-Ah sim eu me lembro- Prossegui depois de lembrar de quem Marcos era.

Eu estava com muita vontade de ter uma conversa bem séria com essa cara, queria que pelo menos ele me contasse algo, nem que fosse algo muito pequenino, eu precisava saber. Ele por aparencia parecia um coitado. Ele estava chegando na faze da velhice, e no fundo do olho dele, dava para ver que ele sofreu muito. Fiquei vendo ele conversar com meu pais, sua voz era lenta, suave, e ele muito gente boa, muito simpatico, nao consigo imaginar ele roubando ou sendo um mal homem. Do jeito que as coisas estão hoje em dia, ele devia ter sido preso por engano.

Hoje a ditadura estava no seu ponto máximo, as polícias chegavam nas casas arrombando as portas, gritando, atirando, e prendia quem suspeitava, não tinham nem direito de advogado. Os sortudos que tinham a chance de se defender, sempre perdiam, a justiça do estado ganhavam sem esforço nenhum. Certeza que Marcos tentou se defender, e como todos os outros fracassados, perdeu. Bom, essa é a minha teoria.

Não vou perder essa oportunidade de falar com a minha unica esperança. Mas vou esperar ele acabar de falar com meus pais. Opa, meus pais nada, minha mãe, e Thiago. Senti a falta de Robert, tudo bem que ele era um menino sumido, mas sempre que tinha visitas, ele descia e era gentil. Só que hoje ele não estava.

Sai de la e fui atraz dele. Subi as escadas e o primeiro lugar que pensei em ir, foi no quarto dele. Mas me surpreendeu o fato de ele não estar la. Ele devia ter saído, talvez pra andar um pouco, ja que ficava muito em casa.

Fui para meu quarto, ligar para Jenna, mas quando eu estava entrando, um corpo que saia do meu quarto trombou em mim. Robert. Quando me viu se assustou, e sem dizer uma palavra, se desviou de mim e se direcionou ao seu quarto. Que estranho, oque fazia no meu quarto?

 Liguei para minha princesa, pedi para que viesse em casa na hora da janta, porque estava com saudade dela. Tudo bem que meus familiares estariam la, mas eu ia ir com ela la para o meu cantinho, o antigo lago. Três horas da tarde bateram no relógio, e ouvi minha mãe indo tomar o seu banho da tarde, antes de esticar na cama e dormir. Thiago foi para a área com seu jornal, e meu tio deitou no sofá da sala para descansar.

Marcos podia estar até dormindo, mas eu queria conversar com ele, era mais uma necessidade, doque um desejo. Sentei na poltrona do lado, e liguei a televisão em um canal qualquer, fiz isso mais pra chamar atenção e tentar acorda-lo.

-..Hm... ? Drow??- Gemeu meu tio acordando – Desculpe, quer se sentar aqui?

-Não precisa não, pode ficar.

-Mas se quiser me avisa.

-Tudo bem..

-Nossa Drow, eu tava aqui reparando, você cresceu muito.

-É, faz muito tempo que você não da as caras..

-Nem lembrava mais de mim né

-Te juro que não lembrava.

-Mas você ta um belo de um rapaz. Grande, com cara de macho. Amadureceu bastante. Quantos anos?

-Daqui a pouco faço 18.

-Passa rápido o tempo.

-Pois eh..

-Você ta bem parecido com o seu pai

-Não me lembro de meu pai fisicamente, eu era muito pequeno quando ele se foi.

-Você sente muito a falta dele não é mesmo?

-Sinto, muito.. Não tenho fotos, nem nada, só a lembrança do homem mais verdadeiro e valioso desse mundo.

-É Drow, ele era um homem de se admirar.

-Você pode me dizer sobre a morte dele?- Surpreendi ele com essa pergunta. Vi seus olhos de longe se encherem de agua.

-Ninguem nunca te disse nada?

-Nunca.. Sempre procurei saber mais sobre esse assunto, mas minha mãe sempre se cala e sai quando toco nele.

-Bom.. Te contarei oque acho que é nescessario..

-Qualquer coisa vale.

-Era um dia de sábado. Eu estava na minha casa, descansando, depois de er infrentado um problema muito trabalhoso. Seu pai estava indo me visitar, fzia muito tempo que eu não via ele, por causa da distância das cidades. Ele estava já perto de casa, me ligou perguntando onde era a rua, e o numero do apartamento. Meia hora se passou, e nada de ele aparecer. Eu vi pela janela que o movimento estava constante la fora. Saí para ver oque tinha acontecido. Tiroteio. Um grupo de traficantes revoltdos, fizeram tiroteio geral, atiravam em quem bem queria. E infelismente, seu pai foi uma das vitimas. Cheguei la, no isolamento, e vi de longe, seu pai em uma maca, sendo levado por médicos até a van do hospital. E foi aí que eu vi, no rosto daqueles enfermeiros, que não tinha mais jeito.

