- Bom falando desse jeito ai sim eu me assusto. Por favor me diz. Eu, eu não vou contar! - eu insistia.

- Sabe, você deve ter estranhado eu falar sobre os vampiros, de modo que eles realmente existissem... eu me mudei de Detroit porque... eu me apaixonei por um vampiro.

- !!! - eu fico impressionada! Ele se apaixonou por um vampiro????? - O que? - pergunto por fim.

- Foi por isso que eu me mudei! Além dele ser um vampiro... ele era um garoto! Foi terrível pra mim saber que eu... amava um garoto! E vampiro!- ele dizia aflito, nós dois não comemos quase nada do sanduíche, o filme estava pausado.

- É ... é sério?

- Sim! E agora eu... to percebendo que... novamente estou me apaixonando! - Eu arregalo os olhos e não digo nada.

- Eu to apaixonado pelo Stiven! - ele completa. Eu arregalo ainda mais os olhos. Eu sabia que tinha algo errado no interesse do David pelo meu irmão!

- Me desculpe Geovanna! Eu juro que eu não queria! Eu estava completamente obcecado pelo Frank e agora ...

- Você disse... Frank??

- Sim. O Frank. - Eu levanto pasmada, e fico de costas pra ele, estava tão impressionada que não consegui me conter! Eu aperto meus olhos e coloco as duas mãos na boca indo até a janela.

- Geovanna! Você ta bem?

- Você... conversava com ele?

- Com o Frank?

- É!

- A ... as vezes, mas ele nem chegou a saber que eu sentia algo por ele. Eu o via pouco. Ele aparecia por lá as vezes, mas eu nem quase falava com ele. -

Meu Deus!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Será que é... o Frank? O David já viu o Frank, mas sempre na forma falsa dele. E a forma verdadeira? Será que foi por essa que ele se apaixonou???????

- Você... sabe o sobrenome dele? - Ele chega perto de mim, atrás de mim e pergunta:

- Você por acaso o conhece?

Eu me afasto sem deixa-lo olhar para o meu rosto, abraçando a mim mesma. E dizendo, minha respiração já estava rápida:

- C... claro que não, érr... como eu poderia? Você já viu alguém parecido com ele por aqui? - eu quero disfarçar, eu tento, mas tenho que saber se é o Frank!

- Não Geovanna! Aliás... um cara na escola, parece um pouco com ele, mas... o que tudo isso tem a ver?

- Que cara é esse?

- Ele anda com você. Mas não se preocupa porque não é ele. Ele e a sua amiga Sophia foram comigo até o hospital após o seu sequestro, lembra? Mas ta vendo? Eu não devia ter te contado!

- Não! - eu vou até ele, colocando ambas minhas mãos nos braços que estavam cruzados dele – não David, é que... é impressionante demais!

- Sim, eu sei... talvez tão impressionante que você não consiga segurar só contigo... se minha mãe souber que contei pra alguém, ela me mata.

- Ela não vai saber. Obrigada por confiar em mim. - digo irônica.

- É... me desculpe Geovanna, eu sei que você não vai contar.

- Mas, David você já conversou com o Frank, meu amigo?

- Ah, o nome dele é Frank também né?

- Sim.

- Bom... só no dia do hospital mesmo. Mas foram poucos comentários sobre o incidente. Nada de mais. Porque Geovanna? Você ta achando que o seu amigo é um vampiro?

- NÃO! - quase grito. Droga! Eu sou baka mesmo! Não consigo disfarçar! Ele me olha assustado, o telefone toca.

- Ah! O telefone! - corro até o mesmo, assustada, sei lá! Eu atendo, a ligação cai. Desligo, o numero estava restrito.

- Quem era?

- Eu... não sei!

O tempo passa, por fim assistimos ao filme. Mas o David falava do Stiven a cada instante. Eu não sei o que é pior, existir o risco de que esse Frank a qual o David se refere seja o Frank que conheço, ou a história atual dele: o meu irmão! Omg!

