FTFL Omake - Pink And Black escrita por Jereffer


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Yoo! Aqui estou eu, postando uma fanfic comemorativa que teve seu tema escolhido pelas pessoas que estão passando por essa funesta situação que é envelhecer.
Sem mais delongas, aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/280392/chapter/1


Nave da Grimoire Heart X784


Jereffer treinava memorização, criação e destruição com sua magia de encarnação na vasta arena de treino reservada aos magos da Grimoire. Ele não era um, mas tinha uma credencial E uma arma, como ele gostava de lembrar para os guardas quando eles enchiam sua paciência.

Ele estava refletindo em como resolver o problema de equilíbrio de suas criaturas metálicas quando ouviu a porta ser aberta. Apesar de sua profunda concentração, aquele som chamou sua atenção devido as ordens expressas que ele havia deixado de não ser perturbado.

Ele virou o pescoço com uma expressão zangada, que foi severamente reduzida ao ver a pequena figura que espiava pela porta.

– Jereffer-san! - chamou Meredith em voz baixa, aparentemente rouca.

– Pequena - disse ele suavemente - O que você quer?

– Errr.... será que você pode me ajudar? - pediu ela timidamente. Jereffer cruzou a sala com seus passos longos até ela e se agachou para ficar da mesma altura que ela.

– O que a de errado? - perguntou ele. Meredith nunca era exatamente tímida em pedir o que queria.

– É que... cof, cof - ele teve um acesso de tosse, e teve que limpar a garganta antes de continuar - Eu acho que me resfriei...

Aquilo fez ele arquear aos sobrancelhas.

– Eu você não deveria informar isso a Ultear, que é a sua mamãe? - perguntou ele - Nesse momento ela já não teria ativado uma unidade de terapia intensiva e seqüestrado o melhor médico do país para examiná-la?

Aquilo a fez ela franzir a testa.

– É esse o ponto - disse ela em um tom de irritação - A Ultear-sama exagera muito algumas vezes... então...

– Sim, você não quer ser deixada de quarentena em repouso - disse ele assentindo com a cabeça - Venha, vamos procurar alguma coisa medicinal que possa ser encontrada nessa base voadora - disse ele em seu habitual tom entediado, pousando a mão na cabeça dela.

– Obrigado - agradeceu ela. Juntos, eles saíram pelo corredor. O local onde provisões e suprimentos ficavam estocados não era muito longe dali, então eles não teriam que andar muito.

Depois de atravessar a cozinha, eles se dirigiram até a sala de substâncias químicas, mas no meio do caminho, Jereffer parou.

– O quê... - começou ela, mas ele colocou um dedo nos lábios para pedir silêncio.

– Passos - disse ele, levando dois dedos á têmpora, antes de praguejar - Maldição! Pequena, não se esperneie.

Antes que ela tivesse tempo de piscar, ele soltou a capa de seus ombros e jogou sobre ela, e a próxima coisa que ela viu foi tecido negro, enquanto ela era levantada no ar. A pressão que ela sentiu no flanco podia indicar que ela fora colocada embaixo do braço, como uma trouxa de roupas sujas.

Através do tecido, ela pode ouvir, apesar de não conseguir ver.

– Pirralho - ela ouviu Ultear dizer, no mesmo tom em que alguém diria “olá” - O que faz aqui embaixo?

– Colocando algumas roupas para lavar, é de graça - disse ele monocórdio - Treinar avareza é necessário as vezes. Procurando algo?

– Sim, você não viu uma criaturinha rosada incomodando os outros por aí? - perguntou Ultear - Hoje havia sorvete como sobremesa, mas ela não apareceu para o jantar.

– Deverás suspeito - disse Jereffer de forma inocente. O movimento do tecido contra o rosto de Meredith fez seu nariz coçar. A maga sensorial mordeu a língua tentando evitar espirrar - Você já a procurou no...

Ela não conseguiu agüentar.

Quando Jereffer ouviu o começo daquele som, parou de enrolar Ultear e teve um acesso falso de tosse, do tipo totalmente ruidoso que apenas uma pessoa engasgada com uma melancia seria capaz de fazer naturalmente.

– Ei, Ei, você está bem? - perguntou Ultear colocando a mão em seu ombro.

– Asma - mentiu Jereffer, criando com um mínimo aceno de dedos um inalador, que ele fingiu ter tirado do bolso.

– Bom, tente não tossir um dos pulmões para fora - disse ele dando os ombros - Eu tenho que ir procurar a Meldy.

Ele simulou mais um acesso de tosse enquanto ela se afastava, e só quando ela já havia sumido no corredor é que ele colocou o embrulho que continha Meredith no chão.

– Você já pode sair - avisou ele, enquanto ela desfazia as muitas voltas do tecido.

Meredith respirou profundamente quando finalmente se viu livre de todo aquele tecido.

– Ar - arquejou ela, antes de se recuperar - Como você sabia que era ela?

– Eu leio mentes - disse ele de forma simples.

– E o que foi aquilo? - perguntou ela com a testa franzida em uma expressão assustadoramente parecida com a expressão de desagrado de Ultear.

– O quê, ela ter agido amigavelmente? - perguntou Jereffer rindo - Acontece ocasionalmente... quando ela está de bom humor... a lua está em solstício, júpiter está alinhado com saturno, é o dia do meio do mês e correspondente a uma segunda no antigo calendário oriental... bom, enfim... - Meredith soltou mais um espirro violento - Mudando de assunto, vamos procurar algum remédio para você.