Nossa. A história verdadeira eu estava oouvindo pela primeira vez. Eu sempre quiz saber certinho como aconteceu, mas depois que soube.. Me arrependi. Eu tenho que agradecer Marcos por ter me contado. Até hoje ele foi a unica pessoa que não me escondeu nada. Não vejo o porque de minha mãe me esconder isso. O enrredo nao tinha nada demais, tiroteios ocorriam a todo tempo. O triste mesmo, era saber que esse acidente levou o meu pai para os céus. Acho que era por isso que minha mãe não me contou, ela não queria que eu soubesse detalhes, porque assim a história fica mais triste, principalmente porque lembranças deles vieram na minha mente.

Me peguei chorando depois de alguns minutos viajando nos meus pensamentos. Olhei para Marcos, ele estava olhando para o chão, tentando esconder sua tristeza. No meu rosto algumas lagrimas presas estavam, que vieram logo após as lembranças.

-Desculpe Drow.. Eu não devia ter te contado.. Deve ser muito dificil para você saber disso depois de muito tempo. Mas acho que sua mãe nao contava para prevenir sua tristeza- Disse Marcos me olhando.

-Não precisa pedir desculas, eu que pedi que me contasse. Na verdade, valeu, acho que se não fosse você eu nunca ia saber a história.

Pra mim aquela conversa ja tinha cabado. Finalmente descobri. Não era oque eu esperava, mas é pelo menos um mistério e curiosidade a menos.

O tempo se passou rápido, fiquei a maioria dos minutos pensando novamente em meu pai. Só fui parar de pensar, quando vi que ja estava quase na hora de Jenna chegar em casa, então fui me arrumar.

-Mãe, Jenna ta vindo aqui.- Disse para minha mãe depois de tomar um bom banho. Resolvi dizer assim meio que na hora, ai nao tinha jeito de ela me proibir. Principalmente porque tinha visitas.

-JENNA?? DROOW!!!!!! Eu ja te disse que você tem que perguntar antes de trazer ela aqui!! –Meu Deus, ela tava realmente brava, seus olhos pareciam que ia pular fora, e ela tava muito vermelha.

-Uai, nesses ultimos meses você deixou ela vim de boa!

-MAS HOJE NAO!!! PORQUE VOCÊ NAO ME PERGUNTOU ANTES???

-Porque não ué, ela é a minha namorada!! Ela vai vim aqui sim! Qual é o problema dessa vez??

-TEM VISITA!!

-Idae ? Eles não podem se conhecer? Credo como você ta estranha hoje!!

-Ela não vai ficar aqui né???? PELO AMOR DE DEUS!!

-Não.. – Suspirei nervoso- Vou levar ela pro lago.

-Leva sim. E SOME!

-Vou mesmo, é bem melhor ficar la, doque aqui com vocês.- Bom, um ótimo termino para uma discussão.

A campainha tocou, minha mãe tensa, apavorada, e até suando, levou Marcos e Thiago para cozinha, os distraindo. Abri a porta.

-Oi meu amor- Dei um selinho nela.- Entra.

Ela estava linda, claro, como sempre. Seu cabelo estava solto, e as voltas nas pontas dele chamava muito atençao. Seu olhos azuis acompanhado com seu rostinho de anjo, deixava ela a coisinha mais delicada do mundo.

-Aonde esta sua mãe?- Disse ela procurando Susana com os olhos.

-Esta na cozinha com Thiago e meu tio.

-Seu tio ja chegou?? Aquele que você disse que estava viajando?

-Esse mesmo. Depois você conhece ele.. Vamos pra la.

-Mas eu não tenho que comprimentar eles? Não é falta de educação sair assim??

-Não aacha!! Eles nem ligam na verdade.

-Ah você que sabe..

-Pode confiar, eles não ligam. Vamos ? Quero te levar no meu cantinho. – Disse segurando sua mão, eindo com ela para depoid do quintal, atravessando o jardim, os morrinhos, a mini floresta, para chegar no lago.

-No seu lago??

-Nosso lago.

-Nosso?- Ela disse me olhando, seus olhos brilhavam.

-Dizem que depois que levamos uma pessoa, mais que duas vezes, no nosso lugar, esse lugar passa a ser dela também.

-Awn meu amor- Disse ela emocionada beijando os meus lábios.

Sentamos nas pedras, com as pernas balançando na agua. Abraçando ela por traz, tive a impressão de estar nos céus, com o amor da minha vida em meus braços. Dava para ver nosso reflexo da agua cristalina daquele humilde lago.

-Amor.. Amanhã é a nossa formatura, vamos acabar os estudos, e começar a nossa vida.

-Nossa vida junta.. Amo ouvir você falar isso. Porque quando você fala, você é tão sincero!Fala isso com uma confiança tão grande, tão verdadeiro, profundo.. Sem um pingo de ironia.. É tão perfeito!

-Ah minha linda, claro que falo assim, porque eu ja tenho a certeza deque vai ser isso mesmo, ja decidi minha vida, vai ser com você! Claro, se você quiser!

