A Arena De Fogo escrita por Aprendiz de Escritora


Capítulo 2
Viagem Surpresa




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Fernanda

O Nicholas só podia estar brincando comigo, pelo amor de Deus, QUEM é o RETARDADO que busca a irmã no aniversário na escola pra poder levá-la em uma viagem surpresa, sem nem ter falado nada? – Ok, é uma viagem SURPRESA, não se fala nada, mas poderia dizer de manhã sabe... Tipo “BOM DIA, ANIVERSARIANTE, DEIXA SUAS MALAS PRONTAS QUE A GENTE VAI VIAJAR” e não “Surpresa...”!

Ah é, verdade... O Nicholas é o retardado que faz isso.

– SURPRESA? COMO ASSIM “SURPRESA”? VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA COM A MINHA CARA NICHOLAS! ME EXPLICA O QUE TÁ ACONTECENDO DE UMA VEZ!

– Fernanda, respira.

– RESPIRAR? VOCÊ ACHA QUE EU VOU CONSEGUIR RESPIRAR? VOCÊ NEM ME FALOU NADA DE QUE EU IA VIAJAR NO MEU ANIVERSÁRIO, EU NÃO ESTAVA PREPARADA PSCICOLOGICAMENTE PRA ISSO!

– FERNANDA. – Nicholas falou em um tom mais alto, me fazendo lembrar que eu estava falando com o meu irmão mais velho, e que provavelmente ele queria que aquela fosse uma surpresa boa, não ruim... Então eu respirei como ele falou e tentei relaxar. – Me escuta. Por favor. Eu tenho muita coisa pra te explicar...

– O que tem pra me explicar? – eu consegui controlar minha voz. Agora eu já parecia estar mais calma, mas o desespero pra saber o que era aquilo provavelmente estava saltando pelos meus olhos.

– Fe... Você deve estar achando que... Essa seria uma viagem normal surpresa... Bom... Não é.

– O que? Você está me raptando?

Ele dá uma risadinha.

– Eu não precisaria fazer isso, sua mãe confia em mim e você também. – ele falou.

– Espera. Minha mãe? minha mãe.

– É, Fe... Eu... Não sou seu irmão.

– COMO É QUE É?! – eu quase dei um tapa na cara dele. – NICHOLAS, VOCÊ TÁ BEM? COMO ASSIM VOCÊ NÃO É O MEU IRMÃO, QUER DIZER...

– Fernanda. – ele me interrompeu. – Eu posso explicar, é normal que você esteja confusa, mas você precisa entender. Foi tudo para te proteger.

– Tá, tá bom. Você tá me confundindo ainda mais, ajudaria se você falasse a minha língua.

I’m sorry. Are you American now?

Eu revirei os olhos. – Nicholas.

– Tá, tá bom. Falando sério. Você promete pra mim que você não vai, NÃO VAI me interromper até eu acabar de explicar?

– Eu vou pensar se eu vou conseguir fazer isso... – eu dei uma risadinha. – Tá eu prometo. Mas eu não vou cumprir a promessa, você sabe disso.

– Eu sei. Mas pelo menos você pode tentar se controlar e eu tenho argumentos contra você.

– Tá. Agora conta de uma vez, que eu to pirando aqui.

– Tá bom. Eu falei que eu não sou seu irmão. E que foi tudo pra te proteger... Eu não deveria ter começado por aí, mas aos poucos a verdade foi escapando de mim e... Deu nisso... Mas na verdade eu deveria começar contando outra parte. Você não é humana, Fernanda.

– Nossa, muito obrigada, Nicholas.

– Eu falei pra você não me interromper.

– E eu falei que eu te interromperia de qualquer jeito.

– Tá, não tem jeito mesmo. Mas te chamar de “não humana” foi tipo um elogio. Eu quis dizer que você tem habilidades que outras pessoas não têm.

– Tipo?...

– Tipo conseguir ficar horas debaixo d’água e sobreviver, não precisar engolir a água para ser hidratada e ser a irmã mais chata que existe no mundo.

– Muito obrigada. E desde quando eu consigo fazer as duas primeiras coisas?

– Desde hoje. Hoje você completa 16 anos, de forma que você realmente recebe seus poderes. Se você quiser eu jogo água em você e em 10 segundos você fica seca.

– Eu até te desafiaria mas... NICHOLAS!

