Guerreiros esqueletos por todos os lados, bem, para um filho de Hades isso não é nada, principalmente se você os convocou, e se você decidiu lutar com eles.

 Também principalmente se você estiver zangado com sua madrasta, porque ela transformou todas as suas roupas em rosas, margaridas e girassóis, só por diversão.

  Eu transformava os esqueletos em pó, cortava-lhe as cabeças, os braços, as pernas, tudo, mas tudo bem, eles se recompunham mesmo.

  Meus sentidos estavam a mil, eu só sabia cortar, fatiar e lutar. Cada vez mais parecido com meu querido papai Hades (Está sendo sarcástico garoto? -meu pai perguntou. - Claro papai- respondi).

  Depois de mais uns vinte minutos assim eu fiquei... Cansado? Não, a palavra não é essa, eu fiquei entediado, deve ser essa a palavra.

  Segui até o Jardim de Perséfone (Leia esse nome com nojo), fui até algumas romãzeiras cortei alguns galhos com a minha espada, nisso ela apareceu com um vestido Preto, seus cabelos soltos sobre os ombros, seu rosto era uma mascara de fúria.

  -Como você ousa?- ela gritou.Dei um sorriso brincalhão.

  -Ué, deu vontade e eu cortei.

 -Seu...-ela avançou sobre mim.

  Estendi a espada em sua direção, eu sabia que os deuses não podem ser mortos, mas podem ser feridos. Ela parou com a espada centímetros de seu pescoço.

 Dei uma risada.

 -Tchau, querida Perséfone.

 Sumi mergulhado em sombras, não quis aparecer em nenhum lugar especifico, então apareci no Central Park. E o pior: estava chovendo.

  Era noite, poucas pessoas estavam no parque uma hora dessas, mas como sou sortudo, dei de cara com uma pessoa.

  Era praticamente um vulto, um capuz cobria-lhe o rosto, ele/ ela, usava uma capa de chuva. Pensei que teria de apagar a memória da pessoa, mas parei quando vi quem era.

  Usava um arquinho prateado nos cabelos pretos e rebeldes, seus olhos eram azuis elétricos, seu nariz levemente arrebitado, suas poucas sardas nos rostos, era Thalia.

  -T-T-Thalia?- gaguejei.

  Deixe- me explicar, eu sou apaixonado por essa garota, desde que a vi pela primeira vez, eu era só um garotinho na época, mas agora eu percebi que a amo de verdade, e... E o que hein di- Ângelo? Repreendi-me mentalmente.

  -Nico- Thalia abriu um sorriso, mas logo ele sumiu e ela fez uma careta- Hã... Da pra afastar um pouco?

  Percebi que estava colado nela, dei alguns passos para trás.

  -O que faz aqui? – Ela perguntou.

  -Perséfone. – respondi simplesmente, ela assentiu, ela como todos os meus amigos sabiam da relação amistosa que eu tinha com minha madrasta– cortei as romãzeiras, ela pulou em cima de mim, viagem das sombras.

  Ela assentiu novamente.

  -Então- ela disse- vamos sair daqui.

  Meu coração estava tão acelerado que nem percebi que estava encharcado, saímos correndo para um lugar coberto ao chegarmos a uma parte onde as arvores, faziam uma cobertura improvisada.

  Você deve ter ouvido que não deve ficar embaixo de arvores quando está chovendo, mas titio Zeus não ia querer fulminar sua filha, mas um certo filho de Hades sim, por isso tratei de ficar por perto dela, mesmo ela sendo uma caçadora e tal. Pensei que ela fosse me afastar, mas ela não fez isso.

  Sentei-me no chão, encostei-me a um tronco em um tronco e fechei os olhos, ao abri-los vi que Thalia havia se sentado perto de mim, trovões reboavam no céu, sabia que eram de meu pai, Zeus e Ártemis, principalmente de Ártemis.

  -Então, o que faz aqui?- perguntei.

 -A deusa me mandou para cá porque ela achou que um monstro estava rondando o local- ela respondeu

  -Entendi.

  Fechei novamente os olhos e suspirei, de repente senti um volume no bolso e ouvi a voz de Afrodite na minha cabeça.

