A Arena De Fogo escrita por Aprendiz de Escritora


Capítulo 17
TEG - Dia 1


Notas iniciais do capítulo

Tá meio tarde, mas eu postei! o/ espero que gostem e deixem suas reviews POR FAVOR (e que nelas não contenham as palavras BACON, OLÁ e MARINA. OK NATHAN? SAHUHUSAHUSAHUSA) - mas falando sério. Mandem suas reviews sobre o que estão achando da história até agora, por favor *-* beijinhos pra vocês e tenham um ótimo domingo :)



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Fernanda

Eu estava esperando Felipe sair do quarto para que nós pudéssemos ir para o Treinamento quando ouvi alguém batendo a porta.

Eu olhei para Zac e ele apenas disse:

– O Salão é seu, eu só dormi no sofá.

– Muito obrigada pela gentileza, Zac. – eu ri.

– Não foi nada. – ele riu também.

Eu fui até a porta e a atendi.

– Bom dia, princesa. – Kevin disse e em meio a um abraço.

– Bom dia... – retribui seu abraço, que, contra a minha vontade, acabou logo depois que eu o disse.

– Dormiu bem?

– Muito bem. – menti. Eu não havia dormido direito por causa do que havia acontecido com Jason, mas ele não precisava saber daquilo. – Ah não ser pela recepção confortante deles. – disse sarcasticamente apontando para Zac e Felipe.

Zac começou a rir.

– Nossas recepções matutinas são as melhores, admite – ele riu bem alto.

Matutinas?...

– Por que, o que eles fizeram? – Kevin perguntou enquanto entrava em nosso salão e fechava a porta atrás de si.

– Eles começaram a berrar no quarto do Felipe “ACORDA IDIOTA! ACORDA! ACORDA, CE TEM TREINAMENTO”, “JÁ ACORDEI, CARAMBA!”, “ENTÃO LEVANTA LOGO!”. É realmente muito bom acordar com essa gritaria toda. – eu ri.

– Imagino. – ele riu comigo.

– E pra ajudar ainda mais, eu fui obrigada a preparar o café deles.

– Você não foi obrigada. Você fez porque você quis. – disse Felipe.

– Ah tá. Foi sim. – concordei sarcasticamente.

– Foi. - Zac concordou – Foi você que quis, mamãe.

– Dá pra parar de me chamar de “mamãe”, por favor?

– Você é a mãe dele então? – disse Kevin.

– Pois é... Pelo jeito eu sou... – eu respondi ainda olhando para Zac rindo feito uma criança, ainda mexendo no celular.

– Até que eu pare de te irritar, você é. – Zac concluiu.

– Engraçadinho. – eu fiz uma careta pra ele.

Kevin riu da nossa conversa, abrindo um largo sorriso. Um lindo e perfeito sorriso.

Eu olhei para Kevin e me perguntei como ele poderia ter tido algum interesse em mim... Eu não sei, ele não era bem o tipo de cara que gostava de mim... Mesmo que não houvesse realmente um tipo para gostar de mim...

– Então... Vamos para o treinamento? – Felipe interrompeu visivelmente desconfortável nossos olhares - Onde estão a Nathalia e o Caio? – continuou.

– Eu falei com a Nathy – disse Rebecca saindo de meu quarto mexendo em seu celular de modo que assustou Felipe, que certamente não sabia que ela havia dormido lá – e ela e Caio já estão lá no refeitório.

– Só eu percebi que eles estão agindo muito estranho? Tipo... Eles eram como cão e gato, e agora eles estão mais unidos do que nunca... – disse Zac.

– Eu pensei na mesma coisa. Eu acho que eles estão juntos. – concordou Rebecca.

– Eu reparei isso nos Treinamentos – comentou Kevin.

– Mas eles são completamente opostos. – disse Felipe.

– Opostos se atraem. – disse Rebecca.

Todos nós ficamos em silêncio após essa afirmação de Rebecca, até que Zac sugeriu que fôssemos logo para o Treinamento.

Kevin me abraçou enquanto andávamos e sorriu para mim, Felipe me olhou com olhar de reprovação, mas eu fingi que não percebi e continuei andando abraçada com ele um pouco a frente.

Os outros andavam um pouco atrás e sussurravam, provavelmente sobre eu e Kevin. Eu havia contado hoje de manhã sobre o que havia acontecido entre eu e Kevin na festa, e minha conversa com Jason na noite anterior, e Rebecca não pareceu gostar muito da ideia, mas de qualquer forma fingiu estar feliz por mim, e isso já é o suficiente.