Ele já havia jogado a água em mim e minha blusa estava toda molhada.

– Apenas observe... – ele disse e ficou olhando minha blusa.

Eu então senti meu corpo ficando mais forte, não sabia o que estava acontecendo, só sabia que eu sentia como se estivesse revivendo. Minha pele pareceu mais hidratada, e, de alguma forma, minha blusa havia ficado seca, assim como todo o resto do meu corpo.

– Agora você vai me ouvir? – perguntou Nicholas.

Eu ainda não acreditava no que havia acontecido. Eu assenti e fiquei em silêncio.

– Você sabe muito bem que você não conhece seu pai. Você sabe também que ele abandonou sua mãe. Mas... Não foi bem isso que aconteceu. Seu pai, como você, tinha habilidades que a maioria dos humanos não tem, mas ao invés de absorver a água, ele absorve calor, o fogo. Quando viu você pela primeira vez com olhos azuis, o que indica que você tem o poder da Água, ele quis te matar, mas sua mãe conseguiu fugir e conseguiu protetores pra você. Um deles sou eu. Um irmão. Sua mãe me adotou como um filho, e eu cuidei de você como um irmão, mas ao mesmo tempo, me aproximei ao máximo de você para poder te manter segura. Seu pai continua vivo, ninguém sabe onde, mas é provável que ele esteja atrás de você.

– É por isso que... Minha mãe... Ela começa a correr quando fica muito calor e chama você...?

– É sim. E não se sinta mal por achar que ela é louca, muitas achariam. Não é culpa sua.

Eu respirei e me desculpei mentalmente de minha mãe.

– Continua falando, Nicholas.

– Agora você está querendo saber não é?

– Não, eu quero tirar tudo isso da minha cabeça mesmo. Conta, Nicholas!

– Calma... Tá bom... Obviamente, seu pai ainda não veio atrás de você, ele provavelmente está esperando você traçar algum destino.

– Traçar algum destino? Nicholas, na boa...

– É, traçar algum destino. Muitos da geração de guerreiros de hoje em dia estão desistindo antes mesmo de ser mandados para a Central, ou saberem disso, pois seus pais não querem que eles vão, sabendo que correm risco de morte. Sua mãe foi uma delas. Sua mãe não queria que você viesse, mas eu expliquei que seu pai poderia querer te matar de qualquer forma. Seus poderes seriam transferidos para seus filhos, o que seria horrível pra ele.

– Por quê?

– Porque eles seriam mais fortes do que você. Porque seus poderes continuariam sendo acumulados. Então você está sendo mandada para a Central de Treinamento de Novos Guerreiros, ou apenas Central. O próprio nome já diz que você será treinada lá, você terá uma equipe e vocês todos irão aprender a usar seus poderes e a trabalhar juntos.

– E nós seríamos mandados para missões e essas coisas? Para combater o mau como super-heróis de uma história de quadrinhos?

– Não. Vocês seriam obrigados a fazer isso. Se não fizerem, eles vão atrás de seus parentes, eles querem brincar com vocês, eles querem o poder. Eles querem poder conquistar todo o mundo com uma legião de guerreiros do lado do mau. Você, Fernanda, pode ser a última esperança do mundo.

– Tá. Agora você me assustou.

– Eu sei. Essa era a intenção. – ele riu. – Não é bem assim, ok? Mas eles realmente querem o poder. Eles querem ter o domínio sobre os poderes e acham que poderiam encontrar uma utilidade maior dos nossos poderes. Você irá aprender mais sobre isso nas aulas de História que você irá ter nessa semana que você passará na Central e pelo resto do mês também.

– Nossa, que legal, eu vou ter que estudar... Espera, uma semana?

– É, vocês terão o básico de treinamento em uma semana. É bem intenso, e você provavelmente vai sentir que está morrendo, mas no último dia você vai ser recompensado. Nós sempre somos.

– Nós?

– Você realmente acha que eu seria escalado para ser seu protetor se eu não tivesse poderes?

– Tá, agora eu me senti meio burra... Qual o seu poder?

– Tempo. Posso fazer com que o tempo volte, ande mais rápido, posso procurar lembranças entre milhares de outras coisas. Posso até fazer com que alguma coisa nunca tenha acontecido, e posso ler a mente das pessoas.

