A Arena De Fogo escrita por Aprendiz de Escritora


Capítulo 13
Finalmente, o Baile Chegou




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/279557/chapter/13

Fernanda

Ontem foi um dia bastante agradável pra falar a verdade. O dia passou rápido e até mesmo os treinamentos foram divertidos, principalmente os de Kevin. Nós dois estávamos nos dando realmente bem nesses últimos dias, se eu não me conhecesse, poderia dizer que eu estava gostando de verdade dele, mas Jason ainda invadia meus pensamentos antes de ir me deitar.

Mas de qualquer forma, eu realmente queria que ele pudesse me levar ao baile, coisa que quem terá de fazer é Felipe. Provavelmente o humor dele não vai estar dos melhores contando que ele nem ao menos queria ir ao baile, muito menos comigo!

Os treinamentos físicos foram suspensos, de forma que nós quatro ficamos sentados ouvindo sobre a história da Central. De certa forma, aquilo me interessava um pouco, mas eu não conseguia me manter prestando atenção a nada que ele dizia. Eu anotava tudo que ele anotava na lousa em meu caderno, mas mal entendia o que eu estava escrevendo. Eu provavelmente teria que ler tudo de novo mais tarde.

Um pouco antes da aula acabar, ele passou um livro para pegarmos na livraria para ler. Eu mal sabia que existia uma livraria ali, muito menos onde ela ficava. Provavelmente Rebecca iria me ajudar a encontrar.

Pensando bem, acho que seria melhor perguntar para outra pessoa, como Zac. Rebecca estava agindo de modo estranho desde que eu falei para ela sobre Kevin. Ela parecia querer dizer alguma coisa, mas não poder. Isso me deixava um pouco mal... Rebecca sempre conta as coisas para mim, eu estava com um pouco de medo de que tudo aquilo estivesse nos afastando um pouco.

Nós saímos do treinamento e eu fui até meu quarto sem ao menos falar com ninguém. Eu não estava tão cansada, mas queria ficar pronta de uma vez para a festa.

Entrei em meu quarto e fui direto para o banho. Eu tinha 4 horas para me arrumar, isso parecia ser o suficiente.

Enquanto saía do banheiro vestindo meu roupão e uma toalha enrolada na cabeça, ouvi umas batidinhas em minha porta:

– Fe, sou eu! – ouvi Rebecca, pela minha surpresa, falando.

Eu abri a porta e ela entrou toda animada com duas caixas enormes.

– Que foi? Vai se mudar e eu não to sabendo? – eu ri.

Ela riu também.

– Na verdade – começou – são só as coisas que precisamos para nos arrumar.

Eu olhei para aquelas caixas que estavam em cima de minha cama. Era realmente muita coisa.

– Ah! E não podemos nos esquecer disso! – ela falou pegando dois vestidos simplesmente perfeitos. Os nossos vestidos.

Nós nos trocamos uma de cada vez no banheiro e depois começamos a nos arrumar.

Quando terminamos, havia maquiagens, escovas, secadores e tudo quanto é coisa que se pode imaginar jogados pelo meu quarto inteiro.

– Nós temos 5 minutos pra sair! – avisou Rebecca.

– Primeira vez que eu não me atraso! – eu ri.

– Pois é! – ela riu.

– Vamos ver se Felipe já está pronto.

– Eu espero que sim.

Nós saímos do meu quarto e fomos até o quarto de Felipe. Antes mesmo de batermos na porta ele abriu.

– Ah! – ele gritou – Que susto! – ele riu. – Eu já ia ver se vocês já estavam prontas.

Nós rimos.

– Pois é. – falou Rebecca – E você não está nada mal, hein!

– É... Eu sei me arrumar para um baile pelo menos...

E ele realmente estava lindo.

Ele estava de terno, gravata, com o cabelo arrumado – o que era uma coisa que eu nunca havia visto. O Felipe de cabelo arrumado.