Eu me perguntava quando os três iriam finalmente perceber que minha relação com Jason não passaria apenas de uma relação normal entre irmãos, nada mais que isso.

Não demorou muito para que chegássemos a Sala de Treinamento.

Assim que entramos, Kevin deu um beijo em minha bochecha e foi ao encontro de Bianca, completando a formação de Treinadores e de Protetores. Eles estavam todos parados lado a lado.

Ben, Daniel, Bianca, Kevin, Nicholas, Rebecca, Isa, Zac, e os Protetores de Nathy e Caio (que eu ainda não sabia o nome).

Felipe estava parado ao meu lado, e Nathy e Caio estavam ao lado dele, com a mesma formação que eles, vestidos com os uniformes de Treinamento. Me surpreendi com o fato de ter visto Caio sorrindo. É, a cada dia eu fico mais surpresa com o que a Central pode fazer com uma pessoa... Mesmo que eu não achasse que a Central tivesse uma participação direta naquele sorriso...

Ben deu alguns passos para frente com a mão na cabeça com uma cara de dor e começou a dizer, com muito desânimo, coisa que eu nunca havia visto nele. Provavelmente ele estava de ressaca da noite anterior.

– Bem vindos, Jovens Guerreiros. Hoje, como todos sabem, realmente começa o treinamento de vocês. Nos últimos dias vocês receberam conhecimento geral sobre... – ele bocejou enquanto falava e eu não entendi nada do que ele disse, porém ele continuou normalmente seu discurso -... E agora vocês irão aprender a utilizar essas técnicas com seus poderes. Vocês devem saber que esta é uma fase muito importante para o Treinamento de vocês. Se vocês não realmente tentarem aprender alguma coisa e não se esforçarem, vocês poderão ter um futuro tão promissor como Guerreiros.

Ótimo, essa vai ser minha carreira agora.

– Daniel. – meu professor de Ciências e Lorde das Águas olhou para Ben e logo depois olhou para nós sorridente.

– Bom dia a todos. – ele riu. – Isso é realmente muito estranho... – ele riu sozinho, mas logo depois ficou sério. – Bem... Como Ben já disse... Essa fase do Treinamento é importantíssima para o desempenho de vocês em todas as batalhas corpo a corpo que tiverem, então eu quero que todos vocês tentem dar o máximo de vocês que vocês conseguirem, ok?

Todos nós concordamos. Ou ao menos eu, porque ele olhou para mim ele disse aquele “ok”. Eu não sei porque, mas as vezes eu sentia que ele era meu pai, mesmo que ele não fosse, ou senão Nicholas não teria permitido que ele ficasse perto de mim um segundo apenas.

– Ok então. – ele continuou. – Então vocês deveriam conhecer a Sala de Treinamento em Grupo... Vamos lá? – ele sorriu e começou a andar e nós o seguimos – os Protetores e os Treinadores logo atrás de nós.

– Isso não é estranho? – Felipe sussurrou pra mim.

– O quê?

– O Professor Daniel.

– É. – eu ri.

– Felipe e Fernanda, vocês não conseguem ficar sem conversar nem aqui? – Daniel riu.

– Desculpe, professor. – eu respondi sem ao menos pensar.

Ele riu. – Fernanda, não precisa me chamar de professor.

– Mas será estranho voltar te chamando de Daniel na escola...

Ele concordou com a cabeça. – Se assim que vocês preferem... – ele sorriu e continuou a andar.

Todos nós entramos um após o outro na sala de Treinamento trezentas vezes maior do que a anterior, trezentas vezes mais legal e, com certeza, trezentas vezes mais fácil de morrer no primeiro treinamento.

– E além de nova Sala de Treinamento – continuou Daniel – vocês também recebem novos uniformes. Seus Protetores – ele indicou-os com a mão – poderão leva-los até o trocador. Protetores, por favor.

Todos os Protetores vieram ao nosso encontro e nos levaram até o vestiário.

– Por que vocês precisam vir junto conosco? – perguntei a Rebecca.

– Por causa desse lindinho aqui. – ela disse segurando um rolo alguma coisa cor da pele. – São protetores corporais.

– Uhum...

