuir seu ritmo, e foi o que ela fez.



Desviávamos das pessoas que se encontravam ali, os seus cabelos dourados que tanto brilhavam ás vezes iam de encontro ao rosto dos indivíduos que ultrapassávamos, fazendo-os nos olhar praguejando. Mary nos acompanhava um pouco afastada, olhando para as pequenas lojas que se estendiam pela rua.



–Onde estamos indo? –Perguntei. A falta de informação me deixava um tanto inquieta.



–Você vai ver, já estamos chegando. –Falou misteriosa, me puxando para uma pequena rua que cortava a que estávamos. Suas calçadas era bem menores do que as da rua principal, e nela havia um pouco de sombra. O cheiro lá também era um pouco diferente. Além do odor de cereja e amendoim havia um diferente, peculiar. Não sabia dizer exatamente de que era, mas era tão delicioso quanto os outros.



Andamos pela estreita rua, agora bem mais lentamente, aproveitando o vento frio que, apenas aquela rua, não era aquecido pelo sol. Ali não tinha quase nenhuma loja, apenas pequenas casas de pouca largura, porém altas.



Estava distraída examinando arquitetura das casas quando minha visão foi tomada pela total penumbra. Minha face ficou imediatamente gelada e minha respiração mais uma vez se alterou, porém relaxei quando reconheci o toque gelado de Joanne.



Fui conduzida em linha reta até que paramos de súbito. Ouvi o suave riso de Joanne antes da mão dela deixar meus olhos. E então eu vi o que ela queria me mostrar.



–Então, o que acharam? –Perguntou animada. Consegui visualizá-la pela minha visão periférica, estava ao meu lado com o maior sorriso que já vi em seu rosto. Porém eu não conseguia focar meus olhos nela, não enquanto aquilo estivesse em meu campo de visão.



–Isso é inacreditável. –Murmurei impressionada demais para dizer qualquer coisa num tom audível. Não tenho dúvidas que Mary tinha a mesma expressão que eu.



–Eu sei. –Falou, soltando o ar sonoramente pelo nariz, numa espécie de riso. -Vamos entrar. –Joanne segurou nossas mãos, desta vez a de Mary também, e nos levou lentamente para dentro da peculiar construção.



Era toda e completamente de vidro. Vidro de diversos tamanhos, formas e cores. A construção respeitava o formato de cada um, fazendo-a ficar com vários desníveis. Mal consigo imaginar como seria se o sol batesse ali. Era, sem sombra de dúvidas, o lugar mais incomum e lindo que já tive a chance de ver.



Descobri o porque do cheiro diferente que dominava a rua assim que pisei dentro da loja. Era uma loja de perfumes. Minha cabeça girou, meus músculos se contraíram e eu perdi o equilíbrio devido a quantidade de fragrâncias que pude identificar, tendo que me apoiar numa pequena mesa que tinha ao lado da porta.



Com dificuldade consegui focar meu olhar na porta que foi aberta na extremidade esquerda da loja. Dela saiu uma moça esbelta, com aproximadamente a mesma idade de meus pais. Ela era loira, dona de um rosto arredondado e olhos escuros. Outra moradora de Mooresville completamente estonteante, mesmo não tão jovem.



Seus olhos se arregalam ao me ver ali, me segurando para não desmaiar e provavelmente muito pálida. Ela se aproximou lentamente, visivelmente preocupada. Uma de suas mãos repousou nas minhas costas e a outra na minha testa para checar a temperatura.



–Você não parece nada bem, o que está sentindo? –Ela falou preocupada. Arrepiei-me ao ouvir a voz da moça de nome desconhecido, tão doce e tão... Familiar. Minha mente me levou mais uma vez a minha infância, talvez eu a tivesse conhecido quando meu pai ainda me trazia para passar as férias aqui. Ela se afastou e procurou algo pelas várias mesas dispostas pela loja, achando o que queria. Pegou a garrafa de água e colocou um pouco de seu conteúdo num copo aparentemente de cristal, me entregando logo depois. Tomei o líquido, sentindo-me melhor quase instantaneamente.



–Obrigada. –Murmurei, entregando-lhe o copo vazio. Ela sorriu docemente, estendendo a mão e ajeitando meu cabelo. –Eu fiquei tonta por causa dessa confusão de cheiros. –Falei envergonhada, e encolhendo. Não era uma boa razão para eu passar mal, mas era a verdade.



–No inicio eu também ficava, não conseguia chegar nem perto daqui. Mas meu pai morreu e eu fui obrigada a tomar a frente da loja. –Falou, apoiando o copo numa pequena mesa. –Sou Serena Guillory, dona da única perfumaria de Mooresville. Joanne, você eu já conheço. Quem são vocês duas? –Perguntou amorosamente.



–Mary Küster e Sofia Ducce. –Joanne falou antes que eu ou Mary pudéssemos responder. A expressão de felicidade de Serena sumiu, dando lugar para uma d completa incredulidade.



–Ducce? –Sua voz saiu como se ela não acreditasse no que estava ouvindo.



–Você me conhece? –Perguntei realmente interessada.