– Pelo menos isso. – eu ri.

– E vocês estão lindas! – falou Zac levantando-se do sofá tão lindo quanto Felipe.

– Obrigada, Zac! – eu falei.

– É, obrigada – Rebecca sorriu.

– Então... Vamos? – falou Felipe.

– Vamos.

Todos nós fomos até o meio da sala e Zac abriu o “portal de luz” e entramos. Eu quase fiquei cega mais uma vez e logo depois todos nós estávamos em frente a um grande salão.

Tudo aquilo era lindo.

Era um grande salão circular, com milhares de mesas formando um círculo em volta do salão, de forma que tivesse um grande buraco no meio onde estava localizada a maior pista de dança que eu já vi na minha vida. Havia também algumas escadas em volta de toda a pista para que todos tivessem acesso a ela.

– Vamos nos sentar em uma mesa bem perto da pista de dança! – sugeriu Rebecca.

– Tá, beleza. – falou Zac. – Vamos então.

Nós fomos andando até uma mesa mais para o fundo do salão, bem pertinho da pista de dança e nos sentamos. Não havia quase ninguém na festa, o que eu achei estranho.

– Onde está tudo mundo? – perguntou Felipe antes que eu mesma o fizesse.

– O pessoal costuma chegar 15 minutos atrasado. É sempre assim. Eles acham isso bonito. – Zac riu. – Mas nós chegamos mais cedo para escolhermos a melhor mesa.

– Inteligente isso. – comentei.

– É porque eu – falou Rebecca – sou tipo Einstein.

Nós rimos.

– Ai meu Deus... – falou Felipe colocando sua mão em sua cara. – Eu não acredito no que eu acabei de ouvir...

E nós continuamos rindo como duas loucas.

– Gente, eu não to afim de ficar sentado esperando o pessoal chegando, não! – falou Zac.

– Tá, vamos andar pelo salão então. – falou Rebecca – Talvez nós possamos encontrar alguém... Né Felipe?

Felipe olhou para ela e começou a ficar vermelho.

– Por que, hein, Felipe? – eu sorri de modo sarcástico. – Conheceu alguém é?

– Não... – ele começou

– Conheceu. – interrompeu Rebecca. – Nós estávamos voltando do treinamento de vocês e nós cruzamos com uma amiga minha, a Katy, nós conversamos um pouco, e quando nós voltamos a andar, só dava o Felipe falando “nossa, mano, que gata!”. – ela riu.

– Hmmm... Katy, né... – eu ri.

– Aff, me deixa. – falou Felipe todo vermelho.

Nós rimos e começamos a andar. Logo encontramos alguns amigos de Zac acompanhados de amigas de Becca. Conhecemos todos, mas eu não lembro o nome de nenhum deles.

Eu estava procurando por outra pessoa, mas eu não o achava em lugar algum.

– Oi, Fe! – eu ouvi e me virei. Mas não era para mim que aquela voz dizia “oi”, era para o Felipe.

– Oi, Katy. – ele sorriu após receber um beijo na bochecha. – E aí, tudo bom?

– Tudo sim, e com você?

– Tudo sim.

– Oi, Katy! – interrompeu Rebecca, apenas para irritar Felipe.

– Oi, Becca! – ela sorriu.

– Tudo bom?

– Tudo sim!

– Você não quer conhecer a Fe?

– Claro... – ela sorriu. Era claro que ela também queria continuar conversando com Felipe.

– Fe, vem cá! – ela me chamou. Eu fui até elas. – Katy, essa é a Fe. Fe, essa é a Katy.

– Prazer – eu sorri.

– O prazer é meu. – ela sorriu.

Nós ficamos um minuto em silêncio.

– Ok, nós vamos deixar você e o Felipe conversarem. – Rebecca riu.

– Tá bom então! – ela sorriu animada e Felipe nos olhou com aquele sorriso sarcástico dele.

