Lia

Finalmente era sexta. Depois de uma semana que demorou um ano pra passar, a sexta-feira chegara. Este seria o dia que selaria um destino onde ela e Brandon poderiam ou não ficar juntos.

Lia levantou da cama e fez seu ritual diário antes da escola. Assim que ficou pronta, despediu-se da tia e caminhou em direção ao dia que ela tivera ansiado com tanta intensidade.

O primeiro tempo de aula não durou menos do que uma eternidade na concepção de Lia, entretanto, o segundo seria de História, aula que ela fazia com Brandon. Ao passar pela porta, Lia exitou por um instante e observou a sala. As carteiras estavam divididas em duplas e só havia uma dupla vazia. Ela estava se dirigindo a uma das ultimas fileiras, quando ouve alguém chamar seu nome:

–Ei, Lia!- era Brandon. Ele fazia um gesto com a cabeça que indicava um convite para que ela se juntasse a ele.

Internamente a menina era apenas luzes piscando e neon reluzente de tanta felicidade, mas externamente ela se limitou a assentir, de forma tranquila.

O sinal de início da aula tocou e a professora entrou na sala, fazendo com que todos se silenciassem.

–Bom dia, turma. Percebam que a sala está divida em duplas, e não é por acaso. Hoje nós vamos redigir um trabalho de, no mínimo, 2 páginas- ao dizer isso houve um murmúrio de reclamações na classe- Silêncio, turma! Então, como estava dizendo, um trabalho de 2 páginas sobre causas e consequências da criação de novas igrejas durante a Contra-Reforma. Podem começar.

Brandon olhou para Lia e perguntou se ela entendia do tema e ela confirmou.

Algum tempo depois de iniciado o trabalho, Brandon pergunta:

–Sabia que uma das causas de Henrique VIII ter criado a Igreja Anglicana foi porque ele queria se divorciar de sua esposa, pois estava apaixonado por Anna Bolena?

–Não...-ela respondeu.

–Sabe, eu acho que seria capaz de fazer uma loucura dessa por amor. Ir contra o governo e contra a religião, só para poder ficar com quem eu gosto se verdade.- nesse momento ele olhou fundo nos olhos de Lia e ela achou que fosse desmaiar, tamanha era a tonteira que ele conseguia provocar nela.

Durante alguns segundos, eles ficaram presos naquele momento, apenas se encarando em silêncio, mas logo Lia se recompôs e disse:

–Vamos nos concentrar no trabalho, senão não vai dar tempo.

–Tudo bem- e eles apenas continuaram a escrever, mas os pensamentos de Lia estavam confusos demais para fazer um trabalho escolar. Sua mente não conseguia parar de ecoar a frase "quem eu gosto de verdade".

O sinal tocou e eles entregaram as folhas para a professora, segundos antes de Lia sair apressadamente pela porta, agarrada a seus livros como se fossem a única coisa sólida que ela poderia se agarrar para não se concentrar em Brandon. Mas essa segurança não durou muito, pois logo ouviu sua voz chamar por seu nome. Aquilo conseguia gerar arrepios na nuca de Lia, e não no sentido ruim. Ela se virou e Brandon perguntou:

–Você vai hoje, não vai?

Lia concordou com a cabeça e seu coração parou de bater quando ela sentiu a mão de Brandon encontrar sua cintura e sussurrar em seu ouvido:

–Te vejo mais tarde então.- ele deu um beijo em sua bochecha e saiu sem olhar para trás.