Somente Por Amor escrita por Nathalia S


Capítulo 9
IX- Massas e Filmes


Notas iniciais do capítulo

Ai está mais um amores. Boa leitura. *---*



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           IX- Massas e Filmes

Ouvi o sinal da escola tocando, sinalizando que já era hora de ir embora e pela primeira vez na vida fiquei feliz ao ouvir aquele som. Me levantei do meu lugar e comecei a jogar meus materiais dentro da minha mochila.

-Tudo isso é pressa para encontrar o gatinho? Nem estou te reconhecendo. - Finalmente Roberta havia voltado para escola, não pude evitar de contar para ela sobre Felipe, mas falei só o básico, preferi que os detalhes ficassem escondidos dela, seria bem melhor assim.

-Não estou com pressa. - Menti.

-Mentira. - É, ela me conhece muito bem. - Mas eu deixo você ficar com pressa, afinal é raro ver você interessada em alguém.

-Para Rô. - Falei rindo e dando um leve soco no braço dela enquanto saíamos da sala.

-Só estou sendo sincera my little crazy, agora vamos, você não vai me levar junto no encontro, mas tem que me apresentar a ele. - Revirei os olhos. Minha querida amiga havia até me ameaçado, eu era obrigada a apresentá-los. Fiquei um pouco temerosa, não queria que ela o reconhecesse da praça...mas ela era péssima em se lembrar das pessoas, não sei como nunca se esquecia de mim.

Quando chegamos ao pátio da escola a primeira coisa que fiz foi olhar em volta e tentar localizar ele, ficaria realmente chateada se ele não comparecesse, mas para meu extremo alívio ele estava encostado, de forma desleixada, no portão da escola. Suas roupas e aparência, impecáveis como sempre.

-É ele. - Falei baixinho para Roberta, começando a ir, bem devagar, em direção ao portão.

-Ele? Menina, por quê não agarrou ele ainda? Um deus grego assim a gente não joga fora. - Disse ela, parecendo espantada.

-Para Rô, somos só amigo, e é assim que vai continuar sendo.

-Já ouviu falar em amizade colorida? - Perguntou ela, apenas lhe dei um leve empurrão.

-Oi. - Falei parando na frente dele. Percebi que algumas garotas que passavam por nós não paravam de olhar para ele, senti meu rosto esquentar, afinal as pessoas começariam a pensar que nós dois tínhamos algo e eu não queria isso. - Desculpe ter feito você esperar.

-Não tem problemas. - Respondeu ele sorrindo. Sorri de volta e peguei a mão da Roberta, ela teria um treco se eu não apresentasse os dois. - Essa é minha amiga Roberta, Roberta esse é meu amigo Felipe. - Falei gesticulando de um para o outro.

-Então você é o Felipe. - Falou Rô, apertando a mão dele. - A Sophia fala muito de você. - Ok, agora eu fiquei definitivamente constrangida. Hoje fora a primeira vez que eu falara dele para ela e minha amiga já aprontava uma dessas?

-Acho que ela não vive sem mim. - Respondeu ele, olhando para mim e dando uma leve piscadinha.

-Vai sonhando querido. - Respondeu Roberta. - A única pessoa que ela não sobrevive sem, sou eu. Nem pense em roubar meu cargo.

-Não posso prometer nada. - Falou ele, rindo. Rô apenas revirou os olhos.

-Se me dão licença, - Disse ela. - Tenho de ir embora antes que minha mãe surte pela minha demora. - ''Que mentira deslavada'', pensei. - Tchauzinho Sophia. Nos vemos amanhã. - Despediu-se ela me dando um beijo no rosto. - Foi um prazer conhece-lo Felipe. - Antes que qualquer um de nós pudesse dizer algo ela se afastou, se misturando com os outros estudantes. Ficamos um minuto em silêncio.

-Vamos? - Perguntou ele.

-Claro, mas vamos para onde? - Devolvi a pergunta enquanto começávamos a caminhar.

-Tem um restaurante que eu acho divino, fica a uns 15 minutos de ônibus daqui...pode ser?

-Pode sim, mas espero que seja realmente divino, estou louca de fome. - Falei, massageando minha barriga.

-É sim, pode confiar em mim. - Ficamos alguns segundos em silêncio,

-Me desculpe pela Rô, ela é meio louca assim mesmo.

-Não tem problemas, pelo menos assim eu descubro que você vive falando de mim. - Corei imediatamente.

-Ela exagerou.

-Exagerou pouco? Bastante? - Insistiu ele, parecendo se divertir com a situação.