O David vai pra casa, minha mãe chega às 19hs e o Stiven chega as 22hs. O David esta apaixonado pelo Stiven! Apaixonado! O Stiven é muito contra essas coisas , principalmente pela tribo que ele costuma seguir: a tribo punk. Pessoas loucas que dizem que querem “fazer justiça com as próprias mãos” apesar do David gostar tanto assim do meu irmão, essa história pode render muitos problemas, principalmente para o próprio David. Eu queria falar pra ele sobre isso aquela hora, mas a sensação de retesamento que estava sentindo, o limite normal da minha emoção estava tão ultrapassado que faltaram-me palavras! Assistimos ao filme, mas pra mim foi totalmente indiferente. Eu estava olhando as cenas, mas totalmente em outro mundo, imaginando outras mil coisas. O Stiven vai acabar sabendo disso. Talvez eu devesse dar uma “palha” antes, não sei, eu só não quero ver o David sofrer, eu sei que não podemos mandar nos sentimentos, mesmo que esses sejam tão complicados, ou que possa mudar totalmente as nossas vidas. É o mesmo que estou vivendo. Eu não sei o que sinto pelo meu irmão, me sinto atraída quando ele me toca. Mas ao mesmo tempo, o perigo, o êxtase que sinto perto do Frank, me transporta pra um outro mundo. São sentimentos inexplicáveis, minha cabeça esta uma mistura de emoções, estou com tanto medo! Eu vou pro meu quarto, coloco um short rosa e uma blusinha branca de pijama. Depois de conversar com a Sophia pelo telefone, deito, coloco meus óculos que pouco usava de grau, começo a ler um livro que o tema, era oque me chama atenção no momento: vampiros. Deitada, somente a luz do abajur estava acesa. Estava tudo bem silencioso. Mas de repente, escuto um barulho na janela. Levanto, tirando meu óculos e deixando o livro aberto na pagina que eu estava encima da cama. Abro a janela, olho pra baixo, não vejo ninguém.

- Aqui encima. - escuto um sussurro conhecido. Olho pra cima, com os olhos arregalados, era o Frank! Ele estava pendurado em um ferro que tinha encima da janela, era incrível!

- Frank???? - ele me entregando a minha mochila, diz:

- Acho que esqueceu isso! - eu pego, ele entra pela janela, esbarrando levemente em mim. Eu estava com a respiração fácil de se ouvir naquela noite quieta.

- O ... o que veio fazer aqui essa hora seu louco?!

- Vim entregar sua mochila, horas! - ele diz sorrindo.

Ele estava na sua forma verdadeira, totalmente sedutor.

- Há! Eu poderia ter esperado até amanhã!

- Ah, se você achou tão ruim assim eu ter vindo, eu posso ir embora... - ele ia saindo, mas eu o seguro pela camisa, dizendo:

- Não! Birrento! Ele sorri, e me olhando diz:

- Nossa, eu tenho a mente boa, mas não lembro quando foi a ultima vez que te vi assim.

- Você nunca me viu assim, espertinho!

- Há, ha! Você que pensa!

- O que? - Ele sorri.

- O que quer dizer com isso? - pergunto com um meio sorriso.

- Nada, Nina! Esquece. - paramos de falar por um momento.

- Ahm... o que estava lendo? - ele diz se aproximando da minha cama, e pegando o livro encima da cama. Ele vê o título, e olhando pra mim diz:

- Diários do vampiro? - sorrindo.

- Isso mesmo.

- Há, o que te fez querer invadir assim a vida de um vampiro?

- Há, há invadir? Eu só... estou me distraindo.

- Claro. - ele coloca o livro novamente na minha cama só que fechado. Eu estava perto da janela, e imediatamente vou até ele dizendo:

- Não! Você não marcou a página!

- Oh, desculpe.

- Ai, como vou achar onde estava? - digo pegando o livro e sentando na cama.

- Me de aqui, vai. - ele diz estendendo a mão, parecendo tão calmo e despreocupado, totalmente diferente de quando estávamos juntos mais cedo. Eu entrego o livro, e ele o abre, folheando, a parando em uma página:

- Suponho, que... seja aqui que você estava? Eu pego o livro e vejo que ele colocou realmente na pagina certa!

- Uau! Como?

- Ahm... instinto!

Eu sorrio. Mesmo com pouca luz, eu podia ver claramente a cor doce de seus olhos.

- É... diferente, agora... - ele diz.

- Diferente?

- Agora, eu estou te mostrando o que realmente sou. Estava escondido na frente de todos, inclusive de você.

- É... eu confesso, também acho diferente. Mas, Frank você... posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- Você... já esteve em Detroit? Quando digo isso ele se cala.

- Porque esta perguntando isso? - ele pergunta por fim.

- É... é que tem alguém que se apaixonou por uma pessoa de lá. Ele franzi a testa e diz:

- Que pessoa?

- O David.

- David? Que David?

- O meu vizinho. Ele estuda no mesmo colégio que a gente! É... que ele, disse que...

- Ah, sim espera... acho que estou me lembrando. Mas que relação eu tenho com tudo isso?

- Você já o conhecia?

- Por quem ele se apaixonou?

- Eu... não posso dizer. Mas, Frank, lembre-se bem! Você costuma ir a Detroit?

- Eu já fui algumas vezes.

- E você já viu o David por lá?

- Sim, ele morava lá! Mas eu não falava muito com ele! Além disso as vezes que eu fui pra lá, eu fui com a essa forma, ou seja a minha verdadeira, sem disfarces. Eu me levanto da cama, e vou até a janela aberta, o vento frio entrava e balançava desesperadamente os meus cabelos. Eu quero gritar! Tudo se confirmou agora! O David havia se apaixonado pelo Frank! E agora pelo Stiven! Meu Deus!!! Estou pasma, muuuuuuuuuito pasma!!!  

FILIPE E BIANCA REITA