Eu dei uma risadinha e disse “foi a Rebecca, não eu” de forma que Katy não pudesse ouvir.

– Hey, Fe! – ouvi, agora sim, Kevin dizendo.

– Olá, senhorito! – eu ri.

Senhorito? Sério? – ele disse.

– Sério.

Nós nos encaramos por um momento, mas não resistimos e começamos a rir.

– Eu vou... Até ali. – falou Rebecca, como ela sempre fazia quando eu e Kevin estávamos conversando.

– E aí... Como vai a vida? – ele perguntou.

– Do mesmo jeito que ia hoje de manhã, Kevin. – eu ri.

Ele riu também. – Ah... Não aconteceu nada de interessante?

– Não. – eu sorri.

– Ok então né... Que vida mais sem graça.

– Hoje e sempre. – eu ri.

– Vamos animar tudo isso depois então.

– Como é?

– Vamos dançar mais tarde.

– Ah tá. Tá bom. – eu ri.

– Reserva uma música pra mim.

Só uma?

– Está bem. – respondi sorrindo.

Ele deu um daqueles sorrisos perfeitos dele, e foi andando conversar com outros amigos dele.

Durante os 15 minutos seguintes, nós ficamos falando “oi, prazer” para todos os amigos de Rebecca e Zac. Ah não ser quando vimos Maggie, que ficou conversando com nós por alguns minutos, e depois saiu.

Apesar de não ser muito tempo, o salão encheu. Todos estavam presentes e começavam a se sentar. Nós também fomos até a nossa mesa para que ninguém tentasse “rouba-la” de nós.

– Sejam bem-vindos, senhoras e senhores! – disse Ben no microfone. – Estamos começando o nossa 45º baile anual! Espero que vocês se divirtam muito, ao lado da pista de dança há um bar apenas para os maiores de 18 anos! Divirtam-se queridos companheiros! Que comece o baile!

Todos nós batemos palmas e eles começaram a servir o jantar. Primeiro uma grande tigela de salada que poderia ser considerada a própria refeição, e então um grande peru assado, desse que normalmente se come no Natal, com batatas e cenoura, com dois quilos de arroz. Ok, exagero mortal aqui, mas eu juro que eu estava quase morrendo antes mesmo de chegar a sobremesa, coisa que só acontece quando eu vou na casa da minha avó (ou na casa da avó do Jason...).

Mas então veio a sobremesa, que foi uma bacia de sorvete para cada um, com diversos sabores. Apesar de não estar aguentando nada, e não gostar muito de alguns dos sabores, eu comi metade da sobremesa, e acabei gostando de sabores que eu sempre odiei.

– Oi, Fe! – falou Nicholas aparecendo atrás de mim de mãos dadas com Isa.

– Oi Nicholas! – eu falei.

– E aí, tá se divertindo?

– Eu to quase explodindo, isso sim.

Ele riu – Normal. Nunca coma tudo que eles servirem, ou senão você acaba vomitando.

Eu ri. – Tá, eu vou me lembrar disso da próxima vez.

– Está bem, então... Nós já estamos indo.

– Tá bom – eu sorri e eles foram se sentar em sua mesa, seja lá qual for.

– Acho que agora vão começar as danças. – falou Rebecca.

– Ótimo, está na hora de fugir. – falou Felipe se levantando, mas Rebecca o segurou pelo braço.

– A Fe não vai dançar sozinha Felipe. – ela disse e fez com que ele se sentasse.

Eu ri. – Valeu, Becca.

– Não foi nada. – ela disse encarando Felipe.

E, como Rebecca havia previsto, Ben disse ao microfone:

– Agora que já estamos todos bem alimentados, vamos todos nos juntar mais uma vez na pista de dança para dançarmos a valsa. Peguem seus pares e vamos todos dançar! - e então a música começou.

Ben foi até sua esposa e levou-a até a pista de dança para que ambos pudessem começar a valsa. Não era muito diferente da valsa normal, a diferença era que dessa vez todos no salão sabiam dançar muito bem, enquanto eu teria de dançar com Felipe, que provavelmente dança muito pior do que eu.