– Você precisa grudá-los no seu corpo. Coloque essas roupas – ela me entregou roupas parecidas com as que eu estava usando. – e depois você me chama.

– Ok.

Ela saiu e fechou a porta.

Eu troquei de roupa e me olhei no espelho. As roupas eram parecidas com as anteriores, as únicas diferenças eram os desenhos e o material que eram feitas era diferente.

– Becca. – a chamei pela porta – Pronto.

– Ok. É mais ou menos assim. – ela disse entrando e fechando a porta. – Você pega esses rolos e abre.

– Nossa. – eu ri.

– Fe, isso é sério, presta atenção. Depois eu não vou poder te ajudar.

– Tá, desculpa...

Rebecca estava diferente. Mais do que ela já estava. Eu ficava me perguntando se eu havia feito alguma coisa, ou se alguma coisa havia acontecido com ela... Eu esperava que não.

– Tudo bem. – ela disse séria. – Venha até o espelho. – ela me puxou para mais perto do espelho. – Você precisa colocar as fitas em volta da sua cintura para proteger toda essa região e depois fazer como se fosse um contorno em sua perna.

– Eu sei que isso não é realmente importante, mas isso não vai marcar?

– Não, essas fitas são feitas para os Treinamentos, então a roupa vai tampar. E as outras que são usadas em batalhas também. Há também as fitas que se usa normalmente, que são imperceptíveis ao toque, e não dá nem pra ver.

– Você usa elas?

– Uso. – ela levantou a blusa dela e me mostrou. – Legal né? Nem dá pra ver.

– Uhum.

– Eu sei que não é legal. – ela riu.

– É legal. É tipo... UAU, MILAGRE, NÃO MARCA! – eu ri.

Ela riu comigo.

– Tenta colocar do outro lado. – ela falou.

– Tá.

Eu peguei a fita e rasquei um pedaço mais ou menos do tamanho do que ela havia cortado anteriormente e tentei colocar na minha pele, mas não deu muito certo.

Rebecca deu uma risadinha.

– Não é assim. Você precisa colar a ponta da fita na altura da sua última costela. – eu fiz o que ela mandou. – Isso. Aí você vai puxando aqui pra trás. Isso. Com o tempo fica mais automático.

– Aí você vai colando as fitas embaixo dela. Isso, desse jeitinho.

Eu consegui fazer do mesmo jeito que ela fez, a diferença é que eu fiz em meia hora uma coisa que ela fez em cinco segundos. Eu estava com uma espécie de escadaria de fitas cor de pele na minha cintura.

– Agora você pega um pedaço de fita um pouco maior. – ela pegou a fita para me mostrar – e cola horizontalmente aqui do lado. Entendeu?

– Acho que sim.

– Tenta aí. – ela me entregou o rolo de fitas.

Eu cortei um pedaço de fita um pouco maior e colei da mesma forma que ela fez.

– Isso. Fez certinho. – ela sorriu.

– Agora nas pernas. Essa parte é mais estranha de fazer em você. – ela riu.

– Também acho, mas tudo bem. – nós rimos.

– Olha é assim. Licença. – ela colocou meu short um pouco para cima e cortou um pedaço um pouco maior de fita. – Você começa fazendo um círculo em volta da coxa. Depois você faz dois pedaços de fita saindo uma de cada lado do círculo indo horizontalmente até a altura dos joelhos. Depois você passa várias vezes a fita em volta do seu joelho, mas não muitas vezes que você não consiga dobrar seu joelhos direito, e depois você faz o mesmo que você fez na coxa, na perna, passando duas fitas horizontalmente de cada lado até chegar no tornozelo. Depois você... Tira esse tênis – ela riu e arrancou meu tênis e minha meia – e passa um círculo no tornozelo, coloca uma fita bem no meio do colo de pé e depois dá uma volta bem aqui no meio. Depois eu entrego o rolo pra você e você faz na outra perna.

– Eu posso olhar na outra perna né? – eu ri.

Ela riu também. – Pode.

– Ótimo.

Eu demorei algum tempo para conseguir fazer na outra perna, mas no final eu consegui passar a fita de forma razoável. Eu abaixei as partes que estavam levantadas do meu short e realmente, não dava para ver as fitas. Eu calcei meus tênis e me olhei no espelho.

Eu não conseguia ver nenhuma das fitas, nem as que estavam a vista, o que eu fiquei muito feliz.

– Acabou? – perguntei.