–Sim... Um pouco. Fui amiga do seu pai no colégio. –Ela falou rapidamente, meio nervosa. –Bem, eu vou resolver algumas coisas lá dentro. Fiquem à vontade. –Observei a moça estranha sumir pela mesma porta que entrou. Eu a deixei tão perturbada assim?



–Acho melhor a gente ir embora depois dessa. –Joanne falou, piscando os olhos repetidas vezes, imóvel. Parecia tão confusa quanto eu. Era estranho ver aquela expressão no rosto dela, parecia tão... Não natural. Eu e Mary assentimos e voltamos para a rua que era dominada pelo cheiro daquela perfumaria.



Andamos o mais rápido possível para a rua principal. Recebi agradecidamente os raios de sol na minha face, acabando com o último sinal de tontura que ainda habitava meu corpo. A cidade parecia um tanto mais vazia agora. Deviam ter ido almoçar ou fofocar sobre as duas estranhas que invadiram a cidade. Mas eles não me tratavam como estranhas, e sim como se eu pertencesse aquele lugar. Talvez eles estivessem certos.



–Antes de irmos para o restaurante, tem uma última coisa que quero mostrar a vocês. –Joanne falou, voltando a sorrir como antes. Senti-me cansada em pensar que teria que acompanha-la mais uma vez. –É logo ali, não precisam andar. Parem de fazer essas caras. –Ela riu e eu abaixei o olhar, sentindo o sangue indo para minhas maças do rosto. Ela era incrivelmente observadora.



Nós realmente não precisamos andar quase nada, o local que Joanne queria nos mostrar estava muito perto. Era o lugar onde, mais cedo, a velha senhora me encarou. A farmácia.



–Essa é uma das únicas farmácias da cidade, e aqui também são vendidos ervas e artigos esotéricos. –Joanne apontou para o local, sem entrar. –A dona é uma velha senhora, raramente sai de casa. –Passou os dedos pelos cabelos, examinado a construção um tanto sinistra. –Quando eu era criança nunca entrava aí. Os meus amigos diziam que ela era uma bruxa. –Joanne falou como se contasse uma história de terror.



–E o que exatamente você quer nos mostrar aqui? –Mary indagou. Não havia gostado muito do local, eu podia perceber isso pelas suas feições assustadas.



–Eu quero que vocês conheçam alguém. –Joanne abriu lentamente um sorriso, mostrando todos os seus dentes brancos no momento que a porta da farmácia abriu. Uma garota de cabelos castanhos passou por ela. Era bonita, mais um tipo de beleza incomum. Como se tivesse sido desenhada a mão. Não conseguia ver a cor de seus olhos por causa dos óculos que protegiam sua visão. –Alice! –Joanne gritou, chamando a atenção da garota, que abriu um imenso sorriso, se aproximando e a cumprimentando com um abraço.



–Jo, faz tempo que não te vejo. –A garota falou. Mesmo com os óculos, pude ver que seu olhar estava focado em mim. Parecia que todos dessa cidade me conheciam mesmo antes de eu me apresentar.



–Vim te apresentar algumas pessoas. –Joanne falou e a garota olhou para ela.



–Não precisa. Mary sobrenome esquisito e Sofia Ducce. As notícias voam e as paredes têm ouvidos. –Ela virou a cabeça novamente para mim, sorrindo largamente. –Sou Alice D’Alleman, herdeira da melhor farmácia de Mooresville, entre e escolha seus medicamentos. –Ela falou sem animação e eu ri. Assim como Joanne emanava ago mágico, ela tinha uma aura quase cômica, mas também um tanto assustadora. Pude perceber, atrás dela, no letreiro da loja, as palavras que ela pronunciou escritas numa caligrafia estranha. Mary, que estava parada ao meu lado torceu os lábios, não havia gostado desta também.



–Estamos indo encontrar um pessoal para almoçar no restaurante do meu avô e depois ajudar a Sofia a arrumar a sua nova moradia, que de nova não tem nada. Quer vir com a gente? –Joanne perguntou e Alice levantou uma das sobrancelhas lindamente desenhadas.



–Você acha que eu vou recusar um convite que envolve comida e amigos? –Falou com divertimento.



–Sua avó não vai gostar nada. –Joanne respondeu, estreitando os olhos.



–Como se eu me importasse. –falou desdenhosa e riu, acompanhada de Joanne. –Estava louca para conhecer a casa mal-assombrada de Mooresville. –Falou me encarando. As pessoas da cidade sentiam algum prazer estranho em tentar me assustar, será que não percebem que outros já fizeram a mesma brincadeira?



–Jessica já falou isso e o Alan tentou. Desista, não vou cair na brincadeira de novo. –Falei rindo. Alice olhou para Joanne com o cenho franzido e depois me olhou.



–Que brincadeira? –Ela falou séria, me olhando com a dúvida estampada em seu rosto. Meu corpo gelou mais uma vez. Seria verdade? Estaria eu morando numa casa mal-assombrada? Não, eu não ia cair naquela novamente. Sorri de lado para ela. –É, não vai dar certo. –Disse rindo. –Vamos. Eu estou com fome.



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Notas finais do capítulo

O que acharam?
Tirei o "Fic Interativa" do nome, acho que ficou melhor e a maioria concordou!