A felicidade irradiava o semblante de Elena ao abrir os olhos na cama de Alec. Virou-se esperando encontrá-lo, mas deparou-se com o vazio. Meneou a cabeça para afugentar futuras indagações e levantou-se exibindo o seu corpo. Pegou as suas roupas espalhas pelo chão e assim que terminou de se vestir, foi a procura de Alec, estranhando ao encontrar o apartamento vazio.

–Ele foi embora? – se perguntou confusa e sentindo-se usada.

***
O carro de Alec seguia pelas ruas enquanto o motorista dirigia corretamente, Alec sorria ao mesmo tempo em que sentia nojo de si mesmo na parte traseira. Ele sabia que havia começado um jogo que não poderia voltar atrás, só não esperava que fosse sentir-se mal do que fizera. Ele odiou cada segundo que passou com Elena aquele dia.

–Para onde devo ir? - motorista perguntou ao olhar para o rosto de Alec pelo retrovisor.

–Para a galeria de Nicole – disse misterioso com o semblante fechado. O percurso foi percorrido rapidamente e logo o carro estacionou em frente a galeria. Alec saiu do carro, ajeitando o terno contra o seu corpo. Passou pela porta ficando surpreso ao ver Nicole sorrindo para um homem. Esboçou um sorriso na face ao andar ate onde ela estava, parando atrás dela – Vejo que continua muito bonita.

Nicole não precisava virar-se para identificar o dono da voz que a deixou perturbada. Com extremo esforço, virou-se com seriedade ao encarar Alec Lorrenzi, o homem que começava a lhe atormentar em seus sonhos.

–Senhor Lorrenzi, imagino que veio comprar alguma peça de arte – Nicole disse fria de forma profissional, pois aquela fachada era a única que lhe restava ao olhar para o homem que a manipulou.

–Não deveria ser tão fria comigo.

–E o senhor não deveria achar que sou uma tola. O que deseja?

–Vim conversar.

–Não sou sua amiga para escutar os detalhes de sua frieza.

–Mudou muito em poucos dias.

–O único que me fez mudar esta parado em minha frente – tornou ao cruzar os braços em frente ao seu corpo – diga de uma vez, o que deseja? Imaginei que já fosse um peão descartado em seu jogo. Um navio afundado em sua batalha naval. O que mudou?

–O jogo que planejei cuidadosamente mudou, já que foi a única que desistiu de tudo.

–Desisti de ser manipulada por você, é diferente.

–Podemos falar desta forma. Mas, não foi assim.

–Não tente me manipular novamente, Anthony ou Alec. Cansei de seus jogos.

–Eu sei – sorriu ao colocar as mãos no bolso de sua calça social – O que acha de deixar o seu sobrinho livre?

–Esta insinuando que devo ajudá-lo em troca da liberdade de Jacob?

–Sim – assentiu confiante.

–Sabe que não irei aceitar.

–Eu acredito que mudará de opinião.

–Porque faria isso?

–Porque o destino é muito imprevisível. – do mesmo modo que entrou na galeria, saiu sem olhar para atrás deixando-a com um péssimo pressentimento. – Vamos ver o que fará para salvar o seu sobrinho – Alec murmurou ao entrar em seu carro.

As mãos de Nicole tremiam ao segurar a xícara que pegou. O liquido preto continha o mesmo volume a uma hora. Ela não havia bebido nada, apenas se manteve sentada em sua sala segurando a xícara. Ela tinha consciência do perigo que Alec representava, entretanto por mais que desejasse fazer algo sabia ser impossível dada a situação.

–O que eu vou fazer? – se perguntou angustiada tentando manter-se firma em sua decisão em não se envolver – mas... Jacob precisa de mim.

***
–Mais uma etapa pronta – Alec disse sorridente para Peter, o qual o olhava inexpressivo – sei que não esta gostando, mas este é o destino que escolhi – argumentou ao levantar-se da cadeira e caminhar pelo seu escritório.

–É a única saída? – Peter indagou sério ao olhar para a pasta em cima de mesa.

–Sim, a única para deixar tudo equilibrado novamente.

–O que quer dizer?

–Elena nunca deveria estar vivendo essa vida assim como eu nunca deveria ter me tornado Alec. Somos apenas, joguetes do destino, somos um erro que deve ser corrigido.

–Não deveria aproveitar e viver a sua vida?

–Essa frase me lembra Elena – disse amargurado ao passar a mão pelos seus cabelos – ela pensou da mesma forma anos atrás e ambos estamos destinados ao pior.

–Prosseguirá então.

–Irei ate o fim.

–O que fará sem Nicole?

–Ela vai voltar. Acabei de falar com ela.

–E o que disse?

–Ela voltará, já que coloquei Jacob como uma barganha. Ela fará afinal é uma tia zelosa assim como um dia fui um namorado apaixonado. – se voltou para Peter, sério – Conseguiram achar provas contra Alexander?

–Sim, foi mais fácil do que imaginamos – disse ao olhar para pasta depositada em cima da mesa – Há alguns desvios, contas na suíça e propriedades fantasmas.

–Como ele é tolo – percebeu ao ir ate a mesa e abrir a pasta – preciso criar mais provas contra ele. – sorriu de forma sombria ao falar – Vamos tornar a situação dele mais interessante. Preciso que seja desviado somas consideráveis do fundo da empresa para a conta dele na Suiça, após isso espalhe a noticia que a empresa dele passara por uma investigação. Os acionistas ficarão com medo, cederão a uma pressão, comprarei todas as ações possíveis e me tornarei o acionista com mais ações. Terei o poder de controlar a empresa que Elena tanto ama.

–E depois? – Peter indagou curioso.

–Depois tudo ficará ainda mais divertido – garantiu sorrindo.

***
O sorriso que encontrava-se estampado na face de Elena era impossível de ser escondido. Ao entrar em sua casa, sorriu para todos os empregados e assim que abriu a porta do quarto sentiu o olhar furioso de Alexander.

–Como se atreve? – Alexander disse furioso ao jogar a caixa com as joias dela no chão. –Como pôde fazer isso comigo?

–E o que eu fiz? – perguntou polidamente ao sorrir – estou ficando curiosa.

–Não seja assim, Elena – Alexander disse ao segurar um dos objetos dela que ficava em cima da penteadeira e jogar no chão – nós dois sabemos que estava me traindo.

–Estava? - Elena manteve-se séria com um sorriso nos lábios apenas encarando-o, enquanto ele permanecia gritando.

–Dissimulada – Alexander falou ao sentir raiva – quem é ele? Diga-me para que eu possa acabar com ele.

–Nunca conseguirá mesmo que use uma arma pra isso – sorriu confiante ao andar pela bagunça que ele fizera – Quando terminar arranje alguém para limpar isso tudo.

–Se continuar a fazer isso, tirarei tudo que já conseguiu – Alexander ameaçou sem titubear diante do comportamento de Elena.

–O único que me transformou no que sou, foi você – afirmou sem sorrir – estou enganada? Fez de tudo para me ter ao seu lado. Valeu a pena?

–Muito.

–Fico feliz por você, mas começo a me arrepender de minha escolha – confidenciou ao encará-lo – Me pergunto o que fará se eu largá-lo.