– Acabou. – ela riu.

– Ótimo.

– Nem é tão ruim assim, vai...

– É sim. – eu ri.

Nós duas saímos do vestiário e ficamos esperando o resto do pessoal em frente ao vestiário com Nathy, que já havia saído.

Logo depois Caio saiu e se juntou a Nathy.

– Como foi? – ouvi Nathy falando, e logo depois não ouvi mais nada, pois os dois se sentaram de mãos dadas no banquinho em frente aos vestiários e ficaram cochichando um com o outro e rindo.

Eu e Nathy trocamos um olhar que comprovou que nós duas pensávamos a mesma coisa. Sim, eles estavam juntos.

Felipe saiu do vestiário sério, seguido por Zac que estava igualmente sério.

– Isso foi extremamente estranho. – disse Zac.

– Foi mesmo. – disse Felipe.

– O que foi? Vocês não estão acostumados com tanta intimidade? – perguntou Rebecca rindo.

– NÃO, NÃO ESTAMOS! – falou Zac – EU NUNCA PRECISEI TOCAR NELE, EU ESTOU TRAUMATIZADO.

– VOCÊ?! VOCÊ TÁ TRAUMATIZADO?! NÃO FOI VOCÊ QUE TEVE UM CARA TOCANDO VOCÊ.

– E NÃO FOI VOCÊ QUE TEVE QUE TOCAR.

Eu e Rebecca nos olhamos novamente e começamos rir ao mesmo tempo.

– Vocês dois discutindo isso – disse Rebecca – tá muito tenso. – ela riu.

– Né, vocês estão discutindo quem está mais traumatizado com o fato de que Zac teve que tocar em Felipe, e Felipe teve que ser tocado pelo Zac. Sinceramente, eu acho que vocês já tiveram mais contato um com o outro do que isso. – eu ri.

– Você está sugerindo alguma coisa, Fernanda? – Zac olhou sério para mim.

– Não. Eu só estou dizendo que você e o Felipe já se tocaram mais de uma vez.

– Mas eu nunca tive que ficar esfregando minhas mãos nele, entendeu?

– Ok, entendi. Calma, eu só estava brincando. Eu não estou chamando você dois de gays.

– Até porque se vocês fossem, não seria um verdadeiro insulto, né. – disse Rebecca. – Não teria problema nenhum se vocês fossem. MAS VOCÊS NÃO SÃO, EU SEI, NÃO PRECISA FALAR ZAC.

– Muito bom, irmãzinha. – ele sorriu.

– Ei, gente. Todos nós voltamos... Nós não precisamos ir até o Treinamento? – perguntou Nathy.

Todos nós nos entreolhamos e corremos para a Sala de Treinamento.

Assim que chegamos a rir feito retardados.

– Ai meu Deus! – Felipe disse em meio ao riso com as mãos na barriga – Eu vou morrer! – e continuou a rir.

E todos nós rimos com ele.

– Vocês estão bem? – perguntou Nicholas, que começava a rir das nossas risadas.

– Tá tudo ótimo, Nicholas! – eu ri para ele, e ele riu da minha cara.

– Ok, chega gente. – falou Daniel rindo um pouco. – Vamos começar o Treinamento de vocês de uma vez.

Neste exato momento, Rebecca e Zac saíram do nosso lado segurando o riso e foram se sentar nos pufes perto da porta. Todos nós tentamos segurar o riso também. Eu fazia o máximo para não olhar para Felipe, nem para ninguém, porque se eu olhasse eu iria começar a rir.

– O primeiro aprendizado, e talvez o único se vocês continuarem a rir dessa maneira – Daniel começou -, é aprender a canalizar a energia de vocês para que vocês consigam fazer – ele fez com que uma bola de água surgisse em suas mãos – água surgir de seus dedos.

A esta altura, os Protetores e Ben já haviam sumido, e apenas os Treinadores e Daniel continuavam conosco.

– Eu quero que vocês se sentem no chão, separadamente em cada canto da sala. – nós obedecemos e então fomos um para canto da sala. – Muito bom. Sentem-se de pernas cruzadas. Relaxem, e agora tentem pensar no que realmente importa para vocês. Eu quero que vocês canalizem uma coisa muito importante para vocês. Pode ser um objeto. Um sentimento. Uma pessoa. – eu ouvi Daniel dizendo ao meu ouvido.

Eu abri meus olhos e olhei diretamente para ele.