– Ou seja... O seu poder não é SÓ o tempo.

– Alguns guerreiros nascem com poderes a mais do que deveriam. Eu consigo ler a mente das pessoas. Consigo saber o que elas estão sentindo, o que me ajuda em um combate, mesmo que eles não aconteçam há algum tempo.

– Você é um... Guerreiro aposentado? – eu ri do meu próprio comentário.

– Não, não é nada disso. – ele riu também, mas logo ficou sério novamente - Os guerreiros apenas param de participar de combates assim quando morrem. Eu agora faço parte da área de localização e fico mais na Central.

– Mas a Central não é de Treinamento?

– A parte para qual você está sendo levada sim. A Central é dividida em milhares de partes, e todas estão ligadas. Você pode ir de uma a outra com apenas um toque, se você souber as senhas, é claro. Você pode acessá-los com seus outros protetores.

– Quantos protetores eu tenho? Exatamente.

– Dois. Eu, e mais uma.

– Eu a conheço por acaso?

– Eu prefiro não comentar sobre isso... – ele disse.

– Não me diga que é alguém que eu odeio!

– Não! Com certeza não é a Miranda, se é nela que está pensando.

– Você está lendo minha mente não está?

– Estou sim. – ele riu - E nós vamos dar uma parada pra comer logo, logo, tá? A Central não fica tão longe.

– Graças a Deus. – eu disse. – Mas não porque você está lendo minha mente. Pare com isso. AGORA. Mas porque vamos comer.

– Ok, eu tento parar.

– Ótimo.

– Pronto.

– Você parou mesmo?

– Parei.

– Jura?

– Jura.

– Então tá.

Nós ficamos um tempo em silêncio.

– Continue falando Nicholas!

– Agora você está interessada?

– DEMAIS.

– Então tá. É...

– Fala sobre a minha equipe.

– Tá. As equipes são de quatro pessoas. Um capitão, um co-capitão, e dois... Reservas...?

– Nossa...

– Você entendeu. Enfim, de qualquer forma, todos os quatro membros da equipe nasceram no mesmo dia. O primeiro a nascer torna-se o capitão, o segundo o co-capitão, e assim por diante. Não há nenhuma diferença entre seus poderes, a não ser que o capitão e o co-capitão – eu odeio falar co-capitão, eu não posso falar outra coisa não?

– Fala 2C. Pode ser 1C pra capitão e 2C pra co-capitão. Fica mais fácil.

– Tá beleza. Continua ruim, mas pelo menos não é co-capitão.

Eu ri.

– Tá, Nick, continua. – eu falei.

– Tá... É... Então, a única diferença é que o 1C e o 2C são propícios a saber comandar em um grupo e conseguem agir melhor sob pressão.

– E... Quem é o 1C da minha equipe?

– Aí é que tá. É você.

– VOCÊ TÁ DE BRINCADEIRA NÉ? – eu falei enquanto Nicholas parava o carro.

– Não, Fe, é isso mesmo.

– E desde quando eu consigo agir sob pressão?

– Desde sempre. Você que nunca percebeu isso.

– Ah tá, beleza então. – eu falei saindo do carro e pegando minha bolsa. – Então me explica por que eu fico nervosa só de ter que ler na frente de todo mundo na sala.

– Porque você acha que é insegura, mas você não é. Você age como se estivesse nervosa, mas no fundo, bem no fundo, você confia sem si mesma. Isso é normal, a maioria dos adolescentes faz isso e nem ao menos percebe.

– Tá... Ok então né... Sabe-tudo.

– Ei!

Nós entramos no restaurante e nos sentamos. Nicholas pagou falando que eu não precisava ficar gastando dinheiro que eu deveria gastar na escola com isso. Eu decidi não discutir, mesmo que eu não fosse comprar nada na escola durante uma semana porque eu não vou pra escola.

Eu ainda não tinha entendido nada daquilo, principalmente a parte de Nicholas não ser meu irmão. Senti como se uma parte de mim tivesse sido levada embora quando ele disse aquilo. Mesmo que, quando olhasse para Nicholas, eu não visse o meu protetor, e sim meu irmão. Talvez esse seja o espírito da coisa. Você trata o guerreiro que você precisa proteger como um irmão para criar um vínculo entre vocês, de forma que ele confie em você como jamais poderia confiar em mais ninguém.