____________________________________________________________________



– Abra a boca, pequena - pediu ele docilmente, enquanto encha uma colher com o liquido cor cereja. Eles haviam mudado aquela operação secreta para o quarto dela por ser um lugar em que seguramente Ultear já a procurara e não voltaria sem motivo.

Aquilo fez Meredith corar.

– Eu não sou um bebê - ela abriu a boca, mas a fechou, quando uma idéia lhe ocorreu e ela fechou a boca - Mas espera aí, que gosto isso daí tem?

– A embalagem diz que é cereja, e eu confio plenamente nos magos químicos que reproduziram o sabor artificialmente nesse xarope - disse ele, e ela continuou com a boca firmemente fechada. Ele suspirou “Bom, eu não posso culpá-la, eu também era fresco sobre gostos com doze anos. Eu até achava conhaque ruim”

– Vamos fazer um trato? Em bebo primeiro e te provo que não é tóxico? - negociou ele - Se você se negar beber depois, eu te entrego para a Ultear e até diagnóstico que você está com a Peste Cinzenta, que tal?

Ela pensou por alguns instantes, antes de sorrir largamente.

– Justo! - disse ela, pegando a colher da mão dele - Agora...

– Certo, certo - disse ele, fechando os lábios em volta da colher.

Meredith assistiu a mudança de cor do rosto dele. De pálido para azul, e depois para verde, mas sua expressão se manteve neutra, até ele apanhar o frasco e atirar pela janela.

– Qual é o gosto? - perguntou ela curiosa.

– Quando eu tinha 10 anos, eu servi com uma companhia mercenária para ganhar mais habilidades em estratégia - contou ele - Durante uma marcha as cegas pelo deserto, a única coisa á beber era o sangue de animais abatidos. O gosto é infinitamente melhor do que isso.

Meredith soltou um suspiro de alívio.

– Sorte que você experimentou antes de mim - disse ela alegremente, fazendo com que uma gota suor escorresse na parte traseira da cabeça dele.

– Que cruel... - disse ele, e riu e deu um tapinha na cabeça dela - Boa garota! Bom, já que usar aquela coisa abominável, tem a alternativa dois.

Um comprimido surgiu na palma de sua mão.

– O que é isso? - perguntou Meredith curiosa.

– Algo que a Ultear me mataria se soubesse que eu estou dando para você - disse ele - Um acelerador de metabolismo delta-C.

– E isso é perigoso?

– Não, mas fui eu que inventei - disse ele dando os ombros.

– Entendo - disse Meredith, que não partilhava das desconfianças férreas de sua mãe adotiva para com o mago de encarnação. Um outro espirro colossal a fez se decidir rapidamente - Bem, eu vou confinar na sua inteligência - concluiu ela sorrindo e pegando da mão dele.

Jereffer observou ela engolir a pílula e esperou alguns instantes, antes de se levantar da cadeira onde havia se instalado.

– Bom, isso vai te deixar com sono, mas quando você acordar, estará melhor - disse ele enquanto girava a maçaneta da porta - Agora, eu vou voltar para o meu treino...

Meredith o segurou pela ponta da sua capa.

– Por favor, fique -pediu ela, usando olhos de cachorrinho.

Jereffer não se deixou comover.

– Sabe, eu posso ficar encarando o nada por horas enquanto penso, mas isso não quer dizer que eu não sinta tédio - explicou ele - E assistir uma pessoa dormir não é algo muito divertido.

– Então você poderia... ler uma história para mim? - sugeriu ela com um largo sorriso.

– Já está abusando - disse ele revirando os olhos. Ela recolocou seu olhar de cachorrinho faminto. Ele suspirou - Inferno, você venceu, o quê...

Ele não havia concluído a frase e ela já tinha lhe estendido um livro grosso.

– Que eficiência - disse ele, em um tom que queria dizer “Eu sei que você já tinha esse plano armado”. Quando ela se juntou a ele na poltrona, bastou ficar encarando para que ela captasse a mensagem.

– Tudo bem, tudo bem, sem contato corporal - disse ela fungando, enquanto pulava na cama e se cobria.

Jereffer pigarreou e começou a ler.

Jereffer sempre tivera uma grande facilidade de desligar seus preceptores externos enquanto lia, então ele já estava na parte em que os 72 porquinhos sentinelas lutavam com as ovelhas zumbis quando percebeu algo encostando nele.

Ele baixou os olhos e encontrou Meredith aninhada junto dele, ressoando suavemente. Uma explicação plausível para aquilo é que ela se aninhara junto ao seu flanco esquerdo, onde apenas os sensores sobre a pele falsa que encobria sua prótese de metal tinham a habilidade de perceber contato ou calor, e não eram um sistema muito preciso.

– Você tem uma interpretação engraçada sobre “sem contato” - resmungou ele, enquanto a desgrudava delicadamente e a movia para a cama.

Seu próximo problema foi desgrudá-la de si novamente. Ela havia se agarrado com força em seu braço durante o sono.

– Vamos lá, sua pestinha, me solte - disse ele, afagando suavemente os cabelos dela. Ela murmurou alguma coisa durante o sono, mas lentamente ela soltou. Jereffer a pousou na cama.

Ele ficou a observando por alguns instantes.

– Você me faz mal, pequena - murmurou ele antes de sair, pensando alto - A essa altura eu já devia ter perdido a capacidade de sentir afeto.

E saiu do quarto.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nota que a grafia "Meredith" foi usada de forma intencional, para dar um ar menos de omake, pois antes do time-skipe, era assim que eu escrevia :P