Nico me arrastou até uma loja de conveniência abandonada. Colocou-me sentada no degrau da porta e pediu que eu tirasse o tênis.

-Está quebrado. – disse ele enquanto mexia no meu pé que já estava roxo. - Isso vai doer.

-AAA! – gritei quando ele colocou meu pé no lugar. No mesmo instante, a dor parou.

-Coma isso, vai lhe fazer bem. – disse me alcançando um pedaço de algo que parecia cera de abelha em cubo. Tinha gosto de mel. Bem como eu achei que fosse. - Para cada um tem gosto diferente. – ele sentou-se do meu lado e limpou a testa. Estava salpicada de suor, por mais que a noite estivesse fria.

-O caminho é longo? - ele pensou um pouco e entendeu que eu me referia ao acampamento.

-Só mais um pouco. Amanhã eu peço ajuda à Quíron. Agora, tente descansar. - encostei minha cabeça em seu ombro. O.k., eu o conheci a algumas horas, mas Nico era meu único ponto seguro naquele momento. Ele começou a enrolar seus dedos em meus cabelos, me fazendo adormecer.

Tive um sonho horrível.

Vi um lugar escuro. Uma caverna. Estalactites desciam até o chão, dando uma impressão de que o teto desabaria em cima de mim. Um homem estava agachado em um canto. Minha visão se aproximou e percebi que o senhor mantinha as mãos ao redor de uma flor, para ser mais exata, uma margarida. Ele estava naquela posição como se buscasse calor na planta, assim como os mendigos em latões de lixo. Levei um susto quando o homem olhou pra mim. Ele tinha olhos, na verdade, órbitas escuras. Acordei com um sobressalto.

-Está tudo bem? - perguntou Nico. Ele estava olhando o nascer do sol.

-Apenas sonhos. – falei choramingando. - E então, comunicou-se com seus amigos?

- Sim. Eles estão chegando.