– Olhos fechados, mocinha. – ele apenas disse. Mas nos olhos dele eu consegui ler o nome que todos gostavam de me lembrar a cada segundo.

Eu fechei meus olhos e comecei a pensar.

Como é de se esperar, eu não consegui pensar em uma coisa de imediato.

– Fe... – Daniel sussurrou ao meu lado. – Relaxe... E pense em uma coisa que você se sinta bem fazendo... – eu tentei, mas não consegui. – Eu disse pra você relaxar. Pare de balançar seu pé, você está tentando demais, deixe sua mente relaxar por um momento.

Eu relaxei.

Primeiramente, a imagem de Jason veio a minha mente, como já era de se esperar. Minhas melhores lembranças eram ao lado desse idiota que eu chamo de melhor amigo. Logo depois, Rebecca e Zac vieram à minha mente, outra coisa um pouco previsível. E então, para a minha surpresa, veio a imagem de Felipe.

Pensei em como era incrível o fato deu ter convivido poucos dias com ele e ele já ser importante para mim, e eu já ter várias lembranças com ele. Todos os cafés da manhã. Aquele dia no restaurante. Os treinamentos. As conversas. Aquela vez que nós tocamos... E também teve aquela vez que eu, Rebecca, Zac, Felipe e Jason ficamos tocando e cantando na casa de Rebecca e Zac. Aquela primeira vez que nós tocamos...

E então eu senti como se alguma coisa tivesse sido destrancada em mim, e uma onda de calor – não uma onda ruim, mas algo extremamente confortante – se passou dentro de mim. Eu dei um sorriso me lembrando daquele dia, de como nós havíamos nos divertido, e de como aquela banda era ótima. Foi naquele dia que a banda deles realmente se tornou uma banda...

– É isso que eu quero – disse Daniel em um sussurro. – Perfeito. Agora eu quero que você faça outra coisa. Concentre-se e uma coisa ruim acontecendo com essa memória.

– O quê? – eu fiquei confusa.

– Eu quero que você imagine alguma coisa ruim acontecendo com isso. Como se um inimigo estivesse contra eles. Eu quero que você finja que precisa salvar essa pessoa ou essas pessoas que estão no seu pensamento de uma coisa terrível.

Eu tentei fazê-lo. Deixei minha mente me levar.

Pensei em alguma coisa parecida com meu pai fazendo com que tudo aquilo se incendiasse. Fiquei tensa. Mas então, para o meu espanto, fiz o mesmo movimento que Daniel havia feito minutos atrás e consegui fazer uma bola de água e a joguei contra “meu pai” e fiz com que ele se transformasse em vapor. – mesmo que uma única bola de água nunca pudesse fazê-lo evaporar.

Eu sorri relaxada pelo fato de que eu havia conseguido salvar minhas memórias. Eu consegui salvar aquela banda. Eu respirei fundo.

– Muito bom, Fernanda. – disse Daniel. – Agora eu quero que você abra seus olhos lentamente. Sem pensar em nada além dessa sua memória.

Eu o fiz.

– Espere um pouco. Vou ver se todos os outros já conseguiram pensar. Você foi muito bem, Fernanda. Continue assim. – ele sorriu e se levantou.

Eu me senti bem com o que ele me disse, mas mantive meu pensamento naquela lembrança. Aquela sensação de calor já havia passado, mas eu estava soando.

– Muito bom. Venham até aqui. – disse Daniel, que estava bem ao centro da sala. – Todos vocês conseguiram pensar numa coisa extremamente importante para vocês. Agora vocês precisam canalizar essa energia de vocês para que vocês consigam transformá-la em... Água, vamos dizer assim. Voltem para seus cantos.

Eu voltei para o canto da sala em que eu estava.

– Continuem em pé, não se sentem. Olhos fechados. – eu obedecia a cada comando que ele dava, tentando fazer o melhor que eu podia, sem se importar com o fato de que Kevin estava naquela mesma sala que eu. Kevin. Por que eu não havia pensando em Kevin? Afinal, ele era meu namorado e... Foco, Fernanda. Foco. Você o conhece há poucos dias. Só isso.

– Respirem fundo. – continuou Daniel – Pensem na lembrança novamente. Muito bom... Pensem no perigo que vocês veem em sua mente... Muito bom... Agora eu quero que vocês repitam os movimentos que vocês fazem em sua mente.

