O Retorno de Kira escrita por Perola, Hunter-nin


Capítulo 15
Surpresas




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Surpresas

(By Pérola e x Hunter-Nin)

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A cada novo dia, o jovem detetive cogitava se já não estava na hora de sair da casa dos Matsudas. Há uma semana, Yukiko enchia o seu quarto com artigos de festas a serem escondidos. Como se não fosse o suficiente, arrastava-o para lojas diversas a fim de escolher outros, o que ela acaba fazendo sozinha enquanto ele somente carregaava as sacolas. Near tinha a nitida sensação de que a garota notava muito bem a sua expressão de tédio, porém a ignorava por completo.

Para completar o seu dociê, há três dias Matsuda pedira sua ajuda para esconder a decoração de Natal e, dentre os artigos já armazenados, havia uma fantasia de papai noel ! Ele não podia nem ao menos pegar uma roupa sem se deparar com a vestimenta vermelha e se perguntar por que o homem iria querer usá-la. Contudo a resposta vinha rapidamente :

- Esse é o último natal em que minha menina ainda será uma criança. Ano que vem ela completa 18 anos, então esse será especial. Além do mais, eu sempre fazia isso quando la era pequena.

Near suspirou ao perceber que precisaria deixar seu dociê de lado, entrar na loja e descobrir por que Yukiko estava demorando mais de uma hora para escolher uma mera toalha de mesa! Sua surpresa não poderia ter sido maior. A loira estava sentada, confortavelmente, conversando com Naomi Sasaki, que usava o uniforme de vendadora da loja, e com uma toalha dobrada no colo. Se ela já havia escolhido, por que demorara tanto?! Ele não poderia deixar isso barato... Não mesmo...

- Yukiko?

- Near? Ah, desculpa! – Ela pediu sem se sentir realmente culpada. – Eu já estava saindo, mas a Naomi estava me contando uma história impossivel de não ser ouvida sobre quando o irmão mais velho dela estava na policia.

O detetive nada escutava e seus olhos não se desviavam da bendita toalha que descansava no colo da garota.

- Near? – Naomi chamou pela atenção do homem. – Acho que ainda não fomos devidamente apresentados, sou Naomi Sasaki, muito prazer. – Ela completou com seu melhor sorriso e com a mão estendida em cumprimento.

- Prazer. – Foi a única resposta ouvida.

O detetive largou-se sentado ao lado de Yukiko e suspirou pesadamente antes de tomar posse do chá que a garota tomava, para indignação da mesma. Após experimentar um gole e desaprovar o sabor, colocou diversas colheres de açúcar a mais, para  em seguida apreciar o gosto final da bebida.

- Você está muito desaforado Near. Esse chá era meu e você adoçou ele demais.

- É o minimo por ter me feito esperar uma hora em pé la fora.

- Mas agora esse chá está muito doce. Você sabe que prefiro ele mais amargo. – Ela choramingou ao perceber que não teria sua bebida de volta.

- E só há uma coisa amarga que aprecio. – Ele comentou recordando o sabor do beijo da loira.

Mesmo sem saber dos pensamentos que inundavam a mente do homem, Yukiko ficou com o rosto tingido de vermelho e, ao perceber o foco dos olhos dele, agradeceu aos céus pelo incomum constrangimento. Near notou a coloração na face da loira e foi impossivel não achá-la adoravel. No segundo seguinte ele já se repreendia. Desejar uma pequena adolescente, na idade dele, é anti-ético, além de ilegal a julgar pela idade dela. Como ele poderia perseguir um criminoso agindo de tal maneira?

- Near?

A voz de Yukiko ganhou sua atenção e o fez tomar uma dificil decisão : não importa como, ele iria parar de mirá-la como uma mulher. A garota não poderia mais influenciar seu trabalho, seus pensamentos ou seus sonhos.

- Você estava tão distante. Aconteceu alguma coisa?

- Não. Só estava pensando. – Ele comentou sem se mexer.

- Posso saber em quê?

- Nada demais. Está pronta?