  “Vai garoto, a hora é essa, use o que está em seu bolso, pois não conseguirei segurar seu pai e seu tio por muito tempo.”

  De inicio não entendi muito bem o que ela quis dizer, depois minha mente clareou.

“...a hora é essa...” Dissera Afrodite.

 -Thalia- chamei, mas ante de falar o nome dela, respirei fundo.

 -Sim?- ela olhou em minha direção, seus olhos azuis faiscavam.

  Respirei fundo novamente, tirei a caixinha do bolso e a abri, dentro dela havia um colar de ouro, um T e um N enfeitavam-na.

  Virei a caixinha na direção de Thalia.

 -O que?- ela arregalou os olhos e sua boca formou um perfeito O.

  -Thalia Grace- ela torceu o nariz ao ouvir seu sobrenome- não sei se você sabia, ou se sabe, mas eu te amo, sei disso desde a primeira vez que te vi, naquele baile onde vocês me acharam.

  Pela primeira vez eu a vi sem palavras.

  -Voce quer namorar comigo?

  “Nesse instante uma luz iluminou o céu.” O que aconteceu a seguir eu me lembrei do refrão dessa musica brasileira, Lendas e Mistérios.

 Quatro vultos apareceram na minha frente.

 Reconheci Zeus, em seu habitual terno risca giz, com mocassins, a barba recém aparada e os cabelos grisalhos.

  Meu pai Hades, usava um manto negro que lhe chegava até os pés, uma coroa que parecia feita de espinhos enfeitava-lhe a cabeça.

  Afrodite estava com um vestido longo azul de cetim, seus cabelos balançavam ao vento, seus olhos multicoloridos estavam azuis.

  E a deusa que mais me assustava: Artemis, mesmo na forma de uma garota na minha idade, ela era aterrorizante, seus olhos brilhavam vorazes, pela primeira vez eu a vi em uma armadura completa.

   Levantei-me rapidamente, assim como Thalia, me curvei para os deuses.

  -Garoto- Zeus trovejou- levante-se, você ousa pedir minha filha em namoro?

  Respirei fundo pela terceira vez.

  -Sim senhor- respondi.

  -Thalia- a voz de Ártemis era carregada de... Nojo?

  Ela se ajoelhou em frente da deusa.

  -Minha senhora.

  -Levante-se Grace.

  Pela careta que Thalia fez, acho que Artemis só a chamava assim em raras situações.

  -Senhores- os deuses viraram a cara em minha direção- por que estão aqui?

 -Porque nós viemos lhe dar nossa benção- fiz uma cara de surpresa- e minha querida irmã aqui- Afrodite apontou Artemis- vai “demitir’ Thalia da caçada.

  -Só se ela quiser- Artemis corrigiu- Voce quer?

  Pensei que Thalia diria não, mas incrivelmente ela fechou os olhos e disse:

  -Quero!

  -Então repita comigo: Eu Thalia Grace...

  -Eu Thalia Grace...

  -Abandono a caçada...

  -Abandono a caçada...

  -Deixo de ser imortal e de servir a Artemis!

  -Deixo de ser imortal e de servir a Artemis!

  Uma aura prateada saiu de Thalia e seguiu em direção a mão da deusa.

  -Papai- Afrodite disse.

  -Humpf, ta recebam minha benção.

  -Titio- Afrodite de novo.

  Meu pai olhou mortalmente para mim e para Thalia.

  -Recebam minha benção, mas preste atenção Grace...

  -Obrigado, agora a minha benção- Afrodite soprou um pó parecido com purpurina que caiu sobre nós dois.

  -Thalia se você quiser voltar, o cargo de tenente será sempre seu- Artemis sorriu.

  Os quatro deuses chegaram pertos um dos outros e eu e Thalia viramos o rosto enquanto os eles assumiam sua forma divina.

  Olhei para Thalia e disse:

   -E agora?

   Ela sorriu e se jogou em meus braços me beijando.

   -Saiba de uma coisa di-Angelo, eu também sempre fui apaixonada por você. E
se me trocar por outra, bem, acho que seu pai não vai ficar muito feliz de te receber em forma de alma.

  E me beijou novamente, um beijo suave, apaixonado, que seria o primeiro de
muitos.