Eu fiz o mesmo movimento que Daniel havia feito.

Senti minhas mãos arderem um pouco, mas continuei com o movimento.

– Mantenha suas mãos um pouco mais juntas, Caio. Nathalia, você está indo muito bem. Felipe... O que exatamente você está fazendo?

– Me desculpe... É que...

– Você se imaginou batendo nele com alguma coisa?

– Sim, mas só agora. Eu havia pensando num movimento parecido com o seu antes...

– Ah... Tudo bem então... – ele riu – Faça o processo novamente.

– Está bem.

Eu era a próxima.

Eu tentei fazer o máximo que eu conseguia. Minhas mãos ainda estavam ardendo.

– Mantenha suas mãos um pouco separadas, Fernanda.

Eu afastei um pouco minhas mãos.

– Isso. Agora sim.

– Minhas mãos estão ardendo.

– Isso é normal. Aliás, é muito bom.

Eu o ouvi se afastando.

– Pelo que percebi – disse Daniel – todos vocês estão no mesmo ponto. O ponto da luz. Vocês estão todos com uma pequena luz azul ao meio das mãos de vocês. Soltem suas mãos. Deixem-nas coladas ao corpo de vocês. Muito bom. – ele parou de falar por um momento. - Agora repitam o exercício.

Eu pensei novamente na cena, e refiz o movimento com as mãos. Eu as senti ardendo em menos tempo do que havia antes, e um pouco mais forte.

– Muito bom, as luzes surgiram imediatamente. Alguns de vocês já estão com algumas gotículas de água sendo formadas... Muito bom. Abaixem os braços e comecem novamente. Podem ficar com os olhos abertos, contanto que vocês mantenham essa concentração total. Caso não consigam, mantenham os olhos fechados.

Repetimos o processo pelo menos umas 10 vezes, até que Daniel disse enfim:

– Pode parecer que não, mas tivemos um grande progresso nesses 30 minutos que passamos fazendo esse exercício. Pausa de cinco minutos e depois voltamos está bem? – ele sorriu e se sentou.

– Ei... – Kevin disse chegando perto de mim – Beba água, vai te fazer bem.

Eu sorri e peguei a garrafa.

– Obrigada.

Ele sorriu enquanto eu bebia a água.

Kevin estava certo, poucos goles de água já haviam me feito bem. Eu já me sentia mais forte e disposta do que eu me sentia antes.

– Você estava muito bem. – ele sorriu.

– Obrigada, mas não precisa mentir.

– Ah, fala sério. Você conseguiu umas 5 gotículas de água.

– Nossa, que legal! – eu ri. – Eu queria conseguir fazer aquela bola de água.

– Calma, alguma hora você consegue. Vocês vão ficar treinando isso até que todos consigam aprender. Depois fica mais simples, eu prometo.

– Promete mesmo?

– Não. – ele riu.

– Engraçadinho. – eu sorri.

– Já passaram 5 minutos pessoal! De volta ao treino.

Refizemos o exercício mais algumas vezes. Agora que eu tinha bebido um pouco de água, eu conseguia fazer aparecer mais algumas gotas de água daquela bolinha de luz reluzente em meu as minhas mãos.

– Muito bom, Fernanda! – falou Daniel quando eu quase consegui completar uma bola de água.


∙∙∙

Não sabia quanto tempo havia se passado desde que entrei naquele lugar, mas sabia que estava morrendo de fome. Todos nós havíamos conseguido fazer a bola de água antes da hora do almoço.

Todos nós saímos conversando animadamente sobre o treino.

Havia sido realmente muito divertido conseguir fazer com que água surgisse em meio as minhas mãos. Eu apenas queria saber o que viria depois disso.

– E se a gente aprender como fazer aquelas paredes de água? – sugeriu Caio.

– E aqueles lançamentos de água que faz com que eles tipo, MORRAM, tá ligado? – falou Felipe.

– Né, mano.

– O Treinamento em Grupo tá sendo muito mais legal do que o outro! – falou Nathalia – UM BRINDE AO TEG! – ela ergueu seu copo rindo.

– UM BRINDE AO TEG! – nós dissemos juntos e brindamos nossos copos.

Era um alívio que nós finalmente estivéssemos nos dando bem. E era ainda melhor o fato de Daniel estar nos ajudando o máximo que pode. Ele era realmente o melhor professor que poderia existir na face da Terra, ou em qualquer outro planeta.