-Vamos mudar de assunto.

-Só se você me der um ''oi'' decente.

-O que teve de errado com meu ''oi''? - Perguntei, fitando seu belo rosto. Já havíamos chegado a parada.

-Foi só um ''oi''. Mereço um abraço, não acha? - Falou ele, com um sorriso maroto estampado nos lábios.

-Você é carente demais.- Falei, me virando para ver se não estava vindo nenhum ônibus.

-Ah, vamos Sophia, não dói me abraçar. - O ignorei. - Ah Sophia. - Disse ele, me cutucando. Ignorei. - Por favor fada, só um abraço. - Não consegui ignorar mais.

-Ok, só para você deixar de ser chato. - Passei meus braços pela cintura dele o apertando levemente, senti ele passar os braços por cima dos meus ombros e depositar um breve beijo na minha cabeça. - Agora, me responde uma coisa. - Disse, me afastando um pouco dele para fitar seus olhos.

-O que você quiser. - Respondeu ele, retribuindo meu olhar.

-Você é gay?

-O que te faz pensar isso? - Seu olhar deixava claro que ele não esperava essa pergunta.

-O modo como você acabou de agir. - Respondi, tentando me afastar, ele não me soltou.

-Não, eu não sou gay, e posso provar para você. - Tive que rir, embora tenha sentido meu rosto esquentar. Finalmente consegui me soltar.

-Não seja tão clichê Felipe. E vamos logo que o ônibus está vindo.

-----xx----

A viagem de ônibus havia sido tranquila, pelo menos tínhamos conseguido um lugar para sentar. Realmente em menos de 15 minutos chegamos no restaurante. O lugar era meio rústico e conseguia ser simples, mas refinado ao mesmo tempo. Ao meio dia, toda a quinta-feira, eles serviam um rodizia de massas. Assim que o garçom anunciou isso não pude evitar, abri um sorriso gigante.

-Parece que alguém aqui gosta de massa. - Falou Felipe, assim que o homem se afastou.

-Gosta? Eu amo massa, minha paixão por massa se equivale a do Garfield por lasanha.

-Caramba, se eu soubesse disso tinha te trazido aqui antes. - Ficamos uns segundos em silêncio, enquanto o garçom colocava os refrigerantes que havíamos pedido em cima da mesa e se afastava novamente. Logo, chegou uma mulher nos oferecendo massa alho e óleo, pedi um pouco. - Não acredito que você come isso. - Falou ele, olhando para meu prato.

-Você não gosta?

-Tem um cheiro forte.

-Mas você já provou? - As pessoas sempre falavam isso antes de experimentar.

-Lógico que não. - Respondeu ele, revirando os olhos.

-Imaginei. - Respondi, enrolando uma porção de massa no meu garfo e o levando em direção a boca dele.

-O que está fazendo?

-Você vai provar a massa. - Falei.

-Não vou não.

-Ah, vai sim.

-Isso deve ser horrível. - Respondeu ele, fazendo cara de nojo.

-Garanto que é ótima. - Ele exitou por um momento, mas finalmente cedeu. Esperei um segundo enquanto ele mastigava. - E então?

-É incrivelmente ótima. - Disse ele, parecendo abismado. Apenas ri da expressão dele.

O resto do almoço transcorreu de forma muito agradável e, depois de Felipe ter repetido a massa alho e óleo pelo menos umas quatro vezes, nós saímos do restaurante. Claro que só depois de uma pequena discussão sobre quem pagava a conta. Depois de uns 5 minutos discutindo, ele aceitou que eu pagasse minha conta.

-Quer ir ao cinema ver aquele filme de terror que estrou ontem? - Perguntou ele, enquanto nos aproximávamos de uma parada.

-Claro que não. Terror, cinema e eu não são palavras que combinem.

-Tudo bem então. - Disse ele, rindo um pouco. - Quer ir lá em casa? Podemos passar numa locadora e pegar algo da Barbie.

-Não seja idiota. Mas é uma ótima ideia, tirando a parte da Barbie. Podemos pegar o último do 007, que tal?

-Por mim, tudo bem.

Logo chegou o ônibus certo para irmos até a casa de Felipe, mas antes de irmos para casa, passamos em uma locadora e pegamos o filme. Quando entramos na casa, me deu um leve frio na barriga, nunca tinha ficado sozinha na casa de um garoto. A casa estava que nem no dia da festa, mas sem a decoração ''festiva''.

