Felling Dead escrita por Jess Mariano


Capítulo 2
Extra


Notas iniciais do capítulo

Decidi fazer uma visão da namorada sobre os fatos, espero MUITO que gostem, sério. Boa leitura *-*



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Liza

Eu estava esperando abertamente por alguma reação de Annie que não fosse apenas viver como um robô, programado apenas para viver, ou talvez viver ainda seja muito para ela. Eu não me irrito com essa "reação" dela, ela é uma menina traumatiza, tudo na sua vida deu errado, e eu sinto como se precisasse sempre estar ao seu lado, morria de medo de sair de perto dela. 

No inicio do inverno decidi que passaria os fins de semana com meus pais, eu os amava mas a um tempo tenho deixado-os para segunda opção, eu era tudo o que a Ann tinha, mas ainda tinha pais. 

-Liza, lembra da nossa viagem para Paris?- Essa tinha sido nossa primeira viagem, e a nossa melhor experiencia. 

Flash back 

-Annie! Acorda meu amor. -Depositei um beijo leve em seus olhos deitando em sua cama. Sua tia havia me deixado entrar para presente-la, era uma surpresa, afinal não é todos os dias que fazemos um ano de namoro não é? E não é todos os dias que se fazem 17 anos, era aniversário dela também.

-Liza? Tão cedo...-Ela resmungou, eu apenas sorri.

-Feliz aniversário Ann! -Eu pulei de uma vez em cima dela e a abracei. Ela me abraçou de volta e sussurrou "obrigada" no meu ouvido. -Então, eu falei com sua tia e... 

-E...? -Ela estava curiosa, amava isso.

-Bom, espero que goste do seu presente.-Entreguei para ela um pacote, com duas passagens para Paris, ela só teria que tirar o visto e o passaporte, e enfim iríamos. 

Ela me abraçou, beijou e agradeceu tanto, que eu queria que fosse sempre assim, ver aquele lindo sorriso nela, aqueles olhos brilhando, cheios de vida. 

Um mês depois embarcamos, arrumei um hotel simples para nós, e conhecemos a cidade, ela explorou tudo, tirou fotos de tudo, afinal seu sonho é se tornar uma fotografa de mão cheia. 

Caminhávamos pela cidade francesa de mãos dadas, as vezes abraçadas, esse com certeza foi o momento em que estávamos mais apaixonadas. Eu andava ao seu lado, as vezes passava na sua frente e ficava de frente a ela, segurava sua mão e cantava uma música qualquer do Chico Buarque ou Caetano Veloso, as quais ela amava e eu também.

Ve-la tão feliz, esboçando aquele sorriso, ver o brilho naqueles olhos mel e seu cabelo levemente cacheado castanho claro  finalmente com um brilho de felicidade, foi uma das melhores épocas de nossas vidas, se não foi a melhor. Ela estava linda, sobretudo marrom bem escuro, boina um pouco mais clara que o sobretudo,cachecol, e um vans vermelho, para quebrar o contraste....

Fim do flash back

-Como eu poderia esquecer amor? -Perguntei sorrindo para ela que estava com a cabeça encostada no meu colo.

-Desculpa, só achei...

-Ei, não têm porque pedir desculpas boba...

-E lembra da nossa primeira noite em nosso primeiro apartamento? -Ela perguntou com um pouco de brilho nos olhos. Mas é claro que eu lembrava...

Flash Back

Havíamos acabado de comprar um apartamento, dois dormitórios pois eu precisava de um lugar para trabalhar. Eu iria fazer uma surpresa para ela, era mobiliado já, no estilo rustico, do jeito que ela gosta, mas ela ainda não tinha visto o apartamento. A conduzi cobrindo seus olhos com minhas mãos pelo corredor do prédio até chegar na porta "201", eu peguei a chave e abri a porta e ela abriu os olhos, eles estavam novamente com aquele brilho e rastro de felicidade que eu simplesmente amo.

O apartamento tinha paredes em tons neutros de bege, janelas grandes, a cozinha era razoável  e o nosso quarto poderia ser considerado ótimo para um casal jovem. 

Ela ficou organizando seu equipamento de fotografia no outro quarto, ao lado dos meus equipamentos de trabalho, enquanto eu estava fazendo algo para comermos, como não tinha muita coisa ainda, preparei só um macarrão. Baixei o fogo quando senti Ann se aproximando de mim. 

-Já disse que eu te amo hoje? -Ela disse em minha nuca, encostando os lábios na mesma, eu me arrepiei inteira. 

-Ainda não... -Ela beijou a região e sussurrou muito baixo.

-Eu te amo Elizabeth.-E me virou para ela, e me beijou intensamente.Soltei-a sem muita vontade para desligar o fogo, desliguei e ela me virou para ela novamente, tirou meu avental e em seguida o resto da minha roupa. 