– Gente, daqui 10 minutos nós precisamos estar de volta ao Treinamento – disse Nathy.

E foi então que todos nós terminamos de comer a salada de frutas que tinha de sobremesa nos nossos pratos, e cada um de nós pegou duas garrafas de água na cantina.

– Desse jeito ficaremos sem garrafas de água até o final do mês. – murmurou a moça da cantina. – Deus me livre!

Eu e Felipe, que parecia ter ouvido aquele comentário também, nos entreolhamos e começamos a rir.

Nós fomos todos juntos de volta para a Sala de Treinamento.

– Todos com duas garrafas de água! – falou Daniel – Eu amo vocês gente.

Nós rimos daquele último comentário e fomos cada um para o nosso canto para que ele pudesse continuar o Treinamento, mas, para a nossa surpresa, ele mandou que todos nós voltássemos ao centro da Sala.

– Agora que vocês sabem fazer as bolas de água, vocês precisam aprender a fazê-las de modo mais rápido. Por isso, eu vou dividi-los em duplas – Nathalia e Fernanda. Felipe e Caio. – Para que vocês tentem fazer as bolas de água e jogar no seu “adversário” antes que ele jogue em você. As meninas ficam do lado direito, os meninos no esquerdo. E é preciso que vocês também acertem o seu adversário ok? – ele riu.

– Entendeu, Fernanda? – riu Felipe – Isso foi uma indireta pra você, que é tão coordenada nos esportes.

– Para, só porque eu não sou uma atleta que nem você, não significa que eu não saiba jogar uma bola ok? – protestei.

– Você esqueceu que eu faço aula de Educação Física com você faz mais de um ano? Eu sei sua capacidade física.

– Pelo menos, eu sei andar.

– Tem certeza disso? – perguntou Felipe rindo de mim.

Daniel riu.

– Ok, chega vocês dois, ou a Fernanda vai desistir de andar, e vai ficar deitada na cama pra sempre. – ele riu. – Comecem o exercício.

Eu e Nathalia estávamos fazendo as bolas de água quase ao mesmo tempo.

Primeiro nós duas conseguimos fazer juntas, mas nenhuma das duas realmente conseguiu controlar a bola.

“Eu te disse, Fernanda” – Felipe riu, mas logo depois ele derrubou a bola de água dele, então ele ficou quieto.

– Tentem usar suas mentes para controlar a bola! – disse Daniel.

Eu e Nathalia nos encaramos e logo depois fechamos os olhos.

Eu me imaginei fazendo a bola e conseguindo fazer diversos movimentos com ela. Eu então repeti as mesmas coisas que estava fazendo, peguei-a com uma só mão e consegui controla-la para ir em direção a Nathalia, que levou a primeira bolada de água do dia, ficando encharcada.

– E quem que não ia conseguir mesmo, Felipe? – eu olhei pra ele.

– Parabéns. – ele riu.

Eu olhei para Nathy e ela estava completamente seca.

Verdade, nós absorvemos a água. Eu havia esquecido esse detalhe...

Mas meus pensamentos foram interrompidos por uma bolada de água, ficando completamente encharcada.

Eu ri.

– Isso é legal.

– Uhum! – concordou Nathy.

Nós começamos a brincar com as bolas e a jogar uma na outra, estávamos ficando cada vez melhor em criar e jogar as bolas, ficando encharcadas o tempo todo, não tendo tempo para absorvermos a água.

Felipe e Caio estavam da mesma forma, e em pouco tempo estávamos todos brincando de jogar bolas de água um no outro. Nós aprendemos sozinhos a jogar com uma só mão, conseguindo cria-las em um único movimento de mão.

– Pelo jeito vocês já aprenderam a jogar com uma só mão, sem que eu precisasse dizer nada. Também aprenderam a controlar. E a jogar nas pessoas com bastante mira. Mas eu quero que vocês tentem desviar das bolas ok? Eu não quero ver ninguém molhado ou parado, nem por um segundo.

Nós nos olhamos e esperamos que todos nós estivéssemos secos – o que durou apenas alguns segundos.

– Podem começar. – riu Daniel.

Nós nos entreolhamos e começamos a criar as bolas de água. Desviar das bolas e cria-las sem perdê-las era mais difícil do que ficar criando feito retardada e jogando pra onde Deus quiser.

