Meu peito doía, mas eu continuava trabalhando, era melhor do que pensar sobre o tiro.

- Vá para casa Nick, você está cansado! – me assustou ao ouvir sua voz vinda da porta e me viro para ela.

- não eu... Eu estou bem. - Tento disfarçar, mas ela não parece acreditar, ela se aproxima de mim. – digo, todos está cansados, certo? – tento a convencer, mas seria difícil.

- todos não levaram um tiro e depois foram explodidos. – não me resta nada a fazer a não ser sorrir ao comentário sarcástico bravo dela. Desvio meu olhar, seu olhar me fazia sentir errado.

- não é engraçado. – ela me corta, parecia estar zangada. Volto a olhar para ela – eu quase te perdi, eu quase perdi Ray. – vejo os olhos dela ficarem vermelhos pela vontade de chorar, coisa que ela não faria afinal ela é Catherine Willows. Ela continua

- e eu não quero perder esse caso por que você está exausto. – desvio o olhar dela mais uma vez, sua preocupação era aparente.

- precisa se consultar com o psiquiatra do departamento.

- fala sério. – eu sinceramente achava que não precisava de um psiquiatra, mas antes que eu possa a contrariar ela volta a falar.

- é obrigatório depois de um tiroteio.

- eu conheço as regras... – ela me corta de novo, Catherine.

- mas não se trata de regras Nicky. – eu sei quando ela está preocupada quando ela me chama de Nicky.

- Trata-se de você! – ela fala por fim. Volto a argumentar.

- o tempo que eu perco falando com um psiquiatra, é o tempo que eu poderia estar ajudando.

- não pode dar uma de John Wayne nesse caso. – eu iria sorrir a comparação dela, mas achei melhor não. Parei de olhar para ela e ela também parou de olhar para mim, ela solta um suspiro, logo depois volta a olhar para mim.

- depois de perder o Warrick. – eu a olho ao ouvir o nome dele. – eu pensei que se eu... Trabalhasse duro o suficiente, se eu focasse plenamente nos casos que eu... Eu... Não teria que pensar sobre sua morte. – os olhos dela se enchem de lagrimas

– não a trabalho suficiente no mundo... Eu percebi que não poderia fazer meu trabalho sem falar com alguém.

- eu nunca soube disso. – eu digo surpreso, não sabia que aquilo doeu tanto nela, ou talvez eu não quisesse ver.

- bem, eu... Eu sou boa em esconder coisas. – ela diz de cabeça baixa, sim, ela é boa em esconder coisas. – como você! – ela diz, eu iria rir, mas não consegui.

- apenas pergunte a você mesmo isso, ok? – ela me entrega o cartão do psiquiatra.

- se você receber uma chamada amanhã para o restaurante onde foi baleado, e o policial Clark morreu, poderia se concentrar? – não eu não poderia.

- você poderia estar lá para sua equipe? – ela sabe que não.

- gostaria de se ajudar agora? – ela fala como minha mãe, não que isso seja ruim. Ela se vira para sair. – faça a ligação! – ela me diz e sai. Eu não iria fazer nenhuma ligação, talvez ela saiba disso, nem iria me afastar do caso ou ir para casa, e ela sabia disso.

Eu não me afasto do caso e nem vou para casa, ela parece desistir. Eu estava sentado no banco do vestiário criando forças para levantar. Ela entra de repente.

- Ainda aqui? – ela me pergunta brava, eu a olho, mas não digo nada não queria discutir. – você vai para casa nem que eu tenha que te carregar. – ela diz e puxa minha mão para me levantar do banco.

- ai! – eu digo e ela para de me puxar.

- desculpa. – ela diz sorrindo para mim, seus olhos brilhavam diferente agora.

- eu estou bem! – eu digo.

- vem, vou te levar para casa.

- não precisa!

- sou eu quem decide isso! – ela diz e me puxa mais uma vez desta vez mais devagar. Saímos para o carro dela e entramos, tento colocar o cinto, mas meu ferimento dói.

- deixa que eu faça isso. – ela diz e puxa o cinto para colocar em mim, pude sentir o cheiro do cabelo dela, ela me olha e sorri.