Aos poucos, a pista foi se enchendo, até que Rebecca disse:

– Vamos?

Felipe e eu nos entreolhamos.

– Por favor? – ela insistiu.

– Ok, vamos. – Felipe suspirou.

Felipe me conduziu até a pista de dança de uma forma que eu nunca pensei que ele poderia ser capaz de fazer. E então ele começou a dançar perfeitamente bem, sem dar um passo errado.

– Eu sei o que você deve estar pensando. – Felipe disse. – “Como ele consegue dançar desse jeito?”. Eu sei, é meio surpreendente... Principalmente o fato deu já ter feito aulas de dança.

– Como é?

– Meus pais me obrigaram.

– Por quê?

– Porque “todos na família dançam” – ele disse imitando a voz de sua mãe de um jeito terrível.

Eu ri. – Entendi.

– Você também não dança nada mal.

– Eu tenho talento natural. – brinquei.

– Ui, ela tem talento natural.

– Eu tenho tá? – eu ri. – Mentira. É só porque você está me conduzindo, ou senão eu não iria conseguir dançar nada disso.

– Aham. Acredito. Que nem quando você está cantando.

– Como assim?

– Você canta bem, mas não assume isso.

– Eu não acho que eu canto bem. De verdade.

– Mas você canta.

– Eu não acho.

– Eu também não acho, eu tenho certeza. E Jason concorda comigo.

– E por que Jason tem alguma coisa a ver com isso?

– Nada... Eu só estou falando.

– Aham. – falei sarcástica.

Era incrível a capacidade que Felipe tinha para colocar Jason em todos os nossos assuntos. Se ele não ficasse falando o tempo todo sobre ele pra mim, nossas conversas seriam muito mais produtivas.

Mas, não. Ele precisava colocar o Jason em todas as nossas conversas pra ver a minha reação, provavelmente. Pois bem, dessa vez eu não comecei a chorar, apenas fiquei irritada. Isso é uma coisa boa, não é?... Pelo menos eu acho que é...

– Get, get, get, get it... – ouvi uma voz começando a interromper a valsa. – Get get get get get get it, get it, get it…

E foi então que a música rápida começou a tocar.

Get it on the floor! My swagger’s in check! Get it on the floor! I got it in check” e então a música mudou novamente “Sorry for the party rocking” e a batida começou a tocar. “It’s the liberty, liberty, liberty” ouvi a voz de Miley ecoado por trás da batida e então um “I, I, I wanna go-o-o all the way!” e a música de Britney começou a tocar.

Todos nós paramos de dançar e começamos a dançar normalmente. Zac e Rebecca estavam junto conosco, e todos nós estávamos dançando como se não tivesse amanhã – só que não.

– E aí, Fe! – ouvi Kevin – Você me prometeu uma música.

– Mais tarde porque essa é a minha música, ok? – falou Nicholas, me puxando para o lado.

Eu ri. – Calma, Nicholas. O Kevin não é um cretino.

– Eu sei. Eu conheço ele, aliás eu gosto muito dele, ele é uma cara muito legal viu? Ótima escolha.

– O quê? – eu ri sem graça.

– Nada. Não é por causa dele que eu te chamei, foi pra te dar isso. – ele disse mostrando um colar que eu bem conhecia.

– Por que você está me dando o colar que Jason me deu?

– Porque você não pode esquecer do mundo lá fora, Fe.

Eu suspirei. – Eu sei me virar bem, Nicholas.

– Eu sei. Eu quero dizer que você não pode esquecer do que aconteceu lá fora antes de você vir para cá. Eu sei que você provavelmente não deve estar falando deles, mas não acabe estragando alguma coisa que acontecia lá fora.