- Sim. Já podemos ir. – Ela comentou desanimada pela indiferença dele.

oOo

Yukiko não poderia estar mais feliz com a festa que, com a ajuda de Near, organizara para seu pai. O sorriso do mesmo era contagiante e ela se sentia realizada por ter surpreendido o homem que lhe criara como se fosse sua filha de verdade. A decoração da Hot Whells e o carrinho vermelho de controle remoto não agradara somente ao aniversariante e foi uma surpresa para a loira quando, ao entrar na sala, encontrou Aizawa brincando com ele. Yumi, a esposa do policial, se aproximara da garota ao notar a expressão da mesma.

- É incrivel como eles nunca crescem,  não é mesmo?

- Devo confessar que nunca imaginei que Aizawa-san ainda gostasse de brincar com carrinhos.

- Ele não vai poder brincar muito. Nada contra o seu marido Yumi-san, mas não creio que Near ficará parado muito tempo.

As duas mulheres, ao ouvirem Linda, procuraram o detetive com os olhos e não foi surpresa nenhuma encontrá-lo totalmente concentrado no brinquedo.

- Acho que ele só não “atacou” ainda porque o brinquedo não é branco.

Foi demais para Yukiko e Yumi controlarem a risada. De longe, os rapazes lançaram rápidos olhares às mulheres que não tentavam ser discretas.

- O que será que deu nelas? – Ide perguntou intrigado aos outros.

- Sei lá. Desisti de tentar entender as mulheres pouco antes de me casar. – Aizawa confidenciou.

- Eu não acredito... – Matsuda possuía lágrimas nos olhos ao perceber o que acontecia. – Minha Yukiko já é considera uma mulher adulta...

Near se preocupou com o que ouviu. Como continuar com seu plano de ignorar a influencia da garota se até mesmo o padrasto dela assumia que ela não era mais uma criança?

- Quando foi que meu bebê cresceu? Eu nem vi passar...

- É assim mesmo Matsuda. Quando você menos esperar ela vai estar lhe apresentando um namorado, depois eles vão noivar e logo você vai levar ela até o altar e, mesmo querendo matar o infeliz que está lhe tirando sua pequena bonequinha, você vai soltar a mão dela e sentir que a está deixando a mercê do lobo mau, mau caráter, vagabundo, preguiçoso...

– Já entendemos Aizawa. – Mogi acalmava o amigo que já retorcia as mãos como se imaginasse o pescoço do genro entre elas.

Matsuda e Near observavam o amigo que tentava recobrar o autocontrole com o mesmo pensamento em mente: casar?! Touta se afastou do grupo e alegou que, se o dia estava se aproximando sem dar folga a ele, ele iria aproveitar cada último momento com a filhinha dele.

- Não sei de quem eu sinto mais pena.

- Como assim Near? – Aizawa incentivou o detetive a continuar falando.

- Dela por ter de agüentar Matsuda ainda mais protetor, ou do homem que pedi-la em casamento.

- Escolha difícil essa. – Shuichi foi obrigado a concordar.

Do outro lado da sala, o grupo de mulheres era abordado por Touta que agradecia pela presença de todas em sua festa de aniversário. Com um braço em volta dos ombros de Yukiko, ele inqueria sobre o assunto abordado por elas até o momento.

- Ah! Coisas de mulher Matsuda-san. – Eriko confidenciava.

- Por exemplo? – Ele insistia em entrar na conversa a qual sua filha participava tão alegremente.

- É difícil de explicar pai...

- Não vejo o motivo, afinal, sempre participei de todas as conversas Yukiko-chan.

- Se você insiste... Como eu estava falando meninas, acho que o Sempre Livre é muito melhor que o Intimus.

- Eu ainda digo que você está equivocada. – Eriko apoiava a mais nova.

Perante o assunto, Matsuda inventou uma desculpa qualquer e se afastou do grupo mais rápido do que quando surgiu. Novamente sozinhas, o grupo voltava a auxiliar Eriko a decidir o melhor momento para contar da gravidez para Aizawa. Conhecendo o pai da mulher e do ciúme que ele sentia pela filha, todas percebiam o perigo que o pobre Yasuo corria.