Flash Back of

Tínhamos acabado de conquistar nossa independência  cerca de um ano depois compramos essa casa térrea, e moramos nela desde então.

Quando notei ela já estava dormindo no meu colo. Puxei o cobertor mais para nós, e dormi também. 

E desde aquele dia ela tem se tornado estranha, relembrando momentos, e aquilo me deixava aflita. Suas fotos tinham um brilho diferente também, tinham um aspecto estranho.

Eu estava trabalhando em um novo projeto, eu sou arquiteta. Sou formada e trabalho em uma boa empresa, alias, sou três anos mais velha que Annie.

Ela estava ficando muito mal conforme os dias se passavam, não tirava mais fotografias, não se alimentava direito e nem saia mais, para nada. Estava me assustando.

Duas semanas com ela nesse estado e eu já estava enlouquecendo. Ela começou a lembrar dos momentos ruins da vida dela. 

Flash Back on

Annie tinha feito oito anos a dois meses, e hoje fariam três anos que nos conhecemos, eu já tinha onze anos, já estava bem mais na frente dela na escola, mas eu gostava muito de passar as tarde andando de bicicleta ou brincando com suas bonecas, passar o tempo com ela me deixava feliz, e ela também se animava demais na minha presença, mas hoje de manhã aconteceu algo horrível  Lembro da sua tia ligando para minha mãe, e minha mãe chocada ao telefone, mamãe e a mãe de Annie eram muito amigas ela desligou o telefone aos prantos, e disse apenas.

-Cuide de Annie por mim, por todos nós. -Eu era ingenua, mas tinha ideia do que tinha acontecido. 

Corri para abraçar mamãe, e ficamos assim por um tempo, ela se encostou na parede e escorregou para o chão, abraçou os joelhos e continuou chorando, ver a minha mãe naquele estado me fez amadurecer tanto, então imagine Annie como estaria, era tão apegada aos pais, amava-os tanto, amava dormir na cama deles, sempre que íamos para a escola, ela dava um beijo na bochecha da mãe, bem demorado e um abraço no pai, que a puxava para o colo e fazia cocegas nela até ela chorar de rir.

Eram onze da noite quando o carro da tia dela parou em frente a minha casa, ela iria falar com minha mãe, Annie estava no colo da tia, e ia ficar o fim de semana conosco. Seu rosto estava inchado, ela tinha marcas nos pulsos de quem havia segurado muito forte eles, seu vestido tinha sangue... Minha mãe cobriu meus olhos e papai me pegou no colo e me levou para meu quarto, onde uma hora depois Ann entrou com um dos meus pijamas, ela apenas se deitou do meu lado, me abraçou e começou a chorar, chorar alto a ponto de soluçar, a abracei de volta e fiz carinho em seu cabelo ate ela cair no sono, gemendo "desculpa mamãe, desculpa papai..."

Flash back of

Lembro que durante uma semana, aquele acidente de carro foi comentado em todos os noticiários  e por toda a vizinhança, que vinha até em casa ver como ela estava. 

E logo após esse, três dias depois ela me lembrou do dia em que foi expulsa da casa da tia, por ter se assumido.

Flash Back on

Resolvi leva-la até a casa da sua tia, não gostava que ela ficasse lá, sua tia não gostava dela, só o que fez com que se unissem um pouco, foi a morte dos pais da menina.

-Amor, fazem quatro meses já, vou ter que contar, não é justo apenas seus pais saberem... -Eu estava desconfortável...

-Mas ela não precisa saber. -Eu bati o pé, ela era mais teimosa que eu, então decidiu que contaria, fiquei parada na praça em frente a casa da sua tia, sentei-me no balanço, e fiquei lá até a movimentação na casa da tia da Ann ficar estranha, gritos histéricos e em seguida a porta sendo aberta co m brutalidade, e a Ann sendo, literalmente, jogada para fora.

-NÃO QUERO GENTE DA SUA RAÇA DENTRO DESSA CASA. -E bateu a porta.

Ann, ficou lá no chão, corri em sua direção, ela não estava chorando, mas também não estava sorrindo, claro.  A abracei e a levantei. 

Ela decidiu então, que moraria com sua outra tia, na cidade ao lado, porém logo no inicio já havia se assumido.

Flash back of

O incrível  é que essa primeira tia, não deu o ar da vida até hoje, maldito preconceito...

-Liza, o estupro... 

-Para com isso Ann, eu te disse para esquecer! -Eu estava furiosa, mas não podia descontar nela, eu simplesmente não vou lembrar do dia que a encontrei com ajuda da policia naquele beco, nua e desmaiada... Porque eu a deixei daquele jeito? Porque? Homens porcos, foram todos presos, por mim apodreceriam na prisão! 