-Vamos, meu quarto é lá em cima. - Disse Felipe, apontando para a escada. Apenas assenti.

O quarto dele ficava no final do corredor, era amplo e bem organizado, não esperava isso. As paredes eram de um tom azul claro lindo, a cama de casal era num tom escuro, coberta por um lençol azul celeste, e ficava no meio do quarto. Havia uma porta em um canto, que eu imaginei que fosse do banheiro. O guarda roupas era no mesmo tom da cama. Havia ainda um escrivaninha, perto da porta do banheiro e uma estante com uma TV enorme na parede de frente para a cama.

-Você quer pipoca? - Perguntou ele, indo até a estante e colocando o DVD.

-Depois de tudo que eu comi? Nem pensar. - Falei rindo.

-Ok então. Pode sentar na cama. - Disse ele, dando play no filme e se jogando na cama, colocando um travesseiro em pé na guarda da mesma e se recostando. Me sentei, cuidadosamente ao seu lado. - Vamos Sophia, faz de conta que está em casa. - Tentei fazer o que ele disse, coloquei minhas pernas para cima da cama, esticadas. Mas logo começaram a doer. Me sentei em cima das mesmas, doeu ainda mais. Cruzei as pernas, como se fosse meditar, mas daí doeu minhas costas. Não faziam nem 5 minutos que o filme tinha começado e eu não parara de me mexer um segundo se quer. - Sophia, você não me deixa opção. - Felipe falou de repente. Segurou minha cintura e me puxou para ele. Cai com a cabeça deitada no peito dele. - Com licença. - Disse ele, a princípio, não entendi, mas então ele segurou minha coxa e colocou uma de minhas pernas no meio das dele. - Confortável assim?

-Muito. - Respondi. Não tinha como negar, mas eu agradeci que meu rosto estivesse no peito dele e ele não pudesse ver, tinha certeza que estava vermelhar.

O filme se passou mais rápido do que eu esperara, quando percebi, já passavam os créditos finais.

-O filme é bom.

-Melhor do que eu imaginava. - Falei.

-Realmente, muito melhor. - Respondeu ele, e subitamente sentou-se na cama, fazendo com que eu acabasse sentada no colo dele. Tá legal, agora eu estava pior que um tomate, tinha certeza. - Hum, tem alguém aqui ficando vermelha. - Ótimo, agora eu queria me enterrar viva.

-Idiota. - Foi a única coisa que consegui falar. Tentei sair de cima dele, mas ele segurou firmemente nos meus quadris, me impedindo de realizar meu intento.

-Não está confortável ai? - Perguntou ele, com um leve sorriso maliciosa nos lábios.

-Não costumo me sentir confortável no colo das pessoas. - O que era uma meia mentira, já que fazia muito tempo que eu não ganhava um colo.

-Posso mudar isso. - Disse ele, se aproximando do meu rosto.

-Duvido muito.

-Não duvide...e tem mais. - Disse ele, se aproximando do meu ouvido e sussurrando. - Eu ainda tenho que provar para você que eu não sou gay. - Pensei em responder alguma coisa, mas não consegui.

A leve mordida que ele deu na minha orelha, me fez travar. Até meus pensamentos pararam por um momento. Como se não bastasse a mordida na orelha, ele desceu para meu pescoço, dando vários beijos consecutivos.

-Tem certeza que não está confortável? - Perguntou ele. Não consegui responder, apenas sorri e segurei nos cabelos dele. Ele riu em resposta.

Finalmente ele começou a distribuir beijos por meu rosto, testa, nariz, bochechas e leves selinhos nos meus lábios. Queria que ele me beijasse, mas parecia que ele queria me provocar antes. Decidi entrar no jogo, empurrei seu pescoço para trás e dei leves mordidas no local, dei um beijo em cada bochecha e por um último, mordi seu queijo. Quando fiz isso, percebi que ele segurou a respiração por um momento e depois senti que ele estava ficando animado...lá em baixo.

Primeiro eu sorri, mas depois, como um temporal chegando, as lembranças da noite da festa inundaram minha mente. Lembrei de ter sentido a mesma coisa quando os dois idiotas me agarravam, me lembrei de tudo o que eles fizeram. Foi algo mais forte que eu...num impulso saltei do colo dele para o chão. Ele me olhou, assustado. Mas quando eu comecei a chorar, ele pareceu entender. Desceu da cama e me abraçou. Sentei no chão, mas senti que os braços dele continuaram a minha volta, me protegendo.

Naquele instante, admiti para mim mesma que eu estava apaixonada por ele.


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