– Nicholas. Eu me lembro exatamente do que aconteceu lá fora. E é por causa disso que eu não estou me importando com Jason. Pode ficar com o colar. Eu não ligo, jogue-o fora.

– Fe.

– Sério, Nicholas.

– Eu realmente não te entendo, Fernanda. – ele suspirou.

– Mais ou menos ninguém entende. – eu suspirei e voltei para conversar com Kevin. Agora estava tocando “Two More Lonely People” da Miley. Eu simplesmente amava aquela música.

– Vem cá, Fe! – ele disse e me puxou para dançarmos.

– Louco, eu quase caí! – eu ri. – Você viu o tamanho do meu salto?

– Vi. Você está quase do meu tamanho.

Eu ri. – Pelo menos assim eu consigo alcançar você né...

– Pois é... E você está realmente linda desse ângulo. Aliás, você fica linda de qualquer ângulo.

Eu sorri sem graça e olhei para baixo.

– Você quer ir pra outro lugar mais reservado? – ele perguntou.

Eu assenti, mesmo sem saber direito se era o certo a fazer.

Ele pegou em minha mão e me conduziu até uma mesa mais para o canto, onde nos sentamos e começamos a conversar. Eu estava sentada ao lado dele e ele estava realmente muito lindo.

– E aí...? – ele riu.

– E aí... – eu disse apenas observando-o.

Nós ficamos um momento em silêncio até que ele disse:

– Olha, Fe... Eu sei que eu não te conheço há muito tempo, mas... Eu gosto muito de você. Você é linda, é divertida, é engraçada, eu consigo conversar com você como se nos conhecêssemos há muito tempo. E... – eu já sabia o que estava por vir. Era bem óbvio, mas eu queria ouvir as palavras, eu queria ouvir que alguém gostava de mim – Eu não acho que eu poderia... Deixar de dizer como eu me sinto e... Perder a oportunidade de ficar com você...

Eu sorri e olhei para baixo novamente. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Eu queria dizer alguma coisa, mas as palavras não vinham a minha boca. Eu apenas olhei pra ele e só então eu percebi o quanto nossos rostos estavam pertos um do outro.

Ele chegou um pouco mais perto, e eu fiz o mesmo.

Mesmo não sabendo se aquilo era o que eu queria mesmo, eu sentia uma atração forte por ele, e... Jason amava outra pessoa e eu tinha que seguir em frente de uma vez. Foi aí então que eu e Kevin nos beijamos.

Eu havia fechado meus olhos, e apenas percebi aquilo quando eu e ele nos afastamos um pouco. Eu sorri.

– Isso foi um sim?

Eu dei uma risadinha.

– Foi.

Eu sorri mais uma vez e nós nos beijamos. Ele passou seus braços pela minha cintura e me puxou pra mais perto.

Ficamos naquela mesa pelo resto da noite, e quando era uma da manhã ele me acompanhou até nosso salão.

– Então até amanhã. – eu sorri pra ele.

– Até amanhã. – ele me puxou pra perto dele e me deu um beijo rápido.

Ele saiu do salão e eu permaneci sorrindo em frente a bancada da cozinha.

Depois que eu acordei do meu transe, eu peguei um copo d’água, depois fui ao banheiro e tirei toda a maquiagem, tomei um banho, coloquei meu pijama e me joguei. Eu estava quase dormindo quando eu ouvi meu celular apitando. Eu havia me esquecido da existência do meu celular até aquele ponto.

22 mensagens não lidas.

“Por favor, não sejam da minha mãe. Por favor, não sejam da minha mãe. Por favor, não sejam da minha mãe. Por favor, não sejam da minha mãe.” – pensei.