Não vou lembrar desse dia, não vou, me recuso... 

Coloquei para tocar alguma música no radio, coloquei um CD do Oasis e deixei como música de fundo.

–Amor o que você tem? - Finalmente tive coragem para pergunta-la. -Porque não conversa mais comigo? É pela morte da sua família  Eu estou aqui! É pelo estupro? Eu vou te proteger, nada mais vai te acontecer! -Eu já tinha lagrimas nos olhos, mas ela não estava me olhando.

–Eu não quero mais isso, eu te amo. Promete que nunca vai esquecer disso? - "Eu não quero mais isso"?Repeti incrédula mentalmente,do que ela está falando? Ela então pegou minha mão e depositou um beijo lento lá. 

–Annie... -Eu estava aflita, queria que ela conversasse comigo...

-Posso ficar sozinha? Só um pouco? Compra uma coca cola para nós? -Sai muito relutante, Annie estava a um passo da loucura e não quer falar comigo.

Saí caminhando rápido, não teriam mercados próximos  então peguei nosso carro e dirigi como uma louca. No mercado comprei os doces favoritos dela, e sua amada coca cola. A fila do caixa estava enorme, esperei cerca de 25 minutos batendo os pés loucamente no piso frio do mercado. 

Paguei tudo e voltei igualmente rápido para casa, estacionei o carro de qualquer jeito, coloquei as sacolas na frente da porta e procurei a chave nos meus bolsos, quando encontrei ouvi um barulho muito alto e grave vindo de dentro de casa, e em seguida o barulho de algo grande batendo com violência contra o chão rustico. Me exaltei as chaves caíram no chão, junto com as sacolas... NÃO! 

NÃO, NÃO, NÃO. 

-ANNIE! ANNIE! -Eu tremia, peguei as chaves e com dificuldade abri a porta. -PELO AMOR DE DEUS ANNIE, CADÊ VOCÊ? ANNIE ME RESPONDE! PORRA ANN! -Corri para a cozinha, nada, quarto, nada... Sala....

-ANNIE, POR FAVOR, ANN! Não faz isso comigo! - Seu corpo estava no chão, jogado... A arma que dei a ela a um ano atrás ao seu lado, coberta de sangue. Sangue... Muito sangue ali, perdi o controle das minhas pernas e caí no chão ao ver o que havia restado do que um dia foi um rosto esculpido por anjos. Minha Annie...

-E-eu nem disse que te ama-mava hoje, porque fez isso comigo? PORQUE ANNIE? -Corri até seu lado, e a segurei, mesmo com o sangue tomando conta do meu corpo e da minha roupa. -PORQUE ANNIE? VOLTA! POR FAVOR. -Comecei a me beliscar. -Isso é um pesadelo, isso é só um pesadelo, eu vou acordar, é... V-vou acordar novamente com onze anos, e nada de ruim aconteceu com minha Ann, ACORDA ELIZABETH, ACORDA! -Eu estava aos prantos, e a beira da loucura. Perdi o que mais me alegrava, perdi o que chamava de vida... Perdi meu tudo. -Ann, volta, volta para mim meu anjo, vem... Pega a minha mão, por favor, se meche.

Senti uma mulher atrás de mim, nossa vizinha, ela deu um grito e após isso a vizinhança toda estava em casa, ela me viu entrando em casa, com certeza não vai achar que eu matei minha mulher... Minha mulher... Tinha planos de pedi-la em casamento em alguns meses para ver se ela voltava a sorrir com o novo estilo de vida... Eu TINHA esses planos.

-Ann, volta para mim, por favor... -Fiquei assim o resto da tarde, chorando sobre seu corpo, até que a policia chegou e a tirou de mim, para sempre. 

Ao meu levantar, não senti minhas pernas e cai novamente, a vizinha por sua vez, me ajudou e apontou para a mesa, onde tinha um simples pedaço de papel, uma carte de suicídio. 

Li a carta no minimo dez vezes, e pelo menos umas trinta a ultima frase "Liza, eu sei que vai me perdoar e seguir em frente, com paz, carinho e nostalgia, sua Annie. "

"Sua Annie"...

Eu sempre te perdoei até aqui Annie, sempre! Vou te perdoar, mas não vou seguir em frente. 

Organizei tudo para que ela tivesse tudo perfeito para seu funeral, e dois dias depois eu me matei, apenas deixando uma carta para meus pais, mas isso é outra história. 

Com dor, infelicidade e ansiedade do que me espera na morte, Liza. 


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Notas finais do capítulo

Desculpem o erro, e espero que tenham gostado.



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