A Baronesa escrita por Pollyana


Capítulo 8
Capítulo 7 - Contos e Fatos


Notas iniciais do capítulo

Um pouco sobre o cotidiano de Amistic, aconselho a prestar atenção nos detalhes.



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Sayuri PDV

 

Era a segunda vez que ela saía do quarto na mesma madrugada. Observar o movimento a noite pode ser ótimo quando se tem insônia.

 

Quando voltou novamente, a loura, Ayame, parecia um pouco abalada; apertava com firmeza o pingente que carregava no pescoço enquanto um livro era sufocado contra seu peito.

 

Com o olhar, vasculhou entre as camas até pousar os olhos sobre mim e disse:

 

-Sayuri, acha que consegue guardar um segredo?

 

Não precisei pensar muito para entender que ela falava nos dois sentidos.

 

Ayame PDV

 

Os dias seguintes foram tipicamente normais, apesar de eu não saber bem o que era isso. Foram treinos árduos e cansativos, com alguns minutos de descontração. Os que não lutavam faziam poções de cura.

 

-Sabe isso aqui?- apontou um arquimago - Pode salvar sua vida um dia.

 

As odaliscas aprendiam novas técnicas de combate enquanto arqueiros modelavam as pontas de bronze de suas flechas.

 

-Aposto que isso pode cortar alguém no meio!- apostou o mais jovem.

-Só se for você de frente a um espelho. Afie mais essa ponta! - resmungava seu tutor.

 

Os espadachins, por sua vez, enceravam espadas com histórias imensas, nem sempre muito agradáveis, mas geralmente com algo em comum.

 

-Sim, sim, era uma batalha imensa! Não daquelas bobinhas para conquistar um castelo qualquer, mas o dela. - contava um homem alto, de aspecto sonhador.

 

-E para variar, vocês perderam – riu Sora. - Foi muito constrangedor? - ela fez uma pausa para olhar na minha direção. - Ayame, venha!

 

Ela acenou com a mão, estava sentada em uma daquelas toalhas de piquenique, só que de uma seda suave, como fosse se desmantelar ao menor toque. Pelo visto, não eram apenas as espadas e pessoas que deviam ter uma longa história, o tempo lhes garantira a qualidade.

 

Sentei ao lado de Sora e a nossa frente havia um grupo de espadachins, alguns traçavam seus golpes favoritos no ar em espaço de milésimos, e por incrível que me pareceu, Sayuri fazia parte deles. Com os cabelos reprimidos em um coque e um sorriso desafiador estampado no rosto, ela despedaçava as chances dos outros oponentes como quem picotava papel.

 

-Isso aí, Say! Acaba com eles! - gritou a rosada, com animação. Logo ela se virou de volta para mim. - E então? Já escolheu qual vai ser sua classe?

 

-E-eu não sei. - disse constrangida. De todo o tempo que estive em Amistic, minha evolução era a última coisa em que tinha pensado, ou seja, somente naquele momento.

 

-Hmm, você tem cara de arqueira! Já tentou algo parecido?

-Não, na verdade nem tinha pensado em que ser. - tentei evitar olhar em seus olhos e para isso comecei a brincar com alguns fios de cabelo jogados em meu ombro, mesmo dessa forma era desagradável ter alguém me fitando.

-E em que tem pensado esse tempo todo?

 

Parei para encarar o Sol de começo de tarde, era de um ouro espesso, semelhante ao tom do meu cabelo... E o de Aiko. Resolvi desabafar:

 

-Aiko me deu um livro. Não bem um livro, um diário.

-Um diário? - sua expressão alegre se converteu em interrogativa.

-Sim, da Yuuki - ela estava surpresa, uma alegoria de emoções relampejou no seu rosto agora pálido. - Mas ele estava trancado, não é uma fechadura comum, acho que a chave é a minha pedra.

-Bem – ela alisava o queixo -, já ouvi falar nesse livro, e se for mesmo a chave, você tem uma fortuna em mãos... Ou a pá para sua cova.

-Acho que prefiro a primeira opção.

-Mas ele também sabe disso, ele poderia simplesmente ter mandado um gatuno roubar a jóia sem que você percebesse, não precisava ter lhe contratado. Sem ofensas, Ame, mas...

-Eu sei, entendo, não faz sentido.

-Há algo mais - ela se levantou e virou-se na direção dos espadachins. - Ok, ok, gente. É só por hoje, deixem para se mutilar na guerra. E você... - ela se virou para mim. - Não vá fazer nada precipitado, sim? Tome cuidado.

 

Aos poucos ele foram indo, com pequenos resmungos e reclamações, pessoas quase completamente desconhecidas e por outro lado, minha nova família.

 

Cuidado. Eu não podia imaginar o quanto ela estava certa. Até demais.

 


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Notas finais do capítulo

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