Apesar da quantidade ser normalmente de minha mãe, eu apenas recebi 4 mensagens de minha mãe, e todas elas diziam, respectivamente: “e aí?”, “como estão os treinamentos?”, “o pessoal da sua equipe é legal?” e, uma mensagem que eu me assustei um pouco pelo tamanho: “oi, filha. Como estão as coisas? Faz algum tempo que você não responde minhas mensagens, o que eu entendo, é tudo muito cansativo, mas, se você não se cansar, é porque não foi o suficiente, certo? Haha. Então. Uma coisa importante: Jason está feito louco te procurando em todos os lugares e ele ligou aqui em casa. Provavelmente ele mandou mensagens em seu celular, é uma boa responder. Ele parece estar preocupado. Responda pra ele da forma mais amigável que você encontrar. Beijos, te amo.”.

Jason queria falar comigo. Oh-oh.

O que eu iria falar pra ele quando ele perguntasse o que havia acontecido? Tanto pelo fato deu não estar respondendo as mensagens dele, quanto o fato deu ter pirado com ele quarta feira?

Eu não poderia simplesmente dizer “porque eu te amo, entendeu?”. Eu poderia dizer que eu tive um surto bipolar e que toda essa semana eu estava me tratando em uma clínica de reabilitação. Ótimo. PERFEITO. Ele COM CERTEZA vai acreditar nisso, porque isso é muito normal...

Eu respirei fundo e comecei a ler as mensagens de trás pra frente. A primeira era, como esperado, dele.

“Oi Fe, desculpa por hoje. Eu fiquei pensando naquilo o dia inteiro, será que não dá pra gente conversar?”. Eu apenas li, e passei para a próxima mensagem, decidida de apenas responder a última mensagem que ele me mandar.

“Oi, Fe... Eu sei que é chato ficar enchendo o saco, mas não dá mesmo pra gente conversar?”. “Fe, desculpa. Me responde, por favor.”, “Eu não deveria ter falado comigo daquele jeito, se você tá lendo isso, me responde!”, “Fe, por favor?”. “Como você tá decidida a não me perdoar, eu só queria saber mesmo, como você tá?”. “Nada? Ok, então.”.

As próximas mensagens foram mandadas por Carol e Dani, uma de cada vez. Foram umas três mensagens de cada uma, todas elas dizendo mais ou menos a mesma coisa. “Oi Fe, tudo bom? Estamos com saudades! Rebecca nos disse que você está viajando, finalmente sua mãe deixou hein! Está tudo bem? Beijos!”. A não ser uma que eu realmente fiquei irritada ao ler: “Oi, Fe... Eu sei que eu não deveria estar enchendo o saco, mas você não pode responder as mensagens de Jason? Ele está realmente triste. Fala com ele...? Beijos, Carol e Dani.”. Ambas sabiam o quanto eu gostava do Jason, e provavelmente sabiam que ele gostava de outra menina, caso elas não tivesse percebido: ele PEDIU ela. Elas poderiam ter um pingo de consideração por mim, e explicar pro Jason alguma mentira de que a viagem estava muito corrida, e dizer que eu também não respondia as mensagens delas e tal, pra ele não se sentir tão mal, ao invés de vir falar comigo pra responder pra ele.

Eu também não respondi nenhuma das mensagens delas, esperando que houvesse outras, mas não havia mais nenhuma. Todas as outras mensagens que eu havia recebido eram de Jason.

“Fe, por favor responde”

“Fe, eu preciso falar com você, eu to ficando preocupado”.

“Fe, eu sei que eu fui um idiota e você só estava tentando me ajudar, mas me desculpa, por favor!”

“Eu estou sendo chato e irritante, eu sei, mas você não sabe a falta que você faz na minha vida, Fe...”.

Eu suspirei. Aquela era a última mensagem.

Até que meu celular apitou novamente. Era uma mensagem do Jason.

“Está bem então. Você venceu! Eu não vou mais te encher pra que você me responda... Aliás, não vou te atormentar mais. Eu desisto. Eu só queria saber que dói muito ter que desistir de você. Apesar de tudo, você continua sendo minha melhor amiga de todas. Bem... É isso. Beijo. Me responde quando você decidir que eu mereço... Ou não.”.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Arena De Fogo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.