-Claro que eu quero! Tem tudo para ser perfeito! Vou passar o resto da mnha vida com você! Eu te amo muito.

-Tambem te amo, muito – Segurei seu rosto e beijei, profundamente, com o mesmo ritmo suave que rondava no nosso amor. Sentia seu corpo com o meu, aquela química, aquela ligação que os dois provocam. Troca de energia incomparavel. Eu amava ela, minha vida.

-Oque você pensa sobre nós, depois de amanhã? Algo já planejado?

-Você sabe que eu to trabalhando né amor? Então, tenho um bom dinheiro guardado.. Quero comprar uma casa para nós. Quando acharmos que ja esta na hora, vamos nos mudar, para nossa casinha, onde vamos construir nossa história.

-A que coisa mais linda!! Não vejo a hora de ter nosso próprio lugar.

-Nós vamos ter.. Em breve. - Fiquei por um tempo olhando nos olhos dela, admirando seu rosto e sua beleza. Ela ficava sem graça quando eu fazia isso, não conseguia olhar fundo em meus olhos por muito tempo, ficava envergonhada e acabava rindo e virando o rosto. Que fofinha. Eu amava fazer isso, só para ver sua vergonha temporaria. Adorava quando ela se sentia sem graça e envergonhada, e colocava o rosto no meu peito, até a timidez passar, depois olhava em meus olhos, anunciando que ja tinha passado.- Ta afim de nadar um pouco??

-Mas eu não estou com roupa de banho!

-É só tirar o casaco, fica com a calça e sua blusa!

-Nadar de roupa?

-Aham, eu tambem vou.

Pulamos no mesmo tempo. Aquela agua estava um pouco gelada, foi um choque quando o corpo entrou em contato com aquela agua, mas logo passou, acostumamos. Ficamos nadando, apostando corrida, desafios, mergulhando, e trocando milhares de olhares apaixonados. Me aproximei dela, taquei seu cabelo molhado para traz, e a agarrei, continuando com um beijo molhado, um beijo gelado, que deslizava na agua daquele lago. Suas mãos percorriam meu corpo de baixo da agua, e eu acompanhava desenhando sua cintura em meus dedos.

Cada encontro que eu tinha com ela, aumentava minha certeza de que eu estava apaixonado por ela. Menino nunca foi de se expressar, de se abrir, sentimentos, amor, nunca foram, mas era impossivel não mostrar isso do lado de Jenna. Parece que só de pensar nela, minha cara ja anunciava para o mundo que meu coração se derretia por dentro. Juro que nunca senti isso por ninguem, aquele menino pegador que eu era no passado, morreu, eu não conhecia o significado da palavra paixão, mas agora eu conheço, e sei que sou uma nova pessoa.

Beijamos como se aquela fosse a ultima noite, e depois de mais ou menos uma hora, saimos do lago.

-Nossa Drow.. E agora? Eu to encharcada!!- Disse Jenna espremendo o cabelo e a roupa grudada no corpo.

-Problema não, eu tambem to.

-Mas como vamos voltar pra sua casa??

-Uai normal.. Nós entra pela lavanderia, e da uma secada com algumas toalhas.

-Ta bom então.

-Aí depois você troca de roupa.

-Não trouxe outra, não sabia que ia nadar.

-Tem uma roupa sua aqui.

-Tem? Não lembro de ter esquecido..

-Aquele dia que você veio dormir aqui.. Ja se esqueceu?

-Ahh.. Não claro que não.

-Me da saudade daquela noite – Eu disse indo em sua direção. Sem perceber um olhar malicioso pintou no meu rosto.

-Você não é bobo mesmo- Ela disse se desviando de mim.

-Não sou.. Você não gostou?

-Doque?

-Da nossa primeira vez juntos?

-Óbvio que gostei! Porque acha que não?

-Porque esta fugindo de mim.

-Não vai me falar que você quer de novo..

-Quero- Eu disse e ri baixo.

-Não senhor.

-Porque não?

-Porque não! Hoje não, não aqui.

-O problema é o lugar?

-Não, na verdade aqui é perfeito.. Mas hoje não .. Tudo bem??

-Tudo bem, se você não quer.. Eu respeito! Mas aquela não foi a ultima vez né?

-Não foi Drow, pode ficar de boa. – Ela parou e ficou olhando para as estrelas. A lua estava muito grande, mais doque o normal, parece que naquela dnoite ela estava reservada apenas para nos iluminar. Estava igual a primeira vez que trouxe ela para ca. Cheguei por traz dela, e abracei sua cintura, dndo beijinhos no seu pescoço por traz, fazendo-a arrepiar. Toda vez ela arrepiava, achava tão fofa.

Voltamos para casa, entramos por traz, pela lavanderia, secamos um pouco oque ainda estava molhado. Deixei ela la na lavanderia, e fui no meu quarto buscar uma troca de roupa pra mim, e a de Jenna. Quando voltei, vi que Marcos estava passando, e viu ela na lavanderia. Parou e ficou olhando.