- Mas eu ainda acho que quanto mais cedo, melhor.

- Você ainda é nova Yukiko, mas não é tão simples assim. Quando você estiver grávida e do jeito que o Matsuda é, vai entender porque eu tenho tanto medo.

- Felizmente isso vai demorar a acontecer.

- Espero em senhorita Matsuda. Você é muito nova ainda e esperta demais para comprometer todo o seu futuro. – Linda alegava com autoridade e como se fosse a mãe da garota.

- Estamos de olho em você hein! – Yumi também assumia o posto de mãe da loira.

Yukiko ria frente à super proteção das outras. Sendo a caçula do grupo e todas as outras já com filho, para as outras era impossível não cuidar da pequena.

A pequena festa não poderia ser mais animada, até Raiya surgir alegando que a garota iria gostar de ver quem estava na porta da frente. Como a campainha não havia tocado, ela precisou de uma desculpa para querer se retirar do aposento e ir para a rua.

Near viu quando a porta foi aberta e quando Yukiko se impressionou com o que havia do outro lado. Curioso e abrindo mão da sua vez de brincar como presente de Matsuda, ele a seguiu até a varanda. Foi uma surpresa encontrar Naomi com o rosto enterrado no ombro de Yukiko e chorando. As duas estavam sentadas no último degrau da pequena escada e o detetive se aproximou até parar atrás da loira. Olhando por sobre a cabeça da outra, ela pediu a ele que não falasse nada. Sasaki segurava com força as mãos da colega, enquanto sentia a outra deslizando por suas costas em conforto.

- Foi horrível Yukiko... – Ela sussurrava entre os soluços.

- O que houve Naomi?

- O Yushiro... Ele morreu...

A informação caiu como uma bomba nos ouvidos da loira que, ao notar o discreto sorriso de Raiya, não teve dúvidas sobre o que aconteceu.

- Eu disse coisas tão horríveis para ele... Eu não queria... Não era verdade... – As frases eram desconexas, mas fariam todo sentido em poucos minutos.

- “Eu não preciso de você Yushiro! Você não faz falta nenhuma! Faça um favor a humanidade e morra seu inútil!” Ela queria sim a morte dele. – Raiya alegava após repetir as palavras proferidas pela morena pouco antes do acidente.

- Você tinha de ter visto Yukiko. O Raiya se empolgou dessa vez. Foi uma morte com tudo que se tem direito. Muito sangue por todo lado. O corpo do coitado ficou dilacerado e irreconhecível, só a cabeça ficou inteira. Ela voou e caiu na frente dessa garota que começou a gritar desesperadamente. Parecia até coisa de filme de terror.

- Podemos dizer que eu estava inspirado. O bom é que você poderá colocar a culpa no tal de Shinji. Fiz com que ele saísse da cena no momento em que a Naomi desejava a morte do outro garoto. Mais o fato dele se sentir atraído por ela... Uma coincidência muito conveniente não acha?

- Yukiko? – Matsuda surgia na porta, curioso para saber o que sua filha e Near estariam fazendo sozinhos. Logo o detetive o inteirou sobre o que a morena havia revelado.

- Traga-a para dentro Yukiko. Está tarde e começando a esfriar muito.

- Venha Naomi, vou preparar um chá para você.

A festa teve um final inesperado e nada animador. Em pouco tempo os convidados saiam da casa entristecidos pelo pouco que sabiam da história. Near observava a visitante sem perder um único detalhe da história. Nesse momento, a certeza de que D-Kira preencheu a mente do detetive. Ele não acreditava que Yukiko usaria o caderno para arruinar o aniversário que planejara com tanto carinho. Curioso, ele sabia que um novo suspeito seria intitulado no dia seguinte, assim que Sasaki conseguisse articular uma frase coerente.

oOo

- Seu Shinigami estúpido! – A garota rosnava furiosa.