De qualquer forma, eu comecei jogando bolas pequenas, criadas com uma mão só e com pressa. Eu acabei levando algumas boladas, até porque, como Felipe disse, eu não era exatamente uma atleta.

De qualquer forma, com o tempo nós conseguimos ficar secos durante meia hora, e foi aí que Daniel nos interrompeu.

– Muito bom. Muito bom. Isso foi ótimo. Vocês já aprenderam o mais básico do básico. O Treinamento de hoje já está acabando. Eu vou dar um pouco de folga para vocês, mas amanhã trabalharemos com vários movimentos. Eu quero que vocês fiquem pensando em coisas que vocês gostariam de poder fazer.

– Nós podemos usar nossos poderes fora daqui? – perguntou Felipe.

– Podem.

– Fernanda, me aguarde. – ele sorriu de forma maligna para ela.

Todos nós rimos.

– Muito obrigada, Daniel. – eu sorri.

– Espera, o que eu ouvi? Você acabou de me chamar de Daniel? Mas e o professor? – Daniel riu.

– Ha ha. – eu ri sarcasticamente para ele.

– De qualquer forma, continuando. Vocês podem usar seus poderes fora daqui, mas não abusem muito deles. E... Pensem em coisas que vocês imaginam que possam fazer... Coisas que viram em filmes... Tudo é possível. Algumas coisas consomem um pouco mais de tempo, mas por enquanto vocês sabem o básico. Amanhã vocês aprenderão mais. Estão dispensados. – ele sorriu.

Nós saímos satisfeitos com o Treinamento daquele dia. Realmente, eu sentia que nada poderia ficar melhor do que aquilo. Nós entramos em nosso salão e fomos cada um para seus respectivos quartos.

Eu tomei um banho e coloquei um short preto e uma camiseta vermelha, e meu velho All Star preto. Penteei meu cabelo e fui até a cozinha. Sim, eu estava com fome.

Pelo jeito, eu não era a única. Pouco tempo depois, Felipe apareceu procurando alguma coisa na geladeira assim como eu.

– E aí, Fe? – ele sorriu.

– E aí, Fe? – respondi.

– Nem vem começar a me chamar de Fe. Não temos essa intimidade para termos apelidos.

– Mas temos intimidade o suficiente pra conversarmos o tempo todo, todos os dias, sem ficar um minuto em silêncio. Entendo...

– Eu quero dizer fora daqui. Na escola. Você foi viajar, e eu... Sou um vagabundo que não vai pra escola.

Eu ri.

– Entendi. Então o problema é lá fora... Ei, como vamos fazer pra... Sei lá, conversarmos enquanto estamos lá fora? Tipo...

– Eu entendi o que você quer dizer. Eu sei que você já não consegue existir sem falar comigo.

– Há! Iludido.

– Mas é verdade.

– Não é não. Eu só acho importante nós mantermos nossa relação que temos agora.

Ele riu.

– Ah tá. Vou fingir que acredito... Mas, respondendo a sua resposta, eu sou amigo de seus dois melhores amigos. Todos eles passam o intervalo com vocês e conversam o tempo todo. Nós poderíamos começar a conversar mais. Ou, talvez, eu e você magicamente nos demos super bem na casa da Rebecca e do Zac e ficamos amiguinhos!

Eu ri.

– Ok, então. Mas isso não é má ideia.

– É... Só temos que tomar cuidado com o... – ele se interrompeu.

– Como é?

– Nada...

– Felipe.

– Não é nada!

– Tomar cuidado com quem?

– Com ninguém.

– Felipe, com qu...

– Ninguém, Fernanda! – ele olhando pra mim com raiva e foi até o quarto dele com uma lata de Coca Cola gelada em sua mão – Eu vou dormir também. - bateu a porta de seu quarto após ter entrado.

Eu fiquei olhando para a porta dele, pensando o que eu havia feito de errado... Mas voltei minha atenção para a mensagem que eu havia acabado de receber de Kevin. Nós iríamos tomar Milk-Shake mais tarde. Ótimo, eu estava precisando mesmo de um sorvete.



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Notas finais do capítulo

SIM, A FERNANDA É GORDA IGUAL A AUTORA QUE TAVA PRECISANDO DE UM SORVETE QUANDO ELA ESCREVEU ISSO HAHA o/
Não esqueçam das reviews POR FAVOR que eu estou querendo MUITO saber o que vocês acham da minha história *-*



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