– Nicholas... Quem vai me... Treinar? – eu perguntei enquanto almoçávamos.

– Há uma equipe especializada nisso. Cada guerreiro é designado para uma parte da Central, a maioria que trabalha e vive lá é porque seus pais não os querem, ou porque sua equipe foi morta. Não pergunte nada disso pra ninguém, a maioria deles tem sérios problemas emocionais por causa disso.

– Imagino...

– Mas se você quiser saber mesmo, a equipe especializada são, na parte teórica, os protetores, isso mesmo, eu sou seu professor, e os outros são de preparo físico, e essas coisas... Eles são mais ou menos da sua idade, então não é tão estranho assim. Ninguém age como em uma academia, ou em uma escola, todos agem como amigos.

– Todos são assim?

– Assim como?

– Sociáveis.

– A grande maioria. Os que não são, normalmente são novos. As pessoas da Central costumam estar de bom humor sempre. É isso que me faz pensar se você realmente pode ir pra lá, você costuma pirar de vez em sempre.

– Obrigada, Nicholas.

– Não foi nada. – ele riu. – Mas eu ainda não terminei de falar sobre a equipe especializada.

– Tem mais gente ainda?

– É um Treinamento bem complexo.

– Percebi...

– Mas pensa, tem um motivo pra isso... Vocês estão aprendendo a defender a vidas. O treinamento precisa ser intenso.

Eu fiquei em silêncio. Nicholas voltou a falar percebendo que eu não iria dizer nada.

– Até agora eu já citei duas bases da equipe: a base teórica e a base física, o que você acha que está faltando?

Eu pensei um pouco e depois de ter formulado uma resposta provável eu respondi: - A base onde nós colocamos tudo isso em prática...?

– Exatamente. E é aí que os Lordes e Damas entram.

– LORDES E DAMAS? Que nome mais... – eu comecei a rir.

– Não diga isso. Você não sabe o quanto eles podem te ajudar. Na época em que esses nomes foram criados ninguém se importava com como os nomes iriam soar. “Lordes e Damas” é uma forma de dizer que eles são superiores. Eles são os mais poderosos que existe, Fernanda, tenha respeito.

– Desculpe.

– Tudo bem, todos riem quando ouvem pela primeira vez. – ele riu.

– Tá. E os Lordes e Damas fazem o que, exatamente? – eu perguntei.

– Testam você. Te ensinam a usar seus poderes, dão ordens, eles são os mais poderosos depois dos deuses. Eles podem fazer coisas extraordinárias e são mais inteligentes que qualquer outro. Eles são como mentores, e eles fazem de tudo para que você possa atingir o seu potencial e ir além dele.

– Entendi...

Nós ficamos mais um tempo em silêncio até que nós dois terminamos e Nicholas pagou a conta. Nós saímos do restaurante.

Nicholas olhou seu relógio e disse:

– Bom, nós ainda temos algum tempo pra chegar lá, e não é muito longe daqui. É... Vai dar tempo até de você se arrumar e... “Conhecer” sua segunda protetora.

– E quando eu vou conhecer minha equipe? – eu perguntei quando eu entrei no carro.

– Hoje.

– JÁ? – eu perguntei.

– É, já. Vocês precisam se conhecer o mais rápido possível. Mesmo que... Enfim. No primeiro dia vocês não fazem quase nada. Vocês só recebem seus horários e conhecem toda a Central de Treinamento, todos os envolvidos no seu Treinamento e onde será seu dormitório. Obviamente, você conhecerá sua equipe na reunião, e irão poder conversar após toda a Iniciação. Provavelmente você não irá ficar tímida quando os conhecer, Fernanda. Relaxa.

– Tá bom... Eu preciso... Dar um ar de que eu sou a Capitã, ou algo do tipo?

– Não. – ele riu. – Você só precisa ser a Fernanda, ok?

– Tá... – eu sorri.

– Nós chegamos.

– MAS JÁ?

– É, já. – ele riu. - Vamos. Pegue uma das mochilas e seu material da escola. Eu pego as duas malas.

– Tem certeza que você consegue carregar?

– Absoluta, Fe. Vai na frente, eu vou te falando pra onde você precisa ir.

– Tá.



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Notas finais do capítulo

~deixem suas reviews seus lindos ;D SHUASAHUHUSAHUSAUHSA~



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