- Não fale assim comigo garota! – Raiya rebatia feroz.

Os sussurros agressivos eram trocados no quarto da loira, logo após acomodar Naomi em um quarto de visitantes e alegar para o pai que precisava descansar. Os dois homens da casa concordaram e também rumaram para seus quartos a fim de colocar a mente em ordem. O som da campainha só foi ouvido por Ryuuku que não tentou apaziguar a discussão.

- Como você pode fazer algo assim?

- Você desejava esse sangue, não é? Eu lhe dei de presente. Deveria ficar grata.

- Ela era um inocente. Um estúpido e inútil inocente.

- E agora é um estúpido e inútil inocente morto. Não há nada que se possa fazer.

- Por que Raiya? Por que você o matou?

- Shinigamis não precisam de motivos para matar um humano. É isso que fazemos.

- Mas por que ele?

- Por que eu quis. Deveria ficar feliz por estar lhe ajudando. – Ele afirmou virando-se de costas e pronto para afastar, no entanto, fora surpreendido pelos braços de Yukiko que o rodearam pela cintura, enquanto a garota escondia a face em suas costas.

- Não quero que mate inocentes só para me proteger.

- Você não precisa ser protegida.

- Então não mate mais inocentes, por favor. – Ela pedia ao Deus da Morte que não encontrava forças para negar o pedido.

- Sem querer estragar o clima, mas seus amiguinhos da Interpol resolveram lhe visitar Yukiko. – Ryuuku comentava ganhando total atenção da loira.

- Inerpol? Mas eles não tinham ido embora?

- Imagina. Estão te seguindo há dias.

- E você só me fala isso agora? – Ela perguntava furiosa.

- Ryuuku seu incompetente, por que não nos contou antes? – Raiya já ameaçava o outro com sua foice em mãos.

- Não estou do lado de nenhum de vocês. Sou somente um telespectador que não quer interferir no final da história.

- Seu desgraçado! – Yukiko rosnava transbordando em raiva. O som de batidas na porta do quarto chamou a atenção da garota que buscava desesperadamente por uma saída. – Sim?

- Tem dois homens da Interpol querendo falar com você minha filha.

- Já vou descer papai. Só vou colocar uma roupa mais apresentável.

- Certo. Estaremos lhe aguardando na sala.

- Tá bem papai.

Yukiko andava de um lado para o outro no quarto em quase pânico. Colocando uma roupa casual rapidamente, ela pensava em todas as maneiras de se livrar dos investigadores. Raiya fora imprudente demais e seus planos acabaram por colocar a loira na linha de fogo da organização. De repente, um medo maior se apoderou da garota e ela rapidamente retirou o Death Note de dentro do urso de pelúcia que o abrigava há tanto tempo.

- Isso precisa sair daqui.

- O que pretende fazer? – Ryuuku questionou intrigado.

- Rápido, me de um pedaço de uma folha do seu caderno Ryuuki.

- Por quê?

- Simplesmente o faça! – Ela ordenou arrancando um minúsculo pedaço do caderno que possuía em mãos.

Ainda confuso, o negro shinigami obedeceu a garota e lhe ofereceu um pedaço do perigoso papel.

- Raiya, preciso que faça exatamente o que eu mandar. Você acha que consegue?

O Deus da Morte a olhou sério, sabendo que o novo plano da garota era extremamente arriscado. Yukiko rogava aos céus para que seus cálculos estivessem certos enquanto deixava o caderno nas mãos de Raiya.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do cap...
O suspense voltou XD
Gostaram da morte que aconteceu nesse?
Notícia boa e ruim para ser dada no cap de hoje.
Boa: a fic está no mesmo nível nos 2 sites ;)
Ruim: as postagens vão demorar um pouquinho mais para acontecer... Espero que não desanimem e que me perdoem pela demora. As datas continuarão existindo e sendo respeitadas...
Abraços minna-san
05 de Setembro
Somente no Fanfiction e no Nyah.
O Retorno de Kira
Capítulo 15:
“PARADOXAL”



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